CRÔNICAS

Na escola Puyanáwa, a língua sonhada

Em: 02 de Julho de 2023 Visualizações: 3117
Na escola Puyanáwa, a língua sonhada

“Quem tem a língua cortada, não fala (Provérbio Mongol. Sec. XIII).

Na recente visita que fiz, em maio de 2023, às aldeias Barão do Rio Branco e Ipiranga, do povo Puyanáwa, lá no Acre, eu vi o coronel Mâncio Lima e seus capangas armados invadirem a Escola Estadual Ĩxũbãy Rabuĩ para impedir que as crianças e os professores usassem a língua Puyanáwa na sala de aula. Meninas, eu vi. Juro que vi.     

- Impossível, o coronel Mâncio morreu em 1950 - dirão os que somente veem com os óculos do tempo presente. Mas o olhar histórico permite ver a alma penada dele, ameaçadora, vagando e andando ainda hoje pelo oeste do Acre, porque o município foi batizado com seu nome - uma homenagem ultrajante a quem invadiu as terras indígenas, em 1910, sequestrou e escravizou os seus ocupantes e puniu brutalmente quem usava a língua ancestral.     

- Quem falava Puyanáwa era castigado, tinha os dentes e unhas arrancados, era açoitado e houve caso até de quem teve os olhos furados - contam os velhos. A memória simbólica dá conta da cruel repressão, que durou mais de 40 anos, com resultados catastróficos. Crianças e jovens foram se tornando todos monolíngues em português e - oh ironia! - cantam o hino municipal, que apaga os crimes e convida a amar o criminoso:

Mâncio Lima, Mâncio Lima, és terra de grande tradição.

Mâncio Lima, Mâncio Lima, te amamos de todo coração”.

Língua decepada

- “O carrasco mata sempre duas vezes, a segunda por meio do silêncio” - nos diz o escritor judeu Elie Wiesel, sobrevivente dos campos de concentração, em cuja casa se falava o iídiche escondido dos nazistas.

Silêncio e apagamento. O glotocídio no Acre foi mais hediondo do que o cometido no séc. XIII pelo exército mongol, que libertava o prisioneiro inimigo, mas para que “não batesse com a língua nos dentes” a decepava com um facão. A mutilação física emudecia indivíduos, mas a língua, como instituição social, permanecia viva e continuava se realizando na fala de outras pessoas.

No caso Puyanáwa, o objetivo era exterminar da face da terra a “língua verdadeira¨ ou Ûdikuî, impedir que fosse falada e transmitida às novas gerações e afogar seus falantes para sempre no eterno silêncio.

Dessa forma, a língua Puyanáwa agonizava, moribunda, com apenas 12 falantes em 1990. Vinte anos depois, numa população de 624 pessoas (Censo IBGE 2010), restou uma última falante na aldeia Barão: dona Railda Manaitá, que só pôde adquirir a língua ancestral porque na infância, sua mãe, dona Joana Manaitá, conversava com ela em casa, escondida da repressão. Nunca foi tão apropriado o termo “língua materna”. Porém, como conservá-la? Eis aí o problema.

Dona Railda, hoje com 92 anos, viva e lúcida, viu seu irmão Luiz morrer, em 2009, e em seguida o cacique Mário e aí não tinha mais com quem falar. Dona Sofia Lopes, uma sábia, entende bem a língua, mas não a fala com fluência. Foi então que dona Railda encontrou a forma engenhosa de ter interlocutor. Se perguntarem dela Mĩ awaha nãba-ki? (O que você sonhou?), ela responderá: “Com minha mãe”. Passou a sonhar amiúde com sua genitora com quem sempre bate o maior papo na língua materna, em sonhos, como revelou, chorando, ao linguista Aldir de Paula.

A escola

Foi sua resistência e sabedoria que permitiram organizar a escola com novo modelo de ensino/aprendizagem:

- Railda sintetiza a índole Puyanáwa: encantadora, amável, atenciosa e também a primeira pessoa que despertou para a necessidade da manutenção linguística do Puyanáwa, criou um alfabeto baseado no Português e elaborou um vocabulário e uma lista de frases na língua - declarou Aldir no livro Dukũ Vãda Kayanũ (Ensinando Puyanáwa).

Território e língua caminham sempre de mãos dadas. Com a retomada e demarcação da terra, em 2001, a cultura puyanáwa começou também a ser demarcada e entrou pela porta da frente na Escola Estadual Ĩxũbãi Rabuĩ. A instituição escolar, que havia sido criada antes para destruir a língua ancestral, agora se tornou o centro da resistência. Pude visitá-la, sala por sala, conversar com os professores e com as crianças e até dançar com elas.

A Escola cobre o ensino fundamental e médio. Diariamente, centenas de crianças monolíngues em português respondem à chamada em Puyanáwa, aprendem nomes de animais, partes do corpo, números e frases simples. Nenhum aluno consegue ainda manter um diálogo fluente na língua, mas os avanços são notáveis e, sobretudo, é visível o orgulho de participarem do processo de recuperação e revitalização de um idioma que já havia sido considerado extinto.

O atual professor da língua Puyanáwa, Samuel Traké Rondón usa as anotações do caderno herdado de Mário, seu pai, liderança tradicional e ex-professor da língua Puyanáwa. Para a pronúncia e a entonação, dona Railda tira qualquer dúvida.

A alma penada

Os Puyanáwa estão produzindo conhecimentos sobre a língua que pertence à família linguística Pano e é aparentada com mais de 30 línguas faladas em três países: Brasil, Peru e Bolívia. Vãda Kuī: um estudo etnográfico e linguístico sobre os indígenas das aldeias Barão e Ipiranga” é o tema da tese de doutorado a ser defendida ainda este ano por Jósimo da Costa Constant na Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob orientação de Bruna Franchetto.

Jósimo, falante nativo de português, domina ainda o espanhol e inglês. Mestre pela Universidade de Brasília, concluiu três graduações: em Ciências Sociais, em Antropologia e em Sociologia. Sua atual preocupação é produzir material didático na língua ancestral e fortalecer seu uso. Ele não é o único. Sua prima Kely Costa de Lima defendeu recentemente dissertação de mestrado sobre o ensino da língua ancestral no ensino fundamental da escola onde é professora.

Além do doutorado e do mestrado, o Curso de Licenciatura Indígena da UFAC - Campus Floresta, também reserva em seu currículo lugar destacado para as línguas, como foi possível verificar na aula magna proferida em Cruzeiro do Sul para os 50 alunos que acabam de ingressar, entre eles os Puyanáwa Maria Eduarda, Maria Valéria e Rair Keneyja, com quem visitamos a escola, em companhia de Alessandro Cândido da Silva, coordenador da licenciatura.

Uma conversa breve com o cacique Joel Ferreira Lima Divake foi suficiente para avaliar sua combatividade, da mesma forma que apreciar a performance do dançarino Ariel, 8 anos, aluno do 3º ano, permitiu concluir que faz jus ao seu nome Puyanáwa - Ketsianã (Corrupião), um dos pássaros mais melodiosos do Brasil. Parece que a alma penada do coronel Mâncio Lima não vai ter sossego tão cedo.

P.S. Levamos as notícias sobre a língua Puyanáwa para a EMERJ – Escola da Magistratura do Rio de Janeiro no evento “Os povos indígenas e os sistemas de justiça” ocorrido nesta sexta-feira (30), aberto pelo desembargador Paulo Baldez e por seu colega aposentado Sérgio Verani, com a participação de Maial Paykan Kayapó, filha do Paulinho Paiakán, da juíza Simone Dalila Nacif Lopes e deste locutor que vos fala.

Referências bibliográficas sobre os Puyanáwa:

Kely Costa de Lima “O ensino da língua indígena na Escola Ĩxũbãy Rabuĩ Puyanáwa no Ensino Fundamental I: a ferramenta agregadora para o fortalecimento cultural”. Programa de Pós-Graduação em Ensino de Humanidades e Linguagens UFAC Campus Floresta.Orientador Alessandro Cândido da Silva.2023

Jósimo da Costa Constant. “A Terra é de vocês. Compreendendo a efetivação do direito ao Território no seio do povo indígena Puyanáwa. Revista Brasileira de Linguística Antropológica, V.12. nº . 2019.

José Carlos Levinho. Relatório de reestudo das Áreas Indígenas Puyanáwa, Nukini, Jaminawa e Camponas. Minter. FUNAI. 1984.

Aldir Santos de Paula. Poyanáwa, a língua dos índios da aldeia Baerão: aspectos fonológicos e morfológicos. Recife. UFPE. 1992. Dissertação de Mestrado.

Terri Valle de Aquino. A imemorialidade da área e a situação atual do povo Poianaua. Rio Branco-AC, s. ed. 1985

Delvair Montagner Melatti. Relatório da Viagem Realizada às Áreas Índígenas do Município do Cruzeiro do Sul. DGPC/Funai (1ª eleição da área indígena Poianáua) 1977.

En la escuela Puyanáwa, el idioma soñado

Texto: José R. Bessa Freire. Tradução: Consuelo Alfaro Lagorio

El que tiene la lengua cortada no habla” (Proverbio mongol. Siglo XIII).

Durante la reciente visita que realicé, en mayo de 2023, a las aldeas Barão do Rio Branco e Ipiranga, del pueblo Puyanáwa, allá en Acre, vi al coronel Mâncio Lima y sus secuaces armados invadir la Escuela Estatal Ĩxũbãy Rabuĩ para impedir niños y profesores de utilizar la lengua puyanáwa en el aula. Juro que lo vi.

- Imposible, el coronel Mâncio murió en 1950 - dirán quienes sólo ven con gafas actuales. Pero la mirada histórica nos permite ver su alma, amenazante, errante y todavía caminando por el oeste de Acre, porque el municipio lleva su nombre, un homenaje escandaloso a quien invadió las tierras indígenas, en 1910, secuestró y esclavizó a sus ocupantes y castigó brutalmente a quienes utilizaban la lengua ancestral.

- Quien hablaba puyanáwa sufría torturas, le arrancaban las uñas y los dientes, lo azotaban e incluso hubo casos de personas a las que les perforaron los ojos - dicen los ancianos. La memoria simbólica da cuenta de la cruel represión, que duró más de 40 años, con resultados catastróficos. Los niños y jóvenes se estaban volviendo monolingües en portugués y - ¡oh ironía! - cantan ahora el himno municipal, que borra los crímenes y nos invita a amar al delincuente:

“Mâncio Lima, Mâncio Lima, sois una tierra de gran tradición.

Mâncio Lima, Mâncio Lima, te amamos con todo nuestro corazón”.

Lengua cortada

- “El verdugo siempre mata dos veces, la segunda mediante el silencio” - nos dice el escritor judío Elie Wiesel, superviviente de los campos de concentración, en cuya casa se hablaba yiddish a escondidas de los nazis.

Silencio y olvido.  El glotocidio de Acre fue más atroz que el cometido en el siglo XIII por el ejército mongol, que solía liberar al prisionero enemigo, pero para que  “no tuviera la lengua larga” se la cortaba con un machete. La mutilación física silenció a los individuos, pero el lenguaje, como institución social, permaneció vivo y continuó realizándose en el habla de otras personas.

En el caso Puyanáwa, el objetivo era exterminar la “lengua verdadera” o Ûdikuî de la faz de la tierra, impedir que se hablara y se transmitiera a las nuevas generaciones y ahogar para siempre a sus hablantes en un silencio eterno.

Así, la lengua Puyanáwa estaba en agonía, moribunda, con sólo 12 hablantes en 1990. Veinte años después, en una población de 624 personas (Censo IBGE 2010), quedaba un último hablante en la aldea de Barão: la señora Railda Manaitá, que solo pudo adquirir la lengua ancestral porque en su infancia su madre, Joana Manaitá, hablaba con ella en su casa, escondida de la represión. El término “lengua materna” nunca fue más apropiado. Sin embargo, ¿cómo conservarlo? Aquí está el problema.

Doña Railda, que hoy tiene 92 años, viva y lúcida, vio morir a su hermano Luiz en 2009, y luego al cacique Mario y así no quedó nadie con quien hablar. Doña Sofía Lopes, una mujer sabia, entiende bien el idioma, pero no lo habla con fluidez. Fue entonces cuando la señora Railda encontró la ingeniosa manera de tener un interlocutor. Si le preguntan Mĩ awaha nãba-ki? (¿Con qué soñaste?), ella responderá: “Con mi madre”. Comenzó a soñar a menudo con su madre con la que siempre charla en su lengua materna, en sueños, como le reveló, llorando, al lingüista Aldir de Paula.

La escuela

Fue su resistencia y sabiduría lo que hizo posible organizar la escuela con un nuevo modelo de enseñanza/aprendizaje:

- Railda personifica la naturaleza de Puyanáwa: encantadora, amable, atenta y también la primera persona quien se le despertó la necesidad de preservación lingüística de Puyanáwa, creó un alfabeto basado en el portugués, organizó un vocabulario y una lista de frases en el idioma - afirma Aldir en el libro Dukũ Vãda Kayanũ (Enseñanza de Puyanáwa).

Territorio y lengua siempre van de la mano. Con la reanudación y demarcación de la tierra en 2001, la cultura Puyanáwa también comenzó a ser demarcada y entró por la puerta principal de la Escuela Estatal Ĩxũbãi Rabuĩ. La institución escolar, que anteriormente había sido creada para destruir la lengua ancestral, ahora se convirtía en el centro de la resistencia. Pude visitarlo, salón por salón, hablar con los profesores y los niños e incluso bailar con ellos.

La Escuela abarca educación primaria y secundaria. Cada día, cientos de niños monolingües en portugués responden al llamado en Puyanáwa y aprenden nombres de animales, partes del cuerpo, números y frases suimples. Ningún estudiante es capaz todavía de mantener un diálogo fluido en el idioma, pero los avances son notables y, sobre todo, es visible el orgullo de participar en el proceso de recuperación y revitalización de una lengua que antes se había considerado extinta.

El actual maestro de lengua Puyanáwa, Samuel Traké Rondón, utiliza notas del cuaderno heredado de Mario, su padre, líder tradicional y ex maestro de lengua Puyanáwa. En cuanto a la pronunciación y entonación, la Sra. Railda responde cualquier pregunta.

El alma perdida

Los Puyanáwa están produciendo conocimientos sobre la lengua que pertenece a la familia lingüística Pano y está relacionada a más de 30 lenguas habladas en tres países: Brasil, Perú y Bolivia.

“Vãda Kuī: un estudio etnográfico y lingüístico sobre los pueblos indígenas de las aldeas de Barão e Ipiranga” es el tema de la tesis doctoral que defenderá a finales de este año Jósimo da Costa Constant en la Universidad Federal de Río de Janeiro, bajo la dirección de Bruna Francchetto.

Jósimo, hablante nativo de portugués, también habla español e inglés. Diplomado em Maestría por la Universidad de Brasilia, completó tres carreras: en Ciencias Sociales, Antropología y Sociología. Su preocupación actual es producir material didáctico en la lengua ancestral y fortalecer su uso. Él no es el único. Su prima Kely Costa de Lima defendió recientemente su tesis de maestría sobre la enseñanza de la lengua ancestral en la educación primaria en la escuela donde enseña.

Además del doctorado y la maestría, el Curso de Licenciatura Indígena de la UFAC - Campus Floresta, también reserva un lugar destacado en su currículo a las lenguas, como se pudo comprobar en la clase magistral impartida en Cruzeiro do Sul para los 50 estudiantes recién ingresados, entre ellos los Puyanáwa Maria Eduarda, Maria Valéria y Rair Keneyja, con quienes visitamos la escuela, en compañía de Alessandro Cândido da Silva, coordinador del curso.

Una breve conversación con el jefe Joel Ferreira Lima Divake fue suficiente para evaluar su combatividad, de la misma manera que apreciar la actuación del bailarín Ariel, de 8 años, estudiante de 3er año, lo que nos permitió concluir que hace honor a su nombre Puyanáwa - Ketsianã (Corrupión), una de las aves más melodiosas de Brasil. Parece que el alma desterrada del coronel Mâncio Lima no descansará tan pronto.

P.D. Llevamos la situación actual de la lengua Puyanáwa a la EMERJ – Escola da Magistratura do Rio de Janeiro en el evento “Pueblos indígenas y sistemas de justicia” inaugurado por el juez Paulo Baldez y su colega jubilado Sérgio Verani, con la participación de Maial Paykan Kayapó, hija de Paulinho Paiakán, la jueza Simone Dalila Nacif Lopes y este humilde servidor.

Referências bibliográficas sobre os Puyanáwa:

Kely Costa de Lima “O ensino da língua indígena na Escola Ĩxũbãy Rabuĩ Puyanáwa no Ensino Fundamental I: a ferramenta agregadora para o fortalecimento cultural”. Programa de Pós-Graduação em Ensino de Humanidades e Linguagens UFAC Campus Floresta.Orientador Alessandro Cândido da Silva.2023

Jósimo da Costa Constant. “A Terra é de vocês. Compreendendo a efetivação do direito ao Território no seio do povo indígena Puyanáwa. Revista Brasileira de Linguística Antropológica, V.12. nº . 2019.

José Carlos Levinho. Relatório de reestudo das Áreas Indígenas Puyanáwa, Nukini, Jaminawa e Camponas. Minter. FUNAI. 1984.

Aldir Santos de Paula. Poyanáwa, a língua dos índios da aldeia Baerão: aspectos fonológicos e morfológicos. Recife. UFPE. 1992. Dissertação de Mestrado.

Terri Valle de Aquino. A imemorialidade da área e a situação atual do povo Poianaua. Rio Branco-AC, s. ed. 1985

Delvair Montagner Melatti. Relatório da Viagem Realizada às Áreas Índígenas do Município do Cruzeiro do Sul. DGPC/Funai (1ª eleição da área indígena Poianáua) 1977.

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13 Comentário(s)

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rodrigo comentou:
06/07/2023
Lindo relato, muito emocionante a questão do sonho como um simbolo de resistência e força para a manutencao da língua Puyanáwa, acredito muito na força dos sonhos, muito bonito mesmo essa história. Outra noticia maravilhosa é aEscola Estadual ?x?bãi Rabu? em que as crianças aprendem a falar o idioma por meio dos números, dos animais e aprendem a falar frases simples, uma conquista incrível, parabéns a todos os profissionais da instituição. e também ao professor José Bessa por compartilhar conosco sua visita às aldeias Barão do Rio Branco e Ipiranga onde moram os Puyanáwa que ele conheceu e generosamente dividiu conosco aqui no taquiprati, é uma aula para todos nós. Um abraço querido professor. PS: aproveito o espaço para lamentar o comentário de um artista de televisão no programa Roda Viva ao criticar o presidente Lula por ele não ter diploma, foi deselegante e extremamente desrespeitoso a fala desse senhor. Lembrando que o presidente que ele critica por nao ter diploma foi o presidente que mais construiu universidades e cursos técnicos (além de incentivar programas de pesquisa, e muitas leis como a 11645, 10 638 e muitos programas populares nas mais diversas áreas que beneficiou, beneficia e beneficiará muitos brasileiros, isso se chama legado). Não me recordo dele ter criticado o Silvio Santos (seu patrão desde 1987 quando seu programa estreou no sbt), pelo fato do mesmo não ter um diploma ou mesmo o Pelé outro ídolo internacional ou o Bill Gates , etc . As vezes é bom sair da bolha onde está e conhecer a realidade do país e ver que nada na vida é fácil, não é todo mundo que herda um programa de televisão (formato criado em 1956 por Manuel da Nóbrega quando tinha o nome de Praça da Alegria) para trabalhar até quando tiver vontade . Sendo justo é um programa de humor bem produzido e que dá audiência e muita gente assiste (e grande parte do público que assiste o seu programa também não tem o diploma, então tenha o mínimo de respeito para quem te da audiência e paga o seu salário que é o público que tem mais noticias ruins do que boas no dia dia e que não tem condições de ir ao cinema, teatro, viajar e tem na tv aberta um dos poucos meios de entretenimento gratuito, pois sem audiência, não tem patrocínio e alcance e sem isso o Silvio que também não tem diploma não conseguiria pagar o seu salário). Você foi muito deselegante em sua fala. Lembrando que o Lula é único até hoje que foi eleito três vezes e será a quarta em 2026, além disso é presidente do Mercosul e em breve será também presidente do g20,além de ser o político mas famoso do mundo e que quase ganhou o Nobel e se a questão é diploma, te tranquilizo, o Lula já ganhou 36 (TRINTA E SEIS) títulos de doutor honoris causa. Era isso, precisava fazer esse desabafo Um abraço querido professor. Link com trecho dessa fala absurda: https://youtu.be/Ni3scyA5isY?t=24
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Carmem Rejane Antunes Pereira comentou:
06/07/2023
Que lindo e forte texto, professor Bessa. A resistência da memória pelos sonhos
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Ana Carla Bruno comentou:
04/07/2023
Que texto impactante!!! Os fantasmas persistem, as violências linguísticas cotidianas também, MAS as retomadas e línguas espíritos persistem nos corpos, nos sonhos, em listas de palavras e nos territórios...
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Romulo Andrade - Nação Cerratense (via FB) comentou:
03/07/2023
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Eneida comentou:
03/07/2023
Sonhar com a mãe para manter a língua materna é tudo de melhor. Haja garra desses povos originais. Nossas escolas poderiam ensinar esses idiomas tb. E tb nos cursos de Letras.
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Valter Xeu comentou:
03/07/2023
PUBLICADO EM PATRIA LATINA - https://patrialatina.com.br/na-escola-puyanawa-a-lingua-sonhada/
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Taquiprati comentou:
03/07/2023
O Jornal de Floripa continua publicando semanalmente o Taquiprati, sem mencionar a autoria. Estou buscando um advogado para processar o jornal, que reserva ainda espaço comercial com anuncios no meio do texto. https://jornalfloripa.com.br/geral/ler/218998
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Tania Pacheco comentou:
03/07/2023
PUBLICADO EM COMBATE - RACISMO AMBIENTAL https://racismoambiental.net.br/2023/07/02/na-escola-puyanawa-a-lingua-sonhada-por-jose-ribamar-bessa-freire/
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Marcos Montysuma comentou:
03/07/2023
?Cara, tu não tens o direito de me emocionar e fazer o coração disparar assim tão cedo! Que libelo de denúncia contra a destruição das culturas indígenas e a história do Mâncio Lima é lapidar! O Emanuel Pontes Pinto, um amigo de Rondônia, que conheci já com mais de 60 anos, no mestrado no IFCS-UFRJ, em 1986, que naquela altura já se proclamava humanista, me contava que na sua vida de patrão, não permitia no seu seringal, como seringueiro quem fosse homossexual, porque uma vez apaixonado abandonava a colocação; cachaceiro porque se perdia na bebedeira e não trabalhava os dias de farra e de ressaca e por último quem era crente, porque tinha culto no domingo, terça e quinta-feira. Isso no seringal com as longas distâncias exigia retirar as pessoas do trabalho antes da hora. Era prejuízo certo. Mas lá no oeste do Acre sempre tinha um pastor pra arregimentar os indígenas da cultura materna. Se procurava ainda casar um cacique com uma filha de pastor, para se assegurar que nenhum voltaria a ser indígena… Ainda existem resquícios disso… que uma vez naturalizado não há estranhamento… Isso é só mais uma apimentada… Te desejo um bom dia e uns boa semana. Até logo mais. Enviado do meu iPhone
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Luiz Pucú comentou:
03/07/2023
Senti a dor, a resistência e a poética da Dona Railda Manaitá.. Por isso, quando te leio , releio (às vezes em voz alta) mergulho no igarapé onde vives, meu amigo humanista.
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Giane comentou:
03/07/2023
Incrível história, Bessa. Não tem como não chorar. A memória do trauma persiste em várias formas na vida das crianças, dos jovens e dos mais velhos. Na UNILA, ofereço a disciplina: Oralidade, Discurso e Sociedade. Este será mais um de seus artigos lidos em sala de aula, junto com Escalante, Lienhard, Vitch e Zavalla e outros. Obrigada pelo envio. Um grande beijo.
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FELIPE JOSE LINDOSO comentou:
02/07/2023
Se não me falha a memória, uma descendente do coroné tentou tirar de circulação uma biografia do indigitado, a pretexto de que "ofendia sua honra". Isso foi lá pelos anos 80. Não me lembro se conseguiu...
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Taquiprati comentou:
02/07/2023
Felipe, o livro é História do Acre, do historiador Carlos Alberto Alves de Souza, já falecido, de quem fui professor no módulo de História da Amazônia Indígena em um curso de especialização da UFAC. O jornalista Altino Machado o entrevistou em matéria cujo título foi “Censurado por 17 anos, historiador quebra silêncio sobre matança de indígenas no Acre.  (Terra Magazine / Blog da Amazônia, 12-03-2013) https://www.ihu.unisinos.br/noticias/518370-censurado-por-17-anos-historiador-quebra-silencio-sobre-matanca-de-indigenas-no-acre
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