CRÔNICAS

A cura da doença: Feliciano Dessana e os Kokama

Em: 17 de Maio de 2020 Visualizações: 13331
A cura da doença: Feliciano Dessana e os Kokama

“Para curar uma doença / É preciso conhecer / a doença / É preciso criar o mundo /

desde o começo /e ver a doença nascer / para então curar (Dessana Dessana, 1975) 

Quando pintou com tinta guache, em 2016, o quadro para a exposição do Museu da Amazônia (MUSA), em Manaus, o artista plástico Feliciano Lana, um sábio Dessana, talvez não imaginasse que estaria retratando ali sua própria morte, aos 83 anos, ocorrida nesta terça (12), vitimado pelo coronavirus. Lá, dois japus de grande porte, de asas abertas e caudas longas, sobrevoam a floresta em direção à Yamilin Wii -  a Casa da Noite -  cada um segurando o punho de uma rede. Dentro dela o corpo de um indígena, que pode simbolizar tantos outros, muitos outros, abatidos nos rios e igarapés da Pan-Amazônia. Dia após dia cresce o número de mortos, prenunciando catástrofe similar a dos tempos coloniais.

O japu da noite denominado de Ñamiri Kumurõ tem voado sem cessar, levando corpos para o seio do Criador, o Yebá Goãmu, enquanto o capitão Bolsonaro cancela o churrasco que havia marcado, passeia sorridente de jet-ski pelo lago Paranoá e muda o segundo ministro da saúde, por não aderir ao seu plano genocida de tratar uma epidemia, responsável até agora por 15.000 mortes em todo o Brasil.

Kokama camuflados

E daí? Na quarta (13) foi a vez de Marilene da Cruz Soares, no Alto Solimões e do cacique Messias Martins Moreira, em Manaus, somando 36 Kokama falecidos, segundo o Boletim Nº 01 das Organizações Kokama, que denunciou o Hospital de Tabatinga por ocultar a identidade de Marilene registrada como “parda”.

É verdade que como estratégia de sobrevivência, num passado recente, os Kokama se camuflaram de tal forma que Darcy Ribeiro os considerou extintos desde 1946. Mas depois dos anos 1980, reaparecem no cenário regional. Em janeiro de 2009 ministrei aulas para 26 alunos Kokama na IV Etapa do Curso de Licenciatura Intercultural para Professores Indígenas do Alto Solimões da Universidade do Estado do Amazonas, um dos quais era Francisco Guerra Samias, da aldeia Sapotal, que estimou em 18 mil os Kokama espalhados por diversas comunidades. 

No séc. XVI, eles habitavam o Alto Solimões, quando por lá passou o bergantim de Orellana, em 1540, contra quem lutaram usando um propulsor de dardos - um tipo de zarabatana sofisticada que despertou a curiosidade de espanhóis e portugueses. A arma caiu em desuso e desapareceu até que, em 1960, o etnólogo francês Raphael Girard, em visita à aldeia Unyurahui, no Peru, encontrou um único exemplar guardado numa viga do teto da maloca. “Se vocês não usam mais, para que guardar” – ele perguntou. O Kokama Bernardo Romaina respondeu com sabedoria: “Para não esquecer”. O teto da maloca era o seu museu.

Foi para lembrar o cacique Messias, de 53 anos, que os Kokama decidiram batizar com o seu nome a escola em construção, onde realizaram, na quinta (14), a cerimônia de despedida com danças e cantos sagrados. O hino nacional brasileiro foi entoado em Tikuna, uma das 14 línguas faladas no multiétnico Parque das Tribos, na periferia de Manaus, onde convivem cerca de 2.500 indígenas de 35 etnias diferentes. A Prefeitura permitiu excepcionalmente o velório, mas o caixão foi embrulhado em película aderente, depois de lacrado, em razão da morte por coronavirus.

Foi para não esquecer que, no curso ministrado em 2009, os alunos elaboraram uma espécie de guia de fontes orais para a história Kokama, localizando nas aldeias cerca de 100 velhos, falantes da língua ameaçada de extinção. Eles foram entrevistados com base num roteiro de perguntas construído em sala de aula. Depois disso, com a orientação da linguista Ana Suely, os professores começaram a ensinar a língua às crianças nas comunidades Nova Jordânia, Santa Maria e Monte Santo.

Pan-Amazônia

Os dois japus com sua rede sobrevoam aldeias de 33 etnias da Pan-Amazônia, onde ocorreram mais de 110 mortes por coronavirus, descontadas as subnotificações, segundo mapa organizado pela Coordenação das Organizações Indígenas da Cuenca Amazônica (COICA) e a Rede Eclesial Panamazônica (REPAM). As duas áreas críticas são o rio Negro e o Alto Solimões. 

No Alto Solimões, além dos Kokama, o coronavirus está matando muitos Tikuna, entre eles o primeiro médico da etnia, Cleubi Florentino, 36 anos, da aldeia Feijoal, na fronteira com o Peru, onde vivem 4.500 indígenas. Lá, um pastor de mente cloroquinada da Igreja Mundial, seguindo a orientação de Bolsonaro, realiza cultos para 400 pessoas, desrespeitando o isolamento social. O professor Sansão, liderança Tikuna da Comunidade Filadélfia, relata que os parentes têm medo de morrer no hospital, abandonados e desfigurados.  

No Rio Negro, os japus sobrevoam mais de 700 pequenas povoações em território brasileiro, onde vivem cerca de 40 mil indígenas de 22 etnias. Um boletim epidemiológico emitido diariamente nas redes sociais pelo presidente da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), Marivelton Baré, atualiza os dados. No dia 14 de maio já haviam sido confirmados 219 casos, com 10 óbitos e 15 recuperados. A FOIRN participa do Comitê de Enfrentamento e Combate à Covid-19 de São Gabriel da Cachoeira, juntamente com o Instituto Socioambiental (ISA), o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI-ARN) e outras instituições.

A “Campanha Rio Negro, nós cuidamos” promovida pela FOIRN usa o sistema de radiofonia para divulgar mensagens educativas, que são traduzidas por voluntários para as mais de 20 línguas indígenas, orientando sobre o isolamento social, as barreiras sanitárias, o uso de máscaras e de luvas para evitar a contaminação. O antropólogo Renato Athias, com longa experiência na região, se refere a uma vídeo conferência organizada no sábado (9) pela Associação Saúde Sem Limites (SSL), do qual ele faz parte, para tentar evitar as mortes, uma das quais teve repercussão internacional: a de Feliciano Lana.  

Espírito livre

Embora a atroz Regina Duarte, Secretária de Cultura, o ignore, no estrito senso de ignorância, Feliciano já realizou exposições na França, Áustria e Alemanha, a última no Museu de Etnologia de Frankfurt. Escreveu e ilustrou o livro A origem da noite & Como as mulheres roubaram as flautas sagradas, que tive a honra de prefaciar. Com ele estive apenas três vezes: uma em companhia do escritor Márcio Souza e do poeta Aldisio Filgueiras, no TESC, em Manaus; a outra em sua casa no bairro Areal, em São Gabriel, levado pelo antropólogo Beto Ricardo do ISA; a terceira com a professora da Universidade de Oslo, Eva Johannessen, não lembro se em São Francisco, onde morreu, ou em São João, no rio Tiquiê, onde nasceu.

Esses encontros esporádicos foram suficientes para apreciar de perto a genialidade de Feliciano Lana, cuja versão sobre o mito de origem do mundo foi encenada no Teatro Experimental do Sesc de Manaus, adaptada por Márcio e Aldisio, com música de Adelson Santos. A cantata Dessana, Dessana ou o Começo Antes do Começo estreou no Teatro Amazonas com 18 atores, tendo Feliciano participado na montagem, dando sugestões de encenação dos rituais, além de elaborar o grafismo usado na cenografia.

Ainda hoje ecoa na memória a melodiosa cantata, evocando a narrativa mítica de criação do mundo.

“Hoje eu encontrei / o meu lugar na terra / a minha pele é vermelha / e tenho coragem de sobra. / Dessana, Dessana, / filhos do Alto nós somos / Dessana, Dessana, / como o vento nós voamos. /  Dessana, Dessana / lança teu espírito livre”.

Passa a mão aqui no meu braço: fico arrepiadinho com esses versos de uma extraordinária beleza e sabedoria, que permanecem atuais nesses tempos de coronavirus:

“Para curar uma doença / É preciso conhecer / a doença / É preciso criar o mundo / desde o começo /e ver a doença nascer / para então curar. / Assim o mundo / é criado toda vez / em que há uma cura.

Os versos nos remetem ao pesadelo do bolsovirus, com uma receita para combatê-lo:

Para destruir uma maldade / é preciso conhecer / a maldade. / Assim o mundo é criado / todas as vezes / em que uma maldade / é vencida”.

No segundo ato, o mito é atualizado com a chegada do colonizador: “Cuidado com essa pele branca / que desbota e queima com o sol / Cuidado com essa pele branca / que mente e ilude com terror.

Feliciano recria o mundo para curá-lo e vencer a maldade reinante. Que Yepá Buró – a Avó do Mundo – atenda o apelo da escritora indígena Rosi Waikhon e receba no Dabucuri do Infinito esse desenhador de sonhos e mestre conhecedor Kenhiporã.

P.S. Agradeço a Muriel Saragoussi e Elvira Eliza França pela lembrança da Exposição do Musa, que tive a oportunidade de visitar com minhas netas e um neto.

Referências:

  1. Lana, Feliciano Pimentel: A origem da noite & Como as mulheres roubaram as flautas sagradas" Edição bilíngue português / dessana. Manaus. EDUA. 2009 (2ª. edição). Funarte/Edua/ Museu amazônico, 2002 (1ª. edição)
  2. Freire, José R. Bessa: Narrativa gráfica Dessana: desenhando sonhos. Prefácio do livro de Lana, Feliciano Pimentel. A origem da noite (...) Versão condensada do prefácio publicada no Diário do Amazonas, 27/05/ 2007 (http://taquiprati.com.br/cronica/136-narrativa-grafica-dessana-desenhando-sonhos)
  3. Souza, Márcio & Filgueiras, Aldisio & Lana, Feliciano: Dessana Dessana. Manaus. Editora Valer. 2000. Com partitura de Adelson Santos. ( 727 pgs).
  4. Lana, Firmiano Arantes & Lana, Luiz Gomes, com ilustrações de Feliciano Lana (1ª. edição). Antes o mundo não existia. São Paulo. Livraria Cultura Editora. 1980 com introdução de Berta Ribeiro. (2ª edição revista e ampliada) Antes o Mundo não existia. Mitologia dos antigos Desana-Kehípõrã) São Gabriel da Cachoeira, FOIRN. 1995. Coleção Narradores Indígenas do Rio Negro (com notas de Dominique Buchillet) (3ª. Edição com 56 novas ilustrações).  Antes o mundo não existia. Rio. Travessa. 2019
  5. Umúsin Panlõn Kumu e Tolamãn Kenhiri. Antes el mundo no existía. La mitología heroica de los índios Desâna del Brasil. Barcelona. Prensa Universitária. 2000 ( traducción y estudio de Hélder Ferreira Montero y José Ignacio Uzquiza

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31 Comentário(s)

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Eunice Paula comentou:
22/05/2020
Muita gratidão por fazer memória deste grande artista, escritor e ilustrador Feliciano Lana. Cada indígena que se vai por causa do coronavírus leva consigo arte, sabedoria, ciência, tradições culturais que jamais a atroz Regina Duarte se interessou em conhecer. O Brazil não conhece o Brasil.....
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Elson Melo comentou:
20/05/2020
“PARA NÃO ESQUECER” – REPOUSO ETERNO AO CACIQUE KOKAMA MESSIAS MARTINS MOREIRA Na quarta-feira, 13 de maio, o cacique Kokama, Messias Martins Moreira veio a óbito vitima da pandemia de coronavírus. Para nunca esquecer o líder Kokama, nós que tivemos a honra de acolhê-lo como filiado do PSOL em 2013, prestamos essa singela homenagem ao grande guerreiro. O cacique Messias Moreira, é natural do Município de Santo Antônio do Içá no auto Solimões, em Manaus, dedicou sua vida a lutar por moradia para a população indígena que vivem na área urbana da capital amazonense. Com determinação, Messias liderou seu povo na tentativa de conquistar uma área de terra na periferia de Manaus para construírem suas moradias, por muito tempo, travaram uma luta incansável por um pedaço de chão para morar. Depois de promoverem muitas ocupações e também sofrerem tantos despejos das terras reivindicadas por grileiros e especuladores imobiliário, Messias e seu povo conquistaram uma área onde hoje está instalado o Parque das Tribos no bairro do Tarumã em Manaus, lá moram mais de 2.500 indígenas de 35 etnias, foi nesse local que os Kokamas velaram o cacique Messias e, para não esquecerem a sua luta, consagraram seu nome a escola que estão construindo naquela comunidade indigena. No PSOL, o cacique Messias, participou da organização da Setorial Ecossocialista Estadual do partido e do Movimento Indígena do PSOL Amazonas.
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Marilene Corrêa Da Silva Freitas comentou:
20/05/2020
Sensivel, encantada narrativa. Quantas perdas. Bela e comovente peça literária e documental.
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Adriana Teixeira Lima comentou:
20/05/2020
Olá! Passando só msm para parabenizá-lo pelo belíssimo SUP! Sim! Vc presta um grande Serviço de Utilidade Pública com esse Blog tão bem elaborado! Obrigada! Sua mais nova fã.
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Rodolpho Sampaio comentou:
18/05/2020
Vc viu o que foi divulgado pelo G1 RO, Rede Amazônica hoje, 18 de maio? O Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) de Rondônia confirmou os três primeiros casos do novo coronavírus entre índios daqui . Eles foram infectados após irem para Porto Velho sacar o auxílio emergencial da Caixa Econômica Federal de R$ 600. São Três Karitiana, de 37, 40 e 50 anos, da aldeia Caracol, estão isolados na Casa de Apoio à Saúde do Índio (Casai), em Porto Velho. O presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Dom Roque Paloschi, disse que é preciso uma política diferenciada para a saúde indígena. O Cimi orienta os índios para que permaneçam dentro das aldeias para evitar a disseminação da doença. "Mas diante da desassistência, eles são obrigados a chegar nas cidades, e isso é um risco maior", Até domingo (17), Rondônia acumulava 1.963 casos do novo coronavírus, segundo dados da Sesau. O estado tem 74 mortes decorrentes da doença.
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Lorena Best Urday comentou:
18/05/2020
Querido Bessa é uma tragedia e vc fecha com essa ideia atroz: nada tem mudado desde a colonia, está acontecendo um novo etnocídio. E esse poema dessana é de uma beleza e profundidade! obrigada! será bordado!
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Lucia Hussak comentou:
18/05/2020
Querido Bessa, Venho, uma vez mais, agradecer este Takiprati! A pessoa de Feliciano iluminou a todos nós que o conhecemos e viverá para sempre em meu coração. Ele esteve em Belém em 1998 quando fizemos uma exposição de suas pinturas no Museu de Arte - MABE Os tempos eram outros, o governo era petista, o Márcio Meira era secretário de Cultura e eu a diretora do o museu municipal. Um grande abraço, Lucia PS :Fiquei contente que você tenha visitado no MUSA a exposição sobre o sistema agrícola tradicional do Rio Negro.
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Aldisio Filgueiras comentou:
18/05/2020
Bessa, estou calado em meu isolamento, com a morte do meu parceiro Feliciano. Algumas dores não têm som, por serem demais.
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Rodrigo Martins comentou:
18/05/2020
Linda homenagem professor, uma tristeza muito grande perdermos tantas vidas por conta desse inimigo que não vemos (coronavírus) com a benevolência e ignorância de um presidente de um país da América do Sul que fala a língua portuguesa. O nome desse país prefiro não mencionar, pois moro nele e tenho muita tristeza em ver alguém tão insensível e desumano sendo líder máximo do mesmo. Essa imagem de abertura da crônica do Feliciano Lana é lindíssima também, uma verdadeira obra de arte com os dois japús conduzindo por uma rede o corpo de um indígena para a casa da noite, uma forma leve e lúdica de ver a morte, só um grande artista para ter uma visão tão bonita assim. Um abraço querido professor!
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Vara Dodebei comentou:
18/05/2020
Parabéns Bessa por mais um texto brilhante! Gostaria de ler a série "Antes o mundo não existia". Está à venda? Nossa biblioteca da Unirio tem exemplares para consulta?
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Flora Cabalzar comentou:
17/05/2020
Bessa estamos de negro por esses povos dos rios do universo. Nos unindo pra construir ou enfrentar o que vírus e Pragas devastam na frente. Como dizia uma amiga, expressando o que também sinto " o poder está com os mais distantes do que é o significado da vida... os trevorosos mesmo. A sociedade vai ter que parar de obedecer líderes insanos". abraço querido e saudoso
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Arlete Schubert comentou:
17/05/2020
Um texto triste e belo...???? Obrigada por fazer a cronica dessas vidas tao importantes para que o ceu nao desabasse de vez... ?? O nosso abraço professor José Bessa
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Ana Silva comentou:
17/05/2020
Linda, sensivel e necessária. Bessa, você nos emociona com tuas generosas e bem tecidas linhas. Que Feliciano Lana siga em paz ao mundo dos mortos, guiado pelo vôo dos japus. Que lindo, Bessa!
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Cida Nogueira comentou:
17/05/2020
Sinto uma angustia muito grande qdo se fala da fragilidade dos nossos indígenas que ñ tem pra onde correr neste momento surreal que estamos vivendo, a grande maioria dos brasileiros só conhece os índigenas muito remotamente através de notíciarios ou somente como mais um entre os personagens da história do Brasil, então no momento em que se noticía suas mortes por covid, para a maioria, eles são só números, dados estatísticos, no entanto pra mim eles tem rosto, nome, endereço e por uns tantos deles tenho amizade, sou profa de Gastronomia e por 3 vzs fui a Benjamim Constant para ministrar aula passando a cada vez 32 dias com os alunos e entre eles uns tantos indígenas tukunas da Comunidade de Filadélfia, em outubro do ano passado passei outros 32 dias ministrando aula na cidade de Sta Isabel do Rio Negro, no Médio Rio Negro, onde na população quem não é indígena é descendente direto deles, eles são de diversas etnias. Leva-se um tempinho pra conquistar sua confiança, mas qdo se conquista, eles se entregam, são pessoas maravilhosas, amigas e sedentas de aprendizado, tenho por eles um carinho e respeito muito grande. Tenho falado com alguns amigos tanto de BC como de SIRN e receio que diante desta pandemia teremos uma baixa bem grande no número de indígenas do nosso Brasil, eles estão a mercê da sorte, ou melhor da falta de sorte.
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Antony Devalle comentou:
17/05/2020
Embora ocupe grande parcela do território brasileiro, o Amazonas é quase uma Sibéria pra maioria dos brasileiros: uma famosa desconhecida. Você Bessa, pela sua pena, nos ajuda a conhecer melhor esse imenso tesouro nacional e suas gentes.
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Décio Adams comentou:
17/05/2020
É triste em demasia ler essas suas crônicas, prezado José Bessa Freire. Foi por graça de Urda Alice Klueger que travei contato contigo e nunca mais deixe de publicar semanalmente no meu perfil do Facebook a crônica semanal, abordando algum aspecto, uma personagem do mundo indígena amazônico. Se a idade e a saúde me permitissem, certamente gostaria de lhe conhecer pessoalmente e ver de perto, pelo menos um pedacinho de sua terra, sempre decantada em suas preciosas crônicas. Me permite dizer que "bem-aventurados" os indígenas que podem contar com sua linguagem elaborada, embora direta e sem rodeios, para narrar um pouco de sua cultura, seus costumes e tradições, bem como das desventuras em profusão que lhes são infligidas diariamente por conta dos nossos concidadãos, que infelizmente não carregam no coração o dom da paz, ternura e respeito pelo diferente. Que Deus lhe abençoe e possas continuar por longos anos a nos trazer sempre essas pérolas capturadas em suas vivências junto ao povo nativo, no seu estado natal ou talvez adotado como tal. Um forte abraço guerreiro.
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Isabel Missagia comentou:
17/05/2020
Quanta tragédia É preciso acreditar que a beleza de Feliciano contagiará a muitos e perdurará. Obrigada pela bela e necessária crônica. Grande abraço!
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Celeste Correa comentou:
17/05/2020
Nas últimas crônicas do Taquiprati vimos que o japu da noite denominado de Namiri Kymirõ tem voado incansavelmente, levando corpos de muitos indígenas para o seio do Criador. Vitimados pelo plano genocida desse governo que trata essa pandemia como "gripezinha", os povos da floresta estão sendo dizimados ostensivamente, evidenciando um total descompromisso público com o bem- estar e a integridade física e cultural dos povos nativos brasileiros. Que Feliciano, esse desenhador de sonhos e mestre conhecedor Kenhiporã agora, no seio do Criador, o Yebá Goãmu, interceda pelo seu povo e por esse país que precisa ser curado da doença do descaso e da crueldade causada pelo vírus o Bovid-17.
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Valter Xeu comentou:
17/05/2020
A cronica está publicado também no blog Patria Latina: https://www.patrialatina.com.br/a-cura-da-doenca-feliciano-dessana-e-os-kokama/
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Farney Tourinho De Souza Omágua Kambeba comentou:
17/05/2020
Iniciamos o Processo de Revitalização Cultural do Povo Omágua/Kambeba em 2001 em São Paulo de Olivença. Fizemos em 2010, em Manaus, o Curso de Revitalização da Língua Mãe Omágua/Kambeba e do Nheengatu, utilizando a Metodologia do Reescrevendo o Futuro/UEA. Precisamos Retomar o Trabalho. Necessitamos de Parceiros na Academia.
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Rute Cunha comentou:
17/05/2020
Muito triste a morte de Feliciano Dessana. O texto me emocionou.
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Clarissa Diniz comentou:
17/05/2020
Lembro de você, José Bessa, cantando partes de Dessana Dessana pra tentar trazer um pouco mais pra perto de mim esse mundo e suas histórias. Agora leio esta sua despedida do Sr. Lana e me emociono novamente. Que possamos recriar o mundo.
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Jaime Diakara comentou:
17/05/2020
Eu Diakara, na foto do MUSA com o Sibé Feliciano no acabamento na fachada que fica no fundo do musa do Lago.
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Ivone Andrade (via FB) comentou:
17/05/2020
Poxa, caiu um cisco no meu olho!
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Magela Ranciaro (via FB) comentou:
17/05/2020
Essa crônica, como sempre irretocável, nos transporta para o palco do TESC. Sim, é de arrepiar lendo a bela música da peça DESSANA, DESSANA, que assim encerra: ????FORA, FORA, FORA, HOMEM BRANCO FILHO DA VIOLÊNCI
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Isabella Thiago de Mello comentou:
16/05/2020
Quanta tristeza, Bessa...l. Mais um capítulo desse genocídio que já dura 500 anos! Parabéns, mais uma vez, a ti e todo corpo docente das universidades e instituições que trabalham na Preservação do Território e da Memória dos Povos Indígenas. O sangue derramado no solo da floresta sagrada, jamais será em vão! Com certeza Feliciano e Cleubi já estão com o Criador Dessa a Yebá Goãmu
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Regina Bivar Silva comentou:
16/05/2020
A interferência e o fanatismo religioso infelizmente ainda vai trazer muito problema inclusive tirar seus costumes indígena,,,,
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Maria Do Carmo Almeida comentou:
16/05/2020
José Bessa, antes de ler o texto, essa bela imagem do artista me fez chorar. Poderia ficar horas contemplando a cena e até mesmo entrar nela, como se pudesse voar também... Depois li sua crônica... e não consigo parar de chorar...
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?Sara Brown? - Grupo de Estudos e Pesquisas em Relações Étnico-Raciais - UFPR comentou:
16/05/2020
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Rita Olivieri-Godet (via FB) comentou:
16/05/2020
Excelente texto de José Bessa sobre Feliciano Lana que faleceu vítima do coronavírus. Grande Lana, grande José Bessa!
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Hebel Costa comentou:
16/05/2020
O professor José Bessa é uma pessoa pela qual tenho uma enorme admiração. Conheci ele na Livraria da Eduerj (sim, a Eduerj já teve uma livraria) e fiquei impressionado como seu amor ao meio-ambiente e, consequência necessária, aos povos indígenas do seu Amazonas. A morte dos povos da floresta é um genocídio continuado, que remonta ao "descobrimento" do Brasil.
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