CRÔNICAS

Por que as mães Guarani rejeitam a creche?

Em: 04 de Março de 2018 Visualizações: 57052
Por que as mães Guarani rejeitam a creche?

Essa e outras questões constam na dissertação de mestrado em antropologia “Viver na língua guarani: mulher falando”, defendida nesta quarta (28) no Museu Nacional (UFRJ) por Ara Reté, nome de batismo de Sandra Benites, que encontrou uma via original para redigi-la: caminha com um pé na aldeia, outro na academia. Assim, vai narrando sua própria vida e, através dela, tece reflexões num vai-e-vem contínuo pela ponte que liga os dois mundos. Relatos orais da avó parteira e as histórias de Nhandesy Eté – figura feminina da cosmologia guarani - dialogam com ensaios de antropólogos não indígenas.

O nascimento e a infância na aldeia é a ocasião para discutir o parto e o corpo da mulher como lugar de conhecimento e como território. Sua alfabetização em português, língua estranha, e sua atuação já como professora suscitam observações sobre escola, letramento, oralidade, língua, bilinguismo e a “doença do unilinguismo" diagnosticada por Bartomé Melià. Quando conta como foi sua adolescência, o casamento, os filhos, aproveita para abordar a identidade étnica e de gênero, a educação e a saúde das crianças. Na mudança para a cidade discorre sobre a situação dos índios em contexto urbano.

Um pé na aldeia

Conhecida na universidade como Sandra Benites, Ara Reté nasceu em 1975 na aldeia Porto Lindo, em Japorã (MS), de mãe e pai que falavam variedades diistintas do guarani. Sua avó materna Kunhã Takua fazia partos de mulheres escondidas na mata com medo dos “brancos”. “Como fui educada por minha avó, sou Nhandewa, apesar de meu pai ser Kaiowa. São povos diferentes, mas que tem em comum histórias como a de Nhandesy, o que já foi registrado por antropólogos e linguistas” – escreve. Viveu a infância em Porto Lindo, onde casou aos 16 anos e se tornou mãe de quatro filhos.

No primeiro capítulo, a pesquisadora narra sua caminhada (guatá) e expõe a sabedoria da mulher guarani, seu modo de viver (teko), destacando como concebe a educação e a saúde dos filhos. Reproduzo aqui trechos da dissertação em português com expressões em guarani, que adquire assim visibilidade.

 “Na sociedade guarani, a sabedoria se expressa através do corpo e da língua, sempre levando em conta a cosmologia e os costumes. As mães não tem hábito de deixar os filhos em creche, distante delas, em lugar desconhecido, com pessoas desconhecidas, porque isso gera um susto grande nas crianças que pode causar nhe’ẽ mondyi, espírito assustado, as crianças ficam deprimidas. O espírito assustado traz nhemirõ, ou seja, tristeza, desencanto, depressão, a ponto de a criança querer voltar para o amba dela, que é a morada celeste”.

“Para os Guarani, a saúde das crianças depende do bem estar da mãe. Mães com problemas psicológicos, estressadas, tristes, vivendo na correria, pressionadas, certamente ficarão poxy, ou seja, revoltadas, impacientes e, na maioria das vezes, transferem para os filhos esses sentimentos. O que você está sentindo, seu filho também sente. Isso tem a ver com a caminhada de Nhandesy na terra. Sem estar no estado de guapy - calma, tranquila, em silêncio - facilmente a mulher se descontrola, o ‘sangue sobe à cabeça’, tornando-a mais vulnerável”.

Arandu e o corpo feminino

A avó de Sandra Benites dizia que “as mulheres não precisam morrer fisicamente para estarem mortas nessa vida. Os problemas de saúde se refletem, especialmente no akã (cabeça), a nossa base, onde nós mulheres suportamos tudo. As Guarani, nesse estado emocional, não demonstram seus sentimentos, diferentemente dos homens. É nesse momento que muitas “se entregam” nheme’ẽ, ficam doentes emocional e fisicamente, se entristecem, ficam nhe’ẽ kangy, com o espírito fraco, py’a kangy. A minha avó dizia: “Depois que alguém fica nhemyrõ, o seu espírito já está morto”.

Segundo ela, “as dificuldades da mãe interferem no bem estar do filho, a criança pode ficar pirracenta, chorar à toa, piary, crianças guapy kuaa he’yn wa’e, que não conseguem se sentar, inquietas, assustadas. Essa mesma criança quando adulta pode ficar impaciente com as coisas, com as pessoas, ser revoltada, surtada, py’a tarowa. O susto que a criança leva também tem consequências mais adiante, na vida adulta”.

“Os cuidados com o corpo feminino são muito importantes para a construção do ser mulher guarani e evitar o estado de poxy, de vulnerabilidade, dos efeitos do sangue, tuguy. Na menstruação nós nos construímos como mulher e aprendemos a cuidar do próprio corpo, ficamos de resguardo em casa, evitando certos alimentos, fugindo do estresse ou do barulho excessivo, para não ficarmos com dor de cabeça. Não abrimos mão desses saberes únicos sobre o corpo, nem sempre reconhecidos pelo juruá (não-indígena), mas que nós preservamos e praticamos.  

Arandu são os saberes repassados através das narrativas orais. A minha avó explicava a netos e netas que essas histórias com as experiências de Nhanderu Ete e de Nhandesy Ete devem ser contadas para não cometermos os mesmos equívocos. Ela sempre dizia que os ensinamentos estão na própria língua guarani. Portanto, os homens precisam ouvir e aprender que as mulheres são corpos diferentes, que devem ser entendidos em sua complexidade para serem respeitados”.

A escola: uma tortura

No segundo capítulo, Sandra “atravessa a ponte” na expressão de B. Meliá. Relata sua experiência traumática como aluna na escola da FUNAI e depois como professora na aldeia Boa Esperança (ES) onde passou a residir até se mudar para o Rio de Janeiro a fim de cursar o mestrado, depois da Licenciatura Intercultural na Universidade Federal de Santa Catarina. Cita a sábia Kunhã Takua: “Minha avó dizia que não podia acreditar muito no papel, pois o papel é cego, a escrita não tem sentimentos, não anda, não respira, é história morta”.

“Lembro-me da hora de ir para a escola. Eu era criança, não sabia falar português e fiquei assustada, sentia medo, apesar de assim mesmo querer aprender a ler e a escrever. Hoje entendo essa angústia e o atrito entre a educação tradicional guarani e a educação escolar. As lembranças que guardei não são boas. Eu tinha horror de estudar pelo fato de não saber falar português, me sentia como se estivesse no alto pendurada pelos pés, de cabeça para baixo. A escola era um sofrimento, me dava angustia terrível, mas eu tinha que obedecer”.

“Só de saber que tinha que encarar aquele lugar terrível, passava mal e me dava até febre. Já não queria mais aprender a ler e escrever, a angústia tomava conta de mim. Só pensava numa estratégia para driblar o professor, contra a pressão que ele exercia sobre nós. Não conseguia escrever nada, por medo de ser castigada. O medo me travava toda. Como as crianças guarani sempre reagem a partir do nhemondyi, irei explicar este “sentimento de susto”, que deve ser evitado, que pode levar até a morte ou deixar sequelas físicas (diarreia, vomito, febre) e problemas psicológicos”.

“Para os Guarani, o mau humor de uma pessoa insegura é visto como uma doença, um problema de saúde. Todas as coisas estão ligadas com a educação, inclusive a saúde. Se os juruá se preocupam com uma pessoa depois dela ficar doente, nós, ao contrário, nos preocupamos em prevenir. Por essa razão procuramos compreender e respeitar cada teko. Na escola em que eu estudei, não havia preocupação e respeito. O professor só usava o português. Era muito ruim e nos castigava por qualquer coisa. Minha alfabetização foi assim”.

O outro pé na cidade

“Trago lembranças do tempo dramático vivido na escola para tirar delas alguma lição. Com os problemas que enfrentei procuro aprender, melhorar, evoluir, dar sentido à memória da minha avó, responsável maior pelos meus conhecimentos e pela coragem que carrego comigo. Devo às kunhangue, às mulheres, mesmo ocultas em sua própria história. Elas sempre estão lutando, incansavelmente, para manter sua sabedoria e a própria fala, aywu, nhe’ĕ, espírito, palavras, que no dia a dia são vividos, narrados, contados e sentidos, através da lembrança de Nhandesy.

O terceiro capítulo explicita as diferenças de gênero ao registrar a história de Nhandesy Ete (Nossa Mãe verdadeira) que funciona como uma espécie de arquivo vivo da sabedoria das mulheres dentro da organização social guarani.

Ela fala dos deslocamento de muitos índios da aldeia para a cidade, em todo o Brasil, destacando Mato Grosso do Sul como um caso extremo, pela invasão das terras indígenas e por todo tipo de violência que atinge as mulheres.

Residindo agora no Rio de Janeiro, Sandra se pergunta o que fazer com a sabedoria de Nhandesy dentro do contexto urbano, que valor tem esse saber, como discutir o papel da mulher indígena na sociedade atual, dividida entre o que ela denomina de micro tekó (individual) e o macro (coletivo) que se sobrepõe ao arandu da mulher:

- Como ensinar o que aprendi com minha avó às mulheres guarani e juruá para que fiquem protegidas e evitem que o homem tenha poder sobre elas?

Sua resposta vem no final da dissertação:

“Os Guarani ainda vivem intensamente nas suas rezas, apesar das dificuldades enfrentadas. Na minha caminhada aprendi com as mulheres, com o que ouvia da minha avó e da minha mãe, que diziam:

- Somos terra, somos chão, somos rios e pássaros e plantas que dão flores e frutos, porque as mulheres sempre existiram no universo para habitar a terra”.

P.S.1 Sandra Benites: "Viver na língua Guarani Nhandewa: mulher falando". Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS) - Museu Nacional. Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2018. Banca: Bruna Franchetto (orientadora), Luísa Belaúnde (PPGAS) e José R. Bessa (UNIRIO-UERJ). Ao lado Chiquinha Pareci, primeira doutora indígena do Museu Nacional, que defendeu a tese no mesmo dia 28 de fevereiro de 2018. 

P.S.2 - Fotos de crianças guarani feitas no curso de fotografia do Pro-Indio (UERJ) em parceria com a UFMG, coordenado por Ana Paula Silva, e ministrado pelo fotógrafo documentarista João Roberto Ripper e sua equipe. Os autores das fotos são os guarani: Ivanildes Silva, Neusa Mendonça, Algemiro da Silva, Waldir da Silva, Ronando Mariano, Cecílio Fernandes, Flávi Ara´i, Alexandro Benite, Genilson da Silva, Cleiton, Daniel e Edmsilson Karai, Tupã Mirim e André da Silva, formado pelo Cine Ostra.

 

¿Por qué las madres guaranís rechazan las guarderías?

Texto: José R. Bessa Freire. Tradução: Consuelo Alfaro Lagorio

Ésta y otras preguntas hacen parte de la tesis de maestría en antropología “Vivir en lengua guaraní: mujer hablando”, defendida este miércoles (28) en el Museo Nacional (UFRJ) por Ara Reté, nombre de Sandra Benites, que encontró una manera original de redactarla: caminar con un pie en su aldea y el otro en la universidad. Así, narra su propia vida y, a través de ella, teje reflejos en un continuo ir y venir a través del puente que conecta los dos mundos. Los relatos orales de la abuela partera y las historias de Nhandesy Eté – figura femenina de la cosmología guaraní – dialogan con ensayos de antropólogos no indígenas.

El nacimiento y la infancia en el pueblo es la ocasión para discutir el parto y el cuerpo de la mujer como lugar de conocimiento y como territorio. Su alfabetización en portugués, lengua que no era la suya, y su trabajo como docente plantean observaciones sobre la escuela, la alfabetización, la oralidad, la lengua, el bilingüismo y la “enfermedad del unilingüismo" diagnostica por Bartomé Meliá. Cuando habla de su adolescencia, matrimonio e hijos, aprovecha para abordar la identidad étnica y de género, la educación y la salud infantil. Al trasladarse a la ciudad, analiza la situación de los indígenas en un contexto urbano.

Un pie en la aldea

Conocida en la universidad como Sandra Benites, Ara Reté nació en 1975 en la aldea de Porto Lindo, en Japorã (MS), de madre y padre que hablaban diferentes variedades de guaraní. Su abuela materna, Kunhã Takua,  daba asistencia en el parto a mujeres escondidas en el bosque por miedo a los “blancos”. “Como fui educada por mi abuela, soy Nhandewa, a pesar de que mi padre era Kaiowa. Son variedades diferentes del Guarani,  pero tienen en común historias como la de Nhandesy, que ya ha sido registrada por antropólogos y lingüistas”, escribe. Pasó su infancia en Porto Lindo, donde se casó a los 16 años y es madre de cuatro hijos.

En el primer capítulo, la investigadora narra su caminada (guatá) y expone la sabiduría de la mujer guaraní, su forma de vivir (teko), destacando cómo concibe la educación y la salud de sus hijos. Reproduzco aquí extractos de la disertación en portugués con expresiones en guaraní, que así adquiere visibilidad.

Arandu y el cuerpo femenino

La abuela de Sandra Benites decía que “las mujeres no necesitan morir físicamente para estar muertas en esta vida. Los problemas de salud se reflejan, especialmente en el akã (cabeza), nuestra base, donde las mujeres soportamos todo. Las mujeres guaranís, en este estado emocional, no muestran sus sentimientos, a diferencia de los hombres. Es en este momento que muchas “ceden” al nheme’ẽ, se enferman emocional y físicamente, se entristecen, se vuelven nhe’ẽ kangy, con el espíritu débil, py’a kangy. Mi abuela decía: “Una vez que alguien se vuelve nhemyrõ, su espíritu ya está muerto”.

Según ella, “las dificultades de la madre interfieren en el bienestar del hijo, el niño puede ponerse de mal humor, llorar por nada, piary,  niños guapy kuaa he'yn wa'e,  que no pueden sentarse, inquietos, asustados. Este mismo niño de adulto puede impacientarse con las cosas, con la gente, enfadarse, asustarse, py’a tarawa. El miedo que sufre un niño también tiene consecuencias más adelante, en la vida adulta”.

“El cuidado del cuerpo femenino es muy importante para la construcción de ser mujer guaraní y evitar el estado de poxy, de vulnerabilidad, de los efectos de la sangre, el tuguy. Durante la menstruación nos construimos como mujeres y aprendemos a cuidar nuestro propio cuerpo, nos quedamos en casa, evitando ciertos alimentos, escapando del estrés o del ruido excesivo, para no tener dolor de cabeza. No renunciamos a este conocimiento único sobre el cuerpo, no siempre reconocido por el juruá (persona no indígena), pero que preservamos y practicamos.

Arandu son los saberes transmitidos a través de narrativas orales. Mi abuela les explicaba a los nietos y nietas que estas historias con las experiencias de Nhanderu Ete y Nhandesy Ete, hay que contarlas para que no cometamos los mismos errores. Ella siempre decía que las enseñanzas están en la propia lengua guaraní. Por eso, los hombres necesitan escuchar y aprender que las mujeres son cuerpos diferentes, que deben ser comprendidos en su complejidad para ser respetados”.

La escuela: una tortura

En el segundo capítulo, Sandra “cruza el puente” en expresión de Bartomé Meliá. Ella cuenta su traumática experiencia como estudiante en la escuela de la FUNAI y luego como docente en la aldea de Boa Esperança (ES) donde vivió hasta mudarse a Río de Janeiro para realizar su maestría, después de la Licenciatura Intercultural en la Universidad Federal de Santa Catarina.  Cita la sabia Kunhã Takua:

- Mi abuela decía que realmente no podía creer en el papel, porque el papel es ciego, la escritura no tiene sentimientos, no camina, no respira, es historia muerta.

Me acuerdo de la hora de ir a la escuela. Yo era niña, no sabía hablar portugués y tenía miedo, muy asustada, pero también quería aprender a leer y escribir. Hoy comprendo esta angustia y el conflicto entre la educación tradicional guaraní y la educación escolar. Los recuerdos que guardé no son buenos. Me daba pánico estudiar porque no sabía hablar portugués, me sentía como si estuviera colgada de los pies, boca abajo. La escuela fue dolorosa, me daba una angustia terrible, pero tenía que obedecer”.

“El solo hecho de saber que tenía que enfrentar ese lugar terrible me daba malestar y hasta me daba fiebre. Ya no quería aprender a leer y escribir, la angustia se apoderaba de mí. Sólo pensaba en una estrategia para eludir al profesor, contra la presión que nos estaba ejerciendo. No conseguía escribir nada por miedo a ser castigada. El miedo me paralizaba. Como los niños guaranís siempre reaccionan ante el nhemondyi, explico este “sentimiento de susto”, que hay que evitar, que puede llevar a la muerte o dejar consecuencias físicas (diarrea, vómitos, fiebre) y problemas psicológicos”.

“Los guaranís consideran el mal humor de una persona insegura como una enfermedad, un problema de salud. Todo está vinculado a la educación, incluida la salud. Si los juruá se preocupan por una persona cuando se enferma, nosotros, por el contrario, nos preocupamos en prevenir. Por este motivo intentamos entender y respetar cada teko. En la escuela donde estudié no había preocupación ni respeto. El profesor sólo hablaba portugués. Era muy malo y nos castigaba por cualquier cosa. Mi alfabetización fue así”.

Otro pie en la ciudad

“Llevo conmigo recuerdos del momento dramático que viví en la escuela y esa experiencia me transmitió algunas enseñanzas. Con los problemas que enfrenté, trato de aprender, mejorar, evolucionar, darle sentido a la memoria de mi abuela, que es la mayor responsable de mis conocimientos y el coraje que llevo conmigo. Se lo debo al kunhangue, a las mujeres, aunque escondidas en su propia historia. Están siempre luchando, incansablemente, por mantener su sabiduría y su propia palabra, aywu, nhe’ĕ, espíritu, palabras, que diariamente se viven, se narran, se cuentan y se sienten, a través de la memoria de Nhandesy.

El tercer capítulo explica las diferencias de género registrando la historia de Nhandesy Ete (Nuestra Madre Verdadera), que funciona como una especie de archivo vivo de la sabiduría de las mujeres dentro de la organización social guaraní.

Se refiere al dislocamiento de muchos indígenas de sus aldeas a las ciudades, en todo Brasil, destacando Mato Grosso do Sul como un caso extremo, debido a la invasión de tierras indígenas y a todo tipo de violencia que afecta a las mujeres.

Sandra, que ahora vive en Río de Janeiro, se pregunta qué hacer con la sabiduría de Nhandesy en el contexto urbano, qué valor tiene este conocimiento, cómo discutir el papel de las mujeres indígenas en la sociedad actual, dividida entre lo que ella llama micro tekó (individuo) y el macro (colectivo) que se superpone al arandu de la mujer:

- ¿Cómo puedo enseñar lo que aprendí de mi abuela a las mujeres guaranís y juruá para que estén protegidas y eviten que los hombres ejerzan poder sobre ellas?

Su respuesta llega al final de la disertación:

“Los guaranís todavía viven intensamente en su religiosidad, a pesar de las dificultades que enfrentan. En mi camino aprendí de las mujeres, de lo que escuché de mi abuela y de mi madre, que decían:

- Somos tierra, somos suelo, somos ríos y pájaros y plantas que dan flores y frutos, porque siempre han existido mujeres en el universo para habitar la tierra.

P.D. Sandra Benites: “Vivir en lengua guaraní Nhandewa: mujer hablando”. Tesis de maestría. Programa de Postgrado en Antropología Social (PPGAS) - Museo Nacional. Universidad Federal del Rio de Janeiro. 2018. Tribunal: Bruna Francchetto (orientadora), Luísa Belaúnde (PPGAS) y José R. Bessa (UNIRIO-UERJ). Junto a Chiquinha Pareci, la primera doctora indígena en antropología del Museo Nacional, que defendió su tesis el mismo día 28 de febrero de 2018.

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35 Comentário(s)

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Renata Curado comentou:
31/03/2018
mt, mt, mt Interessante!!!!! Cá estou eu trabalhando com arte-educação na Educação Infantil buscando sempre ser e estar guapy rsrsrsr. Parabéns Sandra Benites pelo grandioso trabalho e texto, aprendemos c vc!!! <3 Obrigada Mestre José Bessa por nos aproximar e apresentar essas reflexões relacionadas ao povos indígenas tão importantes para os professores e para criarmos escolas inovadoras e n torturadoras da crianças. <3
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Adria Duarte de Souza (via FB) comentou:
09/03/2018
José Bessa, a UEA tem o curso de Pedagogia Intercultural Indígena no Vale do Javari. Essa foi uma intensa discussão entre SEMED/Atalaia, UEA, FUNAI e professores indígenas. É preciso estar atento, vigilante. O que se quer são políticas públicas para a infância e não somente educação Infantil e creche nas comunidades indígenas.
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Rafaello comentou:
06/03/2018
Este trabalho vem engrandecer ainda mais o movimento e a luta indígena, Estas e outras questões indígenas não mais ou menos importante, mas diferentes em suas singularidades carecem sim de uma reflexibilidade por parte de toda a sociedade, seja ela indigena ou nao indigena. Este é o momento.
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Elemir S. Martins (via FB) comentou:
05/03/2018
Quem lê realmente poderá entender. Diógenes Cariaga poderá nos ajudar nisso por aqui. Porque há necessidade imediata de reflexão sobre isso.
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Lea Tiriba (via FB) comentou:
05/03/2018
Que belo o trabalho da Sandra! temos conversado com ela sobre esse tema em nossos eventos na UNIRIO. É pra rejeitar mesmo! Na lei, a educação infantil pode ser oferecida apenas quando demandada pelo grupo indígena. E quando ele demanda, é porque sua situação é muito précaria, a terra não está assegurada, as mães e pais são assalariados, fazem bicos, a comunidade não tem como cuidar.. É o caso dos Tupinambá de Olivença, povo com quem eu trabalho.
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Dodora Bessa comentou:
04/03/2018
Uma reflexão profunda e ao mesmo tempo poética, onde se vislumbra o papel da mulher nessa cultura tão pouco conhecida e de uma sabedoria única. Bela homenagem às mulheres brasileiras. Compartilharei com minhas amigas para que se deliciem com esta maravilhosa leitura. Caminhar com um pé na aldeia e outro na academia é uma expressão que exprime com simplicidade e clareza a relação dialógica entre o saber tradicional e o saber técnico, gerando assim um "conhecimento novo"sem perder a sua essência.
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Iñaki Gómez Corte (via FB) comentou:
04/03/2018
Valeu mestre por contar um pouco da caminhada de luta, força e beleza da guerreira Ara Rete, parabéns Sandra Benites, você é massa demais, Viva os povos indígenas!
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Eneida comentou:
04/03/2018
Parabéns para a Ara Reté! Adorei saber sobre a dissertação dela!!
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Ademario Ribeiro comentou:
04/03/2018
Ah, Bessa, mas que lindas e sensíveis abordagens na dissertação de Ara Reté - Sandra Benites, muito grato por mais uma vez compartilhar saberes das outras pessoas em meio aos saberes compartilhados!!! Você sabe como posso ter acesso a essa escrita?! Dê a Ara Reté, nosso terno abraço e parabenize... mais uma vez, essa vez, por mim, por nós qu carecemos de escritos acadêmicos assim!!! Valeu, estupendo e essencial, Bessa!!!
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Janaina Antunes comentou:
04/03/2018
Eh uma poesia a sabedoria e os costumes indigenAs. Claro q o homem branco destruiria td isso q ta totalmente na contramao da logica produtivista
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Luiza Helena (via FB) comentou:
04/03/2018
Muito bom mesmo! Parabéns pra Sandra Benites! Vamos aprender muito com o seu trabalho! Parabéns pelo artigo, José Bessa!!!
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Helena de Campos (FB) comentou:
04/03/2018
Não tenho filhos, mas criança tem que ficar do lado da mãe até, no mínimo, aos sete anos. Criança criada com segurança e carinho de mãe é outra coisa!
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Diógenes Cariaga (via FB) comentou:
04/03/2018
Sandra Benites e José Bessa eu acho a provocação do título extremamente importante porque coloca a necesidade se debater qual modelo de educação escolar infantil se pode ser realizada no contexto de uma aldeia Guarani? Porque sabemos que considerando a extensão e quantidade de falantes da língua é preciso que se pensa no varejo essa proposta porque como escreveu a Dirce Veron situações como das mulheres kaiowa e Guarani em Dourados, em que a maioria é trabalhadora na cidade ou fora de casa, uma proposta de educação infanti diferenciada está para ser feita.
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Dirce Veron ( Via FB) comentou:
04/03/2018
Era isso que Eu quis mencionar,SOBRE REGIÃO DA GRANDE DOURADOS E CONE SUL DO MATO GROSSO DO SUL,com os KAIWAA E GUARANÍ!
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Sandra Benites (via FB) comentou:
04/03/2018
ANHETE KO, Ivanildes Pereira da Silva APROVOU E TÁ APROVADÍSSIMA POR ELA .É SINAL QUE ESTÁ MUITO BOM PROFESSOR! ????
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José Seráfico comentou:
04/03/2018
Meu caro Bessa, A discussão entre querer ou não querer creche para os filhos parece-me ter sido prejudicada pela confusão entre CRECHE e CLICHÊ. A imagem generalizada da creche acaba tornando-a um clichê, porque não se consideram exatamente as diferenças culturais entre os indígenas e os juruá. O reconhecimento das diferenças levaria, quem sabe, ao reconhecimento, também, de que as creches como elas são pode ter seus defensores, enquanto outros - como eu próprio, associando-me ao amigo Bessa e a outros que se manifestaram - reivindicam sua reformulação. Só assim seria possível superar o que mais prejudica o debate e, pior, a boa educação: o preconceito.
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Sandra Benites (FB) comentou:
04/03/2018
José Bessa justamente professor ,é para provocar mesmo e bom que as pessoas começam observar quando estamos fazendo a chamada ao contrários do que eles(as) pensam . Mas a grande maioria das mães Guarani sabem do que estou falando . Na verdade o que estamos provocando sobre creche e não os desejos a vontade as necessidades das mães. Necessidades todas as mães tem ,o problema quando não tem alternativa quem sofrem com isso?
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Taquiprati (FB) comentou:
04/03/2018
Oi Sandra Benites, olha só a confusão em que eu te meti, com a seleção que fiz de alguns trechos de tua dissertação e com a provocação que fiz no título justamente para abrir a discussão. Algumas pessoas que devem ser respeitadas entenderam que se trata de um discurso generalizado contra a creche, que se pretende impor uma ideia anti-creche, quando vc é muito clara na crítica ao modelo vigente. O mesmo em relação à escola, quando se critica a escola em nossa sociedade, não se está pedindo a sua abolição, mas sua reformatação. Outra escola é possivel. Outra creche é possivel e os juruá tem muito a aprender com a mulher guarani, basta ouvir Nhandesy. De qualquer forma, quem lê a dissertação vai ver claramente que vc está se referindo a um conhecimento tradicional da mãe guarani, que muito pode nos ajudar a repensar a creche juruá. Uma aluna minha da Uerj, que tem filho na creche, disse que entendeu tudo, que compartilha a visão dos guarani, que coloca o filho na creche por falta de alternativa e que gostaria de ter outro modelo de creche.
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Arlene Ricoldi(via FB) comentou:
04/03/2018
Lendo a matéria a gente compreende o sentido dado ao sentimento de susto. Acho que a chamada foi infeliz, pq leva a impressão que a creche é nociva, e a sabedoria tradicional Guarani vai nos dizer porque. Se entendi bem, tem mais a ver com a estranhamento cultural e a dificuldade de deixar os filhos longe com pessoas desconhecidas delas!
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Sandra Benites (via FB) comentou:
04/03/2018
Eu acho que vc não leu minha explicaçao Dirce Veron o problema é generalizado mas vc quando se refere as mulheres indígenas tambem esta generalizando sei que muitas mães resistem de não querem deixar seus filhos longe delas dei creche como exemplo. Mas por necessidades as mães gostaria de ter um espaço para deixarem seus filhos mas não creche como os brancos chamam para cercar as crianças entre paredes como modelo da cidades .
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Dirce Veron ( Via FB) comentou:
04/03/2018
EE no passado REJEITAVA....HJ EM DIA ESTÁ TD MUDADO.....SEI QUE TD SE TRANSFORMA...... Tempo muda ... MUDOU OS INDÍGENAS TBM....MULHERES INDÍGENAS TBM PRECISA SIM ,DE CRECHES HJ EM DIAS EM SUAS ALDEIAS......EU SEI MORO NA ALDEIA, EU sei MUITO BEM O QUE ESTOU FALANDO!!! Já fizemos oficinas sobre esse assunto em algumas aldeias.....os avós que ANTIGAMENTE SE ENCARREGAVA DE FICAR COM OS NETOS,DECLARARAM NÃO TER MAIS ESTRUTURA FÍSICAS.... MUDOU_SE O TEMPO!
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Maria Sá Xavier (via FB) comentou:
04/03/2018
Bessa que lindo. Trabalhei com algumas mulheres com esta perspectivs do corpo-territorio, na Geografia. Precisaria conhecer melhor estas historias .. ouvido-as. Lindo
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Clarice Cohn (via FB) comentou:
04/03/2018
Dissertação de Sandra Benites, mulher incrível, que a defendeu essa semana no Museu Nacional (RJ) e escreve sobre os conhecimentos e as falas das mulheres Guarani. Como diz Bessa, desde a aldeia e a cidade, com os conhecimentos que aprendeu com as mulheres, suas parentes e companheiras, e na academia. Sandra, mal posso esperar para ler esse seu trabalho, espero que o disponibilize logo !
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Diógenes Cariaga (via FB) comentou:
03/03/2018
Texto delicado e afetivo do Prof José Bessa para a dissertação da queridíssima Sandra Benites sobre o ponto de vista dos conhecimentos da mulheres Guarani sobre o(s) mundo(s) - kunha arandu.
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Fernando Soares Campos (via FB) comentou:
03/03/2018
A crônica já está circulando no Portal Pravda - Rússia, versão em português - CPLP » Brasil - 04.03.2018 http://port.pravda.ru/cplp/brasil/04-03-2018/45091-maes_guarani-0/
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Helena Alpini comentou:
03/03/2018
Grande sabedoria Guarani! Sandra é uma xexari, sábia e agora mestre empoderada pela sua história e cultura!
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Veronica Aldé (via FB) comentou:
03/03/2018
Creuza Prumkwyj Kraho também escreveu sobre os ciclos femininos e os resguardos...riquissimas pesquisas! Parabéns pra elas!
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Claudinei Alves comentou:
03/03/2018
Parece minha mãe dizendo esses fundamentos.Pena que as novas gerações guarani, maioria já estão querendo viver de outro modo.
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Sandra comentou:
03/03/2018
Só gostaria de esclarecer para algumas pessoas que me perguntaram ,sobre essa minha dissertação ,algumas mães não querem deixar seus filhos nas creches , eu disse ,como modelo igual na cidades, cada aldeia tem suas demandas isso vai depender de cada caso é um caso. Há comunidades em que as mulheres solicitam creches .Mas estou dizendo que não seria creche igual dos jurua , o modelo da cidades que impedem as anciãs ter acesso sobre as crianças até poq a sabedoria estão nelas. É preciso se pensar outro tipo de lugar,espaço para essas crianças que não assustem eles , seria uma instituição "kyringue nhomboatya" que nos molde Guarani . Onde seja possível os trânsito das mães dos irmãos as conhecedoras da nossa sabedoria.Um espaço autônoma de cuidados e aprendizados diferenciados que dialoguem com costume e com arandu dos Guarani .Mas também possua atendimento dos profissionais como pediatra nutricionista e atendimentos das familias caso esteja precisando . Não seria creche,( KYRYNGUE ONHEMBOATYA ) onde as crianças se encontram.
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Jairzinho comentou:
03/03/2018
Meu caro Rivelino, agora entendi e estou de acordo, os jornalistas são sensacionalistas e não entendem nada de índio. Aqui no Rio Grande do Sul, eu já visitei uma aldeia em Cantagalo e vi como o Correio do Povo distorce tudo. Mas se a Sandra tem razão e na tradição as mulheres guarani rejeitam creche, falta explicar agora porque outras querem creche, porque houve essa mudança. Você também generaliza quando diz que as assembleias das mulheres guarani querem creche. Ou não?
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Rivelino comentou:
03/03/2018
Certamente não anula, os relatórios da Aty Kunã são disponibilizados na internet e há experiências e demandas também com as mulheres Guarani da Reserva de Dourados. Acredito que você possa encontrar na internet essas experiências também. Desta forma, talvez seja problemático dizer "Porque as mulheres Guarani não aceitam a creche". Toda generalização é problemática. E outra, Jairzinho, ninguém está se opondo o que a querida mestra Sandra traz sobre os conhecimentos da avó Guarani. Só se está problematizando essa chamada genérica do título desta crônica. Rivelino Soares
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Rivelino comentou:
03/03/2018
Não é o que os relatórios das assembléias de mulheres Guarani (Att Kunã) vêm trazendo. Lá elas colocam demanda por creche.
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Jairzinho comentou:
03/03/2018
Parece recomendável dizer onde e quando foram realizadas essas assembleias, em quais aldeias ou cidades, e quais foram as mulheres guarani que pediram creche, caso contrário fica uma afirmação solta, sem fundamento, mas admito, caro Ribelino, que é possivel, dependendo de onde vivem,, das condições de vida e de trabalho, mas isso não anula o que a mestre Sandra Benites afirma sobre a tradicionalidade da sapiência da avó guarani. (É uma coincidência., meu caro Rivelino, mas meu nome é mesmo Jair. Jair Dantas. .
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Themis Bruno (VIA fb) comentou:
03/03/2018
Sabedoria indígena, sempre com tanto a nos ensinar. Vou compartilhar.
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Ligia Aquino (via FB) comentou:
03/03/2018
Estudo necessário. Depois quero acesso ao trabalho.
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