CRÔNICAS

A Língua que somos

Em: 25 de Agosto de 2013 Visualizações: 45191
A Língua que somos


Paca, tatu, cotia sim. Esses e outros bichos desconhecidos na Europa foram encontrados no litoral brasileiro e na Amazônia pelos portugueses, que tomaram emprestado das línguas indígenas os nomes de animais, peixes, plantas, práticas culinárias, tecnologias tradicionais e formas de fazer as coisas.
Mas, por outro lado, os portugas trouxeram um mundo de coisas novas que não existiam aqui: enxada, machado de ferro, papel, catecismo, bíblia, pecado, cupidez, padre, soldado, pólvora, canhão e até animais como vaca, cavalo, cachorro, galinha. Com as coisas, trouxeram os nomes das coisas.
A língua portuguesa e as línguas indígenas, através de seus falantes, ficaram se esfregando e se roçando uma nas outras, num intenso troca-troca. Esse atrito, que a sociolinguística chama de línguas em contato, configurou o português regional e marcou os idiomas indígenas, um dos quais serviu de base para o Nheengatu, a língua que durante séculos organizou a comunicação entre todos.
Essas questões foram discutidas segunda-feira passada na Universidade Federal do Amazonas numa palestra sobre a História das Línguas na Amazônia organizada pelo Programa de Pós-Graduação em História e ministrada por este locutor que vos fala.
Trata-se da história do casamento do pirarucu com o bacalhau. Um, de cabeça chata e ossificada, mora nas águas quentes dos rios da Amazônia. O outro vive na Europa, nas águas frias do Oceano Atlântico, mas ninguém viu sua cabeça, apenas um velho de Gafanha da Nazaré, no Aveiro, que é mudo e não pode descrevê-la. Não foi um casamento fácil porque o casal, que morava na casa de Noca, manteve relações assimétricas, conflitivas, tensas, de dominação e exploração.

É como no fado tropical de Chico Buarque: avencas na várzea, alecrins no igapó, pupunha no Alentejo, tucumã no vale do Mondego, o rio Amazonas que corre trás-os-montes e numa pororoca deságua no Tejo. Nós somos os filhos dessa união. embora haja quem queira negar tal filiação, fruto de empréstimos de lá pra cá e daqui pra lá.
Os empréstimos
O Nheengatu, “uma das línguas de maior importância histórica no Brasil”, foi a língua majoritária da Amazônia durante todo o período colonial, estendendo sua hegemonia até a primeira metade do século XIX. Manteve contato permanente, através de seus falantes, com outras línguas indígenas e com o português, o que deixou marcas e influências mútuas bastante significativas. Numa amostra registrada por Aryon Rodrigues, 46% dos nomes populares de peixes e 35% dos nomes de aves na língua portuguesa falada no Brasil são oriundos do Tupinambá.
O Nheengatu, que também não ficou congelado, fez vários tipos de empréstimos. Um deles foi substituir palavras próprias por seu correspondente em português, como no caso de ipéca que cedeu lugar a pato. Outro foi fazer adaptações fonéticas de termos que designavam conceitos, funções e utensílios novos: cavalo em português deu cauaru em nheengatu; cruz virou curusu; soldado, surára; calça ou ceroula, cerura; porco, purucu; livro libru ou ribru; papel, papéra, e amigo ou camarada deu camarára.
Mas não parou aí. O Nheengatu ampliou ainda o valor semântico de palavras do seu léxico para dar conta da nova realidade colonial, nomeando com nomes tupis certos elementos desconhecidos dos índios, mas com os quais é possível estabelecer analogias: assim boi e vaca foram denominados de tapir (anta); cachorro passou a ser iauára (onça); vinho foi chamado de cauín e tesoura de piranha. Mas se boi e vaca são denominados de tapir, como chamar, então, a anta? Ela virou tapireté assim como a onça ficou iauareté, acrescentando a partícula eté, que significa verdadeiro, legítimo, genuíno.
Durante dois séculos e meio, índios, mestiços, portugueses e escravos africanos trocaram experiências e bens nessa língua que se firmou como língua supraétnica, difundida amplamente pelos missionários por meio da catequese. Denominada de Língua Geral Amazônica pelos linguistas para diferenciá-la da Língua Geral Paulista, ela é hoje bastante usada no Rio Negro. Graças a um projeto do vereador indígena Kamico Baniwa, foi declarada,em 2002, língua cooficial em São Gabriel da Cachoeira (AM), um município com área maior que Portugal, onde são faladas 22 línguas.
Identidade
Dados sobre a história das línguas na Amazônia estão dispersos em arquivos nacionais e europeus. No Arquivo Histórico do Exército, no Rio de Janeiro, no fundo intitulado Guerra do Paraguai, existe troca de correspondência com o presidente da Província do Amazonas, em 1865, sobre o envio de recrutas para a Corte, além de relatórios de interrogatórios feitos a prisioneiros paraguaios e mapas do 54º Batalhão de Voluntários da Pátria que possuía uma Companhia de Índios.
A documentação da Guerra do Paraguai registra notícias de 'voluntários' do Amazonas, monolíngues em Nheengatu, cujo recrutamento criou uma situação no mínimo insólita, com consequências sobre as marcas identitárias étnicas e nacionais: muitos soldados amazonenses, pertencentes ao 5º Batalhão de Infantaria, que sequer podiam entender as ordens em português do seu comandante, morreram nos campos de batalha do Paraguai, como 'voluntários da Pátria', falando uma língua, compreendida pelo inimigo, mas desconhecida em sua própria trincheira.
Do outro lado, havia situação similar com soldados paraguaios, monolíngues em guarani criollo, alguns dos quais foram feitos prisioneiros de guerra, e só puderam ser submetidos a interrogatório com ajuda de soldados amazonenses, bilíngues em Língua Geral-Português, que funcionaram como intérpretes e tradutores devido à proximidade das duas línguas.
A partir da Guerra do Paraguai, o Nheengatu começa a perder falantes, cessa a sua hegemonia no Amazonas, fica limitado ao Rio Negro e a bolsões no Alto Solimões. Outras línguas indígenas desapareceram sem deixar qualquer vestígio e quando uma língua que não foi documentada deixa de ser falada, é como se nunca tivesse existido. As cidades da Amazônia, entre elas Manaus e Belém, foram cemitérios de línguas indígenas, lá estão sepultados os últimos falantes de várias línguas extintas.
Todos nós devemos nos preocupar com as línguas que estão morrendo, da mesma forma que nos afligimos quando desaparece uma espécie animal ou vegetal, porque “isso reduz a diversidade do nosso planeta”. A diversidade cultural, intelectual e linguística é tão vital para a sobrevivência da espécie humana quanto à diversidade biológica - escreve o linguista irlandês David Crystal no seu livro "A revolução da linguagem”, onde apresenta algumas estratégias para revitalizar línguas em perigo de extinção.
Uma delas é justamente discutir o assunto nas escolas e na mídia, traduzindo a produção da academia para uma linguagem acessível ao grande público, com o objetivo de criar uma consciência planetária sobre a importância de preservar a glotodiversidade.
- A história da América - escreve Bartomeu Meliá - é também a história de suas línguas, que temos de lamentar quando já mortas, que temos de visitar e cuidar quando doentes, que podemos celebrar com alegres cantos de vida quando faladas.
O processo de deslocamento linguístico na Amazônia mexeu com a nossa identidade e memória. Esquecemos que esquecemos o Nheengatu, mas o conhecimento dessa trajetória é essencial, porque como nos ensina Braudel, "a condição de ser é ter sido". É isso: nós somos as línguas que fomos.
P.S. 1 - A trajetória do Nheengatu é descrita no livro de minha autoria Rio Babel - a história das línguas na Amazônia (EDUERJ 2011, 2a. edição) e no artigo Da Fala Boa ao Português na Amazônia Brasileira, publicado na revista Ameríndia da Universidade de Paris VII (1983) e, posteriormente, na revista Amazônia em Cadernos (2000)do Museu Amazônico. Agora, o artigo foi traduzido ao Nheengatu e publicado nesta língua pela Editora da Universidade do Amazonas, no livro monolíngue organizado por Gilvan Muller e Mauricio Adu Schwade intitulado Yẽgatu Resewa (2012).
P.S. 2 - Em Manaus, participei da banca examinadora da dissertação "Soldados da Borracha: das vivências do passado às lutas contemporâneas" do mestrando Frederico Alexandre de Oliveira Lima, ao lado de Luiz Balkar Sá Peixoto Pinheiro (orientador) e Patrícia Rodrigues da Silva.
Foto de Sérgio Freire de Souza

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43 Comentário(s)

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Carla de Aquino Cunha comentou:
14/09/2021
Olá, adorei o seu texto. Bem esclarecedor.
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CID MAURO OLIVEIRA comentou:
21/08/2015
Tive contato somente agora com este texto. Estou cursando, por extensão, "Cultura e História dos povos indígenas", módulo "Conhecendo os povos Indígenas do Brasil contemporâneo". É muito triste a morte de uma língua. Assemelha-se a um genocídio cultural. Muito triste deparar, como assisti no site , a depoimentos de descendentes de falantes de uma língua que não mais existe. Resta uma maneira de nos alegrarmos, de abandonar essa tristeza, que é lutar para preservar as que continuam, contra todas as calamidades. A língua é a alma de um povo. Aprender, o máximo possível, todas as línguas. Estimular que os irmãos indígenas não abandonem suas línguas. Criar cursos de língua indígena, com professores nativos, como existem os de línguas consideradas mais importantes. O ser humano não sabe mais avaliar o sentido da verdadeira riqueza existente no contexto cultural da convivência entre os povos.
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Silvestre Pinto da Silveira comentou:
30/03/2014
Quão rico é o nosso legado indígena , que muitos negam ou não percebem.Precisamos resgatar a nossa história , assim como os Judeus fizeram ressurgir o hebraico , porque não voltar estudar e formar falantes do Nheengatu .Compreenderíamos melhor o idioma Portu guês . Magnífico e esclarecedor a história do encontro desses dois universos linguísticos .Parabéns professor Ribamar Bessa Freire pelas crônicas ...É poético e nos prende a cada momento , a linguagem com muito humor .Realmente és um APIGAUA CATÚ da nossa nobre intelectualidade . Tupãna urúmu , xa ço rain té uirandé ( adeus , até amanhã ! )
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Ary Txay comentou:
21/09/2013
Que maravilha perceber o entusiasmo dessa galera de todo Brasil pelas coisas de índios ou descendentes desses, notadamente a língua tupi e as demais. Quanto ao comentário do Paulo Lucena, a respeito do boi-bumbá da Amazônia, não retiro suas razões e interpretações. O carnaval do RJ e de tantos outros lugares também é essa mistureba. Vejo o carnaval de Recife como o mais rico e equilibrado em termos de figurações da nossa cultura. Uma coisa é certa nós, brasileiros, somos os responsáveis por tudo que é construído aqui, qualquer que seja o formato. Hoje tento não ser demasiadamente "purista" ou elitista, na verdade não há nenhuma criação cultural infinita ou que "não desmanche no ar". O povo que organize o carnaval, o boi-bumbá, ao seu modo, eu já não brinco nessas alas. Contato de Ary Txay
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Judite Rodrigues Pucú comentou:
05/09/2013
Brilhante o conteúdo da sua exposição sobre o Nheegatu.Quero também resaltar os comentários que muito me esclareceram sobre o tema. Vou procurar o seu livro Rio Babel, para saber mais sobre o assunto.
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04/09/2013
Parabéns ao professor Bessa e ao professor Paulo lucena,se houvesse mais cidadões como os Srs. nossa Sagrada PINDORAMA (BRASIL),teria ao menos um idioma indígena oficial sendo falado ,nessa grande diversidade étnica,que é o continente TERRA BRASILIENS. Contato de E.A.Karcará-Arachá
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30/08/2013
Seu inusitado Texto é tão sábio que alcança um nível didático infinitamente elucidativo e avançado professor José Bessa. Parabens Kamarára mué-apegawa-etê!... (Companheiro professor excelentíssimo...) Ao absorvê-lo a Gente se anima à iniciativa de um engajamento social em favor de que a PRESIDENTA DILMA venha a decretar a restauração do Idioma NHEENGATU como Língua nativa brasileira, até por causa da formosura fono-estética e da perfeição científica do Idioma cuja definição etimológica é LÍNGUA-BELA ou LÍNGUA-BOA, construída e aperfeiçoada por um dos mais multicultos etnógrafos e linguistas mundiais do seu Tempo (Século XVII) o Padre JOSÉ DE ANCHIETA fundador da Cidade de São Paulo. O autoritário e egocêntico Premier Português MARQUÊS DE POMBAL, por seu Ato colonialista repleto de boçalidade e anacronismo cultural, banindo a Lingua Brasileira NHEENGATU do Território Nacional, merece o repúdio histórico da Cidadania Tupyniquim. Parabéns ao Prefeito Indígena de São Gabriel da Cachoeira-AM em decretar o NHEENGATU e o BANIWA como Línguas Oficiais do Município amazonense onde desemboca, no Vale do Alto Rio Negro o defluente do Rio Orenoco Canal CASSIQUIARI (que em TUPY-GUARANY significa “O CHEFE DOS RIOS DE CORREDEIRA”) dando acesso hidroviário entre duas das maiores Bacias Fluviais do Planeta os Rios AMAZONAS (Brasil) e o ORENOCO (Venezuela). Contato de paulo lucena - etnólogo-indigenista pan-americano
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Ary Txay comentou:
29/08/2013
Acho esses estudos culturais sobre cultura indígena de grande importância para nos situarmos no contexto nacional. Sim, mesmo nas cidades em que já não existe aldeias é possível encontrar um imenso repertório de raiz indígena, e os antropônimos, topônimos, nomes de bichos e plantas são parte desse quadro. Carnaval, também, parte do boi-bumbá etc Breve pretendo publicar dois livros que abordam essas questões e outras relacionadas à herança nativa.
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paulo lucena - etnólogo-indigenista pan-americano comentou:
30/08/2013
Ao Ilustre Comentarista ARY TXAY devo dizer que o tal do BOI-BUMBÁ é uma excrescência anti-cultural amazônica, testemunho grotesco da ignorância dos industriais mercantilistas amealhadores de lucro às custas do baixo nível da criatividade amazonense. O BOI vem da Índia e está muito longe da tipicidade folclórica da maior Floresta Tropical do Planeta. Com tantos bichos nativos genuínos, bonitos e fascinates como a ONÇA PINTADA, A ANTA, A ARARA-JUBA, A ARARA-AZUL, O PAVÃO RABO-DE-LEQUE, A PIRAÍBA GIGANTE, O GAVIÃO REAL, O URUBU-REI, A COBRA-GRANDE ANACONDA... os ridículos industriais do folclore amaznense acharam de inventar a FESTA DO BOI-BUMBÁ DE PARINTINS, que absolutamente nada tem a ver com a nossa cultura de raízes. É uma vergonha inominável. EEEEGGGUUUAAA XIRI!!!... como diz o Caboclo Marajoara!...
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gerusa pontes de moura comentou:
27/08/2013
Olá Mestre como sempre nos dando a alegria de aprender um pouco mais de nós mesmos, como uma estudante da Faculdade de Educação acho importantíssimo que estudemos mais estas questões linguísticas, rogo à Deus para que um dia na minha querida UERJ possa fazer uma disciplina destas questões orientada pelo senhor, foi o professor mais citado em sala de aula no período passado, por que será?
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Lillian DePaula comentou:
27/08/2013
Sua fala é sempre muito pertinente e você é sempre generoso em compartilhar o seu pensar. Obrigada!
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LuizPaulo Moita Lopes comentou:
27/08/2013
Beleza! Língua é mistura ou crioulo.
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Orlando de Lira Carneiro comentou:
27/08/2013
Excelente artigo meu amigo Bessa! É preciso que nós amazônidas reescrevamos nossa história.
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27/08/2013
Caro Bessa gostei muito de toda à sua crônica, é claro que fica uma triste certeza de que estamos ficando mais pobres, espiritualmente, com o desaparecimento de tantas línguas! Pensar que junto a isto somem valores sensíveis de nossa gente original ! É preciso que entendamos isto para valorizarmos o que ainda somos e podemos Ser! Viva o estudo da linguagem viva de nossa gente! Obrigada pelo belo texto, sempre muito claro e educativo! Um abraço fraterno! Contato de Neusa ramalho silvério
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ISABELA comentou:
27/08/2013
Maravilha, Bessa! Essa jóia vou usar no cordão de textos da minha turma de arte educação e interculturalidade!
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Jane da C. Souza comentou:
27/08/2013
Caro professor, muito boa sua crônica, e o mais importante que ela é uma ferramenta de debate que nos auxilia para estarmos sempre desconstruindo os equivocos que estão presente em nosso meio, mais uma vez obrigada professor, abraços com carinho.
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Ana Carolina Neves comentou:
26/08/2013
Genial. Como bióloga, estou admirada com mais essa forma de diversidade - a glotodiversidade - que merece todos os nosso esforços para ser preservada. Parabéns José Ribamar, textos assim deveriam sempre ser 'traduzidos' para os leigos.
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Antonio EM Fernandes (Blog Amazonia) comentou:
26/08/2013
Realmente é uma grande perda cultural o desaparecimento de línguas indígenas. Deveria haver uma política nacional de preservação de línguas indígenas. O que vemos hoje são iniciativas isoladas de departamentos de línguas de universidades públicas.Antonio Eduardo Monteiro Fernandes. Só não entendi a relação entre as cidades de Manaus e Belém e a extinção de línguas indígenas na Amazônia.
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Lucia Cunha comentou:
26/08/2013
Maravilha de artigo, Bessa, tocando em pontos importantes de nosso trajeto linguístico e histórico. Parabéns! Fez-me recordar a história bíblica de Babel e sua carga de pecado (do orgulho, pela construção de tão alta torre), de expiação (a separação dos homens por suas diferenças linguísticas) e de superação (quando tivermos o Messias de novo entre nós, as línguas serão novamente uma, representação da futura união). Daí minha dúvida: a extinção de línguas e dialetos no mundo será só fruto de incúria e falta de visão ou estaremos a caminho de um reencontro pós- tudo, inclusive pós-diferenças linguísticas? P.S.: repito a pergunta de Luis Bezerra: onde encontrar seu livro Rio Babel?
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Ademario Ribeiro comentou:
26/08/2013
Bessa, mais uma vez nos cutuca (verbo da língua Tupi) com a beleza e o poder de síntese em mais uma crônica Pra Mim e Pra Ti e pra Nós!!! Se eu dia eu crescesse queria cutucar assim!!! Contato de Ademario Ribeiro
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Lúcia Sá comentou:
26/08/2013
Belo texto, Bessa, como sempre. Contato de Lúcia Sá
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Foucher comentou:
26/08/2013
Cher camarára, Mon cher camarára Bessa, Ton texto est sublime! Grace à la publication de tes livres et tes confèrences en France sur l'histoire de cette langue, le Nheengatu est devenu connu. Maintenant les "manauaras" de la capital et les brésiliens savent que le Nheengatu n'est pas complètement une langue morte, je te pose alors cette question: Por que temos tantos peixes com cu na frente (curimata), com cu no meio (tucunaré) e com cu atras (pacu)? Como é bom comer todos esses peixes nao é camarára? Pouco importa onde se situa a silaba ou o seu cheiro como o pirarucu.
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Hans Alfred Trein comentou:
26/08/2013
Obrigado, por mais essa aula, caro Bessa. O Brasil seria outro, se o nheengatu não tivesse sido proibido, no século 18. A preservação das línguas equivale à sobrevivência das culturas e esta é um direito humano fundamental para seus povos e para a humanidade em geral. Precisamos de toda essa diversidade de conceber e expressar o mundo. Nessa diversidade está escondido o segredo da sobrevida humana. Monocultura é a morte certa em todas as suas esferas. Abraços, Hans
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Maria Aparecida Medina comentou:
26/08/2013
Adoro ler as suas crônicas porque nos faz refletir e aguça o nosso intelecto. Adorei saber da existência da língua Nheengatu! Quero comprar o livro para maiores esclarecimentos. Obrigada!
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Daniele Lopes comentou:
26/08/2013
Precisamos resgatar as nossas origens!!!!!!!!!!!!!!!!!
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Anne-Marie comentou:
26/08/2013
Eu quis dizer "soma de identidades"
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Anne-Marie comentou:
26/08/2013
Que lição de lingua!. Me tocou muito esta sua defesa da mestiçagem tão vilipendiada ainda por aqui. Mestiçagem é a nossa maior riqueza nacional. Mestiçagem não significa "perda de identidade", significa "som" de identidades, possibilidade de viver várias. como você muito bem lembrou, permite encontrar "alecrim no canavial", o que uma única identidade vai poder enxergar. Digo sempre, apesar de minha pele "branca azeda europeia", sou grata e profundamente mestiça, o Brasil me fez mestiça, como nossos índios, negros, asiáticos. Nos fez todos "tupininquins", únicos no mundo.
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moema quintanilha comentou:
26/08/2013
Muito bom este artigo Bessa!!!!!!!! Grande contribuico!!!! estou repassando para una amigos, obrigada
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weber silva comentou:
25/08/2013
Beleza, Bessa. Sobre esse assunto, eu acho que já te falei, meu amigo de Nova Iguaçu, agrimessor bem antigo, Frederico Fernandes, que não vejo há alguns anos, me convidara para viajar (ele não dirige mais) e fotografar acidentes naturais associados a termos indígenas, inclusive eróticos. Acho que seria um trabalho interessante de pesquisa, mas não é minha área nem mesmo tenho condições de viajar. Caso haja interesse, ligue para ele, Frederico Fernandes , que é fluente no Tupi-Guarany e conhece nosso chão desde a primeira metade do século passado. abs Weber
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Bartomeu comentou:
25/08/2013
Muy bueno y oportuno tu último blog sobre las lenguas en Amazonia. También os puede interesar http://ea.com.py/bartomeu-melia-la-lengua-es-la-piel-que-nos-identifica/ Bartomeu, s.j.
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Weber Silva comentou:
25/08/2013
Beleza, Bessa. Sobre esse assunto, eu acho que já te falei, meu amigo de Nova Iguaçu, agrimessor bem antigo, Frederico Fernandes, que não vejo há alguns anos, me convidara para viajar (ele não dirige mais) e fotografar acidentes naturais associados a termos indígenas, inclusive eróticos. Acho que seria um trabalho interessante de pesquisa, mas não é minha área nem mesmo tenho condições de viajar. Caso haja interesse, ligue para ele, Frederico Fernandes 2768-7679, que é fluente no Tupi-Guarany e conhece nosso chão desde a primeira metade do século passado. abs Weber
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Weber Silva comentou:
25/08/2013
Beleza, Bessa. Sobre esse assunto, eu acho que já te falei, meu amigo de Nova Iguaçu, agrimessor bem antigo, Frederico Fernandes, que não vejo há alguns anos, me convidara para viajar (ele não dirige mais) e fotografar acidentes naturais associados a termos indígenas, inclusive eróticos. Acho que seria um trabalho interessante de pesquisa, mas não é minha área nem mesmo tenho condições de viajar. Caso haja interesse, ligue para ele, Frederico Fernandes 2768-7679, que é fluente no Tupi-Guarany e conhece nosso chão desde a primeira metade do século passado. abs Weber
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Marco A. Lazarin comentou:
25/08/2013
Crônica rica e saborosa! Parabéns, Bessa! Contato de Marco A. Lazarin
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Ana Stanislaw comentou:
25/08/2013
Maravilha de crônica!! É sempre muito bom começar a semana com teus excelentes textos! Que Nhanderú eté esteja sempre nos teus caminhos! Bom, saber que a língua portuguesa é enriquecida por línguas indígenas. Anhenté!
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Jordan Lima Perdigão (via FB) comentou:
25/08/2013
Acabo de ler esta sua crônica no Diário do AM e ela me interessou muito pois é um assunto que tenho trabalhado com alunos, línguas e linguagens, vou aproveitá-la em minhas aulas com sua permissão. Pena que por contratempos não pude assistir sua palestra professor José Bessa, grande abraço!
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Nilda Alves comentou:
25/08/2013
Querido Bessa, passei para o grupo de pesquisa que coordeno pois o texto diz coisas que nenhum professor pode ignorar. Mais uma vez, obrigada
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Giane comentou:
25/08/2013
É um presente ler esta crônica, estando aqui na fronteira, ao lado dos guaranis.. AGUYJEVETE!!
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Micheli Lima Schwade comentou:
25/08/2013
Que palestra maravilhosa! Estudo o Nheengatu há três anos. Depois de formar em Letras Língua Inglesa, iniciei uma especialização cujo tema do meu trabalho final foi a historiografia linguística do Nheengatu. Claro que o primeiro livro que li ao iniciar minha pesquisa foi Rio Babel. Como amazonense, ao mesmo tempo que senti-me constrangida por conhecer pouco da nossa história, foi este livro que me inspirou a estudar cada vez mais o processo de colonização da amazônia e entender como minha identidade cabocla foi construída. Sou filha e neta de amazonenses, conhecer e estudar o Nheengatu é instigante! Professor Bessa, com certeza seus escritos abriram as portas para resgatar as memórias amazônicas que foram apagadas na minha geração. Muito Obrigada pela conversa de segunda feira!
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Arthur Ramos comentou:
25/08/2013
Adiciono à importância do resgaste da história linguística de um povo o comentário do Prof. Pier ""O ser humano não fala do jeito que pensa, mas pensa do jeito que fala". Desta forma podemos compreender muito do que somos pelo que fomos e falamos. Maravilhoso esse seu trabalho Bessa!
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Manu comentou:
24/08/2013
Língua boa o Nheengatu e a tua nesta crônica!
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Luis Bezerra (via FB) comentou:
24/08/2013
não estou encontrando seu livro para vender,Rio babel: a história das línguas na Amazônia, onde posso conseguir um exemplar? José Bessa agradeço
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ary txay comentou:
29/08/2013
Dica: para quem deseja comprar livros de Bessa e de outros, esgotados, raros: www.estantevirtual.com.br
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Vânia Novoa Tadros comentou:
24/08/2013
Que beleza de texto, Bessa! Eu já fiquei emocionada quando vi os quadrinhos, hoje tecnologicamente elaborados, na foto do Sérgio Freire, que estão colados no meu cérebro há dezenas de anos. Para mim representam a melhor forma didática de apresentar a distribuição da força de trabalho indígena e como as diversas línguas dos nativos foram trocando seus elementos e formando novas línguas. O texto também está de um clareza única e leitura agradável. Já imprimi vários para dar para os meus netos- misturas de pirarucu seco com bacalhau e polvo- lerem.
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