CRÔNICAS

Higino e a pedagogia Tuyuka: espancando a dor

Em: 28 de Junho de 2020 Visualizações: 13136
Higino e a pedagogia Tuyuka: espancando a dor

Maldigo el fuego del horno / Porque mi alma está de luto / Maldigo los estatutos

 Del tiempo con sus bochornos / Cuánto será mi dolor”. (Violeta Parra, 1966). 

O que Violeta Parra tem a ver com o Poani Higino Pimentel Tenório, 65 anos, contaminado mortalmente pelo coronavirus e sepultado domingo (21)? Sua longa agonia desde meados de maio foi por mim acompanhada através de sucessivas mensagens enviadas por Marivelton Baré, presidente da Federação da Organizações Indígenas do Alto Rio Negro (FOIRN) e pela antropóloga Flora Cabalzar. Diante do sofrimento de Higino, idealizador da Escola Tuyuka, creio que entendi quanto é universal a dor, o desencanto e a impotência, ao ouvir a sirilla Maldigo del Alto Cielo” gravada pela cantora chilena e que já prenunciava seu suicídio meses depois.

O canto de Violeta marcado por um estado de profunda depressão evoca o desespero ao contemplar a primavera com seus jardins floridos e perfumados, as estrelas reluzentes ou a imponência da Cordilheira dos Andes, cuja beleza agora causa sofrimento pela lembrança do bem perdido. A sua dor é tão dilacerante que, diferentemente do canto utópico de Armstrong – What a wonderful world - ela renega essa maravilha do mundo com tudo aquilo que lhe foi tão caro. Desesperança similar ao imaginar hoje um futuro para a humanidade sem a memória de cada sábio, de cada amigo querido que vai perdendo o oxigênio no leito de morte. Vidas que poderiam ter sido salvas.

A música de Violeta traz uma mensagem “absorvida na melodia e na letra, que mostram juntas o mesmo pesar. Não se trata de uma melancolia resignada, mas indignada”. As batidas nas cordas do violão são feitas “com força, com gana, como se a mão pudesse espancar a dor, como se marcasse a batida de um coração inconformado” - observa a jornalista Priscila Pasko. Compartilhei o mesmo sentimento ambíguo de beleza e de maldição, diante da trajetória de Higino pelo planeta e da forma como ele partiu.

Aula-passeio

A beleza e o saber se fazem presentes em uma das mais importantes experiências educativas realizadas no Brasil: a Escola Utapinopona, cujo projeto político-pedagógico foi concebido por Higino. Na avaliação feita in loco com a educadora norueguesa Eva Johannessen, em 2003, nós presenciamos o funcionamento da criativa pedagogia Tuyuka e suas diversas formas de ensino-aprendizagem. Uma delas é a aula-passeio, que tivemos o privilégio de observar. O professor percorreu a roça e a floresta com as crianças que observavam, escreviam e desenhavam, registrando a diversidade ecológica: vegetais, animais, insetos, arbustos, as árvores e suas raízes, o clima, o vento, e a relação entre eles.

- O método é “audiovisual”, a gente mostra cada espécie com sua classificação tuyuka. Cada planta tem nome e se for preciso, a gente fala com elas – explicou Higino. Presenciamos uma jovem tuyuka elaborar uma extensa lista com cerca de 30 variedades de mandioca, algumas delas desconhecidas pelas universidades, segundo o agrônomo Pieter van de Veld do Instituto Socioambiental (ISA).

A presença das crianças na sala de aula nos parecia complicado, por se tratar de turma multisseriada com crianças de várias idades, umas já alfabetizadas, outras em processo de letramento. Tal diferença costuma ser considerada um obstáculo, daí a separação das turmas por faixa etária e série. Os Tuyuka, porém, usavam essa diversidade como um recurso pedagógico a mais. Crianças que não sabiam ler entrevistavam os velhos e, no dia seguinte, os seus relatos orais eram escritos em língua Tuyuka pelos alunos já alfabetizados e o texto escrito era usado na alfabetização.

Esse Higino tinha cada ideia. Ele adquiriu uma máquina encadernadora de espirais. Os registros escritos com desenhos coloridos, depois de revisados pelo professor, são encadernados, classificados por tema e arrumados em estante para serem usados pelas próximas turmas. Desta forma, a biblioteca escolar Utapinopona idealizada por Higino possuía, quando por lá passamos, mais de 150 livros manuscritos com letra impecável, todos eles de autores Tuyuka. E como se faz a avaliação? “A gente chama os pais e a comunidade e aí o aluno mostra pra todo mundo aquilo que aprendeu: fala, explica, ilustra. É como uma defesa de doutorado” – disse Higino, que sabia tudo.

Enciclopédia Tuyuka

Em parceria com Higino, ministramos de 16 a 23 de outubro de 2004 uma oficina de História do Rio Negro e do rio Tiquié na Aldeia São Pedro (Poani) com a participação de 67 pessoas da comunidade. Ele trouxe os sábios anciões Laureano, Emílio e Sabino, que descreveram a criação do mundo, a chegada dos ancestrais, o nascimento dos pássaros e das plantas, a fabricação das primeiras flautas sagradas e de outros instrumentos musicais, o surgimento dos cantos, dos benzimentos e das ervas medicinais, a localização do território dos ancestrais, a origem do fogo, da mandioca, dos artefatos de pesca, as técnicas de construção das malocas.

Higino estimulava a curiosidade dos jovens, cujas inquietações lembravam muito aquelas do “Tesouro da Juventude”, uma enciclopédia do século passado, que fez sucesso no Brasil entre a geração de 1950-60. As perguntas eram as mais variadas: de onde vem o vento? Como se forma a chuva, o dia e a noite? Por que existem rios de água branca, de água preta, de água transparente e vermelha? O que tem dentro das nuvens brancas, pretas e azuis? Mas também buscavam saber sobre a história recente, a ação do SPI e da Comissão de Fronteira, tema que o velho Laureano Ramos dominava.

Na oficina, cruzamos as várias versões das narrativas orais com documentos escritos sobre a região existentes em arquivos do Rio de Janeiro e com as evidências arqueológicas. Higino tinha interesse especial nos desenhos e inscrições nas pedras, a tal ponto que foi homenageado anos depois pela Associação Brasileira de Arte Rupestre e se tornou “o principal responsável pelo processo de descolonização epistemológica deste campo de estudos” na opinião de Raoni Valle, professor de arqueologia da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), que destacou as críticas feitas por Higino à forma simplória de classificação dos petróglifos pela academia.

A maldição

Esse era o Higino Tenório Pimentel, um dos quase 60.000 brasileiros mortos pelo Covid-19, que já infectou aqui mais de 1.200.000 pessoas. A cada notícia de sua agonia, a música de Violeta me fazia ver a beleza da vida desse sábio benzedor, dono das narrativas, criador de uma escola pioneira que fortaleceu a língua Tuyuka e os saberes por ela veiculados, assim como os encantos de sua morada: o rio Tiquié, que quando se afunila nas curvas, as copas das árvores de ambas as margens quase se tocam, verde de um lado, verde de outro, a água de um negro café, acima um buraco branco com tonalidades azuis no céu.

Entrar naquele santuário é um espetáculo inesquecível. Na primeira cachoeira, pedras à esquerda com petróglifos, borboletas lambedoras de sabão, amarelas, alaranjadas, brancas, azuis com a borda da asa preta e passarinhos pequenos voleteando em grupo, rodopiando como esquadrilha da fumaça.  What a wonderful world!

Sem o talento e a coragem da cantora chilena para amaldiçoar o belo que testemunhei em alguns períodos de convivência com Higino, espanco a dor, maldizendo sua internação no dia 19 de maio no Hospital da Guarnição em São Gabriel da Cachoeira. Maldigo sua transferência dez dias depois para o Hospital Nilton Lins, em Manaus, onde foi entubado, maldigo a traqueostomia que fez no dia 10 de junho. Maldigo a infecção no rins, tudo isso transmitido gota a gota. Maldigo sua morte na quinta-feira (18). Maldigo o rebanho que profana a bandeira verde-amarela e nela se enrola para apoiar um presidente, cuja capacidade de escolher ministros incompetentes é exemplar. 

Com o país à deriva, maldigo um presidente mais preocupado em esconder as “rachadinhas” e as pesadas acusações de corrupção de seu filho do que em combater a epidemia que atormenta a nação brasileira e devasta as aldeias indígenas.  Maldigo a absoluta e explicita falta de solidariedade e de misericórdia dos ocupantes do poder e o deboche que manifestam em relação às vítimas da pandemia. Maldigo a máquina apodrecida da administração pública que com a cumplicidade de políticos e empresários corruptos desviam verbas da saúde em plena epidemia e lucram com o sofrimento alheio, aumentando o número de vítimas. 

Essa é a forma de bendizer a memória do Higino, que plantou duas mudas de coco levadas de São Gabriel por seu amigo Pieter. Os coqueiros estão lá, dando coco. Pieter lembra que Wiwisero, o nome de um passarinho, era o apelido de Higino: “O canto desse passarinho calou, mas as sementes que ele plantou continuarão a dar muitos frutos”. Bendito Wiwisero, unido agora à Violeta Parra pelo luto.

P.S. Leituras indispensáveis: 1) o texto informativo e poético de Aloísio Cabalzar: Poani, um tributo ao Rio Negro, com depoimentos dos amigos mais próximos de Higino: Justino Sarmento Rezende, Marlui Miranda, Raoni Valle, Flora Cabalzar e Pieter van de Veld. https://www.socioambiental.org/pt-br/blog/blog-do-rio-negro/poani-um-tributo-ao-rio-negro

2) Elaíze Farias. Morre o grande educador Higino Tenório, líder do povo Tuyuka. https://amazoniareal.com.br/morre-o-grande-educador-higino-tenorio-lider-do-povo-tuyuka-vitima-do-novo-coronavirus/

3) Fotos de Aloísio Cabalzar, Pieter van de Veld e Raoni Valle.

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26 Comentário(s)

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Amélia Regina (via FB) comentou:
03/07/2020
Aos poucos os malditos vão silenciando as vozes da floresta . Texto lindo professor!
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Doroteia Lemos comentou:
01/07/2020
Como uma música que repete quase 30 vezes a palavra maldigo pode ser tão linda? Mas é,. Não sabia da existência de Higino, mas sua vida realmente merece ser associada a essa música/
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Veronica Aldé comentou:
01/07/2020
Que todas as sementes brotem magnificas como ele e a floresta
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Vilacy Galucio comentou:
01/07/2020
Esse teu texto é pungente, toca fundo na gente. Obrigada.
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Marilene Corrêa Da Silva Freitas comentou:
01/07/2020
Texto de força política e literária.A beleza da vida de HIGINO unida à força de sua memória. Inesquecível, Bessa.
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Rodrigo Martins comentou:
01/07/2020
Belíssima homenagem professor! Fantástico esse projeto político—pedagógico do Higino e imagino que a aula passeio que o senhor teve a oportunidade de ver devia ser incrível. Além de tudo isso ainda criou uma biblioteca que possui em seu acervo mais de 150 livros de autores Tuyuca. Higino deixou um lindo legado (e ainda plantou dois coqueiros também, adorei) para nos inspirarmos. Um abraço querido professor.
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Susana Grilo comentou:
30/06/2020
A morte do Higino me abalou muito. Estive com eles umas duas vezes em São Gabriel da Cachoeira. Conhecia seu trabalho na Escola Tuyuka por diversos relatos e documentos. Em São Gabriel ouvi duas palestras dele na Maloca da FOIRN e fiquei muito impressionada com suas reflexões sobre a escola e suas proposições. Era um filósofo da educação. Rezo para que sua comunidade e a de outros povos da região se fortaleçam com seus pensamentos e ações e sigam a vida combalida por essas perdas.
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Rodrigo Martins comentou:
30/06/2020
Belíssima homenagem professor! Fantástico esse projeto político—pedagógico do Higino e imagino que a aula passeio que o senhor teve a oportunidade de ver devia ser incrível. Além de tudo isso ainda criou uma biblioteca que possui em seu acervo mais de 150 livros de autores Tuyuca. Higino deixou um lindo legado (e ainda plantou dois coqueiros também, adorei) para nos inspirarmos. Um abraço querido professor.
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Valter Xeu comentou:
29/06/2020
Publicado em Patria Latina.http://www.patrialatina.com.br/higino-e-a-pedagogia-tuyuka-espancando-a-dor/
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Arlete Schubert comentou:
29/06/2020
Querido prof.Bessa, que tristeza , que mestres e mestras estamos perdendo pra esse desgoverno que escolheu dizimar seu próprio povo... Choramos tudo isso, mas continuamos colocando lenha na fogueira para iluminar a escuridão da noite, e que suas mortes sigam nos convocando para a luta pela vida. Gratidão por iluminar a nossa noite com teus escritos.
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José Roberto Torero Fernandes Junior comentou:
29/06/2020
Mais uma grande história que acabou antes do que devia.
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Neia Henrique comentou:
29/06/2020
Quanta tristeza, acabei de sair da quarentena do corona vírus, me sinto afortunada por esse virus ter passado menos agressivo por mim, mas devastada pelas pessoas que se foram, quando te dão o diagnóstico é uma mistura de desespero, fé e esperança, pois estão todos fazendo o possível pra ser tudo menos danoso, os profissionais da saúde correm contra o tempo pra vencer mais uma e quem deveria estar desse lado do combate simplismente não está, nunca esteve
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Juscelino Alencar Alencar comentou:
29/06/2020
O Brasil nunca esteve tão parecido com seu povo, suas minorias e a educação brasileira: esquecido, desamparado, desassistido, ignorado. Tudo isso por falta de governo, de direção e principalmente por falta de compromisso com um Brasil justo e digno de todos nós. Portanto, xô canalhas que se apossaram do nosso Brasil!!!!
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Roberto Zwetsch comentou:
29/06/2020
Bessa, pungente e triste ao mesmo tempo o seu lamento e sua maldição. Também maldigo esta gente genocida que governa o páis. E faço menção aqui do Salmo 139.21s; 'Não odeio eu, Senhor, os que te odeiam? e não abomino os que contra ti (e teus povos da Amazâonia) se levantam? Maldigo esta gente com ódio consumado, (pois) para mim são inimigos de fato". Temos de levantar quem puder para dererotar esta excrecência, antes que ela acabe com o páis e seu povo. .
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Shirley Miranda comentou:
29/06/2020
A música da Violeta é linda. Deveria ter publicado toda a letra. Aqui vai: Maldigo del alto cielo La estrella con su reflejo Maldigo los azulejos Destellos del arroyuelo Maldigo del bajo suelo La piedra con su contorno Maldigo el fuego del horno Porque mi alma está de luto Maldigo los estatutos Del tiempo con sus bochornos Cuánto será mi dolor Maldigo la cordillera De los Andes y de la costa Maldigo toda la angosta Y larga faja de tierra También la paz y la guerra Lo franco y lo veleidoso Maldigo lo perfumoso Porque mi anhelo está muerto Maldigo todo lo cierto Y lo falso con lo dudoso Cuánto será mi dolor Maldigo la primavera Con sus jardines en flor Y del otoño el color Yo lo maldigo de veras A la nube pasajera La maldigo tanto y tanto Porque padezco un quebranto Maldigo el invierno entero Con el verano sincero Maldigo profano y santo Grande será mi dolor Maldigo a la solitaria Figura de la bandera Maldigo cualquier emblema La venus y la araucaria El trino de la canaria El cosmos con sus planetas La tierra y todas sus grietas Porque me aqueja un pesar Maldigo del ancho mar Sus puertos y sus caletas Grande será mi dolor Maldigo luna y paisaje Los pueblos y los desiertos Maldigo muerto por muerto Y al vivo de rey a paje Las aves con su plumaje Las maldigo a sangre fría Las aulas, las sacristías Porque me aqueja un dolor Maldigo el vocablo amor Con toda su brujería Cuánto será mi dolor Maldigo por fin lo blanco Lo negro con lo amarillo Obispos y monaguillos Ministros y predicandos Yo los maldigo cantando Lo libre y lo prisionero Lo dulce y lo pendenciero Yo pongo mi maldición En griego y en español Por culpa de un traicionero Cuánto será mi dolor
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Sirlene Bendazzoli (via FB) comentou:
29/06/2020
Caríssimo Bessa que maravilha o mundo seria se todas escolas fossem como a Tuyuka e se Higino pudesse continuar sua obra de cultura e educação. Sou privilegiada por ter conhecido a ele e essa fantástica escola efetivamente diversificada e específica. Estamos juntos nos seus malditos.
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Cecilia Mendes comentou:
29/06/2020
Luz Divina guie e guarneça o espírito de Higino!
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Maria Leonia Resende comentou:
29/06/2020
Sem palavras...Em cinco séculos sequer aprendemos os fundamentos básicos da empatia humana... "Não consigo respirar"...
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Claudine Melo comentou:
29/06/2020
É muita dor, José Bessa ???? Lamento, profundamente!
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Mariana comentou:
29/06/2020
Salve Higino, que a gente esteja um melhor depois da sua existência. Salve o povo Tuyuka
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Thaís Taqua comentou:
28/06/2020
Texto bonito e sofrido, fala da perda de um grande professor e liderança: seu Higino, o pai da escola Tuyuka
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Merced De Lemos Urtubia comentou:
28/06/2020
Como escrevi mais cedo, agradeço duplamente sua postagem. Primeiro pela denúncia nestes tempos em que querem silenciar a dor do outro e minimizar os apoios e políticas públicas em favor dos indígenas. Segundo por trazer a voz de Violeta que se atreveu a denunciar, com seu canto profundo, essas dores que não passam e parecem mais agudas, nestes tempos sombrios.
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Renato Athias comentou:
28/06/2020
No final do ano de 2016, Higino veio ao Recife. Nessa ocasião falamos muito, trocamos muitas palavras, pois ele foi professor na UFPE em turmas do curso Bacharelado em Ciências Sociais e Museologia. Os alunos presentes nas suas aulas ficavam até o fim. Muitas perguntas e muitas conversas de corredor. No final de semana visitamos dois museus, o Museu do Estado de Pernambuco e Instituto Ricardo Brennand. Nossos diálogos foram sobre objetos, coisas e pensamentos Tuyuka sobre o que estávamos vendo. É muito enriquecedor quando visitamos um museu com amigos ameríndios. Já tive essa oportunidade várias vezes. Lembro desses dias com Higino com muito prazer.
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Maria Celina Muniz Barreto comentou:
28/06/2020
Foi muito difícil ler sua crônica, pois no mesmo período em que Higino Tenório Pimentel esteve internado, minha mãe e eu também ficamos no hospital, separadas apenas por 2 andares, mas que me impossibilitaram da despedida final. Não sei a razão de ainda estar viva, já que tive a infecção grave, por ser asmática, e posso avaliar o sofrimento de Higino, já que é impossível esquecê-lo. Sou solidária com sua dor e com a tristeza de perdermos, por negligência, tantos brasileiros com um futuro precioso a viver.
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Ivânia Neves comentou:
28/06/2020
Li o texto com lágrima nos olhos! Por aqui tenho me enredado nesta teia de dores! Ouvi de um amigo de 67 anos que não pôde parar de trabalhar, que não se importava de pegar o vírus e morrer, porque não acreditava mais na humanidade. São dias difíceis e precisamos bater com força nas cordas do violão! Precisamos também cada vez mais iluminar a teia de sentido e de afeto que nos une a tantas pessoas pelo mundo. Em 2017, na casa de Ana Pizarro, toquei num violão de Violeta Parra. Ana foi aluna e amiga de Violeta. Nos últimos anos, você, Ana Pizarro, Apí Suruí, Verônica Tembé e tantas outras pessoas queridas me incentivaram bastante a iluminar esta teia. Conheci Higino, há pouco tempo, nas histórias que você conta. Vivemos na Amazônia, mas existe tanta incomunicação entre as populações locais. E você é uma pessoa que liga os pontos aqui na Amazônia, como naquela brincadeira da infância. Esta região, a Amazônia, que compreende oito países, é feita por tantas mulheres e homens que nasceram nas fraturas coloniais. Muitas destas pessoas colocaram suas vidas e suas palavras a serviço do respeito à diferença. Bessa, você é uma dessas pessoas, um sábio da Amazônia, que corre o mundo, dando sentido a dores, saberes e afetos!
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Ana Silva comentou:
28/06/2020
Que linda e poética menagem ao Higino! Quantas vidas e conhecimentos estão sendo silenciados por causa do covid e desses oportunistas que estão no poder. Horror, horror, horror!
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