CRÔNICAS

As lixotecas do Brasil

Em: 11 de Maio de 2014 Visualizações: 30880
As lixotecas do Brasil

 

(Enviado de Bogotá) Às vezes, temos orgulho de ser brasileiro. Às vezes, não. Li uma notícia que me fez sentir vergonha. Centenas de livros foram jogados no lixo em um matagal em Belém do Pará. Eram livros didáticos, alguns novos, sem marcas de uso - nos informa Victor Furtado, que assinou a matéria (O Globo e O Liberal 6/5). No meio do lixo tinha até tampa de privada. Não mencionei nada disso na conferência que dei quinta-feira na Feira Internacional do Livro de Bogotá. De puro constrangimento.
No entanto, essa notícia cabia como uma luva na minha fala, em que pretendia discutir, entre outras coisas, os hábitos de leitura dos brasileiros e a relação que temos com o livro, destacando como é que os índios estão lendo hoje no Brasil textos em português e até em línguas indígenas. Comecei com uma frase do Aylton Krenak:
- Quando aceitei aprender a ler e escrever, encarei a alfabetização como quem compra um peixe que tem espinha. Tirei as espinhas e escolhi o que eu queria. Acho que a maioria das crianças que vão hoje à escola e que são alfabetizadas é obrigada a engolir o peixe com espinha e tudo. 
Concentrei minha fala sobre os índios e a leitura, mas silenciei, morto de vergonha, sobre os livros no lixo. A vergonha aumentou porque os colombianos estão festejando o lançamento de livros bilíngues escritos em sete línguas indígenas, entre elas a língua Ticuna, que é falada, escrita e lida também no Brasil, no Alto Solimões. São livros da coleção do projeto Territórios Narrados do Plano Nacional de Leitura do Ministério de Educação da Colômbia, que organizou o evento e me convidou para dar a conferencia. Nada falei porque roupa suja a gente lava em casa, num espaço sem-vergonha como este.
Num contexto no qual se promove o livro e a leitura, como é que eu ia falar da gigantesca lixoteca que está se transformando o nosso país? Fiquei assombrado quando descobri, com a ajuda do Google, que jogar livros no lixo, como ocorreu em Belém, não é um ato isolado. Trata-se de prática corriqueira no Brasil. Vejam pequena amostra nos últimos cinco anos apenas daquilo que foi publicado na mídia. É assustador.
No gari: a esperança
Maio 2014, Pará - Centenas de livros são encontrados num lixão no matagal no bairro do Barreiro, em Belém. Moradores da área apontam que o material escolar foi jogado lá na tarde de domingo.
Março 2014, Bahia - Um morador de Santo Antônio de Jesus informou a Rádio Andaiá, que indo procurar madeira próximo a Praia do Dendê encontrou muitos livros novos no lixo, em pacotes lacrados, enviados pelo MEC para as escolas públicas da zona rural de Teolândia.
Janeiro 2014, Alagoas - Mais de cinco mil livros no lixão da cidade de Ouro Branco, sertão alagoano. O prefeito Atevaldo Silva (PMDB, vixe, vixe) alegou que uma análise técnica constatou que os livros eram antigos e não tinham qualquer uso prático para os alunos da cidade. O vereador Sandro Amorim negou e mostrou fotos dos livros descartados, todos datados de 2013.
Junho 2013, Pernambuco - Num terreno da Estação do Forró, em Salgueiro, um gari encontrou muitos livros jogados no lixo, em pacotes ainda lacrados, todos em bom estado de conservação e editados em 2012. O gari criticou o desperdício e levou alguns exemplares para seus filhos.
Março 2013, Amapá - Quase três mil livros didáticos agonizam no lixo, no Amapá, em dois pontos da BR-156 que corta o estado. Eles deveriam ter sido entregues em escolas de cinco municípios. A Polícia Federal investiga uma empresa de Belém, responsável pela entrega.
Agosto 2012, Rio Grande do Sul - Livros didáticos foram localizados pelo empresário Fabiano Casara, 29 anos, no lixo em Caxias do Sul, eram livros de geografia e português, sem uso, ao lado de dois contêineres na Perimetral Oeste. Junto havia papéis do MEC com os títulos das obras e o destinatário: o Instituto Educacional Cristóvão de Mendoza.
Urubus leitores
Abril 2012, São Paulo - Livros didáticos que deveriam ser usados por alunos das escolas públicas são encontrados em depósito de lixo em Bragança Paulista, no interior de São Paulo.
Fevereiro 2012, São Paulo - Mais de 7 mil livros didáticos de inglês, matemática e sociologia atirados na mata, numa área de preservação ambiental próximo à rodovia de acesso ao município de Rincão. A Polícia Militar fez um Boletim de Ocorrência e levou o material para ser periciado. A Secretaria de Estado da Educação ficou de bico calado.
Abril 2010, Paraná - No Uberaba, Curitiba, mais de 150 livros de literatura foram encontrados pela estudante de Direito Josivânia Rorim, 34 anos, na lixeira da Escola Donatila Caron, em sacos pretos, entre eles obras de Jorge Amado e Mário de Andrade. Nota oficial da Secretaria Municipal de Educação informa que escolas não tem autorização para jogar livros no lixo. A diretora diz que "foi um engano".
Março 2010, Goiás - Mais de 12 mil livros, descartados sem nenhum critério, são retirados de um lixão de Iporá. Segundo a Secretaria de Educação de Goiás, os livros não mais utilizados são reciclados.
Outubro 2009, São Paulo – Cerca de 1.500 livros didáticos novinhos serviam de pista de pouso para urubus num lixão em Ribeirão Preto. Outra quantidade dormia em uma caçamba na periferia. A Polícia investiga o descarte de milhares de livros de filosofia, língua portuguesa, matemática e química do ensino médio. A Secretaria de Educação, em nota, prometeu investigar o caso e punir os responsáveis, informando que 5.500 escolas de todo o Estado, em 2009, receberam 144 milhões de livros dos quais 2,8 milhões destinados a Ribeirão Preto no valor total de R$ 113 milhões.
Setembro 2009, Paraná – Na Vila das Torres, em Curitiba, uma biblio­teca comunitária foi montada com livros retirados do lixo. O acervo hoje é de cerca 6 mil obras.
Peixe e espinhas
Não tenho mais espaço para continuar com os exemplos. Há muitos outros. Milhares de livros estão sendo desovados em matagais, num crime triplo: contra o saber, contra o meio ambiente e contra as pessoas. Sem falar do desfalque no Erário Nacional. O que é que os livros fizeram para merecerem tal agressão? Ora, direis, existem livros tão ruins que merecem ir mesmo para a lata do lixo. Eu nem queria tocar nesse assunto, mas já que vocês insistem...
É na leitura que um livro se faz. Não carece sacralizar ou fetichizar o livro, atribuindo-lhe poderes sobrenaturais. Sabemos que muita porcaria é editada para satisfazer vaidades pessoais ou encher bolsos de espertalhões. Berinho, eterno Secretário de Cultura do Estado do Amazonas, sabe do que estou falando. De qualquer forma, devemos discutir política editorial e políticas de leitura, mas jogar no lixo livro nunca usado, editado com dinheiro do contribuinte, é crime de lesa-humanidade.
Existe algo de podre no reino da Dinamarca. Tem muito espertalhão ganhando dinheiro com essa história, já que o livro didático é uma mercadoria comprada e distribuída com recursos públicos. Livro, no Brasil, virou caso de polícia. A Polícia diz que está investigando, mas até agora não se tem notícia de ninguém preso por jogar peixe fresco no lixo, quando tem tanta gente passando fome. Felizmente existem, aqui e ali, garis que recuperam o peixe antes de apodrecer. Eles fazem mais pela cultura do país do que algumas secretarias de cultura e de educação.
P.S. - Pensei inicialmente em abordar aqui o que falei na conferência e dar notícias sobre os Territórios Narrados. Acabei escrevendo sobre o que não falei e sobre territórios silenciados. Fica para a próxima

 

Comente esta crônica



Serviço integrado ao Gravatar.com para exibir sua foto (avatar).

31 Comentário(s)

Avatar
Josilvaldo Nunes (via FB) comentou:
30/09/2016
Deu na Folha de Sáo Paulo (30/9/2016) LIVROS VIRAM PAPEL HIGIENICO . Sabe como um editor faz para se matar? Ele sobe na pilha de livros encalhados –motivo de sua terrível dor de cabeça– e pula. Quando não dá certo, uma das soluções é destruir os livros –ou \"transformá-los em aparas\". a Cosac Naify pode destruir os livros de seu estoque que não fossem vendidos até o fim do ano. Pode parecer uma medida radical, mas é um caminho ao qual a maioria das editoras apela –aqui e no mundo. Segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas em 2015, 57 milhões dos 446 milhões de exemplares impressos no país não foram vendidos. Em geral, o argumento dos editores é que é caro manter os livros em galpões alugados –e nem sempre promoções ou vendas a empresas de saldões acabam com o estoque. De todo modo, eles veem a medida como \"a última opção\". Uma vez picotados, é provável que os livros virem papel higiênico –e não dos bons, porque os de folha dupla preferem fibras virgens de celulose. De acordo com a Anap, 70% da produção vai para a indústria desse tipo de papel.
Comentar em resposta a Josilvaldo Nunes (via FB)
Avatar
Jader Ribeiro comentou:
12/06/2014
Veja noticia assinado por Victor Vieira. SÃO PAULO - Só 12,4% das escolas públicas da cidade de São Paulo, de ensino fundamental e médio nas redes municipal e estadual, têm bibliotecas. De cada dez colégios, apenas três abrigam laboratórios de ciências. Os dados revelam a falta de equipamentos na rede pública, mesmo na capital mais rica do País. Os governos municipal e estadual dizem que há esforços para melhorar a estrutura.
Comentar em resposta a Jader Ribeiro
Avatar
Edilene Coffaci de Lima comentou:
17/05/2014
Claro que compreendo e compartilho sua indignação, Bessa, mas veja que livros encontrados no lixo formaram uma biblioteca aqui em Curitiba. Iniciativa bonita para, quem sabe, lhe animar... http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecid.../conteudo.phtml...
Comentar em resposta a Edilene Coffaci de Lima
Avatar
Olivia Maria Maia comentou:
17/05/2014
Caro Bessa, ler esse artigo no dia de hoje mexeu, ainda mais, com minha alma tão remexida. O descaso com a Cultura e Educação nesse país chegou as raias da doideira!! Isso é crime!!! Crime 'dos brabo'. Hoje, 15/05, fizemos um protesto pela restauração/abertura imediata da Biblioteca Demonstrativa de Brasília – uma das mais antiga e importante do DF. Interditada pelos Órgãos competentes com o risco de desabar. Se não lutarmos com unhas e dentes ela será comida pelos ratos e traças. Estão jogando no lixo livros, bibliotecas, e nossa alma. (É duro eu fazer contato com essa realidade que você expos. Desenvolvo, com o Elicio, um trabalho de Oficina Literária com adolescentes da periferia de Brasília. E a gente tem que passar o chapéu pedindo aos amigos doações de livros. Vamos as Feiras e Bienais para aproveitar as promoções e compramos com nosso dinheiro para que os jovens tenham livros... - É fogo pra não dizer uma coisa mais quente..)
Comentar em resposta a Olivia Maria Maia
Avatar
Marcia Meneguite comentou:
14/05/2014
É um absurdo mesmo que livros, em qualquer estado de conservação, sejam jogados no lixo, principalmente, se foram comprados com o dinheiro público... Mas, quando não se trata do mau uso do dinheiro público, pois isso realmente é caso de polícia. Gostaria de falar aqui sobre a responsabilidade individual, pois é possível se desfazer do que não está sendo usado por nós de outra maneira: nas escolas onde trabalho levamos os livros repetidos ou que não nos são adequados para a escola e deixamos expostos, professores, alunos e funcionários podem pegar o que quiserem até o último livro ser levado... Hoje mesmo peguei dois livros em uma escola para uma de outra escola que me havia feito um pedido. Em casa, faço mais ou menos a mesma coisa, num dia de sol deixo os livros que não estou usando numa pequena mesa ou caixa do lado de fora da casa com um pequeno cartaz DOAÇÃO PEGUE O QUE QUISER e aos poucos a caixa fica vazia...
Comentar em resposta a Marcia Meneguite
Avatar
Leneide comentou:
13/05/2014
Escandaloso, Bessa. Otimo artigo mas esse nosso pais dà valor a quem ganha dinheiro e fica rico (ninguém quer saber como). A imprensa brasileira fala dos ricos com reverência. Nada parecido com o tratamento que têm os que produzem cultura. Você tem razão quando escreve : De qualquer forma, devemos discutir política editorial e políticas de leitura, mas jogar no lixo livro nunca usado, editado com dinheiro do contribuinte, é crime de lesa-humanidade. Mas quem jà foi punido por gastar dinheiro do contribuinte em livros que são jogados ao lixo?
Comentar em resposta a Leneide
Avatar
VANIA NOVOA TADROS comentou:
13/05/2014
ESSES LIVROS ERAM CARTILHAS DE SOCIALISMO DOGMÁTICO PARA SER ENFIADOS NAS CABEÇAS DAS CRIANÇAS. OS PAIS E PROFESSORES REVOLTARAM-SE COMO OS NOSSOS PAIS COM LIVROS DA ANTIGA OSPB. A DILMA TEM QUE ESCOLHER UM CONSELHO EDITORIAL DO MEC PLURAL POLITICAMENTE PORQUE O BRASIL NÃO É TODO SOCIALISTA.O PT NÃO CHEGOU AO PODER ATRAVÉS DA LUTA ARMARDA E SIM ATRAVÉS DO VOTO. POR ISSO NÃO PODE IMPOR SUAS IDÉIAS ULTRAPASSADAS.
Comentar em resposta a VANIA NOVOA TADROS
Avatar
Paulo Roberto comentou:
13/05/2014
Impressionante o levantamento dos incidentes de despejo de livros. Fez-me recordar um antigo programa infantil de televisão em que um dos personagens manifestava espanto com a oferta de livros de presente para as crianças? "Livros?", dizia ele, "quem vai querer livros?"
Comentar em resposta a Paulo Roberto
Avatar
Maria Rachel Sousa comentou:
12/05/2014
Só a certeza da evolução humana, sob a Lei do Progresso, não me deprimo de todo ao ver notícias como essa. Um dia será diferente...
Comentar em resposta a Maria Rachel Sousa
Avatar
VANIA TADROS comentou:
12/05/2014
ESSES LIVROS ERAM CARTILHAS DE SOCIALISMO PURO PARA SER ENFIADOS NAS CABEÇAS DAS CRIANÇAS. OS PAIS E PROFESSORES REVOLTARAM-SE COMO OS NOSSOS PAIS COM LIVROS DE OSPB. A DILMA TEM QUE ESCOLHER UM CONSELHO EDITORIAL DO MEC PLURAL POLITICAMENTE PORQUE O BRASIL NÃO É TODO SOCIALISTA.
Comentar em resposta a VANIA TADROS
Avatar
VANIA TADROS comentou:
12/05/2014
ESSES LIVROS ERAM CARTILHAS DE SOCIALISMO PURO PARA SER ENFIADOS NAS CABEÇAS DAS CRIANÇAS. OS PAIS E PROFESSORES REVOLTARAM-SE COMO OS NOSSOS PAIS COM LIVROS DE OSPB. A DILMA TEM QUE ESCOLHER UM CONSELHO EDITORIAL DO MEC PLURAL POLITICAMENTE PORQUE O BRASIL NÃO É TODO SOCIALISTA.
Comentar em resposta a VANIA TADROS
Avatar
VANIA TADROS comentou:
12/05/2014
ESSES LIVROS ERAM CARTILHAS DE SOCIALISMO PURO PARA SER ENFIADOS NAS CABEÇAS DAS CRIANÇAS. OS PAIS E PROFESSORES REVOLTARAM-SE COMO OS NOSSOS PAIS COM LIVROS DE OSPB. A DILMA TEM QUE ESCOLHER UM CONSELHO EDITORIAL DO MEC PLURAL POLITICAMENTE PORQUE O BRASIL NÃO É TODO SOCIALISTA.
Comentar em resposta a VANIA TADROS
Avatar
VANIA TADROS comentou:
12/05/2014
ESSES LIVROS ERAM CARTILHAS DE SOCIALISMO PURO PARA SER ENFIADOS NAS CABEÇAS DAS CRIANÇAS. OS PAIS E PROFESSORES REVOLTARAM-SE COMO OS NOSSOS PAIS COM LIVROS DE OSPB. A DILMA TEM QUE ESCOLHER UM CONSELHO EDITORIAL DO MEC PLURAL POLITICAMENTE PORQUE O BRASIL NÃO É TODO SOCIALISTA.
Comentar em resposta a VANIA TADROS
Avatar
VANIA TADROS comentou:
12/05/2014
ESSES LIVROS ERAM CARTILHAS DE SOCIALISMO PURO PARA SER ENFIADOS NAS CABEÇAS DAS CRIANÇAS. OS PAIS E PROFESSORES REVOLTARAM-SE COMO OS NOSSOS PAIS COM LIVROS DE OSPB. A DILMA TEM QUE ESCOLHER UM CONSELHO EDITORIAL DO MEC PLURAL POLITICAMENTE PORQUE O BRASIL NÃO É TODO SOCIALISTA.
Comentar em resposta a VANIA TADROS
Avatar
VANIA TADROS comentou:
12/05/2014
ESSES LIVROS ERAM CARTILHAS DE SOCIALISMO PURO PARA SER ENFIADOS NAS CABEÇAS DAS CRIANÇAS. OS PAIS E PROFESSORES REVOLTARAM-SE COMO OS NOSSOS PAIS COM LIVROS DE OSPB. A DILMA TEM QUE ESCOLHER UM CONSELHO EDITORIAL DO MEC PLURAL POLITICAMENTE PORQUE O BRASIL NÃO É TODO SOCIALISTA.
Comentar em resposta a VANIA TADROS
Avatar
Lori Altmann comentou:
11/05/2014
Bessa, que horror! Cito mais um exemplo: Em Pelotas/RS em maio de 2011 a Biblioteca Municipal, que é gerida por uma associação privada descartou: "Livros, jornais, diários e mais monografias e documentos impressos (não se sabe exatamente o total do que foi descartado, nem quem definiu o que seria jogado fora), mas enfim, o suficiente para encher mais de um caminhão pequeno, foi enviado para recicladores". http://lmonasterio.blogspot.com.br/2011/05/jornais-do-seculo-xix-viram-lixo-em.html. Além disso na UFPel ao doarmos livros para a biblioteca, visando suprir deficiências em termos de literatura disponível para nossos/as alunos/as, temos que assinar documento autorizando o descarte caso a biblioteca não considere os livros pertinentes.
Comentar em resposta a Lori Altmann
Avatar
Abel Santos Tikuna comentou:
11/05/2014
Es una lastima de que los libros estén en la basura...., es muy bueno saber estos hechos para compartir los colegas para que no hagan lo mismo
Comentar em resposta a Abel Santos Tikuna
Avatar
ABEL SANTOS comentou:
11/05/2014
Es muy triste encontrar libros en la basura...tanta inversión y los niños con necesidad de conocerlos. La escuelas indígenas de Leticia Amazonas - Colombia, necesitan libros...por favor donas estos libros a las escuelas que lo necesitan y hace uso de ellos, es para leer. Abel Santos Contato de ABEL SANTOS
Comentar em resposta a ABEL SANTOS
Avatar
Christiane comentou:
11/05/2014
Parece o Fahrenheit, do Truffaut!!!! Surreal.. Que tipo de gente é essa, que de norte a sul do Brasil, tem sido capaz de jogar no lixo lotes e lotes de livros novos, produzidos e distribuídos com verba pública, destinados aos estudantes da rede pública? Em 2006 eu lembro que um Professor de Sociologia me relatou ter enfrentado problemas ao descobrir (e evidentemente se opor) que no Amazonas TODOS os anos, livros novos, em perfeito estado, e também os livros que os alunos são recomendados a devolver à escola ao fim do ano letivo- eram mandados a fábrica para virar papel reciclável. Achei que fosse crueldade do coronelismo do Amazonas, caso isolado, mas essas notícias provam que não. A dimensão do problema é ainda pior. Não duvidei do Professor quando ele contou o caso. Por que ele inventaria? Pela total falta de provas materiais, não tive meios de procurar alguém que pudesse acionar o Ministério Público, com 16-17 anos eu não sabia como proceder, e contei pra poucas pessoas porque naquela época eu conhecia pouca gente que se importava com isso. Quase uma década depois eu me deparo com essa crônica e tudo me vem cristalino, como se fosse feita hoje a confidência daquele Professor, cuja identidade manterei em segredo para que não sofra perseguição política. Imagino que o Professor deveria ter significativas limitações para não ter levado a denúncia adiante, e ele também não enveredou por esse caminho no nosso diálogo. Ele apenas me fez tomar ciência do fato. As secretarias de Cultura e de Educação têm algo a dizer? Essa denúncia do José Bessa, me instigou a agir para propagar as ideias que eles querem matar. Tá na hora de começar a ter um circuito de #CinePirata nas Praças. É proibido proibir. #VaiTerAprendizado! #FederalizaçãoDaEducaçãoBásica #PEC32 #educação #Em2014NãoDevolvamOsLivros!! SOS, Partido Pirata do Brasil, Partido Pirata do Brasil - Amazonas, Manaus que Queremos, Vem Pra Rua - Manaus, Vem Pra Rua Pela Educação!!!!"
Comentar em resposta a Christiane
Avatar
Paulo Bezerra comentou:
11/05/2014
Essas são apenas as lixotecas que, digamos, estão á céu aberto. Porém, existem milhares delas intocadas em depósitos nas escolas e nas secretarias de educação. A pergunta que se faz é por que esses livros não são utilizados, se nas escolas faltam livros para os alunos? Na escola municipal onde minhas filhas gêmeas fazem a 5ª série, até agora ainda não forneceram os livros didáticos. E mais, existe uma determinação da secretaria municipal que proíbe o aluno levar o livro para casa, sob o argumento que será reutilizado no ano posterior. Como você bem disse, “Tem muito espertalhão ganhando dinheiro com essa história, já que o livro didático é uma mercadoria comprada e distribuída com recursos públicos”. Ocorre que, o MEC compra livros, as secretariais estaduais e municipais compram livros, até os pais compram livros e no final somente um livro é adotado pelo professor, Isso quando é adotado. Por que há essa disputa entre as três instâncias federativas na compra de livros? Ora, ora, por que rende gordas comissões para os compradores espertalhões. Pode observar que a maioria das lixotecas é formada por livros fornecidos pelo MEC, que deixam de ser adotados para que as secretarias municipais possam justificar a compra de novos livros. E assim vai para o ralo o dinheiro público. Fiscalizar e denunciar a má utilização das verbas públicas e tão importante quanto reivindicar mais verbas para a educação.
Comentar em resposta a Paulo Bezerra
Avatar
Regina Abreu comentou:
11/05/2014
Bessa, eu tenho orgulho de ser sua amiga e colega. Eu também tenho notado esta prática nos lixos da classe média no Rio de Janeiro. Neste caso, são livros clássicos, antigos. Tanto num caso como no outro são práticas abomináveis. Como também é abominável a política dos materiais didáticos no Brasil. O Governo compra edições novas de livros didáticos, a classe média compra edições novas de livros didáticos. Todos naturalizam uma prática mercantilista de enriquecer editoras e políticos quando podíamos estar reaproveitando, reciclando, re-utilizando. No sistema educacional francês, a criança ao entrar em sala no primeiro dia de aula recebe um pacote por empréstimo os livros que irá utilizar durante o ano. Os livros são patrimônio do sistema público de ensino. Se bobear, a criança usa emprestado os mesmos livros que seus pais usaram, que seus avós usaram e quiçá antepassados como Voltaire e Rousseau. Depois, devolvem os livros para a Escola que os re-utilizará na turma seguinte. Será que algum dia chegaremos lá?
Comentar em resposta a Regina Abreu
Avatar
Ana Stanislaw comentou:
10/05/2014
Adorei, Bessa! Fiquei curiosa para saber mais sobre os territórios narrados, mas denunciar esses crimes contra os livros/conhecimento, além do desperdício de dinheiro público - nesse momento - é mais importante. Obrigada e parabéns por tuas linhas sensíveis e críticas.
Comentar em resposta a Ana Stanislaw
Avatar
Ana comentou:
10/05/2014
Vixe, vixe!!!!!! Como você mesmo diz! Alimento, ser humano e agora livro?!?! As grandes desovas da nossa sociedade??? Realmente as coisas perderam o seu real valor, substituem-se livros e alimentos e muitos seres humanos (normalmente os 'marginais'), por verem a globo, deve ser !!!!! E, por falar em real, qualquer dia estão jogando fora os Reais para guardarem os Dólares, Euros, Libras... Aí, então,por favor, antes de divulgar, telefone-me avisando! (Um pouquinho de humor, nunca faz mal, até por quê, não sei se tem saída!?!?) Dói a alma saber essas coisas. Eu já vi, não só em restaurantes, mas em escolas municipais, jogando fora panelas enormes de todas as 'sobras', muita carne, arroz e feijão indo pro lixo - todos os dias - o primeiro dia que vi, me deu congestão, o estômago travou e me senti muito mal. Fui reclamar e as colegas me calaram a boca dizendo que era ordem da prefeitura, para que as merendeiras não levassem para casa. Vixe, vixe!!! Mas de tanto eu reclamar entre os professores, longe da diretora. Um dia, uma colega nova que acabara de entrar, disse que era falta de organização da escola também; tomou a dianteira do serviço e passou a entrar nas salas perguntando o número de alunos que iriam almoçar/merendar naquele dia. E com apenas uma semana, já não se jogava tanta quantidade fora. Claro que foi a próxima diretora da escola, todos votaram nela, por vários e óbvios motivos. Curta bastante Bogotá!!! Te echamos de menos!!!!
Comentar em resposta a Ana
Avatar
Soraia Magalhães comentou:
10/05/2014
Excelente reflexão Professor Bessa. Muito importante destacar que parte desse volume extraordinário de livros publicados e jogado fora no Brasil é didático e eles também ocupam outros espaços: os das bibliotecas escolares onde os acervos deveriam ser formados por livros de literatura e outras áreas do conhecimento...Vi de perto essa situação em muitas cidades do interior do Amazonas, onde eles se avolumam pelo chão em pilhas que chegam a tocar o teto das acanhadas e tristes "bibliotecas". Creio que para não engrossar as estatísticas sobre desova, milhares de livros ficam guardados dando a impressão de que a biblioteca possui vasto material. As editoras no Brasil ganham fortunas publicando livros didáticos e vendendo para o governo. A distribuição desse material parece não ter nenhum controle e o objetivo final que deveria ser o favorecimento das práticas leitoras em nosso país não é o mais importante. Lamentável.
Comentar em resposta a Soraia Magalhães
Avatar
Camilla Mendes comentou:
10/05/2014
É professor, muito complicada esta situação! Isto é desperdício de informação e um grave crime ambiental, pois querendo ou não é necessária a extração de árvores para que se faça a matéria-prima na qual será depositada a informação. Isto é lamentável e revoltante, pois poucas pessoas parecem se importar com o fato de que as árvores são seres extremamente importantes para o equilíbrio e manutenção da vida no planeta. Boa matéria, professor!
Comentar em resposta a Camilla Mendes
Avatar
Sofia comentou:
10/05/2014
Bessa,fiquei super interessada nas suas matérias! Um abraço Sofia
Comentar em resposta a Sofia
Avatar
Ariosvaldo Gomes comentou:
10/05/2014
Muito bom, José Ribamar, precisamos mesmo refletir sobre a política editorial e a politica de leitura. Só não entendi é porque você está elogiando o secretário de cultura, o Berinho Braga, se ele representa a negaçao de tudo o que voce defende.
Comentar em resposta a Ariosvaldo Gomes
Respostas:
Avatar
José R. bessa comentou:
10/05/2014
Prezado Ariovaldo, peço desculpas se não me fiz entender. Não é bem um elogio. Os letiores que acompanham a coluna sabem tambem do que estou falando. Sobre um livro maravilhoso do Berinho Braga, se voce tiver um tempinho leia http://www.taquiprati.com.br/cronica.php?ident=851
Comentar em resposta a José R. bessa
Avatar
Marly Cuesta comentou:
10/05/2014
Essa é uma prática constante no Brasil, infelizmente,caro prof.Bessa! Isso é uma vergonha e crime para estes estados e gestores que não sabem valorizar e preservar seus livros!É isso que passam aos nossos jovens e crianças?Vergonhaaa!! Em vários estados,são encontrados vários casos de livros jogados em lixões, por exemplo: No Pará O Diário do Pará flagrou mais de 10 sacos cheios de livros didáticos e paradidáticos jogados na calçada da Escola Estadual Humberto de Campos, na rua Paulo Cícero, por trás do PSM do Guamá. A maioria em bom estado de conservação, pareciam estar deixados como lixo em frente à instituição. No Piauí Cerca de 300 livros didáticos e mais de 100 DVDs que deveriam estar sendo utilizados na Educação de Jovens e Adultos em municípios do Piauí, foram encontrados por populares na tarde desta terça-feira (14) em um terreno na localidade Sitiozinho, às margens da barragem Poço de Marruás, no município de Patos do Piauí, a situado a 399 km de Teresina. Em Goiais Livros didáticos, material para alfabetização de crianças, dicionários e uma coleção sobre a independência do Brasil. Muitos livros estavam em bom estado de conservação. Tudo foi parar no lixão de Iporá, a 200 km de Goiânia. Em São Paulo A Secretaria do Estado da Educação instaurou uma sindicância para apurar o motivo de livros didáticos terem sido jogados na Estrada do Cajuru, na zona leste de São José. Os livros pertenciam a escola Joaquim Andrade Meirelles, no Jardim Satélite, na zona sul, e foram encontrados por um catador de lixo reciclável. No pacote, haviam livros de literatura e apostila de ensino que pertenciam a professores. No Rio Grande do Sul Cerca de três mil livros jogados no lixo pela direção da Escola Estadual Nossa Senhora do Patrício, em Dom Pedrito, provocaram alvoroço entre os estudantes da instituição. Ao se deparar com um contêiner que armazena entulhos cheio dos exemplares, eles se mobilizaram para salvar as obras - entre elas havia romances consagrados, como O Tempo e O Vento, do escritor Erico Veríssimo, e O Quatrilho, de José Clemente Pozenato. http://www.diariodebalsas.com.br/noticias/livros-sao-jogados-em-lixao-em-balsas-5339.html Muito triste!
Comentar em resposta a Marly Cuesta
Avatar
Giane comentou:
10/05/2014
Que merda, né.. o desperdício com a educação, com o sistema educacional é uma vergonha, vergonha vergonha.. Seria útil fazer a contabilidade do somatório do desperdício.. o quanto de material inoperante jogado às traças, por exemplo e muitos outros.. Na hora da permissão para a organização de um evento, exigem as contas dos palitos de fósforos.. e por aí vai..
Comentar em resposta a Giane
Avatar
Raimundo Dias Pereira Dias comentou:
10/05/2014
Realmente é lamentável, e grande parte desse desperdício é culpa dos administradores e professores que fazem pouco caso dos livros que deveriam servir a população. Certa vez eu fui incumbido de entregar nas escolas do interior do Pará livros sobre Segurança da Navegação para serem repassados para os alunos. Fiz a distribuição em muitos municípios e no outro ano, quando fui entregar outra remessa, qual foi minha surpresa? A primeira remessa ainda estava encaixotada e alguns professores sequer sabiam da existência dos livros, segundo me falaram. É triste, mas é verdade.
Comentar em resposta a Raimundo Dias Pereira Dias