CRÔNICAS

Nunes Pereira, o colecionador de histórias

Em: 01 de Dezembro de 2013 Visualizações: 48444
Nunes Pereira, o colecionador de histórias

Quem gostava de contar essa história saborosa, lá no Canto do Fuxico, era um sábio amazonense, o etnólogo Geraldo Macedo Pinheiro (1920-1996). Ele não contou para mim, mas para seu filho, herdeiro de seu nome, que me relatou e eu, agora, a repasso para ti, desocupado (a) leitor (a). Faz dela o que bem entenderes. Se quiseres, conta a teus filhos e netos. O fato aconteceu mesmo, de verdade, embora entre o acontecido e o narrado a gente introduza sempre os enfeites de praxe.

O cenário é um restaurante chique de Manaus, na década de 1950, ali na Eduardo Ribeiro, em prédio já demolido para sediar agência bancária. Esse foi o palco da ação vivida por nosso herói. Zeloso funcionário do Ministério da Agricultura e veterinário de profissão, ele viajou por toda a Amazônia e se embrenhou na floresta para estudar a fauna e a flora aquática. Aprendeu com os índios que gente e bicho, por quem era fascinado, faziam parte de um mesmo conjunto, eram todos seres vivos, igualmente dignos de respeito e carinho, especialmente, mas não exclusivamente, o bicho-mulher.

Deixa-me que o apresente sem mais delongas. Seu nome é Manuel Nunes Pereira (1892-1985), nasceu no Maranhão e incorporava - como ele mesmo dizia - a síntese do povo brasileiro, pois "tinha os cabelos de português, a cara e alma de índio e a pele mulata herdada da mãe". Na convivência com os índios, ele - que já era enólogo e cachaçólogo desde sempre - se tornou um respeitado etnólogo, reconhecido nacional e internacionalmente.

Sabia ouvir. Mais do que isso, sabia escutar os índios e decifrar os mistérios dos seus mitos. Em suas andanças pelas aldeias, colecionou inúmeras histórias, sagradas algumas, profanas outras, eróticas, libidinosas e cômicas quase todas, onde os heróis civilizadores desmoralizam o sentido da narrativa trazida por missionários. Publicou livros, entre os quais "Moronguetá: um Decameron indígena", classificado pelo poeta Thiago de Mello como "livro romântico, heróico, fescenino, sarcástico, burlesco, lírico e obsceno". Enfim, livro sacana, no bom sentido, é claro.

Mina de ouro

Eis que, depois da II Guerra, no final dos anos 1940, quando não existiam instituições financiadoras de pesquisas, Nunes Pereira queria prospectar uma mina-de-ouro: as narrativas dos índios Sateré-Mawé, que tinham o poder de hipnotizá-lo. Sem recursos para a viagem e estadia nas aldeias, apresentou um projeto à vetusta Associação Comercial do Amazonas (ACA), em cuja diretoria tinha amigos. Eles aprovaram o projeto só mesmo em nome da amizade, já que não tinham qualquer interesse pelo tema, o negócio deles era apenas com o vil metal, o único ouro que buscavam.

A ACA liberou a grana, que para eles era uma merreca. Lá vai Nunes Pereira para o rio Madeira em busca da palavra encantada. Passa uma longa temporada e, tempos depois, volta com o texto pronto do seu livro "Os índios Maués", mas antes de publicá-lo, o que só aconteceria em 1954, queria apresentá-lo à entidade financiadora. Para isso, pediu uma reunião. Os patrocinadores da pesquisa, que estavam se lixando para os índios e suas narrativas, desconversaram. Solicitou duas, três, dez vezes. Nada.

Uma bela manhã, cansado de esperar, Nunes Pereira, com uma pasta de papéis sob o braço, entrou no Bar e Restaurante Avenida. Sentou numa de suas mesinhas redondas de ferro, com tampa de vidro. Tomou umas e outras doses de cocal, a cachaça local. Quando o relógio da Matriz deu as doze badaladas, ele saiu, sentou numa das cinco cadeiras de engraxate que ficavam ao lado da entrada do bar, pediu um brilho no seu sapato e, enquanto isso acontecia, teve uma ideia luminosa.

- Se vocês fizerem o que eu pedir, pago o almoço de todo mundo - propôs ele aos cinco engraxates que tinham entre 10 e 12 anos.

O assassinato de um dos engraxates que abalou Manaus não havia ainda ocorrido, inexistindo portanto o provérbio "quem tem tu, tem medo, cuidado com o Figueiredo". Diante da entusiasmada resposta afirmativa dos meninos, Nunes Pereira os convidou a entrar no restaurante, em cujo banheiro se lavaram. Ocuparam mesa com seis lugares sob olhares curiosos de outros clientes. Nunes encomendou um baião-de-dois com jaraqui frito para todos - que manjar! - e, de sobremesa, um sorvete de cupuaçu, especialidade da casa.

- Como é teu nome? - perguntou Nunes Pereira se dirigindo ao primeiro menino, já sentado.

- Orlando Pirulito - respondeu o garoto.

- Esquece. Durante este almoço, você vai ser Aluízio Benzecry, presidente da ACA. Como é teu nome? - testou Nunes Pereira.

- Aluízio Benzecry, presidente da ACA.

Fez isso com cada um, compondo toda a diretoria da Associação. Luiz-mal-de-vida passou a ser Jayme Benoliel, vice-presidente; Francisco Dá-o-toba se transfigurou em Phelippe Bittencurt, o tesoureiro. A secretaria geral ficou com Severino Santo-Pobre agora com o nome de Armindo Levy e o Conselho Fiscal com Mário Trezentos, transformado no doutor Wilson Baptista de Sales.

Enquanto os engraxates comiam, com suas imagens refletidas nos espelhos de cristal do restaurante, os demais comensais, atônitos, viram Nunes Pereira se levantar, tirar os papéis da pasta, ficar de pé e começar a ler:

- Senhores membros da Diretoria da Associação Comercial do Amazonas, faço leitura do meu relatório sobre o trabalho de campo realizado com os Sateré-Mawé com financiamento desta instituição...

O discurso durou mais de uma hora. De vez em quando, um dos membros da diretoria aprovava balançando a cabeça. Nunes concluiu informando sobre os procedimentos realizados na coleta das histórias:

- Gostaria de vos falar sobre meu método de trabalho. Quando eu ouvia as historias dos índios, escutava sem interromper os narradores e pedia que falassem lentamente, porque ia anotando - se falassem em língua geral - as frases dos vocábulos mais expressivos. Não dispondo de um gravador, lamento não ter registrado certas vozes, gritos, assovios dos personagens das histórias, fossem eles animais ou seres humanos. Não pude reter as mímicas, os gestos, a contração dos lábios e o cerrar de pálpebras dos narradores.  

A leitura foi seguida atentamente por Giovani Meneghini, o seu João, que havia acabado de comprar o restaurante em dezembro de 1952.  Depois que os engraxates liquidaram a sobremesa, Nunes Pereira concluiu sua fala.

- Os senhores diretores da ACA gostaram? - perguntou, de forma ambígua, porque se referia ao relatório e a resposta apontou em outra direção:

- Sim - responderam os membros da diretoria, aprovando o sabor do jaraqui frito e o cheiro do cupuaçu.  

- Considero, então, aprovado meu relatório - disse Nunes Pereira, depois de, solenemente, prestar contas à sociedade que havia financiado sua pesquisa. Quando foi pagar a conta, dona Adelina Meneghini, no Caixa, não aceitou: o almoço era cortesia do Bar e Restaurante Avenida. O restaurante inteiro aplaudiu. Lá fora, com ajuda da graxa, Nunes Pereira tomou as impressões digitais de toda a diretoria da ACA, carimbando com elas a última página do relatório. Estava sacramentado.

Na xereca da baleia

Zombeteiro, gozador, bufão, intelectual e boêmio, Nunes Pereira mereceu a atenção do pesquisador Harald Pinheiro que nesta quinta-feira defendeu na PUC de São Paulo tese de doutorado em Ciências Sociais, onde analisa tanto as obras de Nunes Pereira como as de outro colecionador de histórias, o botânico João Barbosa Rodrigues. Além disso, Harald define o perfil do nosso herói num depoimento pessoal:

"Lascivo e libidinoso, contava histórias surpreendentes e engraçadas, na roda de amigos e admiradores nos bares em que frequentava. Quando eu era ainda adolescente frequentei uma dessas rodas de narrativas encantadas (acompanhando meu pai) e me fascinei com estranha história narrada por Nunes Pereira com seriedade e volúpia, depois de posar para uma foto na genitália de uma baleia. Há quem afirme ser verídica e, inclusive, ter visto a foto, mas até hoje ela ecoa em minha imaginação com verossimilhança e mistério, acompanhada por atmosfera de curiosidade erótica e profundo encantamento etnopoético".  

A banca aprovou a tese com nota dez e recomendou sua publicação. Nela, o novo doutor, Harald Sá Peixoto Pinheiro, analisa a dimensão estética e dá visibilidade à poesia das narrativas indígenas registradas por Nunes Pereira. Dedicou-a a seu pai Geraldo Macedo Pinheiro, a quem homenageamos. "Narrar é fazer pensar e fazer sentir que o passado não morreu" nos diz Walter Benjamin citado na tese. Se isto é certo, trata-se de doce vingança: cinco filhos doutores de Geraldo Pinheiro estão escrevendo aquilo que foi pensado pelo pai que, desta forma, permanece entre nós.

P.S.1 Amazonenses da capital e do interior e do estado, meus companheiros e companheiras dê lutas e dê ideais, não deixem de ler: Harald Sá Peixoto Pinheiro: "Mitopoética dos muiraquitãs, porandubas e moronguetás: ensaios de Etnopoesia Amazônica". Complementem com a tese defendida na mesma PUC por Selda Vale da Costa, em 1997, "Labirintos do saber: Nunes Pereira e as culturas amazônicas".  

P.S. 2 - Da banca de Harald fizeram parte Edgard de Assis Carvalho (orientador), Lucia Helena Vitalli Rangel, Edimilson Felipe da Silva, Iraildes Caldas Torres e este locutor que vos fala. Além de Geraldo Macedo Pinheiro, lembramos a antropóloga Carmen Junqueira, ainda hoje na ativa, que foi professora de todos nós presentes naquela sala e, em 1977, incendiou corações e mentes no curso de antropologia amazônica que ministrou em Manaus. O referido é verdade e dou fé.

 

 

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36 Comentário(s)

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helena maria de souza comentou:
29/01/2014
Maravilha. Nem sei quem é mais fantástico, se os povos indígenas "estudados", as lendas que eles contam e recontam o o antropólogo que aprendeu a agir como "doido de pedra" neste Brasil que atira pedra em doido. Amei! Parabéns!
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Estéfani Jose Agoston (Blog Amazonia) comentou:
07/12/2013
Caçarola, cai aqui depois de ler o texto sobre a invasão dos peruanos e ordem de fogo da FAB; e que surpresa, que coisa boa, li interessado o texto, saboroso. Agradeço sua narrativa e ainda mais por saber dessas pessoas que parecem só existir no imaginário, mas que existem mesmo, no duro. Novamente agradeço.
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Rubia Goldoni comentou:
04/12/2013
Bessa, você é narrador pra Benjamin nenhum botar defeito! Obrigada pela crônica e por me adicionar no Facebook. Rubia
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José Varella comentou:
04/12/2013
Professor José Bessa pesquisadores da literatura de Dalcidio Jurandir informam correspondência e influência de Nunes Pereira no trabalho do romancista do extremo-norte, notadamente no romance "Marajó", recepcionado como primeiro romance sociológico brasileiro.
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Ana Sá Peixoto comentou:
04/12/2013
Parabéns Professor Bessa pela excelente crônica. É sempre um prazer conhecer as histórias de pessoas que escrevem sobre nossa cultura e, sobretudo, ler as histórias de pessoas que fizeram e fazem parte de minha vida: Geraldo de Macedo Pinheiro (meu pai), Nunes Pereira (que conheci quando eu era adolescente) e Harald sá Peixoto Pinheiro (meu irmão gêmeo).
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Daniele Lopes comentou:
03/12/2013
Assim como Nunes Pereira devemos valorizar os nossos índios.
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José Sequeira (Blog Amazonia) comentou:
03/12/2013
Dr. Bessa Freire, possuo o livro com dedicatória à meu pai, inclusive com anotações e correções feitas por Nunes Pereira, de próprio punho.
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José Francisco Sarmento Nogueira (via FB) comentou:
02/12/2013
José Bessa grite ao mundo quando a tese estiver disponível!!!
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Elaine Meneghini comentou:
02/12/2013
Babá, que bela crônica! Fazia tempo que não lia seus textos. Retomarei as leituras novamente. Que bom ver a foto dos meus sogros e relembrar o Bar Avenida. Valeu! Contato de Elaine Meneghini
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Cesar Garcia Lima,(Blog Amazonia) comentou:
02/12/2013
Que histórias maravilhosas! É muito bom quando a formalidade acadêmica abre espaço para a saborosa vida da floresta!
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Erminio Dias (Blog Amazonia) comentou:
02/12/2013
FLORESTA ESTA QUE QUASE NÃO EXISTE MAIS!
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Remier comentou:
02/12/2013
Nunes Pereira "interpreta" o cineasta francês Marcel L'Herbier num curta de Julio Bressane chamado "Cinema inocente" (1979). "Cinema inocente" pode ser visto completo no Youtube, pirateado de uma emissão da RAI com legendas em italiano. O link http://youtu.be/9wwTzBxxkto?t=30m25s remete diretamente ao trecho em que Nunes Pereira (interpretando L'Herbier) aparece, entrevistado em francês por Julio Bressane, dizendo que pretende fazer um filme sobre os Maués na Amazônia e que é amigo de Nunes Pereira. abraço, remie
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Lucia Helena Rangel comentou:
02/12/2013
Que grande prazer ler sua crônica, que bem merece o Harald e, juntando o prazer de ler os dois Harald e Bessa, o prazer dobra. Fico feliz e esperançosa!
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Thiago de Mello comentou:
02/12/2013
-Feliz demais, Jura, a tua coluna com o querido Geraldo (como ele gostava de repartir o que sabia!) o filho dele, a quem vou procurar esta semana,abrindo alas para grande figura do maravilhoso ser humano, nosso mestre, irmão do indio, porque irmão do homem. Como tu, o Nunes ( uma das vozes mais sábias, macias e penetrantes que ganhei na vida ), o Geraldo têm lugar marcado e já bem arrumado no Eu E Os Outros Comigo, memórias minhas dos homes e mulheres , brasileiros e estrangeiros que iluminaram o caminho e aos quais devo muito do que sou.O Nunes já me ganhou uma dez páginas, que pretendo rever. Trabalhei com ele incessante por dois anos na escolha e composição do Moronguetá, na sua casa em Santa Teresa, na minha no Leblon (com Anahelena dando trago pra ele), muito na minha sala da Civilização Brasileira, o Ênio me cobrando a edição final, principalmente da situação atual dos índios de cada nação onde recolheu as lendas, a diagramação ( inaugurei com ela a página de titulagem completa em página dupla a par e a ímpar, a capa ( desenhei um índio vermelho e escolhi um hieróglifo do porantim dos maués para marcar o primeiro e segundo volumes e finalmente a minha orelha, cujo original com o comentário feliz do Enio guardo no rio Andirá. Meu Querido, Já está mais do que na hora de reunir as tuas crônicas em novo livro. Vai ser porreta. Pela necessidade de que fique em livro o que tu contas e para exemplo aos novos e aos maduros também o que é saber escrever dando a alegria inefável que só a beleza da palavra escrita sabe dar.
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Thiago de Mello comentou:
01/12/2013
Meu Querido, Já está mais do que na hora de reunir as tuas crônicas em novo livro. Vai ser porreta. Pela necessidade de que fique em livro o que tu contas e para exemplo aos novos e aos maduros também o que é saber escrever dando a alegria inefável que só a beleza da palavra escrita sabe dar.
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Gilberto comentou:
01/12/2013
No que a gente lê a crônica do Bessa, vem consciência de que essas tantas milhares de coisas são importantes. Êta história saborosa, sô. E aí ? Paciência para escutar. No que a gente tem - e se também a gente tem tempo - a gente fica a par de todas as histórias do mundo e, portanto, a gente fica sabendo como é que o mundo é feito. Supimpa.
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Ademario Ribeiro comentou:
01/12/2013
Ah, o quanto pode a leitura. As minhas primeiras leituras foram decisivas para o que sou hoje... Ontem, sozinho, ria desabaladamente ao ler a crônica "O Colecionador de histórias" de José Ribamar Freire José Bessa!
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Vânia Novoa Tadros comentou:
01/12/2013
Convivi bem de pertinho com o Dr. Geraldo de Macedo Pinheiro, advogado dos bons com grande conhecimento na área jurídica foi Secretário de Justiça do governo do Coronel João Walter de Andrade por merecimento próprio. Autodidata em Antropologia teve que estudar a língua alemã para ler os livros não traduzidos dos pais fundadores do conhecimento antropológico. Nós nos admirávamos mutuamente e ele brindou-me com suas valiosas informações. Formou na sua casa um recheado arquivo com fichas de livros inéditos, de fontes primárias e jornais antigos de Manaus e do exterior. Interessou-se por Antropologia porque tinha orgulho de sua origem negra e quis estudar a cultura dos seus antepassados na região. Estudou batuques e outros agrupamentos negros da Praça 14 de Janeiro. Era uma grande referência para orientar todos os pesquisadores estrangeiros que vinham a Manaus. Um desses foi o canadense Chester Gabriel que escreveu o livro Comunicação dos Espíritos sobre as religiões afro-brasileiras. Graças aos documentos e orientações do Dr Geraldo de Macedo Pinheiro, Chester Gabriel, pode fazer constar do seu livro a religiosidade dos negros em Manaus inclusive o culto à São Benedito e as suas festividades. Conhecimento preservado é história mantida. Hoje a comunidade do Morro da Praça 14, com o apoio do Prof. Ademir Ramos, reivindica ser considerado Quilombo. Dr Geraldo, sempre muito bem humorado, era muito seguro do seu conhecimento e não temia escrever o que sabia. Deixou vários escritos em livros e revistas científicas.
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Geraldo Sá.Peixoto. Pinheiro (via FB) comentou:
01/12/2013
Quanto à foto do Nunes Pereira sentado na genitália de uma baleia, ela existe, é real! Foi tirade em Cabedelo, na Paraiba. O episódio se passou numa daquelas rodadas que se organizavam para ouvir as suas histórias. Eu estava com ele na Vivenda Verde, aqui em Manaus. O Nunes chegou até mesmo apostar uma garrafa de whisky para quem acertasse o local em que ele estava sentado. Eu era a pessoa em que ele confiou a resposta. Ninguém acertou! E assim as garrafas de whisky começaram a cair na nossa mesa. E ele tomou todas!!!! De boa!!!
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Múcio comentou:
01/12/2013
E assim as historias resistem ao tempo...
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Maria Lourdes (via FB) comentou:
01/12/2013
você não comentou o texto............preciso saber o que é moronguetá!
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Maria Lourdes • ( Via FB) comentou:
01/12/2013
Por isto mesmo fiz a pergunta! até então só havia lido Moronguetá no buteco
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Flávia Ward (via FB) comentou:
01/12/2013
Moronguetá: os sentimentos verdadeiros, puros, instintivos. Se colocar no google a primeira coisa e as 20 primeiras coisas que aparecem é o boteco de Ribeirão. Peguei aqui, mãe: http://povodearuanda.wordpress.com/.../mini-dicionario.../
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Altino Machado (via FB) comentou:
01/12/2013
Comentário na minha página do Facebook do José Bessa sobre Nunes Pereira: "Grande sátiro, grande mulherólogo, grande cachaceiro, grande amigo dos índios. Ele era tudo o que eu gostaria de ser e não consigo por falta de competência: mulherólogo, cachaceiro, boemio..."
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Jose Varella (via Facebook) comentou:
01/12/2013
vai que é tua Paulo M Nunes ... Nunes Pereira relembrando pelo doutor José Bessa diretamente de Manaus, Niterói, Paris e adjacências.
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Paulo Nunes comentou:
01/12/2013
Fabuloso, cronista de mão cheia, dá noticias de Manaus e do velho Nunes, que conheci melhor graças a seriedade e boa fé de Selda Vale, que sabe que ciência não é pra ficar trancafiada na academia. Parabéns!
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Serafim Correa comentou:
01/12/2013
Caro Ribamar: Conheci o Nunes Pereira, apelidado por Decameron Indígena. Quando ele vinha à Manaus, juntamente com o Geraldo Pinheiro, frequentava o bar do seo Joaquim Pedras, alí na Getulio Vargas, entre a Dez de Julho e a Rotary onde eram servidas iscas e sempre tinha cerveja gelada. O nome era Mercearia e Bar Barcelinense. Ele implicava com o português porque dizia que melhor seria Bar e Mercearia barcelinense, para evitar o bar bar. Ele tinha o hábito de mandar distribuir picolés para a garotada. Ele era uma espécie de uma figura da cidade. Eu devia ter uns 15 anos, acho que foi em 62, ele e o Geraldo Pinheiro armaram uma grande confusão. Numa noite de final de semana eles beberam todas num bar na Eduardo Ribeiro ( acho até que foi no Bar Avenida) e foram rumo ao porto. Na Praça da Matriz ele deu por falta de uma estatua de um anjo no entorno do chafariz. Por ali, era o trotoir das meninas e ele e o Geraldo Pinheiro começaram a esculhambar e foi juntando gente. Passou um jipe da Polícia e o comissário parou para ver e terminou prendendo os dois. Foi todo mundo junto para a Chefatura de Polícia onde hoje é o Banco do Brasil na Mal. Deodoro. Com a confusão armada, chegou o velho Josué que era o prefeito, interferiu e eles foram liberados. Que bom que tens resgatados histórias desse tipo. parabéns. abs. Serafim
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Estevão Palitot (via FB) comentou:
30/11/2013
Mais uma crônica genial do José Bessa atiçou ainda mais minha curiosidade sobre o Nunes Pereira "
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Sebastião Lacerda comentou:
30/11/2013
Conheci o Bar Avenida e lembro que o jornalista Arlindo Porto também escreveu um livro sobre essa figura admirável que foi Nunes Pereira, que contribuiu com a Coluna Prestes. Como veterinário, andou sacrificando umas vacas no nordeste, sob pretexto de doença, quando na verdade era para desviar carne para os integrantes da Coluna
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Edmundo comentou:
30/11/2013
muito bom, grande figura. nem sempre essas figuras tem lugar de destaque em certas histórias da etnologia. e são fundamentais: outras ciências, outros brasis. muito bom. beijão!
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Harald Pinheiro comentou:
30/11/2013
Obrigado Bessa, pelos livros, pela palavra de carinho e reconhecimento. Sua presença na Banca abrilhantou a defesa de tese na PUC-SP. E como escrevi na tese o propósito dessa pesquisa foi o de reconhecer uma dívida acadêmica e intelectual que tínhamos com alguns aspectos estético-conceituais pouco conhecidos desses autores. Em especial, o enfoque original investigado possibilitou a ampliação dos conceitos de mito e poesia face aos cânones literários e antropológicos, colocando em relevo os estudos amazônicos sobre mitopoética e etnopoesia. Contato de Harald Pinheiro
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Ademario Ribeiro comentou:
30/11/2013
Às vezes raspou-me a vã ideia de que escrever com tônus intelectual, filosófico, poético, antropológico, etc. etc. - não arrancaria risos, gargalhadas - não compartilharia alegria, gozo e lamber de lábios - realmente, lego engano, idiotia. Ler as crônicas do José Ribamar Bessa Freire é uma festança de cores, sabres, risos e gozos - revitalizando a memória e a cultura do nosso povo tantas vezes desvalido pela Usura Corporation mas que sabe fazer e ser gostoso com tudo e todos!!!
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Eliamara Lima comentou:
30/11/2013
Imagine a cena. Deve ter sido incrive, na impossibilidade do mundo real o homem cria o seu proprio mundo. Contato de Eliamara Lima
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carmen comentou:
30/11/2013
Sem me dar conta voltei ao 1977, ainda sou capaz de me lembrar de você esguio e magricela! Muita saudade. Contato de carmen
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Ana Silva comentou:
30/11/2013
Linda, deliciosa e bastante divertida! rsrsrrs Adorei teu texto. Também quero ler a tese.
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Marcus Maia comentou:
30/11/2013
Boas lembranças, Bessa, do Nunes Pereira, que conheci já em idade provecta, quando fomos vizinhos em Santa Tereza, no Rio, no início da década de 80. Grande figura, pródigo em bons causos e, como você lembrou outro dia, um eterno e incorrigível sátiro...rs
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