.O "serra-velho", que acontecia no sábado de Aleluia, no bairro de Aparecida, era assim: de madrugada, os jovens se reuniam na frente da casa onde residiam as figuras mais idosas. Levavam serrotes, pedaços de pau e latas, com os quais faziam uma barulheira infernal. Aí cantavam:
muda o mundo, pra mim nada.
Chega sábado de Aleluia
e me enchem de porrada.
e morrer mais uma vez,
eis aqui o inventário
do que deixo pra vocês.
no dia em que for julgado
deixo uma grade de ferro
pra ele ver o sol-quadrado.
ao babaca Tony Blair,
deixo as pragas do Egito
e a maldição de Maomé.
já perdeu a eleição,
e para lhe atazanar
aqui fica esta lição.
um buraco de tatu,
e a única arma química:
gases fétidos do Urucu.
pois já tudo recebeu,
e o que tinha de ganhar
Foi o FHC quem deu.
só merece que eu lhe dê,
(para ver se não esquece)
o Programa do PT.
que berra que nem cabrita,
eu deixo um videocassete
só pra ele passar a fita.
fe é fufeffo o que ele fez
eu deixo um falário mínimo
pra ver fe atraveffa o mês.
uma flecha macuxi,
pra matar seus gafanhotos,
que merecem CPI.
e tucano turbinado,
dou um Lula de pelúcia
para dormir abraçado.
não morde mais, meu irmão?
dou-lhe minha dentadura,
ou a da Lucimar Mamão.
pela ética pautado,
eu contrato um Dom Quixote,
para dar o seu recado.
(conheço bem seu perfil)
deixo um controle remoto
que muda voto de edil
um Corcel setenta e três.
Só assim o motorista
vai custar menos por mês.
se pegar uma demissão
deixo a vaga de caseiro
num dos sítios do Negão
(só a vice se candidata),
por tanta vicissitude
deixo uma medalha de prata.
´escritor´ de almanaque,
um pacote de viagem
só de ida, lá pro Iraque.
que foi passado pra trás,
eu dou outro sobrenome,
pois já tem Braga demais.
pra poder puxar sem medo,
a maçaneta da porta
do WC do Alfredo.
depois de tanta titica,
deixo um pau de galinheiro
e o que ele significa.
que viraram pro outro lado,
deixo um lugar no poleiro
e um pneu recauchutado
deixo algo descomunal!
só pra ver se abre a boca
no Congresso Nacional.
Sumiu no Ibama, é incrível!
Dou pó de pirlimpimpim
pra ver se fica visível.
cupincha Pedro Carvalho:
um posto de azulzinho
lá na casa do...do...Dudu.
e etcétera, só mutreta,
eu deixo um porto de lenha
com contrato de gaveta.
o meu voto declarado,
se você pensa como eu,
não pode ficar parado.
onde espero conformado
o fim de outra Quaresma
pra de novo ser malhado,
pra raiva de Dona Edina
e prazer do Pão Molhado.
Do fundo da cuia
neste claro mês de abril,
para curar as hemorroidas,
tubinhos de Cola Mil
o meu verde colarinho,
pra apertar o seu pescoço
deixo também o Gominho.
pois ele já tudo tem:
fazendas, senado, capemi,
só falta vergonha, hein!
ante tanta parcimônia,
deixo para meditarem
um saco cheio de vergonha!
vendaval de pororoca,
biritarum litrum lego
lá na Boca do Imboca.
Ex-PDS de fama,
eu deixo como presente
as amebas da COLAMA
adivinhe para quem?
Para o Nonato Oliveira,
mas será que fundo tem?
tenho um presente pra tu,
as multis lá do Distrito
e o petróleo do Urucu.
homem de tanta usura,
deixo a escola pública
como sua sepultura.
com toda admiração,
deixo-lhe este recado:
Bota quente no timão,
(que eu acabo me transformando,
no teu Lucimar Mamão).
A versão de 2001
nem tucumã, nem pupunha.
Da sua puxa-sacada,
Eduardo é testemunha.
Não chega nem a anspeçada,
é mais ruim do que eu supunha.
Deixo só uma indagação:
E o IPTU do patrão?
costuma borrar o ninho.
O Lupércio - que garganta!
Quer o lugar do Nininho.
Deixo-lhe um crânio de anta,
que encaixa bem direitinho
em seu pescoço, ora pois,
por serdes vós o que sois.
Ao Silas, uma gorjeta,
Pro Peres, um pitbull,
Pra Vanessa, uma escopeta.
Ao Nicolau de Istambul
pra mamar, uma teta.
E para o Mário (Qual Mário?)
Se é o Frota, aquele armário.
uma banca de tacacá,
um bar, um ponto de venda,
pra ele gerenciar.
Pro Daniel, pra revenda,
estou deixando um alvará.
Mas tire xerox, pois
pode precisar depois.
para um tal de Carijó
que quando eu entreguei Cristo,
três vezes cantou em dó,
deixo um rap que é só isto:
"Co-co-co-co-co-ri-có
Ninguém sabe, ninguém viu
o IPTU que sumiu".
deixo pronta a portaria,
nomeando a cupinchada,
o sobrinho, a prima, a tia,
o compadre e a cunhada
pra prestar assessoria.
Nem é preciso ter vaga,
pra isto está a Turisbraga
é dengue, é pneumonia.
Nem todo pau dá canoa:
alguns dão blenorragia.
Nem toda barata voa:
mas o mosquito assovia.
Fica o "Aedes" com a Sesau
e o "Aegypti" com o Tropical
deixo um binóculo potente,
que tenha retrovisor,
pra não olhar só pra frente
ao processar com rigor
os que estão roubando a gente.
Mão-de-pilão, como dói!
Já andaram por Niterói.
O FORNO DO PÃO MOLHADO