CRÔNICAS

Cadê os historiadores do Amazonas?

Em: 16 de Maio de 2021 Visualizações: 4449
Cadê os historiadores do Amazonas?

Enfim, chegou o dia D, a hora H: quarta-feira (19), na CPI da Pandemia, o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, por decisão do STF, vai calar sobre si mesmo, mas não sobre terceiros. O que dirá sobre as mortes de pessoas asfixiadas nos hospitais? Se for depor desmascarado, como no Manaus Shopping, será que vai tirar o loló da seringa, literalmente, e atribuir a política de “imunidade de rebanho”, a falta de vacinas e de oxigênio ao governador do Amazonas Wilson Lima (PSC, vixe-vixe)? Se comparecer mascarado, pautará suas palavras no princípio “é simples assim, um manda, o outro obedece”?

Esse início pode sugerir erroneamente que conversaremos aqui sobre o general fujão, o rei do cangaço, que já é um personagem da História como o foi Incitatus no Senado Romano. No entanto, preferimos comentar eventos ocorridos nessa semana em duas universidades da Amazônia: a defesa de tese de doutorado sobre Língua Geral e Cabanagem na Universidade Federal do Pará, a comemoração dos 40 anos do curso de História na Universidade Federal do Amazonas e o anúncio do livro “Historiografia amazonense em perspectiva”, cujo prefácio escrito por este locutor que vos fala vai aqui resumido.

Sementes de historiador

- Não tem historiadores no Amazonas?

Esta pergunta foi feita pela historiadora Maria Yedda Linhares no retorno do seu exílio na França, em 1977, quando aceitou convite da Fundação Getúlio Vargas (FGV) para dirigir o Programa de História da Agricultura Brasileira. Lá, promoveu pesquisas inovadoras de história agrária, das quais fazia parte o Projeto de Levantamento de Fontes para a História da Agricultura do Norte-Nordeste (PLEFANN), que contou com equipe de mais de 100 jovens pesquisadores. Para coordenar o projeto no Amazonas, ela convidou este seu ex-aluno de História Contemporânea da UFRJ, a quem dirigiu a pergunta acima.  

A indagação da dona Yedda – como era carinhosamente chamada por seus discípulos - aconteceu ao ser ela surpreendida com a informação de que, ao contrário dos outros estados do Brasil, não era possível formar uma equipe local com alunos de História, que então inexistia no Amazonas. Era preciso recorrer a outros cursos, entre os quais o de Comunicação Social do qual eu era professor e o curso de licenciatura curta de Estudos Sociais, essa excrecência criada pela ditadura precursora da “escola sem partido”.

A pesquisa foi feita. Mas de lá para cá, muita água correu sob a ponte do igarapé de Manaus. 

Criado em 1981, o curso de graduação em História começou a plantar sementes de historiadores, adubadas pelas disciplinas ministradas por professores do curso e pela Comissão de Documentação e Estudos da Amazônia (CEDEAM) da Universidade do Amazonas, coordenada inicialmente por Samuel Benchimol e depois por João Renôr de Carvalho, que trouxe de arquivos portugueses cópias de documentos de interesse para a história regional, hoje fazendo parte do acervo do Museu Amazônico.

Balanço da historiografia

Alunos das primeiras turmas de História participaram de várias publicações, Uma delas foi a edição mimeografada de três números dos Cadernos de Etnohistória lançados no curso de Atualização em História do Amazonas (1986) durante a I Semana de História aberta pelo reitor Roberto Vieira na presença de todos os pró-reitores. Com o apoio da professora Regina Celestino, foram traduzidos artigos da revista Etnohistory, entre eles “O que é Etnohistória” de Bernard S. Cohn e “Etnohistória: problemas e perspectivas” de Bruce G. Trigger, além do artigo de Jan Vansina sobre tradição oral.  

No ano seguinte, alguns alunos e este professor transferido para o Departamento de História, publicaram o  livro paradidático “Amazônia no Período Colonial (1616-1798)”, que teve oito edições, a primeira delas em 1987.  No mesmo ano, foi publicada a primeira edição do catálogo “Cem anos de imprensa no Amazonas” ((a 1ª edição bancada pelo Batará do Diário do Amazonas e a 2ª edição por Humberto Calderaro 1990). Foi o fruto do trabalho de alunos da disciplina História da Cultura e dos Meios de Comunicação do Curso de Jornalismo e alunos de graduação de História.

Formadas as primeiras turmas de graduação, foram organizados cursos de especialização: Demografia Amazônica (1986), História da Amazônia Brasileira e Peruana (1987) e História Social da Amazônia (1997). As sementes de historiadores se transformaram em árvores frondosas e bem enraizadas, depois que os graduandos das primeiras turmas se titularam em universidades de São Paulo e Rio e já como professores doutores criaram o Programa de Pós-Graduação em História da UFAM, que iniciou com o Mestrado (2006) seguido do doutorado (2018).      

As árvores frondosas se espalharam e formaram um bosque. No mestrado de História já foram defendidas cerca de 150 dissertações sobre os mais variados temas e enfoques, algumas de extraordinária qualidade. Hoje, já não existe mais aquela bibliografia de “pobreza franciscana” assinalada por Arthur Reis, que imperava soberano e único neste terreno. Houve uma renovação da história regional.

Revelaram ou rebelaram?

A afirmação acima pode ser constatada no livro “A historiografia amazonense em perspectiva” organizado por César Queirós, com 14 autores e 13 capítulos, que passaram um pente fino na produção existente, reconhecendo a contribuição dos que vieram antes, mas exercendo a indispensável e rigorosa crítica para o conhecimento poder avançar.

Há críticas bem fundamentadas ao maior historiador da Amazônia até então, Arthur Reis (1906-1993), reconhecendo que ele foi um desbravador de arquivos e autor de muitos livros, entre outros "A Amazônia que os portugueses revelaram, no qual os índios aparecem como “selvagens”, “bugres”, “silvícolas” e ficam de fora da matriz formadora da identidade regional. Desta forma, A. Reis, lusófilo incondicional, despreza a Amazônia que os portugueses ocultaram. Agora se trata de focar aquela Amazônia que os portugueses rebelaram, rompendo o silêncio sobre a resistência e as lutas indígenas ausentes dos livros didáticos.

O livro, que já está no prelo, aborda os temas mais diversos: mulheres, movimento operário, seringueiros e seringalistas, negros, índios e indigenismo, imprensa, ditadura militar, os excluídos e as minorias, as memórias subterrâneas, reflexões sobre as fontes escritas e orais, com a consciência das diferenças entre as memória oral em sociedades letradas e a memória oral em sociedades sem escrita alfabética.

Só não afirmo que a leitura desse livro é obrigatória para todos os professores de história interessados na Amazônia, porque a alma anárquica que me habita se rebela com o termo “obrigatório”. Mas sem dúvida, sua leitura prazerosa, é imprescindível.

Qual a resposta que daríamos hoje à pergunta de Maria Yedda Linhares? Não tem historiadores no Amazonas? Tem sim, dona Yedda, agora tem. Vários deles participaram nas mesas-redondas realizadas nessa semana. Outros estão aqui no livro a “A historiografia amazonense em perspectiva”. São eles que vão mergulhar na documentação, inclusive da CPI e acertar as contas com o general fujão. 

P.S. Enquanto no Amazonas se celebrava os 40 anos do Curso de História, no Pará, Welton Diego Lavareda defendia no dia 12 de maio, a tese “O governo da língua na Cabanagem: (des) encontros coloniais na Amazônia”, aprovada com indicação para publicação e para concorrer aos prêmios Benedito Nunes (UFPA) e Capes. A pesquisa é fruto de quatro anos de investigação e reflexões sobre as tecnologias de poder empregadas pelo dispositivo colonial durante o período da Cabanagem e suas estratégias de apagamento das línguas indígenas na região.

A banca examinadora foi formada por Ivânia dos Santos Neves (orientadora. PPGL- UFPA); Rosário Gregolin (Unesp - Araraquara); José R.Bessa Freire (UERJ-UNIRIO); Aldrin Figueiredo (PPGHIST-UFPA) e Isabel Rodrigues (PPGL-UFPA). A defesa completa está no ar no Youtube. Link : https://m.youtube.com/watch?v=unUbAehC__Y

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17 Comentário(s)

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Isabella Thiago de Mello comentou:
06/06/2021
Uau! Quando e aonde sera' o lançamento da Historiografia? Na UFAM? Puxa, uma pena mesmo, esta pandemia... Lembrei de Nunes Pereira e seu livro "Morongeuta' - Um Decameron Indigena"... Parabens, Bessa, professor querido.
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Rodrigo Martins comentou:
24/05/2021
Que máximo a história da criação do curso de História da UFAM em 1981, parabéns para a professora Yeda, para o professor Bessa e a todos que colocaram essa sementinha e hoje se consolidou como um verdadeiro sucesso (gradução, especialização, mestrado e doutorado, além de muitas teses, artigos e professores/historiadores ), adoro essas histórias, pois servem de exemplo para mim e para todos nós, esse é o Brasil que queremos. O curso de história e suas ramificações na pós-graduação é como uma nascente de um rio que sempre se renova, ou seja, formou e formará ainda mais historiadores de forma contínua, muito legal, parece ate clube de futebol que todo ano revela talentos.Parabéns ao curso de história da UFAM pelos 40 anos! E com relação a defesa do aluno Welton com certeza deve ter sido incrível ( vou assistir pelo link) pois se o querido professor Bessa está na banca é sinal que é sucesso! Um abs querido professor!
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Fernando Soares Campos comentou:
18/05/2021
Publicado na edição em português do PRAVDA. https://port.pravda.ru/cplp/brasil/18-05-2021/52851-historiadores_amazonas-0/
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Elias Salgado - Revista Sefardi comentou:
18/05/2021
O Centro de Estudos Judaicos da Amazonia (CEJA) ficou interessado no Curso de História da Universidade Federal do amazonas. Vc fala no livro sobre historiografia amazônica e eu queria saber, nesse contexto, em que pé andam os estudos sobre os elementos etnico-judaicos na Amazonia. Sei que tivemos Samuel Benchimol citado no seu artigo, criador da CEDEAM. Existem outros historiadores? Veja o nosso site https://www.talucultural.com.br/loja/produto/amazonia-judaica/, lá tentamos fazer um balanço da historiografia no nosso campo. Chamo a atenção também para o IBI (Instituto Brasil-Israel, que mantem contatos proveitosos com as universidades.
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Combate - Racismo Ambiental comentou:
17/05/2021
Publicado no Blog Combate - Racismo Ambiental https://racismoambiental.net.br/2021/05/16/cade-os-historiadores-do-amazonas-por-jose-ribamar-bessa-freire/
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Serafim Correa comentou:
17/05/2021
Publicado no Blog do Sarafa https://www.blogdosarafa.com.br/cade-os-historiadores-do-amazonas/
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Valter Xeu comentou:
17/05/2021
Publicado no blog Patria Latina https://patrialatina.com.br/cade-os-historiadores-do-amazonas/
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Anne-Marie Milon Oliveira (via FB) comentou:
17/05/2021
Pela minha conta, para a imunidade de rebanho (70% de contaminados), precisaremos de 4 milhões e 300 mil mortos.
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Nilda Alves comentou:
16/05/2021
Dessa vez querido Bessa, vale um MUITO OBRIGADA. Eu gostei imenso dessa história que eu desconhecia: a referência a D. Maria Yeda que também foi minha professora da Universidade do Brasil (é ela que consta no teu diploma, não????), hoje UFRJ - a docente mais elegante, em todos os sentidos; a linda história acerca da pesquisa dela; a formação da História no/do/com a Amazônia. Obrigada. Bjs Nilda
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Ana Carla Bruno (via FB) comentou:
16/05/2021
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Gleice Oliveira comentou:
16/05/2021
Boa tarde, mestre Bessa. Estou te escrevendo porque lendo tua crônica sobre os historiadores que o nosso querido Departamento de História da UFAM vem produzindo ao longo de 40 anos e que orgulha você, demais professores da época e a todos que ali estudaram, vejo que você está sendo modesto. Têm muito mais pra se orgulhar além do que já menciona na crônica. Penso que também devem se orgulhar dos/as professores/as ali formados e que ocupam incontáveis postos de trabalho nas redes pública e privada de Educação e que por escolha ou falta de opção elegeram as salas de aula como o palco central da sua intervenção profissional e da sua militância em defesa dos direitos da nossa classe trabalhadora. Estou me referindo a pessoas que não têm obras publicadas ou não fazem parte de grupos de estudo institucionais, mas não param de produzir para o cotidiano das suas aulas sobre os conteúdos das nossas disciplinas, para a formação de consciências críticas, que constantemente produzem estudos sobre a implementação de políticas que detonam com a Educação Pública, produzem análises de conjuntura sobre a correlação de forças da nossa classe e mais especificamente da nossa categoria contra os que permanentemente nos exploram, nos oprimem, nos retiram direitos, cortam recursos dos serviços públicos com ênfase maior na Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia. Você, inteligente como é, certamente está pensando: ela está falando de si mesma. Bingo, acertou, estou mesmo, mas NÃO SÓ. Falo de todo um quantitativo de pessoas que são, de muitas formas, seus herdeiros, herdeiros de Aloysio, de Ricardo Parente, de Eloína, de Lauro Tomé, e na sequência de Geraldo, Chico Jorge, Patrícia e tantos outros. Falo dessa gente sempre tida como inferior porque não estão nas universidades, não ostentam títulos ou quando têm parece que valem menos porque é difícil que aceitem que uma pessoa que detêm títulos de mestre ou doutor queiram seguir como professores do ensino fundamental e médio. É a mentalidade de que estar na sala de aula é um desqualificativo. Como se fosse possível chegar às universidades sem passar por essas fases prévias e onde efetivamente recebem as sementes e os exemplos tão necessários da formação crítica, da compreensão que não há outro caminho que não seja o de produzir mais conhecimentos e compreensão sobre o passado para melhor se armar na luta presente e construir, como formiguinhas carregando um grãozinho de areia, um futuro digno, igualitário e justo que tanto almejamos e necessitamos. Te escrevo porque esse tipo de concepção está profundamente arraigada e merece ser questionada e modificada e só gente questionadora como você ousa se posicionar sobre temas que incomodam a muitos que são trabalhadores, vivem de salário, mas se vêem como uma classse média alta que NADA tem a ver com o resto da classe. Bessa, não é aceitável essa falsa ideia de que só é historiador e só merece ser lembrado quem elegeu e está envolvido diretamente com a pesquisa e a produção historiográfica. Foram vocês quem nos ensinaram que TODO trabalho é relevante, merece e deve ser feito com qualidade e competência. E mais, também nos ensinaram a questionar: A QUEM SERVE O TEU CONHECIMENTO? E junto com isso, aprendi com Florestan, que é fundamental que a produção intelectual da nossa classe deve NECESSARIAMENTE ser associada a uma práxis. E isso entendido como usar o conhecimento para o fortalecimento da nossa luta, da construção da nossa liberdade. E quando falo nossa, me refiro à nossa classe trabalhadora, mas também a todos os povos oprimidos. Daí, por exemplo, a nossa preocupação permanente em desvendar e defender o modo de viver, pensar e sonhar dos nossos ancestrais para nossos alunos sejam crianças, jovens ou adultos. Por favor, não receba minhas palavras como uma forma de desmerecer ou desqualificar os/as sua crônica, menos ainda aos méritos do departamento e dos colegas, mas como uma reflexão para inclusão de quem ficou de fora – pessoas e objetivos. Vou te dar um exemplo: há alguns anos o governo municipal excluiu as disciplinas de HISTÓRIA DO AMAZONAS e de GEOGRAFIA DO AMAZONAS, eu escrevi ANOS. Já não era tempo de ter sido feito um manifesto, uma crônica, um escândalo, sobre esse fato que NEGA às novas gerações a possibilidade de conhecer como viviam os seus avós, os seus ancestrais aqui na Amazônia e sem destruí-la???? Por que é que NÃO se considera que a exclusão dessas disciplinas NÃO afetam o departamento de História, a UFAM, os professores, alunos, o povo amazonense??? Bom, seguramente já tomei demais o seu tempo e finalizo deixando um abraço carinhoso te assegurando muito sinceramente e mais uma vez que meu desabafo não é uma ofensa ou nada do tipo, mas inquietações que me passam pela cabeça e que frequentemente escuto e discuto com compas da rede municipal de Manaus.
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Belarmino Mariano Neto comentou:
16/05/2021
Todos Genocídas, menos o cavalo senador?
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Alanna Souto (via FB) comentou:
15/05/2021
Muito bom o avançar da produção historiográfico no Amazonas a partir de meados de 1970
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Felipe José Lindoso comentou:
15/05/2021
Bessa, parabéns pela crônica. Só achei que a história contemporânea (do Século XX para cá) faltou, principalmente uma visão abrangente do ciclo da borracha (ou dos ciclos, incluindo a Batalha da Borracha, pe. ex). Ou não?
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Franco comentou:
15/05/2021
Resumiu perfeitamente toda a saga da história no Amazonas.
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Luiz Pucú comentou:
15/05/2021
Começando a leitura tem que assumir o teu vixe vixe na descritiva. Depois traduzo... lendo. Quando eu digo para os conhecidos que eu não sou velho..."Eu sou histórico"...deixo de lado minha condição de 'potoqueiro' e no meu olhar passam semblantes de pessoas como sua pessoa...todas com coração nas línguas. AXÉ BABÁ...
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Francisco Jorge comentou:
15/05/2021
Alô Professor Bessa. Essa crônica inteira deveria fazer parte do Dossiê dos 40 anos do curso de História da UFAM.
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