CRÔNICAS

Lugar de memória: cafofo da Rua da Instalação

Em: 14 de Novembro de 2010 Visualizações: 77954
Lugar de memória: cafofo da Rua da Instalação

Mulheres da alta sociedade amazonense – mães, esposas e filhas, inclusive menores de idade – posaram completamente nuas ou seminuas para o jovem ‘fotógrafo’ americano Walter Hunnewell, num estúdio improvisado situado em prédio antigo da Rua da Instalação, no centro da cidade de Manaus. Uma dessas sessões foi presenciada por seu colega, William James, garotão de porte atlético, de 23 anos, que confessou:

- “Aparentemente refinadas, de qualquer modo não libertinas, as mulheres consentiram que se tomassem com elas as maiores liberdades e duas delas, sem muito problema, foram induzidas a se despir e posar nuas”.

No momento em que terminava a sessão, o estúdio recebeu a visita de um conhecido deputado - não foi o Lupércio - que viu as roupas das meninas ainda espalhadas pelo chão. Também um engenheiro militar, o major João da Silva Coutinho, tomou conhecimento da existência de mais de 100 fotos com mulheres despidas de frente, de costa e de perfil, mas preferiu se calar. A Polícia registrou o fato, conforme ofício n˚ 787 expedido em 24 de outubro. O escândalo foi abafado. A imprensa não deu um pio.

Depois de todo esse tempo, o Diário do Amazonas rompe o silêncio aqui nessa coluna para não ser acusado de cumplicidade e omissão. É o primeiro jornal amazonense a tocar no assunto. Não gosto de fofoca não, mas - como diz o outro - não sou baú nem cofre para guardar segredo. Por isso, me sinto na obrigação de passar adiante essa história apimentada. Vi as fotos e me pergunto como é que senhoras de boa família aceitaram exibir suas intimidades para um desconhecido que nem sequer é fotógrafo?

Fotógrafo de araque

Walter Hunneweel não é fotógrafo nem aqui nem na China. Antes de vir ao Brasil, nunca havia tirado uma foto. Não passa de um playboyzinho, filho de um milionário, que por causa disso foi aceito como voluntário em uma expedição científica chefiada pelo seu professor na Universidade de Harvard, Louis Agassiz, um suíço naturalizado americano, especializado em ictiologia, cujo objetivo declarado era coletar, nos rios e igarapés de Manaus, pacu, bodó, piranha e outras espécies novas.

Mas quem caiu na rede foi outro tipo de peixe. Em vez de pescar, “o Sr. Agassiz passa metade do dia trabalhando com seu amigo Sr. Hunnewell, tirando fotografias de habitantes locais” – registra o diário da expedição. Professor e discípulo armaram seu cacuri num velho prédio da Rua da Instalação, onde antes funcionava uma repartição pública. “O salão fotográfico era um ambiente carregado de aura erótica e, de modo significativo, destituído de qualquer conteúdo científico” – diz o pesquisador John Monteiro, nascido em Minnesota e atualmente professor da UNICAMP.

Na viagem de barco a Manaus, a máquina fotográfica quebrou e foi consertada em Santarém por um lambe-lambe mocorongo. “Hunneweel possuía um conhecimento técnico deficiente e um equipamento precário” e, em consequência, “as imagens são de baixa qualidade e de gosto duvidoso” e se situam “numa região incomoda entre a fotografia científica e erótica”, conforme avaliação de John Monteiro e de sua colega da USP, Maria Helena Machado, que analisaram as fotos.

Que Deus perdoe minha maledicência - trata-se apenas de uma coincidência - mas o fotógrafo de araque nasceu em Boston, a pátria da padrofilia, cujo arcebispo, Bernard Law, foi afastado e responde a mais de 450 processos judiciais, sob a acusação de ter encoberto abusos sexuais cometidos por padres católicos contra crianças. Qual foi o papo que esse gringo de Boston engrenou pra convencer nossas mulheres, inclusive menores de idade, a ficarem peladas? A Ciência. Tudo em nome da ciência.

Papo cabeça

A expedição percorreu o Brasil durante os anos 1865 e 1866, com o objetivo maior de provar que a teoria da evolução de Darwin era furada. Agassiz defendia o criacionismo e condenava ferozmente a mestiçagem a quem atribuía a responsabilidade pela “degeneração da raça humana”. Queria produzir documentos visuais sobre as origens étnicas e as variedades dos tipos mestiços. Para isso, fotografou no Rio e em Manaus tipos étnicos nus com o objetivo – segundo ele – de fazer comparações somáticas.

Havia ingenuidade nas mulheres que posaram nuas? Elas ficaram impressionadas com o prestígio dos ‘pesquisadores’ que pertenciam à Universidade de Harvard? O estudante William James, que fez parte da expedição, dá interessante depoimento em seu diário íntimo:

“Eu fui, então, para o estabelecimento fotográfico e lá fui cautelosamente admitido por Hunneweel com suas mãos negras (manchadas no processo químico). Ao entrar na sala, encontrei o prof. (Agassiz) ocupado em persuadir 3 moças, às quais ele se referia como sendo índias puras, mas as quais eu percebi, como mais tarde se confirmou, terem sangue branco. Elas estavam muito bem vestidas em musselina branca, tinham joias e flores nos cabelos e exalavam um excelente perfume de priprioca”.

John Monteiro escreve que essa “operação estava sendo conduzida em segredo, o que destoava das afirmações do professor Agassiz a respeito da compilação de uma valiosa série de imagens científicas que serviriam de base para um estudo sério”. Foi no final da sessão que chegou o deputado Tavares Bastos, estudioso da região e autor do livro “O Vale do Amazonas”. Sujeito decente, o parlamentar se escandalizou com o que viu: “Ele me perguntou ironicamente se eu estava vinculado ao Bureau D’Anthropologie” – comenta William James.

John Monteiro acha – e nós concordamos – que é difícil acreditar que o fato não tenha causado algum tipo de mal-estar na sociedade manauara. Ele cita um ofício da Polícia de 24/10/1865, dando conta da chegada da expedição em Manaus. Um escândalo, logo abafado, pode ter brotado, o que talvez tenha contribuído para o desligamento de W. James da expedição. Escreve John Monteiro:

- “A imprensa local manteve o silêncio em torno das atividades do ‘sábio Agassiz’, enquanto os outros participantes da expedição - inclusive o major João Martins da Silva Coutinho - não deixaram nada escrito sobre o estúdio fotográfico”.

Dessa forma, foram apagadas as aventuras fotográficas desse desacreditado cientista, defensor de teorias racistas e pioneiro do apartheid.  As fotos, conservadas em chapas de vidro, ficaram um século e meio perdidas num armário sem uso no sótão do Museu Peabody de Arqueologia e Etnologia da Universidade de Harvard. Muitas delas continuam inéditas. Outras foram publicadas agora em 2010, durante a 29ª. Bienal de São Paulo, num livro organizado por Maria Helena Machado e Sasha Huber, uma suíça de origem haitiana engajada na luta antiracista. Trata-se, agora, de uma luta pela memória.

Lugar de memória

Desacreditado como cientista por causa de suas equivocadas teorias, nem por isso Agassiz deixou de ser cultuado. Monumentos, montanhas, ruas, avenidas e praças em várias cidades do mundo levam hoje o seu nome. No Alpes suíços tem um pico chamado Agassiz; no Rio de Janeiro, na Floresta da Tijuca, tem a Pedra de Agassiz e as Furnas de Agassiz, além de uma praça Agassiz e uma rua Agassiz no subúrbio carioca. Em Belo Horizonte, no bairro Floresta, existe uma rua com esse nome. E por ai vai.

O historiador suíço Hans Fassler, autor de um livro sobre o envolvimento do seu país com a escravidão, achou intolerável a homenagem e criou a campanha “Desconstruindo Agassiz”, que briga para renomear o pico Agassiz com o nome de uma de suas vítimas, um escravo afroamericano chamado Renty. Hans e Sasha conheceram Helena Machado e John Monteiro num seminário internacional organizado na UNIRIO em agosto de 2009.  Daí nasceu a idéia do livro que além dos quatro autores recebeu a contribuição dos pesquisadores Flávio Gomes, Suzana Milevska e Petri Saarikko.

Maria Helena percorreu os arquivos e museus da universidade, localizou e analisou o conjunto da documentação relativa à expedição de Agassiz que permite discutir uma série de questões estratégicas para a compreensão do Brasil na segunda metade do século XIX, tais como os interesses norte-americanos na Amazônia, a livre navegação pelo rio Amazonas, os projetos dos Estados Unidos de enviar a população afro-americana para povoar a região, a proibição do tráfico internacional de escravos e o debate sobre raça e ciência.

P.S. – Quem quiser saber mais, leia o livro de Maria Helena Machado e Sasha Huber (orgs) “Rastros e raças de Louis Agassiz: fotografia, corpo e ciência, ontem e hoje” São Paulo. Capacete. 2010. (Edição bilingue da 29ª. Bienal de São Paulo).Outro livro de Maria Helena Machado com cartas, diários e desenhos de William James (publicado nos EUA em 2006) terá uma edição brasileira pela Edusp e deverá sair nas próximas semanas, com o título “O Brasil no Olhar de William James”. A estadia dele no Brasil durou oito meses.  

 

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48 Comentário(s)

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Isabela Torres De Castro Innocencio comentou:
04/07/2017
Que legal trazer essa crônica de volta! Adorei!
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Mailsa Passos (via FB) comentou:
04/07/2017
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Maria Jose Silveira comentou:
04/07/2017
Que história a desse fotógrafo! E quanto amor à ciência invadiu o peito dessas abnegadas mulheres??
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Ronaldo De Maria Derzy (via FB) comentou:
04/07/2017
Então estivemos muito antes do que se possa imaginar numa verdadeira revolução de liberdade feminina só comparada p.ex a uma Leila Diniz décadas depois?
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Geraldo Sá Peixoto Pinheiro (via FB) comentou:
04/07/2017
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juarez comentou:
23/11/2010
ha tempos observamos que tudo aquilo que é modelo americano,parece bom para o nosso povo,vamos ter cuidado para não tornar-mos em ilha de papagaios americanos.
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Heliete Vaitsman comentou:
19/11/2010
Leitura excelente!!! Valeu ainda pela informação sobre os livros. Quando leio algo assim é que vejo quanta produção nacional boa a gente deixa passar por deixar de acessar as boas fontes (como vc.)
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Vânia Novoa Tadros A comentou:
17/11/2010
Elizabeth Agassiz descreve em 1865 como a sociedade divertia-se em Manaus. O governador de então homenageou o deputado Tavares Bastos com uma festa. As damas da sociedade compareceram embora chovesse muito. As damas de vestido longo foram caminhando pelas ruas usando calçados de baile e longos vestidos de seda, cetim e cambraia, com decotes. Sra Agassiz admira-se por não ter visto nenhuma tinha a barra da saia suja de terra depois de ter andado sobre as poças dágua das ruas enlameadas de Manau
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Marinaldo Matos comentou:
17/11/2010
Em 1865,Amazonas ainda não vivia a Bella Epoque do látex. Opulência só entre 1890-1910, tanto que em 1916 o tiro que matou Ária Ramos tb acordou Manaus de um passado fáustico fugaz.Digo que não havia grande quantidade de socialites.Pouca coisa acontecia, o teatro Amazonas só seria inaugurado quase 30 anos depois da passagem de Agassiz, enqto isso a miúda comunidade científica local deve ter programado tal sessão de "quebra blasfêmica". Dinheiro e prostitutas não eram o forte na cidade em 1865.
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Marinaldo Matos comentou:
17/11/2010
Em 1865, o Amazonas ainda não vivia a Bella Epoque do látex. Opulência só entre 1890-1910, tanto que em 1916 o tiro que matou Ária Ramos tb acordou Manaus de um passado fáustico fugaz. Digo que ainda não havia grande quantidade de socialites. E pouca coisa acontecia, o teatro Amazonas só seria inaugurado quase 30 anos depois da passagem de Agassiz, enquanto isso a própria e miúda comunidade científica local deve ter programado tal sessão de "quebra blasfêmica". Ao contrário do que comentaram, di
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Marinaldo Matos comentou:
17/11/2010
No período de 1865 a 1966 o Amazonas ainda não vivia a febre da "Bella Epoque" proporcionada pela extraçao do látex. A opulência só ocorreu entre 1890 e 1910, tanto que ainda 1916 o tiro que matou Ária Ramos também acordou Manaus de um passado fáustico e rápido. Quero dizer com isso que ainda não havia quantidade tão grande de socialites. E pouca coisa acontecia em Manaus, o teatro Amazonas só iria ser inaugurando quase 30 anos depois dessa passagem de Agassiz, enquanto isso... a própria e miúd
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aurelio michiles comentou:
16/11/2010
... e pensar que esta expedição cientifica "Ao redor do Brasil" foi financiada por D. Pedro II, quer dizer pelo erário nacional.
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Altamira Mansour comentou:
16/11/2010
Onde posso encontrar o livro em inglês da Maria Helena P.T. Machado sobre o William James? Quando a Edusp vai publicar “O Brasil no Olhar de William James”? Em breve, é muito vago, e eu gostaria de ler para a minha monografia de conclusão de curso.
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Ana comentou:
15/11/2010
Depois desta crônica fiquei muito curiosa para ler o livro. Parabenizo todos os envolvidos no projeto e o querido Bessa pela divulgação da obra.
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Marco comentou:
15/11/2010
E onde entraria nessa história a Madame Agassiz, coautora do livro? Cúmplice, enganada, desenganada?... Vai ver que ela ficava pesquisando e escrevendo a parte publicável do trabalho enquanto o Mister \ Monsieur se ocupava de outros negócios.
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Cesar Lemos comentou:
14/11/2010
Muito oportuna a abordagem crítica desenvolvida, seja pela continuidade de algumas apropriações colonialistas que "pesquisadores visitantes" fazem da imagem da gente brasileira ainda hoje, inclusive em roteiros de filmes recentes, ou pelo uso contextual que tal caso encerra, qual seja: é o momento de novas e profundas abolições que libertem corpos e mentes dos brasileiros e brasileiras, e a pesquisa histórica pode contribuir muito neste propósito!
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Fernanda (Blog da Amazonia) comentou:
14/11/2010
Parabéns pelo artigo. A função da imprensa é trazer a notícia, não abafá-la. Infelizmente, hoje a ética é substituída por interesses de terceiros, portadores do patrocínio. O acontecimento demonstra como o brasileiro ainda acredita que tudo o que vem de fora do país é melhor, opinião essa reforçada pela mídia. Parabéns novamente.
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Doido (Blog da Amazônia) comentou:
14/11/2010
safadinhassssssssssss… hehehe… tbm quero ver a agora famosa aranha amazonense!
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Antonio Alves (Blog da Amazonia) comentou:
14/11/2010
eu gostaria de ver as mulheres da elite de Manaus nuas, ou melhor peladonas.
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Antonio Alves (Blog da Amazonia) comentou:
14/11/2010
Cara por que não mostrar as fotos das mulheres peladonas para todos verem?
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xxx (Blog da Amnazônia) comentou:
14/11/2010
nada de novo ,os fundamentalistas catolicos,criacionistas por que são a favor do darwinismo social,sem nenhuma surpresa são convencidos pelos “deuses” americanos a lamberem suas botas e exercerem a moralidade cristã quando lhes convém.É assim e sempre será.Teatro rodrigueano sobre os “wasps”tropicais.
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José Arimateia comentou:
14/11/2010
Na verdade o que essas vacas querem é uma oportunidade para mostrar a bunda. É o valor que as ilustres mulheres de nosso país dão a si próprias. Nunca, na história desse país, a figura da mulher foi tão vilipendiada por elas mesmas.
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Hugo Chaves comentou:
14/11/2010
CARA SE ELLOS QUIEREN DAR EL RABO PROBLEMA DELES NO SEU…
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Ellen Lemos (Blog da Amazônia) comentou:
14/11/2010
Que texto mal-escrito,cheio de preconceitos.Pelo que entendi, as mulheres foram vítimas de um sujeito que quis passar por algo que não é. Isso é crime. Mas seus argumentos são carregados de juízos e misturam histórias que tornam o texto ininteligível.Desde quando posar nu é libertinagem como o sr afirma? Por que mulheres de “boa família” não podem se expor por livre e espotânea vontade? Puro machismo. Como o sr pode misturar 2 casos que não têm nenhuma ligação para falar de Boston? O sr deve ter
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Ihor Smal (Blog da Amazonia) comentou:
14/11/2010
Caramba, aquela época era super agitada, bom demais, valeu!!
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Leocádio Fonseca (Blog da Amazônia) comentou:
14/11/2010
Esta expedição foi fruto da idéia calvinista / estadunidense de “raça superior”, “missão divina”, e “destinação final”? Como todos nós sabemos, as teorias racistas não foram privilégio dos alemães (alguns) e os projetos nazistas foram, também, fortemente apoiados por americanos e outras nações europeias. Porque só demonizam, somente, os alemães na 2ª Guerra Mundial? E, a propósito, os judeus-sionistas que sempre se acharam raça eleita? Onde eles estão nesta história toda?
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Vânia Novoa Tadros comentou:
14/11/2010
DESCULPE-ME O NOME DA PROF. CITADA É SYLVIA CAYUBI NOVAES
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John Monteiro comentou:
14/11/2010
A crônica capta a questão central do trabalho, que é a recuperação de memória e do acerto de contas com o passado. Esperamos que alguém, ao conhecer o livro e as fotos, possa contribuir com mais informações sobre as mulheres fotografadas. Este é um 1º projeto (a Harvard liberou apenas 40 fotos, incluindo as de africanos no RJ) e estamos renegociando com o Museu Peabody para a liberação da coleção completa, que alcança quase 200 fotos, com mais da metade delas originárias da rua da Instalação.
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VANIA NOVOA TADROS 5 comentou:
14/11/2010
( CONTINUAÇÃO DA CITAÇÃO DE MARGARETH RAGO).... A atração que os homens ricos de Manaus sentiam por estas judias era confundida com a identificação nacional. Se nas cidades mais ao sul a prostituta judia era "polaca", no Amazonas se transmutava em "francesa", permitindo uma melhora nas suas condições de vida.
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Vânia Novoa Tadros 4 comentou:
14/11/2010
... Em 1897, as prostitutas judias já eram as favoritas da alta burguesia da cidade de Manaus. A maioria delas era originária da Zona de Residência imposta aos judeus do Império Russo, onde imperavam a miséria e a falta de oportunidades econômicas, sobretudo após da fome de 1891.Muitas dessas meretrizes judias passaram por Paris vindas da Europa oriental e central, sabiam falar francês e adquiriram um certo comportamento que lhes permitiam "passar" por francesas. A atração que os homens ricos d
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Nietta comentou:
14/11/2010
Parabens mais uma vez. Quando vai ter o livro delas juntas?
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VANIA NOVOA TADROS 3 comentou:
14/11/2010
Nota-se também um " chute" do crônista da época. PAPRIOCA é uma essência do Pará feita com uma semente. Pessoalmente, eu gosto do perfume. As mulheres em Manaus, no período em estudo, ou usavam perfume francês ou banhavam´se com águas de cheiro feitas com folhas perfumadas. A despeito da fotografias terem causado grande frisson quando surgiu era difícil mulheres de família invadirem o estúdio do tal fotógrafo devido o grande controle social
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Vânia Novoa Tadros 4 comentou:
14/11/2010
Os viajantes olhavam as nossas prostitutas de luxo e pensavam nas francesas exploradas, maltratadas. É aquela estória de ver a cultura dos outros com a lente embassada da própria cultura. Muito difícil, devido a grande controle social existente, mulheres melhor colocadas socialmente entrarem em profusão no estúdio suspeito do americano, no século XIX
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Vânia Novoa Tadros 3 comentou:
14/11/2010
Por outro lado nota-se outros "chutes" de quem escreveu o relato em estudo. PRIPRIOCA é e era um perfume regional do Pará. Aqui usava-se perfume francês. As moças pobres banhavam-se com águas de folhas cheirosas mas não com a semente de PRIPRIOCA.
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Vânia Novoa Tadros 3 comentou:
14/11/2010
As polacas eram ricas e deixavam grandes heranças para os filhos. Eram protegidas porque eram amantes dos barões ou empresários. A interpretação da foto como fonte científica requer crítica. Bem Jonh Manuel Monteiro conhece esse problema. Vou ler o livro
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Vânia Novoa Tadros 2 comentou:
14/11/2010
Nelas havia uma prostituição de luxo onde as mulheres eram bem cuidadas do ponto de vista da saúde e higiene. Aqui em Manaus e em outros locais do Brasil havia as polacas. Os viajantes, até pela dificuldades de entendimento linguístico confundia, aquelas mulheres portando jóias e bem vestidas com mulheres de família
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Vânia Novoa Tadros 2 comentou:
14/11/2010
Nelas havia uma prostituição de luxo onde as mulheres eram bem cuidadas do ponto de vista da saúde e higiene. Aqui em Manaus e em outros locais do Brasil havia as polacas. Os viajantes, até pela dificuldades de entendimento linguístico confundiam, aquelas mulheres portando jóias e bem vestidas com mulheres de família
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Vânia Novoa Tadros 1 comentou:
14/11/2010
Agassiz, século XIX... Quando cursei na USP Antropologia Visual com a Dra. Sylvia Caiuby Soares li alguns textos chamando a atenção dos antropólogos para terem cuidados com as fotos de prostitutas de algumas regiões do mundo quando no século XIX e início do XXI
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Vânia Novoa Tadros 1 comentou:
14/11/2010
Agassiz, século XIX... Quando cursei na USP Antropologia Visual com a Dra. Sylvia Caiuby Soares li alguns textos chamando a atenção dos antropólogos para terem cuidados com as fotos de prostitutas de algumas regiões do mundo quando no século XIX e início do XXI
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André Ricardo comentou:
14/11/2010
Portanto, pode até ser que, nesse caso, seja correta a campanha "Desconstruindo Agassiz". Mas se formos caçar as bruxas, teremos que incendiar a igreja positivista no RJ, queimar obras de José de Alencar, Monteiro Lobato e Agatha Christie e apagar nomes de Deodoro e Peixoto de todas nossas avenidas, etc, etc e etc
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André Ricardo comentou:
14/11/2010
Alías, justiça seja feita, era muito comum literatos e cientistas racialistas do séc. XIX . Eles é que deram respaldo à sangrenta colonização africana. Parece que o próprio Darwin era racialista, dizia que os brancos eram os mais evoluidos...
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André Ricardo comentou:
14/11/2010
Aliás, esse Agassiz foi meio que patrocinado por Pedro II, não era? Ele era fã das ciencias e das artes. Patrocinava bolsas e excursões. Patrocinou até uma missão batista no Brasil.
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André Ricardo comentou:
14/11/2010
Aliás, mais de uma vez o Brasil rejeitou domínio a mais sobre os negros. Antes dessa do Lincoln, Angola pediu pra ser unida ao Imperio Brasileiro. Era época do Pedro I, que também rejeitou a ideia.
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André Ricardo comentou:
14/11/2010
Essa de mandar negros pro Brasil surgiu nos EUA quando aquele país conseguiu impor, à base de 3 milhoes de mortos, o fim da escravidão. Lincoln simplesmente não sabia o que fazer com milhões de párias errantes pelas estradas americanas. Sondou Pedro II sobre a possibilidade de mandá-los pra Amazônia. Nosso monarca de cara rechaçou a hipótese
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André Ricardo comentou:
14/11/2010
Passou a eleição.. agora voltei ao Taquiprati...
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Paulo Bezerra comentou:
14/11/2010
Hoje seu Freitas sobrevive, tirando fotos dos frequentadores dos bares na Ponta Negra. Ainda traz consigo a fotografia do seu "estúdio" "Foto Freitas", para não esquecer da injustiça e da covardia que foi vítima. A semelhança com o Agassiz é que este fato também não foi noticiado pela imprensa local.
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Paulo Bezerra comentou:
14/11/2010
Seu Freitas, fotógrafo dos bons, diferente de Agassiz, tirava fotos 3x4 para estudantes. Seu "estudio" era um casebre que funcionava ao lado do Colégio Tiradentes, no Bairro de São Francisco. Talvez se fosse um norte-americano ao invés de cearense, não tivesse sofrido a brutal violência de ver seu "ponto" de trabalho ser destruído pelos "rapas" do prefeito Arthur Neto...
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JorgeTow comentou:
13/11/2010
É uma crônica muito bem armada para se ler até o fim pensado que o caso tenha sido recente. Mas não é dificil ocorrer nos dias atuais,ou talvez seja mais facil.
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