CRÔNICAS

Cartas de Manaus e Paris: Vânia e Marilza

Em: 17 de Setembro de 2008 Visualizações: 10216
Cartas de Manaus e Paris: Vânia e Marilza

Diante das ameaças feitas a esse escriba por Djalma Castelo Branco, que fechou uma rua de Manaus e foi criticado pelo Taquiprati, leitores que não conheço, além de amigos e ex-alunos, enviaram mensagens se solidarizando com o titular da coluna Taquiprati do Diário do Amazonas. Duas delas, especialmente generosas – uma de Manaus e outra de Paris – vão aqui publicadas. Agradeço todas as manifestações de carinho. A luta continua (J.Bessa).

  
AO MESTRE, COM GRATIDÃO
 
 VÂNIA NOVOA TADROS
 PROFESSORA. DE HISTÓRIA DA UFAM
 
O jornalista e historiador Ribamar Bessa, doutor em Literatura Comparada pela UERJ, formou várias turmas de jornalistas e historiadores em Lima, Manaus e Rio de Janeiro. Foi meu professor no Curso de História da Universidade Federal do Amazonas - UFAM. Havia chegado recentemente, do doutorado em Paris portando idéias inovadoras e cópias de documentos inéditos sobre a História do Amazonas. Com grande desprendimento dividiu o conteúdo das fontes históricas conosco e iniciou-nos na pesquisa histórica.
 
Àquela época o professor universitário, em Manaus, não recebia um centavo a mais por produzir pesquisas com os seus alunos. Mas, Mestre Babá não ligava para isso. Encontrava tempo para dar assistência aos grupos de pesquisas que formava e nesses encontros foram elaborados vários artigos de jornais e dois livros sobre temáticas amazônicas.
 
O Babá assim chamado, como forma de carinho por seus alunos, naquela época era lotado no Departamento de Comunicação Social. Os estudantes de História e Jornalismo digladiavam-se, a cada início de semestre, para cada curso ter maior número de disciplinas ministradas por ele. Depois de muita disputa e estratégias nós conseguimos a sua transferência para o Curso de História.
 
Bessa lecionava disciplinas das áreas de Amazônia e América. Poucos faltavam as suas agradáveis aulas, sempre bem preparadas contendo informações novas, frutos de constantes pesquisas. Exercia uma prática política bastante ativa tanto no Partido dos Trabalhadores como na Associação dos Docentes da Universidade do Amazonas, mas nunca negligenciou nas atividades docentes.
 
As suas aulas eram no primeiro tempo. Entrava às 6,45 mesmo tendo passado a noite panfletando ou escrevendo documentos para subsidiar lutas sociais diversas. Ás sete horas, começava a escrever no quadro negro: 7:00 hrs: um professor e três alunos. 7,05: um professor e 5 alunos. E assim por diante até a turma ficar completa. Não reclamava, deixava os discentes entrarem na sala atrasados. Mas, era por pouco tempo. A chamada silenciosa na lousa fazia-nos lembrar da nossa obrigação em chegar no horário combinado.
 
Em 1983 voltou a escrever às quartas-feiras, crônicas maravilhosas aonde mesclava, sempre bem humorado, o seu farto conhecimento histórico com os fatos políticos ocorridos na cidade.
 
Quem não se lembra do artigo intitulado ”A Batalha do Igarapé de Manaus” publicado em 1985. No dia 29 de abril, do mesmo ano, os professores - de diversos partidos políticos - da rede estadual organizaram uma passeata pacífica para entregarem ao governador um documento reivindicando um piso salarial de três salários mínimos. Foram recebidos por 3.500 homens armados e distribuídos ao longo primeira e segunda ponte, na Av. Sete de Setembro. Ele comparou este fato com o acontecido sobre o Rio Ebro durante a Guerra Civil Espanhola.
 
Todas as semanas, chegávamos ao ICHL comentando a repercussão do seu artigo que desaparecia muito cedo das bancas de jornal. A população sempre amou as crônicas do Babá. Quando o artigo era recriminado - como, atualmente, são censurados muitos dos meus comentários postados no Blog do Holanda­­ - nós, por nossa conta, fotocopiávamos, centenas de vezes o original para atender a grande demanda da faculdade. Escrevíamos no alto da página: “Artigo do Bessa Que Não Foi Publicado”.
 
Quando terminei o curso fui sua colega como professora do Departamento de História. Foi um período de muita produção acadêmica e cursos de extensão ministrados a professores das redes estadual e municipal. Outros cursos eram oferecidos, paralelamente, mas para o do Bessa o auditório era reservado devido ao grande número de inscritos.
 
No dia em que recebi o resultado da seleção para o mestrado, de São Paulo, liguei para o meu Grande Mestre Babá agradecendo por ele ter sido tão exigente conosco e consigo, durante o curso universitário.
 
Bessa ensinou a todos nós com dedicação impar e eu o tenho como exemplo de mestre mesmo quando penso diferente dele. A divergência de idéias é fruto da liberdade de pensamento exercitada naquelas reuniões de pesquisa muitas vezes realizadas na sua própria residência. Vencia quem apresentasse o melhor argumento. Às vezes nos posicionamos de modo distinto devido à própria história vivenciada por cada um de nós, independente da nossa vontade. Um aspecto, porém coloco em destaque: Eu respeito muito o Babá.
 
Bessa embora às vezes carregue nas tintas, nunca precisou usar a força física ou outros meios prejudiciais para impor às suas opiniões. O seu combate é sempre no campo das idéias. As afirmações deste artigo, por certo, serão confirmadas por outros ex alunos do Mestre Babá como: Mário Adolfo, Dudu Monteiro de Paula, Marcos Santos, Yvânia Vieira, Izane Barros, Magela Andrade,Natasha Fink, Sinval Carlos  Gonçalves,Geraldo Sá Peixoto Pinheiro, Jézia Riker, entre muitos outros.
 
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MONSIEUR BESSÁ
Marilza de Melo Foucher
Consultora Internacional
 
Marilza de Melo Foucher, brasileira e francesa, doutora em economia pela Sorbonne, consultora internacional, vivendo na França há quase 30 anos, nascida em Boca do Acre, cabocla com muito orgulho, escreve ao distinto proprietário do jornal Diário Amazonas para enviar total solidariedade ao digno jornalista José Ribamar Bessa Freire. O jornalista foi tratado de modo ignóbil pelo conhecido Caboco Tranca-rua, que impunemente se diz proprietário de uma rua na cidade de Manaus. E o pior: diz-se com todos os poderes e que a Justiça está do seu lado! Manaus não é terra de muro baixo e nem o Paiuni  a terra do Caboco-tranca rua tão pouco.  Espero que as categorias que representam a Justiça no Estado do Amazonas atuando em  Manaus não sejam ridicularizadas pelo Brasil afora nem no plano internacional.
 
O “Caboco” tranca-rua desconhece que o CABOCLO Bessa, nascido com orgulho no beco da Bosta, lá em Aparecida, tem prestigio e respeito internacional! Este sim é um CIDADÃO com letras maiúsculas digno de ser amazonense. Este é um verdadeiro cidadão que sabe cumprir com seus direitos e deveres face à Republica Brasileira o que diferencia do caboco-tranca rua.
 
Além de grande jornalista, Monsieur Bessá - como é conhecido em Paris - é especializado em sociologia e historia na França, doutor e grande conhecedor da antropologia lingüística. Ele sabe respeitar o sentido das palavras e também sabe sacudi-las para brincar com suas sutilezas, assim como sabe ser satírico. Daqui da França eu me delicio com suas crônicas e sátiras! Com Bessa as palavras não sofrem censura ou autocensura. Com Bessa, a liberdade de expressão ganha notoriedade. Alias parece que a Amazônia é fértil na reprodução de espécie rara...Quem sabe que outros Bessas surgirão para ocupar todas as redações dos jornais fazendo emergir um novo jornalismo imparcial, criativo, que mesmo satírico desperta a curiosidade do leitor(a) e leitora para fatos aberrantes como este, despertem sobretudo na moçada a vontade de exercer sua cidadania para que não apareçam outros “cabocos-tranca rua” se dizendo proprietário de uma Rua.
 
Atenciosamente com fraternura cabocla
Marilza de Melo Foucher
Consultora Internacional
 
  1. CABOCO TRANCA-RUA NU E CRU (21/09/2008) - http://www.taquiprati.com.br/cronica/65-caboco-trancarua-nu-e-cru
  2. CARTAS DE VÂNIA E MARILZA (17/09/2008) - http://www.taquiprati.com.br/cronica/66-cartas-de-v
  3. O CABOCO TRANCA-RUA ATACA (14/09/2008) - http://www.taquiprati.com.br/cronica/68-o-caboco-trancarua-ataca
  4. O CABOCO TRANCA-RUA (31/08/2008) -  http://www.taquiprati.com.br/cronica/70-o-caboco-trancarua

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