CRÔNICAS

Os três pecadores: Omar, Corado e Nonato

Em: 01 de Abril de 1996 Visualizações: 2050
Os três pecadores: Omar, Corado e Nonato

.Depois de morrer, nenhum dos três vai pro céu. Não tenho procuração de Deus passada em cartório, não sou padre para ouvir confissão, mas na minha condição de ex-seminarista posso assegurar – porque todas as evidências indicam – que os três já têm vaga reservada no quinto dos infernos, pelos pecados cabeludos que cada um cometeu. Talvez por isso, os três – Omar Aziz, Joaquim Corado e Nonato Lopes – antes de terem as carnes chamuscadas pelo capiroto, queiram curtir as mordomias paradisíacas da Presidência da Assembleia.

O atual presidente Humberto Michilles ainda tem um ano de mandato, mas a sua vaga já está sendo disputada à tapa pelos três pecadores. A opinião pública contempla, estarrecida, essa ambiciosa e voraz corrida pelo poder, onde vale tudo, inclusive cometer novos pecados. Convém lembrar aqui as maldades de cada um e o pacto que fizeram com Belzebu.

Confiteor

A sabedoria popular ensina que a voz do povo é a voz de Deus. Nas últimas eleições a voz do povo foi adulterada, quando a funcionária Simone Ramos – ela sozinha – votou NOVE VEZES em Joaquim Corado para deputado, em troca de grana. Sem contar outras fraudes para as quais se tem evidências, mas não se encontram provas. O maior pecado de Joaquim Corado, líder do PRP (vixe vixe) foi justamente esse: a falsificação da voz divina, como se a garganta de Deus fosse um rótulo barato de uísque paraguaio.

Por esse crime eleitoral que transgride as leis divinas, ninguém foi julgado e punido. Corado – parece – escapou do Justiça Eleitoral morosa, complicada e nem sempre justa. Não devia nem tomar posse. Tomou. Empossado, devia ser cassado. Não foi. Agora ainda quer ser presidente do Poder Legislativo. Um escárnio! No entanto, da Justiça Divina não escapa. Ele engana e enrola o tribunal dos homens, mas não o Tribunal de Deus. Está condenado ao fogo eterno. Vai pro inferno.

Se ele tiver um bom advogado, confessar o seu pecado, manifestar firme propósito de emenda e pedir perdão a Deus pode até pegar uns dois mil anos de purgatório onde – como todos sabem – o fogo não é eterno, mas queima do mesmo modo.

Do ponto de vista teológico, a confissão de Corado é algo problemático. Não poderá ser perdoado por nenhum padre de Manaus, porque seu pecado é daqueles que brada aos céus e pede a Deus vingança. Só um bispo ou um cardeal tem poderes para absolve-lo – e olhe lá! Alguns teólogos ouvidos pela coluna Taquiprati opinam que pecado tão medonho é caso apenas para o Papa, lá no Vaticano.

Conrado devia fazer exame de consciência, ter arrependimento e firme propósito de emenda e, como penitência, renunciar ao mandato conquistado ilegalmente, abjurando Satanás, suas pompas e suas obras. No entanto, ele manifesta decisão de jamais rezar o Confiteor. Em vez disso, como estratégia para “limpar” seu nome sujo, convidou o arcebispo de Manaus, Dom Luís Soares Vieira para falar na Assembleia Legislativa sobre a Campanha da Fraternidade deste ano.

“A Igreja está de parabéns por iniciar e incitar a discussão sobre a ética na política”.  Quem declarou isso – Pasmem! Caiam pra trás! – foi o próprio Joaquim Corado na maior cara-de-pau, mostrando que é mesmo cúmplice do Pai da Mentira. Fingiu que não existe Simone Ramos. Al Capone agia da mesma forma: matava seus adversários e, depois, enviava flores à viúva para que ninguém desconfiasse dele. Mas todos nós desconfiamos de Corado.

Alá, meu bom Alá

Desconfiamos também do Omar Aziz (PPB vixe vixe) que pecou pelo menos três vezes: contra Deus, contra Alá e contra o povo. Omar Aziz, como toda Manaus sabe, é um dos ressarcidos no escândalo da Câmara Municipal. Usou verbas públicas – uma nota preta! – diz-que para tratar da sua saúde tão combalida.

O relatório da Comissão Especial do Ministério Público que apurou as irregularidades dos ressarcimentos, recomendou, entre outros itens, que o ex-presidente da Câmara Municipal de Manaus, Oma Abdel Aziz e o atual Bosco Saraiva sejam denunciados por crime de prevaricação – omissão – por não terem instaurado inquéritos administrativos para apurar as falcatruas. Um senhor escândalo!

Ora, Jesus não deixa lugar a dúvidas sobre o destino de Omar Aziz, conforme registra o repórter-evangelista Mateus (18, 7-9):

- Ai do homem que causa escândalos! Por isso, se tua mão ou teu pé te fazem cair em pecado, decepa-os e lança-os longe de ti: é melhor entrares no céu coxo ou maneta, que tendo dois pés e duas mãos seres lançado no fogo eterno.

- Ixe! Eu não acredito no Evangelho. Meu livro sagrado é o Alcorão! – gritou Omar Abdel Aziz, tentando escapar ou do fogo ou de ficar maneta e perneta, apelando para suas raízes islâmicas.

Acontece que o Alcorão, livro sagrado que o Anjo Gabriel ditou para Maomé, prega e exalta a generosidade, a caridade e a gratidão. Mas considera também a avareza, a mentira, a hipocrisia, a avidez, a ambição e a cobiça – todas presentes nos ressarcimentos -  e prega uma severidade rigorosa contra assassinos, ladrões, renegados, prevaricadores e corruptos. Determina que aqui na terra se corte as mãos do ladrão e se aplique, em praça pública, açoites em prevaricadores. Lá está escrito:

- Um doloroso castigo aguarda os prevaricadores. Quererão sair do Fogo. Mas nunca o conseguirão. Sua punição será eterna. (Sura, V. 36-37).

Como você mesmo viu, leitor (a), com seus próprios olhos, o Fogo do Alcorão é com “F” maiúsculo e em negrito. Maktub! Está escrito! Omar Abdel Aziz pode escapar da Justiça dos Homens, mas está ferrado com a Justiça Divina, seja ela cristã ou islâmica.

Puxa-saco

Quanto ao Nonato Lopes, o irmão da ressarcida Lourdes Lopes, seu pecado maior – entre tantos outros – é mesmo o de puxa-saquismo deslavado. Com o projeto da Estátua de Ajuricaba, Nonato afirmou que “Amazonino é um gênio” e que sua “obra imortal tem a alma da Amazônia”. Nonato só não disse que Amazonino tem “aquilo” preto ou roxo, porque não possui a imaginação de um Serjão – o ministro Sérgio Motta.

Talvez Nonato, com sua candidatura à presidência da Assembleia, esteja na realidade barganhando uma vaga como conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. Pode até ganhar a vaga, mas das labaredas – pelo menos do purgatório – não escapará. Mateus não diz, mas todos sabemos que Deus odeia puxa-sacos.

P.S. – Pensei em comentar aqui o calote de mais de R$ 50 milhões na Caixa Econômica dado pelas mesmas construtoras de sempre e os mesmos políticos: “Uma vergonha desviar recursos que deviam ser aplicados com fins sociais e destiná-los a agências de automóveis e políticos safados”, comenta indignado um leitor que me escreveu. Fico também sem saber o que dizer sobre as denúncias de ontem no Jornal do Brasil relativas às mordomias no Senado, envolvendo Sarney, Gilberto Miranda e até Jefferson Peres. Dos dois primeiros, ninguém duvida. Quanto a Peres, a sua história pública que admiramos nos faz esperar explicações convincentes. 

 

 

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