CRÔNICAS

Ivo Barbieri: o sabor da leitura

Em: 05 de Fevereiro de 2023 Visualizações: 4745
Ivo Barbieri: o sabor da leitura

“Na escola primária / Ivo viu a uva / e aprendeu a ler / Ao ficar rapaz / Ivo viu Teresa / e aprendeu a amar”.  (Paráfrase de Primeira Lição. Ledo Ivo. 1964).

 

No lançamento recente do livro “Da Roça à Reitoria: Ivo Barbieri” me veio à lembrança a viagem Rio-Manaus-Rio, em companhia de Ivo Barbieri, então reitor da Uerj que, em 1991, me convidou para proferir a palestra de abertura sobre a Amazônia na Reunião do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB) realizada na capital do Amazonas.

No voo de ida e volta, livros foram o tema central de nossa conversa. Quando Ivo, professor de literatura brasileira, fala de suas leituras, a gente começa a salivar, sentindo o sabor e até o aroma do texto literário. Se o interlocutor já o leu, passa a saboreá-lo com tempero adicionado por ele. Caso contrário, fica com uma vontade danada de sair correndo dali para degustá-lo. Quem assistiu suas aulas no doutorado de Letras da Uerj sabe disso.  

Esse dom, essa sabedoria e esse amor incondicional pela literatura o levaram a fundar a Casa de Leitura Dirce Côrtes Riedel, da qual foi o primeiro presidente e onde “organizou, coordenou e realizou o projeto A arte da novela – exercícios de leitura, desde 2013, sem interrupção, com público cativo sempre crescente” – diz Aparecida Salgueiro, ex-presidente da Casa.

Graças às perguntas instigantes do jornalista Paulo Filgueiras, que organizou o livro em forma de entrevistas, aquele Ivo sempre discreto e zeloso de sua privacidade revela dados desconhecidos até por quem conviveu com ele tantos anos. O caminho da roça à reitoria começa na infância, passa pela juventude, estudos, professores, amizades, vida acadêmica, filmes e peças de teatro que viu, os livros que leu, a relação com a religião, a política, a prisão e tortura sofridas em 1970 e a gestão da Uerj, nossa cachaça, que nos une.

Viu a uva

O neto do italiano Barbieri viveu a infância na roça, em Nova Milano, distrito de Farroupilha, numa família de dez filhos. Alfabetizado em casa pelos irmãos mais velhos, depois que a segunda leva de imigrantes italianos havia introduzido o vinho na serra gaúcha, Ivo viu a uva, literalmente, ao contrário de crianças brasileiras de outras regiões, usuárias da cartilha Caminho Suave. No Amazonas, a gente via açaí. Uva, só no abecedário, confundia-se aprendizagem com decoreba.

Depois, caminhos mais suaves e universais passaram a ser usados para a descoberta do mundo da literatura. Viva Paulo Freire! Novos métodos de letramento ensinam a ver, além da uva, as condições de trabalho de quem a plantou e colheu, como descobriu aquele menino que saiu da roça gaúcha para ser reitor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

O entrevistador abelhudou sobre o tema religião. De família católica, duas irmãs de Ivo se tornaram freiras. Na missa aos domingos, o vigário fazia o sermão em uma variante regional da língua italiana, cujo contato com o português deu origem ao talián, declarada pelo IPHAN, em 2014, como uma das línguas de referência cultural brasileira. Futebol? Confessa que sempre foi “muito ruim de bola” e que é torcedor do Grêmio e do Flamengo (ninguém é perfeito, diz esse vascaíno aqui).

Ivo revela que aos quinze anos foi aluno interno do seminário diocesano em Caxias do Sul dirigido por capuchinhos. Foi lá que começou a ler autores brasileiros e muita poesia romântica. Quando saiu do seminário maior para cursar Letras Neolatinas, em Porto Alegre, se sustentou dando aulas em colégio particular. Conheceu obras de Gregório de Matos, Gonçalves Dias, Graciliano Ramos, José Lins do Rego e especialmente Machado de Assis, por quem se apaixonou ao folhear as primeiras páginas de Dom Casmurro.

Viu Teresa

Já graduado e licenciado, Ivo se mudou para o Rio a fim de seguir curso de aperfeiçoamento em literatura com os melhores professores do Brasil. Olhem só o time (assim até eu!): Cleonice Berardinelli, Afrânio Coutinho, Cavalcanti Proença, Antenor Nascentes, Evanildo Bechara e Dirce Riedel, de cuja assistente, Teresa, se enamorou e com ela viveu por quase 40 anos, até que a morte os separou.

As perguntas da longa entrevista foram todas respondidas por Ivo, mesmo as “indiscretas” sobre as quais é tão doloroso falar e até mesmo escutar: a prisão de três meses pela ditadura sem qualquer ordem judicial e as torturas sofridas, tema ao qual daremos destaque aqui em detrimento dos demais. Et pour cause.

Em várias páginas, relata sua prisão em maio de 1970, quando saía de sua casa, no Jardim Botânico, para o trabalho. Encapuzado, num carro da polícia, um meganha lhe deu um soco, justificando: “Por causa de você estou aqui sem almoço”. Desconfia que foi levado para uma unidade da Aeronáutica, porque escutava o decolar de aviões do aeroporto militar do Galeão.  

- Este episódio é um tanto longo. Você acha que a gente deve prosseguir?  – indeciso perguntou a Paulo Filgueiras, que respondeu afirmativamente.  

Ivo detalha, então, o que vai aqui resumido, sua passagem pelas unidades militares e pelo quartel da rua Barão de Mesquita, conhecido por ser um ninho de torturadores. Indagado sobre sua participação política, respondeu:

- Nunca fui militante político-partidário. Participei dos movimentos contra à ditadura, fui à rua, encontros, assembleias, quando assassinaram o estudante Edson Luís. Participei da criação do Sindicato dos Professores. Fui um dos fundadores da Associação Docente da Uerj. Mas a partido político, eu nunca fui filiado, embora tenha simpatia pela esquerda.

Mas, afinal, qual o crime que cometeu? O que foi ele viu?

Viu o povo

Na nova cartilha / Ivo viu a greve / Ivo viu o povo” como canta o poeta alagoano Ledo Ivo. Seu xará Barbieri abrigou em seu domicílio um casal perseguido pela polícia da ditadura, a pedido de Zélia, esposa de seu grande amigo Costa Lima. Sua residência foi invadida e vasculhada.

- A Polícia do Exército descobriu no meu apartamento exemplar da revista americana Ramparts, que denunciava tortura no Brasil, além de alguns textos sobre a repressão. O interrogatório foi violento. Pau-de-arara, choque-elétrico, eu completamente nu. Duas sessões por dia, uma de manhã, durando cerca de duas horas, outra mais longa à tarde – conta Ivo, que volta a indagar ao entrevistador:

- Você não acha que estou demorando demais nessa passagem?

Não. Não estava. Ele prossegue:

-  A experiência foi terrível, porque da minha cela escutava os gritos dos torturados. Choro, sofrimento, impiedade, desespero. Eles botavam em volume máximo músicas dessas bem barulhentas, para que os gritos dos torturados não fossem ouvidos na redondeza lá fora. Tais cenas nunca mais se apagaram da minha memória.

Quando a coisa serenou um pouco - serenou é uma forma de dizer - Ivo tentou transmitir seu amor pela literatura a um militar graduado, que em um dos interrogatórios havia lhe dito, aparentemente conciliador:

- Professor, agora chegou a hora do diálogo. Você é pública e notoriamente conhecido como comunista.

- Não. Eu não sou comunista. Nunca fui. Sou professor.

Começou então a "falar da Literatura Brasileira, que era a expressão da alma nacional". O milico. que não se mostrou interessado naquela aula, achou que Ivo havia baixado a guarda e perguntou à queima roupa:

- Como é que você acolheu esse casal em seu apartamento?

De jeito nenhum eu podia revelar o nome de quem me apresentou o casal. Imagine, a vizinha Zélia tinha duas crianças. Eu ia denunciá-la? Jamais!

Ivo inventou, então, o nome de alguém que disse ter conhecido na cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM) e com quem se encontrava todas as semanas para ver filmes. “Ah, no MAM onde todo mundo é comunista” retrucou o milico.

Viu o livro

Depois da barra pesada, Ivo foi transferido para a Vila Militar, onde compartilhou a cela com um médico e um estudante de economia e depois para outra unidade do Exército, onde havia uns quinze ou vinte detentos, a quem chegou a dar aulas de francês. Reivindicaram usar a biblioteca. O comandante, que gostava de dar lições de moral, sapecou:

- Leitura? Vocês podem ler os clássicos, esses que vocês acham que são quadrados como Eça de Queiroz. Mas só em português.

E deu uma de sabichão:

- Por exemplo, vocês podem ler O Capital. Agora, Das Kapital não podem, porque está em alemão.  

Preso por mais de três meses, Ivo foi finalmente solto: - Ao sair do quartel, na porta estava a Teresa com o carro me esperando. Eu vim direto para morar com ela em Copacabana e depois nos casamos.

Acontece que ele havia sido demitido de uma das instituições onde trabalhava “por abandono de emprego, sem indenização”. Mas na Uerj foi diferente. A reitoria suspendeu o contrato e quando voltou, foi readmitido imediatamente.

Um capítulo é dedicado à sua eleição para reitor, em 1987, e à sua gestão de 1988 a 1992, quando com uma equipe a quem ele rende tributo conseguiu transformar a Uerj de um escolão de 3º grau em uma universidade respeitada, democratizada, com suas bibliotecas renovadas, dedicada ao ensino, pesquisa e extensão, com cursos de pós-graduação consolidados e bem avaliados pela CAPES.

O nome Ivo está contido na palavra livro, uma ferramenta “cheia de muitas letras e muitas palavras”, como deplorou o Imbrochável a seus seguidores bozozóicos. Mas até mesmo encarcerado, tentou despertar na milicada o prazer da leitura, que se faz presente na memória da resistência à ditadura recuperada em “Da Roça à Reitoria: Ivo Barbieri”.

 

Enviado por Marcelo Zelic.

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24 Comentário(s)

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Rodrigo Martins comentou:
12/02/2023
Viva o professor Ivo Barbieri!
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Magela Ranciaro (via FB) comentou:
12/02/2023
Irretocável texto: Ivo, não só viu a uva… “Novos métodos de letramento ensinam ver, além da uva, as condições de trabalho que quem as plantou e colheu”
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Ana Chrystina Mignot comentou:
12/02/2023
José Bessa , também gostei muito. Ivo estava radiante no lançamento na Casa Dirce. Deve estar recebendo muitos parabéns!
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Rute Casoy comentou:
11/02/2023
Ivo Barbieri, meu professor!
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Hamilton Magalhães comentou:
11/02/2023
Meu professor de Literatura Brasileira. Grande professor.
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Maria Lucia Rangel comentou:
11/02/2023
Ótimo texto. E Viva o Professor Ivo Barbieri
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Marcelo Zelic comentou:
07/02/2023
Aqui um documento que Ivo assina em defesa dos direitos indígenas na constituinte https://www.docvirt.com/docreader.net/HemeroIndioRecortes/37382
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Delayne (EGC) comentou:
07/02/2023
Maravilhoso texto. Não tive ainda o prazer de conhecer a maioria das pessoas deste belo grupo - aliás, quando será possível? Mas, vou me alimentando das postagens. Esta do Professor Bessa, por exemplo, é mais uma das suas pérolas. Um trecho desta sua crônica poderia dizer respeito ao cronista: "Quando Ivo, professor de literatura brasileira, fala de suas leituras, a gente começa a salivar, sentindo o sabor e até o aroma do texto literário. Se o interlocutor já o leu, passa a saboreá-lo com tempero adicionado por ele." São crônicas saborosas, cheias de memórias vivas e que se entrelaçam com o tempo presente, temperadas com afeto. Afetados, então, enamorados ficamos. Como se não bastasse, seus textos são recheados por documentos, fotos e outras imagens. E o humor vai salpicando, na medida, a iguaria. Sem nos empanturrar, aguardamos, satisfeitos e curiosos, o próximo prato.
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Miguel (EGC) comentou:
07/02/2023
Que crônica! Eu conhecia pouco o Ivo Barbieri e o mestre Bessa, em poucas páginas, fez-me saber não apenas da sua trajetória, mas de todo o contexto em que ela se construiu, comum a muitos de nós em vários aspectos, ainda que uva e açaí se desencontrem nas cartilhas. Bom demais!
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Gloria Nogueira comentou:
06/02/2023
Conheci o Professor Ivo há poucos anos, num curso que ele deu na Casa de Leitura Dirce Riedel. Aulas inesquecíveis!
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Álvaro Caldas comentou:
06/02/2023
Obrgado pelo texto, Ribamar. Não sabia do livro. Tenho pelo Ivo Barbieri grande admiração, por sua sensibilidade, grandeza política, integridade e cultura. Fui seu assessor na Reitoria da UERJ. Criei um jornal para sua gestão. Adorava conversar com ele. Grande abraço
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Rosa Helena Mendonça comentou:
06/02/2023
Linda crônica. Era aluna do Ivo Barbieri na Faculdade de Letras, na Av. Chile. Ele desapareceu e depois soubemos que havia sido preso. Marlene de Castro Correia assumiu nossa turma. Anos de chumbo!
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comentou:
06/02/2023
Versão digital publicada em COMBATE - RACISMO AMBIENTAL. https://racismoambiental.net.br/2023/02/05/ivo-barbieri-o-sabor-da-leitura-por-jose-ribamar-bessa-freire/
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Lena Chianello comentou:
06/02/2023
Bom dia prof. Bessa! Fiquei encantada com a leitura de sua crônica que acabei publicando no meu LinkedIn: Recomendo a leitura da crônica: "Ivo Barbieri - O sabor da leitura", do meu querido prof. Bessa, de quem tive a honra de ser aluna na UERJ. Ler é um ato libertador. Precisamos estimular a leitura desde tenra idade, para que os sujeitos, quando adultos, possam dispor de ferramentas intelectuais que os emancipação nas mais distintas formas da existência humana. Tenham todos um bom dia e boa leitura! https://lnkd.in/dpsiQUqZ
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Sônia Virginia comentou:
06/02/2023
Oi, querido Bessa, há quanto tempo! Pra te dizer que achei o máximo o takiprati desta semana com o nosso Ivo. Seu texto, também é sempre saboroso pra quem lê. Vou comprar o LivRo. Beijo grande, saudades, Sonia
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Regina Nakamura comentou:
05/02/2023
Lindíssima essa crônica. Foi uma das mais tocantes que escreveste. Acho que é porque trataste de forma tão linda, dois temas que foram a minha vida: literatura e magistério
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Ana Maria Paiva comentou:
05/02/2023
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Valter Xeu comentou:
05/02/2023
PUBLICADO NO BLOG PATRIA LATINA - https://patrialatina.com.br/ivo-barbieri-o-sabor-da-leitura/
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Nuno Pereira comentou:
05/02/2023
Interessante a trajetória do Ivo. Do período na UERJ, eu conheço bem . Sempre convivi bem com ele que é um intelectual de valor. Gostei de sua crônica. Como sempre elaborada com talento e em português escorreito
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Dinah Ribas Pinheiro comentou:
05/02/2023
Querido amigo Zé Bessa. Todos os teus textos são para mim jóias literárias. Aqui em Curitiba, me delicio com o teu humor ferino mas elegante. Os comentários políticos são carregados de conhecimento e bom gosto. Esta matéria sobre Ivo Barbieri é deliciosa. Vou correndo comprar o livro.
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Luiz Pucú comentou:
05/02/2023
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Antony Devalle comentou:
05/02/2023
Interessante conhecer um pouco da história do Ivo Barbieri. Nome incontornável na Uerj, só o conhecia de nome. A vida dele dá um livro, como dizem. E deu. Vou buscar a obra. E vou conhecer, não só pela capa, a Casa de Leitura Dirce Côrtes, que sempre vejo. Quanto ao autor desse texto sobre o Barbieri, ele também é bom. À Bessa. Já que estamos diante de um descendente de italianos e de um amazonense, digo: a literatura é uma deliciosa macarronada, tendo como sobremesa açaí. Miam-miam.
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Joana Ferraz comentou:
04/02/2023
Excelente texto. Vou comprar este livro. Não conhecia as memórias de Ivo Barbieri.
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Ana Silva comentou:
04/02/2023
Excelente, sairei correndo para ler. Rsrs
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