. Um dia - ploft! - ele bate as botas. Nesse dia, o Tuta, chorando a morte do irmão, entra no hospital e pergunta: - “Ele morreu de quê, doutor?”. O médico sentencia: - “De Aparecida!”. Tuta se espanta: “De Aparecida?” O homem vestido de branco confirma: “É. A causa mor...
Sua mãe é Tukano, seu pai é Dessana. Ele é Dessana, do sib Kenhiporã, cujo significado em português é algo como “Filhos dos Desenhos dos Sonhos”. Puxou a identidade do pai, mas fala as duas línguas: a paterna e a materna. Nasceu em 1937, às margens do rio Tiquiê, afluen...
Era uma vez um diabo que não tinha fiofó... Eu já te contei, leitor (a), essa história do diabo que não tinha fiofó? Não? Ela circula nas aldeias indígenas do alto Rio Negro. A versão que conheço é a dos índios Tariana, também denominados de Taliaseri, e foi contada em ...
Era um gozador, embora não tivesse motivos para achar a vida engraçada. Nascera no lugar errado: a Colônia Oliveira Machado, um viveiro de arigós pobres na periferia de Manaus. E no ano errado - 1914 - justamente quando o preço da borracha começou a despencar, aumentand...
Éramos três amazonenses solitários exilados no Peru nos anos 1970: o titiriteiro Euclides Souza, o antropólogo Felipe Lindoso e este locutor que vos fala. A gente juntava as panelas aos domingos para comer "paiche" (pirarucu) ou "palometa" (pacu), comprados na Casa Char...
Era uma vez um peixinho da família Bodó. Ganhou o apelido de Cascudinho porque tinha escamas ásperas e duras que formavam uma espécie de capacete protetor em volta de seu corpo. Quando as águas do rio baixavam, ele cavava buracos nos barrancos e morava ali, quase como u...
O bodó Cascudinho sempre chegava atrasado na Escola do Igapó, frequentada pelos peixes da Amazônia. Foi lá que ele ganhou a fama de mentiroso, porque inventava histórias mirabolantes para justificar o seu atraso. Na segunda-feira, no primeiro dia de aula, eis o que acon...
Aconteceu, faz tempo, no bairro de Aparecida, em Manaus... Não, não! Deixa pra lá! É melhor não contar. Quem é que vai perder tempo ouvindo a história do Raimundinho Vinte-e-um, filho da dona Jati, que morava na rua Bandeira Branca? Um dia, seu vizinho, o velho Espiridi...
A fugaz convivência com mais de cem índios Yanomami e Ye’kuana, nessa semana, de repente me proporciona a doce sensação de que estou aqui no lago Caracaranã, para cumprir, embora sem igual competência, missão similar à do contador de histórias na sociedade Matziguenga. ...