CRÔNICAS

Márcio Souza: abrindo caminhos

Em: 12 de Agosto de 2024 Visualizações: 5660
Márcio Souza: abrindo caminhos

Yeba Buró celebra este filho / da terra – senhor da palavra / e da memória – que feito pássaro / partiu para a terra sem males. (Tenório Telles. Réquiem para Márcio Souza).

Márcio Souza, que faleceu em Manaus nesta segunda (12), abriu caminhos para a nossa geração. Ilustro aqui com dois episódios: um na França, outro em Manaus. Quando ele passou em 1972 por Paris, onde me encontrava exilado, fomos ver num dia de outono "O charme discreto da burguesia" que acabava de ser lançado. Depois, fizemos longa caminhada pela avenida Daumesnil. No momento em que entramos na Praça da Bastilha, ele me disse em tom provocador:

- Quem diria, hein? A Bastilha foi derrubada com ajuda de povos indígenas que viviam no Brasil.

Na hora, pensei que Márcio estava de gozação. Não estava. Ele me recomendou o livro "O Índio brasileiro e a revolução francesa" escrito em 1937 por Affonso Arinos, que queria saber de onde surgiu o ideário de igualdade, liberdade e fraternidade. Para isso, buscou os filósofos gregos. Mas foi nas descrições etnográficas de viajantes que, surpreso, encontrou a filosofia dos Tupinambá, cujo modo de vida fascinou os iluministas. Insuspeito, Arinos não simpatizava inicialmente com as culturas indígenas, que desconhecia.

Passou a conhecê-las, quando documentou a presença de indígenas na França, com quem através dos séculos, os humanistas e iluministas mantiveram contato, entre outros Montaigne, Voltaire e Rousseau. O intercâmbio sistemático com os Tupinambá se deu ao longo do período colonial. Raoni, o último da lista de caciques recebidos nos últimos cinco séculos pelos chefes de Estado, é condecorado no séc. XXI pelo presidente da França, Emmanuel Macron, com a Legião de Honra, a maior distinção concedida pela França aos que se destacam no cenário mundial. 

A Expressão Amazonense

No retorno do exílio, já em Manaus, nos reuníamos aos sábados, algumas vezes com o poeta Aldísio Filgueiras, com quem era unha e carne, para ler em voz alta trechos do livro A Expressão Amazonense, que só seria publicado um ano depois, em 1977, quando a ditadura empresarial-militar ainda mantinha seus dentes arreganhados. No meio das trevas, era uma lufada de inteligência e de liberdade, abria clarões, indicava caminhos a percorrer, iluminando as salas de aula da Universidade Federal do Amazonas, onde eu era professor. 

Durante sucessivos semestres, discuti o texto com os alunos, usei-o como um pastor usa a Bíblia. Mas no bom sentido. Com o senso crítico aguçado. Nada do que debatíamos dispensava consulta aos seus capítulos e versículos. Funcionava como um espelho, onde procurando, podíamos ver a nossa própria imagem. Seu último livro é dedicado a cinco amigos: a dois indígenas, a dois bispos e a mim, autor do prefácio. Trata-se de uma coletânea de textos sob o título "Amazônia Indígena", uma espécie de "A Expressão Amazonense II".

Com uma erudição de "rato de biblioteca", Márcio explorou livro a livro as estantes de Djalma Batista, que o perfilhou. Estabeleceu um diálogo com a produção científica sobre a Amazônia, reivindicando a centralidade da região, debatendo, polemizando e defendendo o lugar por ela ocupado na história. Transitou com desenvoltura por diferentes campos do saber, com enfoque interdisciplinar, que mergulha na filosofia grega e alemã, emerge entre os enciclopedistas, fica de bubuia e deságua na produção da literatura local.

Outro nome da Amazônia

Márcio olha a Amazônia com a ajuda de grandes pensadores. Mas vai além. Com olhos bem abertos para dentro e para fora da região, constrói a sua legitimidade para o debate, à maneira dos cronistas, não apenas a partir da leitura de livros, mas incorporando sua experiência pessoal na leitura da floresta, dos povos que nela vivem e das cidades erguidas dentro dela nos últimos quatro séculos.

Seu lugar de enunciação é o de um amazonense - muito mais que quatrocentão, um amazonense milenar – conhecedor das narrativas míticas que circulam na oralidade, dos sopros da criação e das histórias do vento que vêm da floresta, do rio e dos povos que aí vivem e navegam.

Traz para a ribalta, como protagonistas, os povos originários, "os únicos que haviam conquistado o status de uma cultura que falava em todos os níveis a linguagem da Amazônia" e que foram capazes de criar um padrão da Cultura da Selva Tropical. Incorpora as principais conclusões da arqueologia e da etnolinguística para dar conta das sociedades de caçadores e de coletores, até a formação dos primeiros agricultores que domesticam plantas e fazem experimentos em sintonia com os ecossistemas.

Registra também as narrativas míticas que se mantém vivas e que tratam da origem do mundo, do nascimento dos homens, das aventuras de Jurupari e outros heróis civilizadores, assim como as histórias de conteúdo profano, erótico ou cômico, com suas articulações dramáticas e seu encanto sensorial.  

Juntos, com outros companheiros, fundamos o PT-AM, em 1980, quando foi aprovado documento escrito a quatro mãos por mim e por ele intitulado O PT e a questão indígena, que teve duas edições.  As teses ali apresentadas foram discutidas, em São Paulo, em dois encontros nacionais: no Colégio Sion, quando assinamos o manifesto; e no Instituto Sedes Sapientiae, quando votamos programa, estatuto e plano de ação do partido, que incorporou reivindicações indígenas: a demarcação da terra e a autodeterminação dos povos originários.

A luta indígena

Juntos, contribuímos com o jornal Porantim em defesa da causa indígena. Somos coautores também com Mário Juruna, Megaron e Marcos Terena do livro “Os índios vão à luta” editado, em 1981, por Felipe Lindoso e Maria José Silveira, onde consta a situação demográfica e jurídica, assim como a política indigenista oficial, a integração forçada, a organização e a resistência.

No seu último livro, Márcio faz um balanço do processo colonial: violência, escravidão, catequese, guerras "justas", mas também a resistência dos Tupinambá em Belém, dos Manau, Baniwa, Mura e Baré e outros povos na área do Forte de São José da Barra, além de centenas de rebeliões. Ele profetiza:

- "A Amazônia índia é um anátema: um purgatório onde culturas inteiras se esfacelam no silêncio e no esquecimento. E quando esta entidade heroica e sofredora deixar de existir, será necessário encontrar outro nome para o vale: já não teremos mais Amazônia".

Mas a Amazônia resiste. Algumas rebeliões, de um passado recente, o autor ouviu pela primeira vez da boca de seu pai Jamacy, linotipista em vários jornais e sindicalista combativo que, em 1964, punido pela ditadura, foi trabalhar como coletor de rendas em Santo Elias do Airão, onde circulavam histórias de caçadores de índios e de massacres dos Baré e dos Waimiri-Atroari. Chocado com a brutalidade dos embates, Jamacy as recontou em sua casa aos filhos. Fez isso em memória de indígenas perseguidos e massacrados.

Dona América

Essas narrativas, bem como a resistência contra o poder colonial e contra a ditadura, estão presentes no livro, que não poderia ter sido escrito sem o trabalho realizado pelo grupo de Teatro Experimental do SESC do Amazonas, que encenou entre outras peças A Maravilhosa História do Sapo Tarô-bequê, A Paixão de Ajuricaba, Dessana Dessana, Tem Piranha no Pirarucu, As Folias do Látex e tantas outras obras teatrais, que Márcio escreve e colocou em cena.

Sempre muito discreto, Márcio quase nunca cita a mãe e o pai nos seus textos e entrevistas. No prefácio de Amazônia Indígena intitulado Uma árvore derrubada, uma palavra suprimida, tomei a liberdade de mencionar, além do pai, uma outra América, dona América, a mãe, chamando a atenção para o fato de que ela sabia escutar essas histórias.

Marcio me contou que leu o prefácio para a mãe, deixando-a muito emocionada com a homenagem a ela, uma amiga muito querida.  Duas semanas depois, dona América faleceu aos 92 anos. Agora foi a vez do Márcio, o tempo todo sempre à frente de todos nós, na vida como na morte. A ele, o preito e o pranto do Taquiprati, que perde um interlocutor, um admirador, um parceiro, um irmão, um amigo.

O Brasil perde um pensador original. Em nota de pesar divulgada pelo Palácio do Planalto, o presidente Lula ressaltou que Márcio “discutiu em sua obra, formada por quase 40 livros, o papel social do escritor e cineasta durante o regime militar e sua contribuição para a cultura nacional”.

Réquiem para MÁRCIO SOUZA

Tenório Telles

A manhã cinzenta

e silenciosa emudeceu

os pássaros não cantaram

o sol fechou os olhos

e deferência ao senhor

da memória da terra:

dos refolhos do tempo

ouvem-se os cantos dos silenciados

dos mortos sem sepultura

dos heróis anônimos dos beiradões:

dos que lutaram pela terra

dos que lutaram pela fé

dos que lutaram pelos seus deuses

dos que lutaram por suas histórias

milenares – por seus amores martirizados

onde o canto guerreiro de Ajuricaba:

quem celebrará seu amor por Inhambu

quem cantará o canto de sua gente

quem lembrará sua causa

e seu amor pela liberdade

quem tecerá a poranduba

perdida dos povos esquecidos:

tarumãs, passés, Manaus

todas as gentes desterradas –

órfãs da grande utopia ameríndia

do sonho de Buopé

do sonho de Conory

do sonho de Maruaga

do sonho da grande rainha

Amurians e suas mulheres guerreiras

de dentro da noite da memória

Yeba Buró entoa um canto triste

lamentoso pela partida

daquele que deu voz aos mortos

e proscritos da pátria das águas

dos martirizados da floresta

a grande senhora do céu

a grande avó do tempo

a grande criadora do mundo

Yeba Buró celebra este filho

da terra – senhor da palavra

e da memória – que feito pássaro

partiu para a terra sem males.

Manaus, 12.08.2024.

Referências:

1, Márcio Souza. Amazônia Indígena. Rio. Record. 2015.

2. Márcio Souza, José Ribamar Bessa, Mário Juruna, Megaron, Marcos Terena: Os índios vão à luta.  Coleção 2 pontos.Rio. Editora Marco Zero. 1981

3.Taquiprati. Os índios e a queda da Bastilha. 28/02/2016 https://www.taquiprati.com.br/cronica/1254-os-indios-e-a-queda-da-bastilha-en-espa

4. Taquiprati. Márcio Souza: A Amazônia Indígena. 25/10/2015

https://www.taquiprati.com.br/cronica/1168-marcio-souza-a-amazonia-indigena-espa

5. Taquiprati. Índios do deserto: Fragmentos de tempos vividos.  https://www.taquiprati.com.br/cronica/1683-indios-do-deserto-um-fragmento-de-tempos-vividos

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47 Comentário(s)

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Pedro Penido D. Guimarães comentou:
27/08/2024
Grande Marcio, vivas!!! Belo texto, belas lembranças e homenagens.
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Eunice Dias de Paula comentou:
25/08/2024
Pois é...um escritor do quilate de Márcio Souza falece e a mídia televisiva dá um destaque mínimo....Ainda bem que houve essa homenagem em Manaus! Viva Márcio
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Eliana Castela comentou:
25/08/2024
Teve poema de Tenório Telles, excerto da crônica de José Bessa: Réquiem para MÁRCIO SOUZA - Tenório Telles (colhido da crônica Márcio abrindo Caminhos, de Bessa Freire.
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Flávio (EGC) comentou:
24/08/2024
Uma blz de textos. Já conhecia o “Amazônia Indígena “ excelente vou buscar os outros de sua recomendação. Viva nosso bravo Márcio Souza Presente em nossa história de lutas pela liberdade. Obrigado Companheiro, ainda que tardio.
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Celia Maria comentou:
21/08/2024
Fez-se silêncio na Amazônia.
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George Tasso comentou:
20/08/2024
Tristeza imensa, fui ao velório para despedir-me e abraçar o irmão dele, o querido Ameci
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Mara Kambeba comentou:
20/08/2024
Que informação maravilhosa sobre a Amazônia Indígena professor!
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Tamar de Castro comentou:
20/08/2024
Tamar de Castro. Riba, vc não enviou o texto sobre a parte referente à Manaus. Tenho admiração pela obra do Márcio que foi muito comentada no Rio nos idos de 60/70. Esse pássaro de grande voo abriu a sensibilidade do olhar de muitos jovens para essa região - espero que sua obra seja reeditada, nessa hora em que toda a Amazônia e seu entorno estão no coração e na cobiça do mundo. A foto de capa do livro que ilustra seu texto do Takiprati é do último dele? Eu ainda não conhecia, mas vou procurar logo na Travessa. Obrigada por ter me enviado a notícia e tudo mais.
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Emilio Galland comentou:
18/08/2024
Mantra para o Márcio: Om Mani Padme Hum Hiri!
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Eliana comentou:
16/08/2024
A crônica faz um "passeio" pela vida do Márcio. Para quem o conheceu, as palavras fazem passar um filme, para quem não o conheceu é a oportunidade de saber da sua importância, sua contribuição para quem tem interesse pela Amazônia. Ocorre de forma não rara, o fato de muitas pessoas conhecerem alguém que deixa grande contribuição, só depois que elas morrem. Tomara que a crônica ecoe.
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Anne Marie Milon Oliveira comentou:
16/08/2024
Que maravilha de crónica ! Aprendi muito.amigo.e.seu texto me deu ainda mais vontade de saber da luta dos nossos índios. Obrigada!
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Llyr de Llyr comentou:
16/08/2024
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Marcia Antonelli Santana comentou:
16/08/2024
Justo. Márcio Souza foi um grande escritor amazonense. Sua literatura é universal. Tive o privilégio de entrevista-lo. De ler suas obras.
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Susana Grillo comentou:
16/08/2024
Homenagem merecida. Márcio Souza foi muito comprometido com o Amazonas.
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Mauricio Negro comentou:
15/08/2024
Puxa vida... Tive o privilégio de passar momentos inesquecíveis com ele em Frankfurt, quando fomos convidados do Ministério da Cultura para a Feira do Livro. Um mestre e um autor formidável, sem dúvida. Era um entusiasta do Festival Amazonas de O?pera, que este ano foi cancelado.
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Joana D Arc Fernandes Ferraz comentou:
14/08/2024
Nessa lindíssima homenagem do amigo José Bessa ao seu amigo Márcio Souza podemos conhecer um pouco mais a nossa história.
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renan freitas pinto comentou:
14/08/2024
Perdemos com a partida de nosso amigo Márcio Souza, o espírito mais lúcido e a inteligência mais crítica e irônica que nos iluminou durante toda a nossa convivência, não somente através de seus inspirados romances e peças de teatro, mas como autor de artigos e palestras, necessários para compreendermos a complexidade da Amazônia. Djalma Batista, no momento certo, anotou que com Márcio Souza a literatura do Amazonas ganha um nome digno de representá-la no âmbito da literatura brasileira. Um outro reconhecimento que não podemos esquecer foi o da Universidade Federal do Amazonas em conceder-lhe o justo título de Doutor Honoris Causa com o qual a própria Universidade se enriquece. A sua ausência será muito sentida por todos nós.
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Juarez Silva (Manaus) comentou:
14/08/2024
Como sempre, em cativante e fluido texto, a bela homenagem com a propriedade de um verdadeiro amigo de longa data, emociona e informa. Meus sentimentos pela perda e que ele em paz descanse.
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Joana D'Arc Fernandes Ferraz comentou:
14/08/2024
Que lindeza de texto, expressão da grandeza de Márcio e da força dessa amizade. Meus sentimentos!
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Marta Azevedo comentou:
14/08/2024
Que linda homenagem em reverência ao Márcio de Souza. Muito triste essa partida rápida. E quantas coisas eu aprendi com os livros dele e ontem com aua crônica!! Muita força; céu mais estrelado e sábio…. Abração
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Beatriz Bissio comentou:
13/08/2024
Excelente homenagem, José!! Uma grande perda. Parabéns pelo texto! Forte abraço,
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Paulo Suss comentou:
13/08/2024
Muitas boas lembranças e saudade com o falecimento do Márcio. Reli o prefácio que ele me escreveu para meu livro "Do grito à canção" e fiquei comovido. Deus, de quem ele tinha algumas dúvidas como nós todos, o tenha na sua sabedoria, poesia e justiça! Um abraço Paulo S.
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HANS ALFRED TREIN comentou:
13/08/2024
Caro Bessa, bela crônica. Conheci Marcio Souza, através de "Galvez, imperador do Acre", ainda jovem, um primeiro contato literário com a Amazônia que mais adiante iria conhecer presencialmente. A participação de indígenas brasileiros na concepção da revolução francesa é um bonbon de primeira! Abraço, Hans
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Judite Rodrigues Pucú comentou:
13/08/2024
Não conheci Márcio Souza, mas li seus livros mais antigos a partir de " Tem Piranha no Pirarucu" .Lembro dele muito jovem estudante, salvo engano,do Colégio Brasileiro. O intelectual partiu, mas deixou uma história de vida exemplar para os vivos desse planeta. Sinto.saudades do Márcio Souza.
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Aurelio Michiles comentou:
13/08/2024
Comovente e esclarecedora homenagem ao inesquecível Márcio, a sua ausência muito nos fará falta, mas ainda bem que ele nos deixa um legado, um potente relato amazônico.
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Maria Claudia Badan Ribeiro comentou:
13/08/2024
Márcio foi referência escolar para mim. Muitos anos depois já adulta pude acompanhar com surpresa e admiração sua Sessão de Anistia no Rio de Janeiro. Anos depois, entrevistei Marilza De Melo Foucher Fouchet em Paris que fez parte junto dele - e por óbvio de José Bessa -autor deste belíssimo texto- de um grupo em defesa da Amazônia, nos idos da ditadura. A causa ambiental estava longe de ocupar as preocupações dos movimentos revolucionários em voga, mesmo a Amazônia sendo estratégica para a ditadura. Por ela, os índios viram suas terras invadidas e arrasadas, a floresta atingida por desfoliante napalm, a destruição de suas áreas pelo garimpo ilegal, o uso mediante a violência de povos como " mateiros" a serviço da repressão, da tortura e da morte. A cena da Guarda Rural Indígena encontrada por Marcelo Zelic é sempre chocante de olhar...assim como chocante é ler sobre o CIGS comandado por Teixeirão, que dando " instrução na selva", ensinava a realizar o extermínio calculado. Fiquei muito triste mesmo sabendo de seu falecimento ontem no início do dia. Aquela sensação de que vamos ficando mais sós, quando perdemos os grandes. Li seus livros, li os documentos que a repressão produziu sobre ele e o vi lutando pela sua Anistia, luta que não era só dele. O outro que partiu neste mesmo dia, já foi tarde...
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Evelyn Orrico comentou:
13/08/2024
Bessa, vc é D+ É a verdadeira testemunha ocular e auditiva da história. Vc conhece Deus e mais alguns, além de um senso de oportunidade incrível, para alguns seria sorte, o que prefiro denominar de sensibilidade aguçada, para sempre estar em momentos delicados da trajetória civilizatória, abençoado com uma memória invejável
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Ângela (FNCC) comentou:
13/08/2024
Foi ele, Márcio, que chamou os debates para construção do PT. Antes da Fundação propriamente dita e o Ribamar Bessa também. E nosso grande companheiro José Barroncas Entre outros companheiros para não ser injusta. Foram 4 reuniões anteriores para fazer o PT. A Estadual e a Nacional deveriam fazer uma grande homenagem a ele.
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Elaine Meneghini comentou:
13/08/2024
Linda, emocionante comovente merecida homenagem. Eu às lágrimas. Meus profundos sentimentos
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Gleice Antonia. comentou:
13/08/2024
Gostei demais, na verdade me emocionou e não seria diferente vindo de você e se tratando do Márcio, de quem é (no presente), do que pensou e produziu ao longo da vida e do quanto impactou a nós todos que tivemos acesso a ele e à sua obra.
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João Pinduca Rodrigues comentou:
13/08/2024
Cara Babá Bessa, meu amigo. O mais próximo que cheguei do inesquecível Márcio Souza foi quando ele escreveu "A resistivel ascensão do Boto Tucupi", com referência, claro, ao GM. Gilbertista, redigi numa página inteira de AC, com ilustração do saudoso Miranda, num contraponto ao título do livro do Marcio, "Gilberto, a resistivel ascensão do Boto". A charge do Miranda era de quatro ou cinco colunas do jornal, com GM cavalgando um boto entoando o famoso "ô, ô, ô" que ontem comemorou 28 anos de existência. Pois, se falei com nosso querido Márcio duas vezes foi muito. Mas, foi hoje pela manhã que li uma das notícias mais ruins nos últimos tempos, creia! Participo da tua tristeza e espanto. Não sabia da irmandade entre vocês... Aquele abração amazônico e carinhoso pra você Babá! PS: te envio esta frase do Márcio que me impactou: "às vezes nos perdemos no meio de um sonho, tão bonito que esquecemos de acordar e não encontramos o caminho para a sonhada realidade"
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Valter Xeu comentou:
13/08/2024
PUBLICADO EM PATRIA LATINA,.https://patrialatina.com.br/marcio-souza-abrindo-caminhos/
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Maria de Lisieux Amado comentou:
13/08/2024
Que texto irretocável. Márcio Souza um dos maiores intelectuais e escritores contemporâneos deixou uma obra majestosa. Sempre irreverente. Profundo conhecedor e pesquisador da Amazônia. Gostei quando lhe disse em Paris mirando a Bastilha: quem diria a Bastilha foi derrubada com a ajuda dos povos indígenas que moravam no Brasil. GRATIDÃO por tão belo texto.
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Renato Athias comentou:
13/08/2024
O Museu Judaico de São Paulo lamenta o falecimento do escritor amazonense Márcio Souza, que nos deixou aos 78 anos. Descendente de judeus sefaraditas, o jornalista foi Ex-Presidente da Funarte e do Conselho Municipal de Cultura de Manaus, além de escritor residente nas Universidades de Stanford e Austin. Sua obra é profundamente conectada à história e cultura amazônicas, e não só desempenhou um papel crucial na literatura brasileira, como também na difusão do conhecimento e tradições do norte do país. Lembramos aqui a participação de Márcio Souza na primeira edição do nosso Festival Literário (FliMUJ), em 2022, quando ele e Lira Neto comentaram a participação dos judeus sefaraditas na história das Américas desde o século 17. O jornalista também esteve conosco nas Jornada Judaico-Amazônicas, como convidado em mesas em São Paulo e em Manaus. Que sua memória seja uma benção.
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Cláudio Muniz comentou:
13/08/2024
Li o livro dele mad maria há 4 meses e mostrei para você e você me disse que ele era seu amigo …. Putz … li o livro com ele ainda em vida … Deus me deu a oportunidade de prestar a ele uma homenagem lendo o seu livro , ainda que a homenagem tenha vindo de um desconhecido para ele . Grande abraço profe . Mais uma vez meus sentimentos
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Célio Cruz comentou:
13/08/2024
Estudei o livro Expressão Amazonense nos anos 80, na FACED, Mestre @Jose Bessa. O Márcio fez parte fundamental da minha formação. Além de tudo, eu sempre fui apaixonado pelo Sapo Tarô Bequê.
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Judite Maria Batrboza comentou:
13/08/2024
Grande Escritor, deixa uma bela contribuição
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José Seráfico comentou:
13/08/2024
Postado hoje. Obrigado, amigo Babá! Bom dia! NA ONDA, NA GÁVEA. https://www.nagavea.com.br/na-onda
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Edila Moura comentou:
13/08/2024
Obrigada José Bessa pela bela aula sobre Marcio Souza. Nossa eterna referência aos caminhos por ele abertos. Viva Márcio Souza!
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Maria Jose Silveira comentou:
13/08/2024
Bessa, querido, lindas as suas palavras sobre nosso amado Márcio e a cultura indígena. Me emocionou muito aqui. E vc disse bem: até na morte ele abriu nosso caminho. Um grande beijo.
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Francine Tapajos comentou:
13/08/2024
Tristeza pela perda dele e o imensurável
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Eva Seiberlich comentou:
13/08/2024
Lamentável. Grande perda. Tenho o livro dele. Uma grande referência.
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Ana Paula Silva comentou:
13/08/2024
Bom dia. Meu Deus, que tristeza. As pessoas boas estão partindo... Sabe, adoro esse gênero de crônicas tuas. São simplesmente as mais lindas. Acho que a razão é a tessitura das tuas experiências, memórias e sentimentos que são bem alinhados por meio de palavras. Imagino que você está bem abalado com essa perda. Ouvi, por diversas vezes, você falar sobre o Márcio. Que Nhanderu o receba com carinho. Tuira, Márcio Souza... Parece mesmo que o mundo está se despedindo das pessoas mais brilhantes. Só Nhanderu
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Falcão Vasconcellos comentou:
13/08/2024
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Tenório comentou:
12/08/2024
Boa noite, professor. Não é incrível isso, nosso kumu da palavra não resistiu às contingências do tempo.
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Sirlene Bendazzoli comentou:
12/08/2024
Uma perda tão profunda, todos que amam a amazônia, sua natureza e seus povos ficaram órfãos de sua voz, suas palavras. Que nunca sejam esquecidas.
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Bete Mendes comentou:
12/08/2024