CRÔNICAS

Medo da guerra: de Ivã, o Terrível a Putin, o Horrível

Em: 06 de Março de 2022 Visualizações: 6836
Medo da guerra: de Ivã, o Terrível a Putin, o Horrível

"Na guerra, com disparos de bombas e fake news, as únicas verdades são apenas duas: a vida e a morte" (Euclides Coelho de Souza, Teatro de Bonecos Dadá. 2022)  

Angustiada, uma ex-aluna telefona para me perguntar se a ameaça de Putin de usar armas nucleares é pra valer. “Será o fim do mundo” – ela geme. Abro o jogo: “Valéria, não entendo porra nenhuma de política internacional ou de geopolítica e muito menos de armas. Exceto alguns especialistas, ninguém entende, mas uns entendem menos que outros. É o meu caso”. Tento acalmá-la, lembrando Os Comungantes (1963), filme de Bergman, lançado durante a crise dos misseis russos em Cuba e dos testes nucleares da China.  

O cenário sombrio em branco e preto retrata um vilarejo rural da Suécia com neve, árvores sem folhas e falta de luz solar, que justificam o título Luz de Inverno dado no seu relançamento. O pescador vivido por Max von Sidow entra em parafuso ao ler nos jornais que a China possui bomba atômica e pode usá-la a qualquer momento. O planeta inteiro está condenado a desaparecer e, nesse contexto, sua própria vida perde sentido, não vale mais nada. Desbussolado, melancólico, entra em profunda depressão. Emudece. Literalmente. Sua mulher o leva à igrejinha para curá-lo, mas o pastor, mergulhado numa crise de fé, não consegue fazê-lo falar.

Se a “guerra fria” criava medo, adoecia e emudecia as pessoas, imaginem a “guerra quente” da Ucrânia com seus desdobramentos fúnebres, que agora assistimos ao vivo. Por isso, hoje, os “pescadores suecos” em silêncio são muitos. Afinal, quem tem pescoço francês, tem medo. 

Emputecímetro

Para tentar entender a tragédia de uma guerra nuclear, passei a ler vorazmente tudo que caiu em minhas mãos: artigos, comentários e reportagens proveniente de horizontes discrepantes. Nesta guerra de fake news que pululam em jornais e nas redes sociais é difícil separar o joio do trigo. Ainda assim, seleciono textos. Não envio à Valéria, para evitar apavorá-la ainda mais, o artigo que psiquiatriza o comportamento de Putin intoxicado e transtornado pela “síndrome de húbris” e nem o outro que cita o uso por ele de cortisona em doses elevadas, o que compromete sua estabilidade mental, situação aterradora se sabemos que ele pode apertar o botão e explodir o planeta.

Um fato, porém, ninguém contesta: o exército russo invadiu a Ucrânia. Não foi a Ucrânia que invadiu a Rússia. No entanto, os que criticamos a carnificina promovida pelos invasores, somos acusados de russofobia e de estarmos a favor dos Estados Unidos e da OTAN. Será?

Digo que se houvesse um “emputecímetro” para medir o grau de desaprovação ao imperialismo americano, desde a época da guerra do Vietnã, com certeza eu atingiria o grau máximo. Em quantas passeatas gritei Yankee go home? É isso que me leva a manifestar igual horror diante de tantas mortes e dos escombros causados pelas tropas russas, denominadas equivocadamente de “exército vermelho” por alguns saudosistas, o que fez chacoalhar os ossos de Lenin e de Trotsky. Nas redes sociais, alguém tenta desqualificar minha postagem com um “argumento” primário, repetindo lenga-lenga que viralizou:

- Você não pode falar contra a carnificina na Ucrânia, porque se omitiu no massacre de crianças por militares ucranianos em Donetsk em 2014.

Dou o troco: - Cara, eu já havia ouvido falar em Quixeramobim (CE) e Urucurituba (AM), mas nunca em Donbass e Lugansk. Aliás, você que me interpela, embora não o diga, também se omitiu. Ambos, por pura desinformação e não por apoiarmos crimes bélicos contra os quais lutamos. Entendo tal cobrança se dirigida aos EUA, que “condenam uma política praticada por eles mesmos com a Doutrina Monroe, usada para derrubar pelo menos uma dúzia de governos”, como denunciou o senador Bernie Sanders. Mas é desonestidade intelectual tentar calar assim alguém de quem se discorda, ainda mais sendo do mesmo campo político.  

O Império russo

Não mudei de lado, quem mudou foi o Putin que abraçou para o mundo eslavo o equivalente à Doutrina Monroe dos EUA, responsável pela anexação de territórios e pelo desrespeito à soberania dos estados nacionais.

Afinal, “Quem provocou o conflito?” indaga Breno Altman na Folha de SP (01/03/2022). Ele mesmo responde: Foi “a Casa Branca, apoiada por vassalos europeus” que “empurrou Vladimir Putin ao caminho das armas, fechando as portas diplomáticas”. Sua lógica é similar à do machismo cínico que absolve o estuprador e culpabiliza a mulher de minissaia “que o seduziu” porque queria vê-lo punido. Segundo Altman, a Casa Branca “provocou a guerra para justificar sanções econômicas draconianas que quebrem a Rússia e, de preferência, afetem as finanças de Pequim”.

Ou seja, a Casa Branca forçou o Kremlin a matar e esfolar os ucranianos. O pobre Putin, sem alternativa – coitado! – atacou a Ucrânia contra sua vontade e dessa forma colaborou com a OTAN, justificando assim as sanções econômicas. Francamente, além de zombar da nossa inteligência, isso enfraquece a crítica contundente que devemos fazer ao imperialismo americano.   

As razões da invasão alegadas por Putin são de ordem histórica, cultural, linguística e ideológica, mas a motivação econômica é camuflada. Ele abriu seu discurso na TV destacando laços espirituais entre russos e ucranianos. A “Rússia de Kiev”, berço do povo conhecido como “rus”, falava uma só língua – o eslavo oriental – que com o domínio tártaro-mongol no séc. XIII deu origem às línguas russa, ucraniana e bielorrussa, assim como do latim vulgar derivaram línguas diferentes como o português e o espanhol ou mais próximas como o galego e o português.

A reunificação do Império Russo começa com Ivan, o Terrível que toma emprestado, em 1547, o título de “César” dos Imperadores Romanos para denominar os monarcas russos de “tzar”. Dizem os entendidos que o epíteto “Terrível” (Grozny) não significa necessariamente “malvado”, mas “perigoso”, “ameaçador”. Ele inicia a reconquista do território da Ucrânia, que se prolongou por etapas nos séculos XVII e XVIII. Durante os 370 anos do período czarista (1547-1917), a língua ucraniana foi perseguida e até proibida, mas ressurge com força no séc. XX como símbolo de identidade e resistência.

Mir e Myr

Agora, esse passado comum é usado por Putin, o Horrível, como desculpa esfarrapada para a guerra imperialista contra a Ucrânia, cujo território tem colossais reservas de lítio e produz fertilizantes, grãos e frutas para exportação. Dizem os entendidos que o epíteto “Horrível” (Vonytuchiy) não significa “horrendo” ou “cruel”, mas “fedorento”, “bárbaro”. Putin não encontra limites em sua tentativa de restaurar o império tzarista:  censura as mídias sociais e a imprensa, prende manifestantes e opositores, reprime gays, lésbicas e casamento de homossexuais. Os impérios e os imperialismos se equivalem.

Com humor, uma amiga disse esperar que Portugal não use as mesmas justificativas para invadir o Brasil: a língua de ambos os países é a portuguesa; historicamente os portugueses comandaram o nosso país durante quatro séculos, até mesmo depois da Independência; os nossos sobrenomes são lusitanos e ainda por cima, posto que Bozo é fascista, o exército luso pode usar a alegação do Kremlin de que quer combater o nazismo. Aqui no Brasil, os portugueses seriam aplaudidos. Mas se tais critérios forem usados para uma “operação militar especial na Galícia” (tucanaram a guerra), lá encontrará a resistência férrea das tropas comandadas pelo general Xoán Lagares.  

Nos anos 60, Nikita Kruschev escandalizou a Assembleia Geral da ONU, quando confessou que a União Soviética queria conquistar o mundo. Em russo, a palavra `mir` significa `mundo` ou `paz`, dependendo do contexto. E o que ele havia dito era que queria conquistar a paz.

A palavra “paz” ou “mundo”, se transliterada do alfabeto cirílico para o romano, é grafada “mir” em russo e “myr” em ucraniano. O curioso é que ela faz parte dos nomes dos dois presidentes que são xarás: o do país invadido - Volodymyr Zelensky e o do país invasor - Vladimir Putin, que se investiu do poder de decretar autocraticamente que a Ucrânia não constitui uma nação, é uma invenção.   

Diga lá, querida Valéria, qual o “mir” do Vladi Putin? Ele quer a paz ou quer o mundo?

P.S. (Foto de Elena Mazzoni da Refundação Comunista)Agradeço a interlocução com Astrid Lima, que mora na Itália e que neste sábado, em Roma, desfilou com milhares de manifestantes, cantando “A paz não se faz com bombas. É tempo de paz, é tempo de cura”. A Bandeira da Paz, com 30 metros de comprimento, era movida em ondas, com crianças brincando debaixo dela. Palavras de ordem eram repetidas contra a invasão de Putin, pela autodeterminação da Ucrânia, contra a expansão da OTAN. Imagens do Che Guevara lembravam seu “Discurso de Argel” em 1965 criticando a então União Soviética. Um cartaz anunciava: - "O que é a Rússia hoje? É a KGB sem o socialismo". Ah, o bairro de Aparecida tinha que entrar nessa história: lá é o berço da Astrid.

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38 Comentário(s)

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Juliana Caldeira comentou:
21/03/2022
Bom dia. Meu nome é Juliana e tive aulas com o senhor em 2005 na UNIRIO ( curso de pedagogia). Posteriormente fui para a UERJ, mas nao nos encontramos mais. Atualmente leciono em EDI no Rio e na Sala de Leitura em Mesquita e, neste último, gostaria de fazer um projeto sobre os Jacutingas... Estou tendo dificuldades de achar material sobre eles, o senhor poderia me ajudar?
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Francisco César Manhães comentou:
13/03/2022
O problema não são os argumentos a favor ou contra, o problema é argumentar fazendo um jogo de culpas como se justificasse algo. Para os cadáveres isso importa pouco, para os vivos também não deveria importar. Os acertos são indesculpáveis, os crimes é que têm as melhores desculpas.
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Malu Alves Ferreira comentou:
11/03/2022
Pela primeira vez fiquei muito chocada com esse artigo do Bessa, amigo querido dos tempos de fora . Até parei de ler, realmente chocada. E que fique claro que não estou defendendo Putin, mas estou, sim, querendo entender o que está acontecendo e acho que é o que todos deveríamos fazer.
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Verenilde Pereira comentou:
11/03/2022
Caro Bessa, lendo seu texto lembrei de Marilena Chauí que anos atrás afirmou ter dispensado a leitura da mídia para que pudesse pensar, refletir. À época achei estranha essa posição, até inadequada. Hoje compreendo ainda mais tal postura. No caso da cobertura dessa guerra, Também caímos no risco de sermos vítimas das fake news e nos tornarmos estúpidos, desinformados e até cúmplices ao nos posicionarmos de forma inadequada e criminosa em consequência da desinformação/manipulação.. Eu deixei de ouvir alguns comentaristas que até recentemente respeitava quando tratavam de assuntos locais. Nessa cobertura sobre a guerra percebi que são guiados pela paixão ideológica e isso os leva a também mentir, conscientemente ou não, quando forçam justificar tamanhos crimes oferecendo um contexto injustificáve . Portanto, já não me interessa o que dizem, acho até perigoso. Prefiro os fatos, tentando lidar com eles ou com os que tentam se preservar e preservar o pensamento e atos de loucuras tão cruéis.
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Harald Pinheiro comentou:
10/03/2022
Como sempre um excelente texto e uma análise oportuna do conflito que é amplo do que desenha a mídia simplista. Obrigado por compartilhar Bessa
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Rodrigo Octavio comentou:
10/03/2022
Professor, vc viu o Celso Amorim na Folha SP? O ex-chanceler, que hoje assessora Lula na política externa, condenou de forma contundente e chamou de “erro, sem justificativa” a invasão da Ucrânia pela Rússia. Reproduzo aqui o texto da FSP: “As declarações representam uma mudança quanto à reação inicial do PT à guerra, em que fez apenas apelos pela paz, sem repudiar de forma direta a invasão. "Sou contra o uso unilateral pela força. Não posso condenar a invasão dos EUA pelo Iraque e aceitar outra invasão", afirmou. "Essa é a ideia básica da ONU, de que a guerra não pode ser a maneira de buscar mudança nas relações internacionais". Nos dias iniciais da guerra, lideranças do PT e de outras legendas de esquerda colocaram grande parte da responsabilidade pelo conflito na Otan, aliança militar do Ocidente, e nos EUA. Desde então, no entanto, as imagens de destruição na Ucrânia geraram um forte sentimento de empatia na comunidade internacional com o país invadido, e de repulsa com relação à Rússia. Além disso, sanções internacionais numa escala inédita isolaram o regime de Vladimir Putin. Na live, Amorim disse que as preocupações da Rússia com relação à expansão da Otan e a segurança de comunidades pró-Moscou na Ucrânia são legítimas, mas não podem ser usadas como argumento para apoiar a guerra. Ele afirmou que Putin não agiu de forma racional ao ordenar a invasão. "Sempre admirei o Putin como grande jogador de xadrez. Mas uma coisa que não se pode permitir é se deixar levar pela emoção. No caso da Ucrânia, a emoção pesou um pouco", afirmou o ex-chanceler. Amorim afirmou ainda que não se pode citar como precedente ações militares dos EUA, como tem feito parte da esquerda. "Não dá para justificar dizendo que os EUA fizeram 20 vezes. Mas fizeram 20 vezes errado".
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Rui Martins Observatório da Imprensa comentou:
09/03/2022
Publicado no Observatório da Imprensa. https://www.observatoriodaimprensa.com.br/guerra/sexo-e-morte-na-guerra-da-ucrania/, Essa questão da invasão de um país soberano e independente, sem a consumação de uma provocação ou ameaça, já foi condenada pela ONU, inclusive com o voto do Brasil, mas provocou uma divisão dentro da esquerda brasileira. Para exemplificar, me sirvo de duas reações antagônicas de esquerdistas publicadas em regiões bem distantes. Uma publicada no blog Taquiprati (cujo título sintetiza o gesto de dar uma banana com os braços) em Manaus (Diário do Amazonas), pelo jornalista Bessa Freire (que vivia em Paris, onde o conheci, na época da ditadura militar), citando de uma interpretação feita pelo jornalista Breno Altman, na Folha de S.Paulo, que compartilho: “Quem provocou o conflito?” indaga Breno Altman na Folha (01/03/2022). Ele mesmo responde: Foi “a Casa Branca, apoiada por vassalos europeus” que “empurrou Vladimir Putin ao caminho das armas, fechando as portas diplomáticas”. Sua lógica é similar à do machismo cínico que absolve o estuprador e culpabiliza a mulher de minissaia “que o seduziu” porque queria vê-lo punido. Segundo Altman, a Casa Branca “provocou a guerra para justificar sanções econômicas draconianas que quebrem a Rússia e, de preferência, afetem as finanças de Pequim”. Ou seja, comenta Bessa Freire, “a Casa Branca forçou o Kremlin a matar e esfolar os ucranianos. O pobre Putin, sem alternativa – coitado! – atacou a Ucrânia contra sua vontade e dessa forma colaborou com a OTAN, justificando assim as sanções econômicas. Francamente, além de zombar da nossa inteligência, isso enfraquece a crítica contundente que devemos fazer ao imperialismo americano.” Esse exemplo dá uma ideia geral do clima dentro da esquerda brasileira. Rui Martins é jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes,
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Vera Nilce Cordeiro Correa (via FB) comentou:
07/03/2022
Eu nao vou discutir sobre o assunto , não por concordar com a guerra mas por entender as circunstâncias delas, que vinha sendo anunciada há muitos anos. O melhor comentário que ouvi sobre ela é de um parlamentar alemão na comunidade europeia,vi no tuitter e não consegui trazer pra cá. EUA e OTAN querem mais a guerra do que Putin, aliás os hipócritas estadunidenses estão agora , depois de tanta canalhice com Venezuela, lá fazendo o quê, sabe-se lá! Obgda por ter mandado seu texto pra mim.
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Adeice Torreias comentou:
07/03/2022
Obgda por compartilhar comigo esse apanhado de história Com a atualidade. Quando se tem a história tem -se um raio de luz no entendimento. Cá no meu pensar entendo as forças da Otan assediando a Ucrânia. O temor de Putin, o terrível, fez explodir a guerra. Na mira, o poderio americano. A China de olhinhos sagazes, tá pronta pra dar o bote. O povo? Ora, só sai da zona de guerra pela Rússia. Ordem do tzar, enquanto o mundo espera pelo cessar fogo. No Brasil Bolsonaro já sabe onde vai buscar fertilizante. Na terra indígena, só tem potássio lá, disse esses dias. Portanto mestre... O Rio Negro segue seu curso?mestre José Bessa
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Helga comentou:
07/03/2022
Será que são efeitos colaterais da vacina? O mundo está louco!! Que venham logo os Ets para nos salvar!! Saudades Professor Bessa
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Susana Grillo comentou:
07/03/2022
Bessa, estou sentindo o mesmo medo de fevereiro/março de 20020 quando a Covid-19 chegou no Brasil. No entanto algumas pessoas podiam se proteger, com isolamento social e máscaras, e dois anos depois surgiram as vacinas. O medo agora é do fanático pelo império russo que tem muito ódio na alma. Tenho certeza que a juventude russa não está com ele. Estou desbussolada (obrigada pelo neologismo) ! abraços,
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Hevyosonon Alberto Jorge Silva comentou:
07/03/2022
Hélida Mascarenhas me considero um esquerdista, dialético, sem bandeira partidária, com um profundo senso crítico ideológico até com minhas instâncias. Não tenho medo de dizer errei, de recomeçar, de começar de um outro modo, desde que me sinta convencido para tal. Há princípios fundamentais, universais inegociáveis. Ficar nessa de colocar panos quentes sobre os crimes de parentes, amigos e correligionarios, é o mesmo que ser cúmplice dos crimes por eles cometidos. Não é fácil cortar a própria carne. Mas há momentos em que é preciso fazê-lo.
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Rui Martins comentou:
07/03/2022
Publicado em Direto da Redação, fórum de debates publicado no Correio do Brasil pelo jornalista Rui Martins.https://www.correiodobrasil.com.br/medo-da-guerra-de-iva-o-terrivel-a-putin-o-horrivel/
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Sandra Silva comentou:
06/03/2022
Para quem tiver um tempinho...leia ! Que bom que existe José Bessa
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Valéria Carvalho comentou:
06/03/2022
não sei realmente, Bessa, mas adoraria ser essa Valéria!
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Sandra comentou:
06/03/2022
Meu professor ,que bom ler vc! Conseguiu não me acalmar , mas entender e com a clareza de que estamos do mesmo lado : chega de guerra, queremos vida , paz . Inaceitável defender o " inaceitável". Gratidão!
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Andrea Sales comentou:
06/03/2022
Dias difíceis e pra nos ajudar a compreendê-los melhor temos a ti que nos ensina ainda mais em seus escritos!! Gratidão, Bessa!!
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Paulo César comentou:
06/03/2022
Aha! Tinha eu certeza que você também entendia de política internacional. É que a crônica fragmenta o assunto posto. Penso que você ainda tem muito a nos ensinar...(a reticências me fez lembrar de Graciliano, kkkkk)
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Marcos Aarão Reis comentou:
06/03/2022
esse episódio tenebroso do momento, os atores são todos homens: Putin, um machão misógino (que aboliu a lei que protegia as mulheres russas contra agressões masculinas), homofóbico, que aparece em público exibindo seu corpo malhado; Zelensky, que mantém um regime autoritário na Ucrânia e está se sentindo empoderado na condição de herói guerreiro; Biden, que anunciou um mês atrás a morte do líder do Estado Islâmico na Síria, algo muito bem encaixado no que Chomski chama de terrorismo de Estado; Scholz que logo assumiu um discurso irado, apressando-se a destinar 100 bilhões de euros às Forças Armadas da Alemanha (que medo!). Todos homens, entusiastas da força e que se mostram excitados com a guerra.” Apud Dori Incotri jornalista, Mestre e doutora em História e Filosofia da Educação pela USP, e Pós-doutora em Filosofia da Educação pela USP.
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Xoán Lagares comentou:
06/03/2022
O general Xoán Lagares adorou, Bessa (rs) …e ele também quer a paz!
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SILVIA comentou:
06/03/2022
A crônica é genial, a posição justa, sem perder o humor. A defesa da invasão é inaceitável!
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Ana Paula Silva comentou:
06/03/2022
Perfeito, professor Bessa, bom saber que o senhor não comunga de certas opiniões que isentam o Zelensky e o colocam como "herói", "colega", e por aí vai.
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Tania Pacheco comentou:
06/03/2022
Publicado em COMBATE - RACISMO AMBIENTAL. https://racismoambiental.net.br/2022/03/06/medo-da-guerra-de-iva-o-terrivel-a-putin-o-horrivel-por-jose-ribamar-bessa-freire/
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Hélida Mascarenhas comentou:
06/03/2022
amento muito que ainda existam pessoas que precisem usar antolhos, tal o desamparo. Um texto necessário. Há muito que, por necessário, observo fascinada que as pessoas não percebem que suas "torcidas" significam apenas trocar de donos ou aspirantes a donos. E que, se a gente critica Putin e suas falácias como argumentos para provocar guerra, não é que queira a NOTA. E que, sobretudo, PØRRA, não é porque a gente é esquerda, que tem que se cristalizar e romantizar Putin, como já tem vários fazendo.
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Hevyosonon Alberto Jorge Silva comentou:
06/03/2022
Hélida Mascarenhas assassino é assassino, independente se é de direita ou de esquerda.
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Cláudio Nogueira comentou:
06/03/2022
Não deixa a Valéria ler esta matéria do Estadão que começa assim: "O perigo pode estar agora mesmo pronto para destruir um país. Invisível. Silencioso. A um toque de botão de despejar fogo mais quente que o calor do núcleo do sol sobre o alvo. Pessoas e prédios vaporizados, virando sombras apenas impressas no pouco que restar depois da onda de choque.https://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,contra-ameaca-invisivel-russa-nao-ha-chance-de-defesa-leia-analise,70003994324.amp
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Paulo G Coutinho comentou:
06/03/2022
Ótimo texto.Leve, bem-humorado, informativo e reflexivo. A parte em que trata de uma possível (?) invasão portuguesa aqui em terras de Pindorama, é demais! rsss Parabéns e obrigado. Como canta Lenine, o pernambucano: "A paz só existe aqui", vamos conquistá-la, consolidá-la e mantê-la, sem guerras.
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Ana Paula Silva comentou:
06/03/2022
Gostei da crônica. Acho que faltou dizer que as insanidades do Putin não deveriam ser desculpas para o boicote cultural contra os russos.Bom, também gostaria de saber a sua opinião sobre o Zelensky. Quem sofre com as guerras é a população, que não deveria sofre nada. Infelizmente, é como você colocou na crônica, as guerras são disputas de poder, vendas de armas e também experimentações de novas estratégias e armas de guerra
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Taquiprati comentou:
06/03/2022
Quando digo que não entendo de política internacional,não é modéstia, nem sinceridade, qualquer leitor percebe isso. Trata-se mais de um habeas corpus preventivo, que me permite dizer o que penso e sinto. esperando a condescência do leitor pela minha descompromissada ignorância. No entanto, arrisco palpites na área da literatura. Na Itália chegaram até a cancelar, em represália ao Putin, um curso sobre Dostoyevski: um horror, uma insanidade como vc diz. Quanto ao Volodymyr Zelensky, ele é um Putin sem armas nucleares. Putin e ele brigam por uma herança, como na narrativa dos irmãos KARAMAZOV, Zelensky e Putin pertencem à família Smerdiakov, o personagem criminoso que se suicida. São dois Smerdiakov.
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Décio Adams comentou:
06/03/2022
Brilhante reflexão meu caro José Ribamar Bessa Freire. Sem dúvida suas palavras dizem a mais pura verdade. Ser contra a invasão da Ucrânia por Putin (não pela a Rússia), não significa "ipsofacto" apoiar a política de Biden e da OTAN. Tanto um quanto outro praticam ou praticaram os mesmos delitos contra a humanidade. Parabéns pelo maravilhoso texto.
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Dinah Ribas Pinheiro comentou:
06/03/2022
Caro Zé Bessa, obrigada pela aula de história. É tanta informação que chega de todos os lados que de repente a gente até duvida que a guerra esteja realmente acontecendo. Será que não é filme de ficção? Inshalá!!!
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Rosely Noronha comentou:
06/03/2022
Vou compartilhar professor, também procuro ler, para não ficar muito angustiada com essa guerra. Eu tinha a esperança que o mundo iria sair dessa pandemia mais humano. Triste engano
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Astrid Lima (via FB) comentou:
06/03/2022
Descolonização, independência de países, autodeterminação só estão certos se contrastar com a Europa e EUA? Essa é uma pergunta que me persegue hoje em dia.
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Marco Conti comentou:
06/03/2022
Obviamente que não. E a Ucrânia é uma vítima nesta guerra. Mas a imprensa ocidental é realmente nojenta
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Márcia Elisa Rendeiro comentou:
06/03/2022
Das melhores coisas que li nas últimas semanas. Do meu querido professor José Bessa . Com quem tive aulas memoráveis na Unirio. Recomendo muito. E compartilho com vocês.
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