CRÔNICAS

Mestra Japira e a linguagem das plantas

Em: 13 de Fevereiro de 2022 Visualizações: 11251
Mestra Japira e a linguagem das plantas

Quando dizemos que a montanha está mostrando que vai chover, eles dizem: ‘Isso é folclore, montanha não fala’. Eles se divorciaram da nossa mãe Terra” (Ailton Krenak).

Mestra Japira Pataxó recebeu o título de doutora pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) nesta quinta-feira (10), depois de ser avaliada em um processo demorado e rigoroso por uma banca de cinco doutores, que deram um parecer favorável aprovado pela Câmara de Pós-Graduação e, em seguida, pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) da UFMG.

O que se exige para alguém ser doutor? Cursar disciplinas num Programa de Pós-Graduação, escrever uma tese após quatro anos de pesquisa e submetê-la a uma banca. Há, porém, pessoas com alta qualificação, que não cursaram o doutorado, mas possuem conhecimentos equivalentes adquiridos fora do ensino formal. Esses podem ser titulados como “doutores por notório saber”. Foi o caso de Antônia Braz Santana – a Mestra Japira - pajé, parteira, rezadeira e profunda conhecedora das plantas, com quem ela fala.  

O saber dela é notório, reconhecido por meio mundo, como consta na documentação por ela apresentada e no memorial de dez capítulos acompanhado de vídeos, além de seu livro “Saberes das terras Pataxó: da Beira Mar à Mata Atlântica”, resultado de pesquisas de mais de 40 anos, com ilustrações de seu filho Ararauí e de seu neto Braz. Lá, ela descreve ervas exóticas, animais com uso terapêutico e 131 plantas medicinais de cinco grandes biomas: o Quintal, a Capoeira, a Mata Atlântica, a Restinga e o Brejo, classificando quantidade maior do que a registrada em teses acadêmicas sobre fitoterapia e farmacopeia em território Pataxó.

O sistema de classificação constitui a base de qualquer ciência – dizem os cientistas, unânimes em ressaltar sua importância. “Sem a taxonomia se torna impossível o conhecimento científico” - escreve o linguista Nicolas Ruwet. O antropólogo Levi-Strauss destaca a contribuição para a humanidade do “pensamento selvagem” capaz de elaborar sistemas sofisticados de classificações no campo da botânica, da zoologia, da biologia, o que já havia fascinado o botânico Barbosa Rodrigues, que nos fala do “rigor do método de classificação e da nomenclatura clara, precisa e exata” dos saberes indígenas.  É esse rigor classificatório que a doutora Japira traz para dentro da universidade.

O idioma vegetal

Sua classificação cataloga diferentes espécies de plantas, descreve seus habitats preferenciais, sua relação com o clima e a ecologia, seu potencial de uso medicinal e alimentar, especialmente a concepção sobre a natureza do universo vegetal e seus constituintes. Antes de perguntar a utilidade de uma planta, Mestra Japira responde de onde ela veio, onde cresceu, e como adquiriu as propriedades medicinais, contextualizando-a em seu tempo histórico e em seu espaço. As plantas que maneja são empregadas como um tipo de “idioma vegetal”. Ela fala e entende a linguagem das plantas.

- Mestre Japira registra os conhecimentos curativos, ecológicos, poéticos e históricos dos Pataxó, nunca antes descritos com tamanha profundidade desde uma perspectiva própria. Está tudo lá: as plantas, as ervas boas e as venenosas, o modo de colher as folhas e seus usos e como fazer os preparos - escreve na apresentação Victor Miranda, um dos organizadores do livro.  

Isso é confirmado pela Comissão de Avaliação, em seu parecer conclusivo, ao destacar que o livro oferece ‘uma diversidade impressionante de recursos úteis de diferentes ecossistemas, que possibilitam um horizonte amplo de saberes sobre o relevo, os solos, a água, a fauna e a flora. E é essa compreensão que confere à mestra Japira sua força e seu papel social como guardiã de saberes, educadora, formadora, líder política, xamã, curadora, condutora de cantos e danças e contadora de histórias de seu povo.

Resta perguntar: De onde retirou ela tanto saber? A resposta está no Memorial relatado pelos doutores Rosângela de Tugny, Vanessa Tomaz e Victor Miranda, que transcreveram as narrativas de Mestra Japira realizadas ao lado de seu esposo Jonga durante rodas de conversas e em caminhadas pelos quintais, matas, capoeira. Mestra da oralidade, a sábia Japira não faz uso da escrita alfabética.

Natureza humanizada

Herdeira de ancestralidades multiétnicas afro-indígenas, Mestre Japira teve, como em todo doutorado, uma orientadora – a avó parteira Maria Rosa, de origem negra - e um coorientador, o tio Pataxó Karuncha Dendê. A avó, possuidora de conhecimento fitoterápico e dos cuidados pré e pós-parto pegou mais de mil crianças.  O tio pajé, profundo conhecedor do poder das plantas, percebia as espécies vegetais e outras formas de vida como partes da ação milenar da “natureza humanizada”. Ambos repassaram oralmente uma teia refinada de saberes, na qual plantas são portadoras de qualidades humanas e sociais.

- As plantas me chamam, é como um imã, elas mostram seus saberes e força para mim. O que eu aprendi sobre elas veio dos espíritos dos antepassados e das conversa com os mais velhos – diz Mestra Japira, cuja biografia é relatada no memorial descritivo, com informações sobre a história dos Pataxó no sul da Bahia, especialmente sua participação na luta pela demarcação das terras.

Desde que nasceu, ela pulou de aldeia em aldeia, semeando seus saberes por onde transitava. Na Aldeia Novos Guerreiros, onde vive atualmente, criou o projeto jardim-escola, um espaço de diálogo e aprendizado com as plantas, visitado por indígenas e não-indígenas, por turistas e por pessoas que buscam a cura para os males para os quais a medicina convencional não tem resposta. Ela é reconhecida pela comunidade como grande educadora e detentora dos saberes tradicionais e da história do povo Pataxó. Seu trabalho une os três pilares indissociáveis da academia: pesquisa, ensino e extensão.

- Quando a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) me convidou para dar aulas, em 2014, conheci a professora Rosângela. Aí, fui tendo que construir uma forma própria de ensinar esses saberes. Em um encontro, eu passava os conhecimentos das plantas, suas qualidades, histórias e preparos, enquanto Ararauí as desenhava no quadro. Depois, em 2017, participei com alunos da universidade no projeto da Escola Indígena Pataxó de Coroa Vermelha. Fui convidada outra vez, no ano seguinte, pela UFSB para dar aulas aos alunos de artes, acompanhada de Jonga, que me ajudou muito – conta Mestra Japira.

Jardim-escola  

A vontade de fazer um livro cresceu – segundo Japira – quando ela deu aulas na universidade:

- Percebi que só a palavra falada não era suficiente para mostrar para o povo os saberes sobre os remédios e nossa medicina.  

Daí nasceu também a metodologia transdisciplinar e intercultural por ela empregada, que envolve narrativas históricas imemoriais, aulas de educação ambiental, cura a partir das plantas e a tecitura de uma rede de saberes coletivos que a torna uma biblioteca viva.

A forma como ela ensina, a maneira como conversa com os estudantes e os professores em suas palestras, rodas de conversa e andanças, leva os alunos para fora do espaço da sala de aula, criando uma pedagogia diferenciada. Ela vai andando e mostrando as plantas, suas raízes, o tipo de solo que cresce, a cor do caule, das folhas, as flores, os frutos cada espécie e o traçado das plantas. O diálogo com ela já orientou muitas monografias de conclusão de cursos e pesquisas de pós-graduação e contribuiu para a produção de uma proposta curricular para as escolas indígenas.

Surpreendente é como essa sabedoria milenar, sempre banida do conhecimento dominante no Brasil, somente agora entra pela porta da frente da academia, num novo momento para as universidades brasileiras na luta por ampliar os direitos das políticas afirmativas. Apesar do MEC com seus retrocessos. Sueli Maxakali e Valdemar Xakriabá igualmente receberam o título de doutor por notório saber – segundo informa a dra. Ana Gomes

Referências:

1 – Japira Braz Pataxó: Os saberes das terras pataxó: da beira mar à mata atlântica. Porto Seguro. 2020.  Orgs: Ana Boross Queiroga Belizario e Victor André Martins de Miranda.

2. Memorial descritivo sobre a vida e obra da mestra Antônia Braz Santana (Mestra Japira). Relatoria: Victor Miranda (UFSB e UNMdP), Rosângela Pereira de Tugny (UFSB, UFMG-PPGMUS) e Vanessa Sena Tomaz (Fae-UFMG)

3. Parecer Conclusivo Fundamentado da Banca de doutorado por notório saber da Mestra Japira: Marina de Lima Tavares (UFMG), Samira Lima da Costa (UFRJ), Gilton Mendes dos Santos (UFAM), Edson Kayapó (IFCT da Bahia) e José R. Bessa Freire (UNIRIO).

P.S. 1– É com profunda tristeza que registramos a morte de Caroline Valeria da Silva Machado, filha de Carlos Tukano, presidente do Conselho Estadual dos Direitos Indígenas (CEDIND). Ao querido amigo Carlos e a sua esposa Valéria, toda solidariedade neste momento de perda tão dolorosa.

P.S.  2 -Um mês depois de receber o título de doutora, Mestra Japira chorou a morte de seu neto Vítor Braz Souza, 21 anos, morador da aldeia Novos Guerreiros, assassinado na noite de 13 de março de 2022, por reclamar do som alto durante a realização de uma festa, que acontecia nas proximidades da praia da Ponta Grossa.

O corpo de Vitor foi enterrado em 14 de março de 2022. A Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) se solidarizou com a família de Vítor Pataxó, jovem liderança indígena,  que deixou dois filhos pequenos “e desaparece neste momento de baixa densidade democrática, desvalorização da vida humana, insegurança jurídica e social para os povos tradicionais e a Maioria Minorizada".  A nota exige que o crime seja urgentemente esclarecido, e os culpados punidos. 

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32 Comentário(s)

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Antony Devalle comentou:
02/05/2023
Que imenso conhecimento da Mestra Japira! Pensar a convivência harmoniosa com o meio-ambiente sem envolver os povos indígenas é perder de antemão a possibilidade de um pensamento mais completo. Idem em relação à botânica, à medicina, à vida em geral.
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Mirtes Miranda comentou:
27/03/2022
https://esportes.yahoo.com/noticias/novas-plantas-da-amaz%C3%B4nia-com-152300634.html?src=rss Novas plantas da Amazônia com potencial medicinal correm risco de extinção - matéria da Folha de SP escrita por ANA BOTTALLO - SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um potencial agente microbiano de origem vegetal. A propriedade de reduzir o acúmulo de gordura ao redor do fígado e combater obesidade e diabetes. É isso que plantas da Amazônia brasileira, recém-descobertas, podem trazer para a medicina, além de serem fundamentais para a biodiversidade e preservação dos ecossistemas. Essas propriedades, no entanto, estão ameaçadas pelo iminente risco de extinção. A primeira espécie, batizada de Aenigmanu alvareziae, encontrada no oeste da Amazônia, permaneceu mais de 50 anos em uma gaveta na coleção botânica do Field Museum, em Chicago, até que cientistas finalmente pudessem descobrir a qual grupo pertencia. seg., 21 de março de 2022 12:23 PM
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Jaqueline Moll comentou:
18/02/2022
Que maravilhoso! Há luz no fim do túnel e ela irradia desde esta ancestralidade
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Conceição Silva comentou:
18/02/2022
Qui legal ela mereceu o titulo de doutora
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Helânia Thomazine Porto comentou:
18/02/2022
Que honra ter Mestra Japira perto de nó
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Victoria Beatriz Peralta Rolón comentou:
18/02/2022
Por fin un reconocimiento del saber que custodian los pueblos originarios.
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Ira Maciel comentou:
17/02/2022
Quanta sabedoria! O seu texto um presente. Compartilhando com respeito e alegria .Esta sua crônica está circulando e espalhando sabedoria neste dolorido momento da inundações, mortes e destruição em Petrópolis.
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KARINA MARTINS DE CARVALHO comentou:
17/02/2022
Coisa linda! Sou estudante de fitoterapia, o livro já está disponível?
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Reginaldo Fonseca comentou:
16/02/2022
É saber ler e ouvir a Natureza...
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Ademario Ribeiro Payayá comentou:
16/02/2022
Japira, nobreza de saberes, lindeza de ser, salvaguarda essencial!!!
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Nilma Lacerda comentou:
16/02/2022
Parabéns a nós, humanas e humanos, que contamos com o saber de mestra Japira Pataxó, herdado e multiplicado. Parabéns à universidade pública brasileira que desafia a estratificação de saberes e classes, derrota o poder vigente. Porque essas ações afirmativas permanecerão.
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Niara Do Sol comentou:
15/02/2022
muito bom, fico feliz com estes reconhecimentos pois sempre aprendi com a Senhora minha Mãe, que trabalhar com honestidade era o melhor Diploma que alguém poderia ter, me orgulho pelos que são reconhecidos e também me orgulho do meu trabalho.
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Nilma Lacerda comentou:
16/02/2022
Bom saber de você, Niara do Sol. Alegria, saúde.
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Portal FALAAIBRASIL comentou:
14/02/2022
Publicado no Portal https://falaaibrasil.com.br/noticia/21313/mestra-japira-e-a-linguagem-das-plantas.html
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Teresa Calbo comentou:
14/02/2022
Quero saber mais sobre .Mestra Japira
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Celeste Correa comentou:
13/02/2022
Que maravilha, mano! Quando eu estava na faculdade li um texto interessante da Marilena Chauí sobre o conhecimento científico e o saber popular. Eu achei a leitura super interessante porque ela mostrava a forma como esses dois saberes dialogavam e a forte contribuição do saber popular para a geração do conhecimento científico. É maravilhoso e um enorme ganho para a academia, o reconhecimento e a valorização dessa sabedoria milenar. Parabéns a Jupira,por se tornar a primeira pataxó a receber o título de Doutora pelo Notório Saber!
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Luiz Pucú comentou:
13/02/2022
Caboco....banca de feras. Quero ler o livro da Dra. Japira. Sou um buscador de plantas de comer e de curar. Bravo Bessa!,
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Edna Monzilar comentou:
13/02/2022
Que maravilha,,aplausos a Dra Japira. Que venha outro ou outra.Drs
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rodrigo martins comentou:
13/02/2022
Que notícia maravilhosa, parabéns para a Doutora Japira Pataxó! Fico muito feliz em saber de um momento histórico como esse, vou compartilhar com todas as pessoas que eu conheço.
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Ruben Caixeta de Queiroz comentou:
13/02/2022
Vivam os saberes tradicionais, de mestra Japira, Seu Valdemar, Sueli e Isael Maxakali, e tantos outras e outros,
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D24AM - Politica comentou:
13/02/2022
Versão impressa do Diario do Amazonas publicada em https://d24am.com/politica/mestra-japira-e-a-linguagem-das-plantas/
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Barcelos naNet comentou:
13/02/2022
Publicado a versão impressa do Diario do Amazonas em https://barcelosnanet.com.br/mestra-japira-e-a-linguagem-das-plantas/
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Tania Pacheco comentou:
13/02/2022
Publicado em, COMBATE - RACISMO AMBIENTAL - https://racismoambiental.net.br/2022/02/13/mestra-japira-e-a-linguagem-das-plantas-por-jose-ribamar-bessa-freire/
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Valter Xeu comentou:
13/02/2022
Publicado no Blog Patria Latina https://patrialatina.com.br/mestra-japira-e-a-linguagem-das-plantas/
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Luiz Carlos Martins... comentou:
13/02/2022
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Miguel Antonio Pacheco comentou:
13/02/2022
Em andanças por 54 municípios do Amazonas , algumas dezenas de comunidade e aldeias, conheci muitos " doutores " de notório saber. É uma riqueza típica do povo da maior floresta tropical do mundo. Marcos Morais, 42 anos, nunca sentou em um banco de escola, mas é " doutor " e sabe tudo sobre bichos e florestas. Ensinou a mim e ao meu filho Pedro Pacheco Moraes , um jovem de 21 anos, estudante de medicina veterinária, segredos da floresta , como saciar sua sede com água de cipó , construir uma cabana na selva ou sobreviver de caça.
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Maria Das Graças Silva comentou:
13/02/2022
Aplausos ao doutoramento da Japira Pataxo. Que venham mais doutores pautados em suas sabedorias ancestrais.
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Suzana Escobar comentou:
13/02/2022
Sinto orgulho desse povo... parabéns Dra Japira
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Ana Silva comentou:
13/02/2022
Linda e necessária crônica. Quero ler o livro da mestra Japira. Lindo, lindo, Bessa.
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Decio Adams comentou:
13/02/2022
Eu compartilho no facebook todas as suas crônicas, amigo Bessa. Mas venho observando serem raras as pessoas que gastam alguns minutos na leitura e eventuais comentários. Parece que o povo pouco se importa com a riqueza dos conhecimentos que está sempre presente em cada uma de suas crônicas. Mesmo assim, eu não desisto.
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Helder Sarmento comentou:
13/02/2022
Muito especial ver esse momento. Os saberes da terra, são muito especiais a nossa existência.
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José Marajó VarelaUniversidade da Maré Mestre Vergara. comentou:
12/02/2022
· José Bessa quando índios, pajés e quilombolas começam a virar doutores; não é mais que a maré vai virar. Mas, já mudou.
Comentar em resposta a José Marajó VarelaUniversidade da Maré Mestre Vergara.