CRÔNICAS

Contando histórias nos rios da Amazônia: o peso das palavras

Em: 25 de Novembro de 2018 Visualizações: 24570
Contando histórias nos rios da Amazônia: o peso das palavras

Vedi Napoli e poi muori” (Adágio italiano)

Quantos quilos tem uma palavra? Palavrão pesa mais do que palavrinha? E por acaso palavras têm peso? Os participantes do “Amazônia das Palavras” conferiram isso numa balança da expedição literária iniciada em Manaus (4/11) e encerrada em Porto Velho nesta quarta (21). Pesaram suas palavras, navegando 1.300 km pelos rios Negro, Amazonas e Madeira. Trabalho intenso. De manhã e de tarde, oficinas com alunos de escolas de oito cidades ribeirinhas e de uma aldeia indígena. À noite, aula-espetáculo e apresentação do palhaço engolidor de letras. Descanso, só no trajeto de barco de uma cidade à outra.

Os estivadores da cultura desceram em cada porto se equilibrando em pranchas. Subiram barrancos, enfiaram o pé na lama, enfrentaram chuva torrencial e sol escaldante, brigaram com mosquito, mutuca, muriçoca, pium e potó – um inseto parente do besouro que queima a pele. Tudo isso para levar e recolher vozes, frases, narrativas. Perceberam que palavras nascem, crescem, se transformam, envelhecem, desaparecem. Nas histórias que contaram e ouviram de crianças e jovens, estimularam a leitura de palavras escritas, faladas, cantadas, animadas e ritualizadas, ressuscitando antigas e aprendendo novas.

No caminho, o barco da expedição cruzou com enormes balsas transportando soja que começa a invadir a floresta, encontrou marcas do garimpo que envenena o rio e observou a existência de um pequeno grupo que enriquece às custas da população cada vez mais empobrecida, sem assistência médica, com educação precária. Apesar disso, nas escolas da periferia brotaram surpreendentes manifestações de criatividade de alunos de 10 a 17 anos. Foi possível constatar em muitos “o brilho no olhar” que a professora Ivanir Lima, de Manicoré, observou nos indígenas Mura ali presentes.

Canoa escolar

Dez crianças Mura viajaram nove horas até Manicoré com seus professores Maikon Douglas, 26 anos, e Jonas Gomes, 29 anos, só para participarem da oficina de contação de histórias indígenas. Ouviram atentamente a saga da Sogra do Jacamim, recolhida pelo botânico Barbosa Rodrigues, numa versão que funciona como um minitratado de ornitologia contendo inventário dos pássaros da Amazônia. Escutaram fábulas do jabuti, da onça, do jacaré e do índio que matou uma veada recém parida, ainda amamentando, e por isso foi punido por Anhangá que transformou o animal morto na mãe do caçador. A história funciona como código florestal de índios e ribeirinhos.   

Algumas narrativas registradas no séc. XIX por Couto de Magalhães, Stradelli, Charles Hartt, Brandão Amorim, além de Barbosa Rodrigues, foram retiradas de seus livros como quem tira do hospital um doente já curado. Outras, mais recentes, conheci nos cursos de formação de professores indígenas que ministrei em diferentes regiões do Brasil. Narrativas míticas como a criação do universo pela avó do mundo, que foi engravidada pela música para assim parir os seres humanos, estimularam os Mura a contarem as suas versões.

Ouvi histórias que não conhecia. Um menino Mura, Kaynã de Oliveira, 13 anos, neto de uma Tukano do rio Negro com um Mura do rio Madeira, “lavou a égua” como se diz no Amazonas. Performático, com domínio de palco, gestos precisos, mandou ver. Foi lá na frente e descreviveu suas histórias, seguido por Camila Oliveira, 9 anos, e Emanuel Batista, 8 aninhos. Na escola indígena eles costumam fazer isso na “Hora de Ler” e na “Produção de contos”, quando reescrevem o que narraram ou leram. Já produziram mais de 50 contos que estão sendo digitados para um livro.

As crianças Mura retornaram à sua aldeia de carona no barco da expedição depois de assistirem uma aula-espetáculo no meio de chuva diluviana. Elas próprias armaram suas redes coloridas e foram despertadas cedinho pelo palhaço Cloro, que usou cobras e aranhas de borracha para “assustá-las”. De brincadeirinha, fingiam medo. Segundo a professora Ivanir Lima, estão “sedentas de literatura”, por isso a contação de história ocupa lugar relevante no currículo escolar.

- Na nossa escola Mura, a gente aprende o nosso e aprende o deles, mas nas escolas não indígenas, eles só aprendem o deles e ignoram o nosso diz o professor Maikon. Isto é, acabam ficando sem conhecer o outro.

A Escola Raimundo Soares, nome de um falecido cacique Mura, é um prédio em forma de maloca de tijolo, cimento e telha, no meio da floresta, onde 10 professores indígenas dão aulas para 62 alunos do ensino fundamental, transportados diariamente de suas casas numa “canoa escolar”. No turno da noite já funciona o ensino médio. Tem uma biblioteca com mais de 300 títulos e uma horta com macaxeira, pimenta murupi, batata doce, abóbora e plantas medicinais, incluindo boldo, mastruz e hortelã. Parte do conteúdo curricular circula em histórias através da pedagogia da oralidade.

Depois morrer

A língua falada por todos na aldeia do Jauari é o português, usado portanto como língua de instrução na escola. Mas essa língua, que foi historicamente imposta aos índios, conserva marcas das línguas Mura e Nheengatu, o que a diferencia de outras variedades do português do rio Madeira. Uma decisão de política de língua local introduziu o ensino do Nheengatu como segunda língua. Contato recente foi feito com os parentes do rio Marmelo, todos eles falantes de Mura Pirahã, como forma de expor os alunos à outra língua que faz parte da história do grupo.

Na aldeia, onde vivem 26 famílias com mais de 200 pessoas, foi plantada, como nas demais escolas, uma muda de pau-brasil, símbolo de quem resiste. Com suas próprias mãos, as crianças Mura preencheram com terra e adubo o buraco cavado.

As vozes da Amazônia subiram, de bubuia, o rio Madeira, num cenário espetacular. Lá ninguém viu a relíquia do sangue de San Gennaro, nem as ruínas de Pompeia, mas presenciou outras maravilhas: o balé permanente de botos brincalhões que seguiam o barco, uma tempestade de areia que varreu a praia, um soberbo pôr-do-sol, uma lua esplendorosa crescendo a cada noite, pássaros e borboletas coloridas que se exibiam em voos rasantes na floresta à margem do rio, onde de quando em quando emergia a casa de um ribeirinho mergulhada na solidão. Numa delas próximo a Humaitá, uma caboca que varria o terreiro nos deu adeus. Tudo foi filmado pela equipe de cinegrafistas.

O tempo que escoava, lentamente, em outro ritmo, estimulou conversas intermináveis dentro do barco, a descoberta de gente, as trocas de afeto, os sonhos com outro Brasil.

- Não morra antes de ver Nápoles – aconselha a sabedoria popular italiana. Esse foi o sentimento compartilhado pelos participantes da expedição literária, que descobriram não valer a pena morrer sem antes navegar pelo rio Madeira, contando e ouvindo histórias amazônicas. Uma esperança nesse Brasil bolsonarizado pela barbárie. Morrer antes disso, sem a chama acesa da resistência, seria uma ironia, um desperdício. A Amazônia das palavras ficou no coração e na lembrança de cada um de nós. Vedi Napoli e poi muori.

P.S. – Coordenado por Fernanda Kopanakis e José Jurandir da Costa, ambos da Associação Mapinguari, o “Amazônia das Palavras”, realizado pelo Ministério da Cultura com apoio do BNDES, homenageou o poeta Thiago de Mello. Contou no barco Cte. Souza com uma equipe de mais de 30 pessoas: cinegrafistas, fotógrafos, escritores, jornalistas, professores, pessoal de apoio logístico, com dona Francisca e Henrique comandando a cozinha, além de tripulantes, maquinistas e piloto.

As oficinas foram ministradas por José Roberto Torero, escrivão da frota e porta-voz na Amazônia de Santo Ernulfo (Produção de Contos), Bira Lourenço (Sons do Cotidiano), Leo Ribeiro (Palavra Animada), Bete Bullara (Poesia: Narrativa e Escuta) e este locutor que vos fala (Contação de Histórias Indígenas). Diego Gamarra, o palhaço que engole letras, apresentou espetáculo circense e Daniel Munduruku esteve presente nas duas primeiras cidades com a aula-espetáculo.

Fotos: Xeno Veloso, Fábio Costa, Avener Prado, Bruno Pereira, José Torero, Wander Braga

Sobre Amazônia das Palavras, ver também: 

1) Vozes da Amazônia na terra da Flatolândia (18/11) - http://www.taquiprati.com.br/cronica/1424-vozes-da-amazonia-na-terra-da-flatol

2) Só letrando nas águas do rio Madeira (11/11) - http://www.taquiprati.com.br/cronica/1423-so-letrando-nas-aguas-do-rio-madeira

3) Amazônia das Palavras: um canto na escuridão (04/11) - http://www.taquiprati.com.br/cronica/1422-amazonia-das-palavras-um-canto-na-escuridao

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38 Comentário(s)

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Isabel Fonseca comentou:
06/12/2018
Belo trabalho professor José Bessa! Parabéns a todos os envolvidos nessa "expedição literária" empolgante e apaixonante! Viva as crianças indígenas contadoras de histórias
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Lidia Ângela Dí Fabrízio comentou:
01/12/2018
Amei! Como gostaria de fazer parte dessa equipe. Tudo q diz ser do Amazonas me fascina. Quero um dia conhecer esses lugare e essas pessoas lindas, brasileiras de primeira grandeza!
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Geraldo V. de Jesus comentou:
30/11/2018
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Mauricio Galinkin comentou:
29/11/2018
Muito bom!! gostei do texto e mais ainda da iniciativa!! Prof. bessa e tod@s participantes estão de parabéns!!!
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João Pedro Gonçalves comentou:
29/11/2018
Parabéns pela viagem, considero importante este encontro com as populações de um rio estratégico como o Rio Madeira, ficam sementes pelos beiradões, gostei do Texto
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Isabel Maria Fonseca (via FB) comentou:
29/11/2018
Belo trabalho professor Bessa! Parabéns a todos os envolvidos nessa "expedição literária" empolgante e apaixonante! Viva as crianças indígenas contadoras de história
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Francisclea Garcia (via FB) comentou:
28/11/2018
Me sinto muito grata..e orgulhosa com tudo isso, e agradeço mto a Deus tambem por ter colocado essas pessoas maravilhosas na nossa companhia.
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Jonasson Oliveira Gomes (via FB) comentou:
28/11/2018
Somos grato por esse projeto ter passado em nossa comunidade.... Só gratidão
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Ana Melo (via FB) comentou:
28/11/2018
Que relato lindo e emocionante! Realmente um sonho conhecer esse Brasil!
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Reuly Ferreira comentou:
28/11/2018
Lendo e tentando ser um estudante da narrativa. Que maravilha
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Wallace comentou:
28/11/2018
Mestre Bessa: que lindo texto é inspirador relato contido nessa crônica! Sinto-me abençoado por tê-la compartilhado com esse sei colega e fã incondicional. Um forte abraço !!
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Beleni Grando comentou:
27/11/2018
Bessa, só para dizer que sempre socializo sua obra de ser! bjs, Beleni
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Carlos Roberto Ferreira comentou:
27/11/2018
Que projeto lindo! Emocionante a trajetória dos professores e alunos e os embates com a realidade dessa viagem. Grato Abraços
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Lillian DePaula comentou:
26/11/2018
Bessa, alegria acompanhar seus registros sempre pertinentes. Existe algo mais importante do que manter a narrativa viva, passando de boca ao ouvido, de ouvido à boca? Compartilhar seu olhar é saudável, nos faz bem. Obrigada pelos escritos!
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Mariana Kutassy comentou:
26/11/2018
Beeeeesssaa!!! Gostaria de ter lido em voz alta, aqui no buzão, subindo a serra pra Pendotiba. Que dias e noites, intensas, vividas!!! Que alegria saber des palavras e contos andantes, melhor, navegantes pelo Madeira! Beijo proce
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Rui Martins comentou:
26/11/2018
Muito boa. Publicado no CORREIO DO BRASIL - Direto da Redação, com o título O PESO DAS PALAVRAS DAS HISTÓRIAS INDÍGENAS https://www.correiodobrasil.com.br/o-peso-das-palavras-das-historias-indigenas/
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Ivone Andrade comentou:
26/11/2018
Realmente quem conhece a força do nosso povo do beiradão e navega na correnteza dos nossos rios ainda pode sonhar e acreditar num Brasil diferente, apesar de tudo, é preciso manter a chama da resistência acesa. Adorei o texto. Grande abraço!
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Eliane Lopes comentou:
26/11/2018
Eu que sou uma avó contadora de histórias adorei !!!
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Lis Cohen comentou:
25/11/2018
Mestre, quero um dia poder fazer parte dessas suas aventuras. Estou aqui na Amazônia. Por que não vem aqui fazer uma roda de conversa com os índios Cinta Larga? .
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Vera Nilce Cordeiro Correia comentou:
25/11/2018
Que maravilha de crônica José Bessa, viajei nela rindo de palavras que você fala que sinto saudades: "de bubuia" ! Tem coisa melhor? Adorei, mas confesso que morri de inveja, adoraria uma expedição dessa , um trabalho desses. Um sonho nunca realizado de uma viagem pelos rios afora. O máximo que consegui foi ir Rio negro acima por uma semana num barco que aluguei. Parabéns pelo trabalho
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José Marajó Varela comentou:
25/11/2018
Iiniciativas assim valem por dez seminários teóricos no 'campus' climatizado. Eu acredito na EXTENSÃO extramuros Pró-Reitoria de Extensão - UFPA Ifpa Marajo
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Ayalla Oliveira comentou:
25/11/2018
prof bessa Obrigada por esse presente! A sua narrativa é sempre uma delícia, e viajar pelo rio Madeira na carona das suas palavras foi lindo demais! Parabéns pelo trabalho lindo! Pensar que no próximo ano, talvez, não exista mais projeto lindo como esse..
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Rodrigo Martins Chagas comentou:
25/11/2018
Parabéns professor por participar desse projeto incrível, torço para que tenha mais edições do "Amazônia das Palavras". Fiquei com vontade de participar também. Adorei a última foto com todos os participantes das oficinas, foto de time campeão. Um abraço querido professor!
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James Batista comentou:
25/11/2018
Ótima ação. Poderia servir de exemplo pra Novo Airão, por exemplo.
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Adeice Torreias comentou:
25/11/2018
Que bom que as palavras são vivas como os seres humanos. Cabe à nós cuidar da linguagem#penso
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María Stella González de Pérez comentou:
24/11/2018
Estaba añorando su TAQUIPRATI... hacía días no me llegaba. En cada escrito encuentro enseñanzas y cada vez más me felicito por haberlo conocido. Lo admiro mucho José. Un abrazo.
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Marilza de Mello Foucher comentou:
24/11/2018
Meu mano amigo camarada José Bessa, porra Baba que projeto lindo! Eu te imaginando fechando os olhos e imaginando as palavras boiando que nem o boto tucuxi pelos rios formando palavras que alimentando tuas novas crônicas. Você que é um urbano deve ter ficado encantado com a "sociedade da canoa" que é a minha... Fraternura cabocla com um cheiro no teu cangote!
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Maria Celina Muniz Barreto comentou:
24/11/2018
Como sempre, seu artigo é lindo e me emocionou. Mais agora ainda, em que os tempos não estão amigáveis.
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Pedro Libânio comentou:
24/11/2018
Quais são as marcas do mura e do nheengatu no português dessas crianças?
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Ana Daou comentou:
24/11/2018
Oi Bessa, que lida experiencia nas aguas dos rios. Muito bonito o projeto. Obrigada por compartilhar! Como posso saber mais sobre o trabalho da equipe, lindo mesmo promover falas escritas de historias tao singulares.
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Domingos Hatchwell comentou:
24/11/2018
Essa experiência devia se repetir em outros rios da Amazônia.É possivel?
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Maria Luiza Santos comentou:
24/11/2018
Deu até vontade de viver essa experiência.
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Janaína Costa comentou:
24/11/2018
Foi emocionante conviver com vc durante a execução do projeto. Lindo texto, descreve com clareza a nossa vivência na floresta. Aprendi muito com vc.
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Amazônia das Palavras comentou:
24/11/2018
Querido Bessa, Em nome da equipe do Amazônia das Palavras, agradecemos e temos a dizer que não temos Palavras do merecimento em estarmos a seu lado durante a expedição. Há Braços, Sempre e Muitos
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Bira Lourenço comentou:
24/11/2018
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Múcio Medeiros comentou:
24/11/2018
De Viviane Mose: RECEITA PARA LAVAR PALAVRA SUJA Mergulhar a palavra suja em água sanitária. depois de dois dias de molho, quarar ao sol do meio dia. Algumas palavras quando alvejadas ao sol adquirem consistência de certeza. Por exemplo a palavra vida. Existem outras, e a palavra amor é uma delas, que são muito encardidas pelo uso, o que recomenda esfregar e bater insistentemente na pedra, depois enxaguar em água corrente. São poucas as que resistem a esses cuidados, mas existem aquelas. Dizem que limão e sal tira sujeira difícil, mas nada. Toda tentativa de lavar a piedade foi sempre em vão. Agora nunca vi palavra tão suja como perda. Perda e morte na medida em que são alvejadas soltam um líquido corrosivo, que atende pelo nome de amargura,que é capaz de esvaziar o vigor da língua. O aconselhado nesse caso é mantê-las sempre de molho em um amaciante de boa qualidade. Agora, se o que você quer é somente aliviar as palavras do uso diário, pode usar simplesmente sabão em pó e máquina de lavar. O perigo neste caso é misturar palavras que mancham no contato umas com as outras. Culpa, por exemplo, a culpa mancha tudo que encontra e deve ser sempre alvejada sozinha. Outra mistura pouco aconselhada é amizade e desejo, já que desejo, sendo uma palavra intensa, quase agressiva, pode, o que não é inevitável, esgarçar a força delicada da palavra amizade. Já a palavra força cai bem em qualquer mistura. Outro cuidado importante é não lavar demais as palavras sob o risco de perderem o sentido. A sujeirinha cotidiana, quando não é excessiva, produz uma oleosidade que dá vigor aos sons. Muito importante na arte de lavar palavras é saber reconhecer uma palavra limpa. Conviva com a palavra durante alguns dias. Deixe que se misture em seus gestos, que passeie pela expressão dos seus sentidos. À noite, permita que se deite, não a seu lado mas sobre seu corpo. Enquanto você dorme, a palavra, plantada em sua carne, prolifera em toda sua possibilidade. Se puder suportar essa convivência até não mais perceber a presença dela, então você tem uma palavra limpa. Uma palavra LIMPA é uma palavra possível. Viviane Mose
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Ana Silva comentou:
24/11/2018
Que expedição incrível! O Brasil é mesmo extraordinário, o nosso Brasil e não esse no qual desejam transformá-lo. Lindo, lindo, parabéns a todxs! Encheu o coração, a vida de esperanças e alegrias.
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Ivanir lima comentou:
24/11/2018
Professor não por falta de palavras serei breve nesse comentário, até porque o Amazônia das Palavras me inspira a muitas delas. Não me delongarei por esta tomada de lágrimas de imensa gratidão a todos da equipe e especialmente a você que a antes ja me inspirava como Mestre da ciências humanas hoje ainda mais pela sua nobreza de ser humano. Anseio ve-lo em breve e que muito ainda seja semeado desse projeto. Por aqui vamos dando notícias.
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