CRÔNICAS

Temer e nós: a onça e o jacaré

Em: 19 de Março de 2017 Visualizações: 39670
Temer e nós: a onça e o jacaré

Conta a tradição oral que quando a onça ataca o jacaré, ele permanece quieto e impassível enquanto ela começa a devorá-lo pelo rabo. Ouvi essa história na infância sempre acompanhada de comentários indagando por que um réptil tão corajoso, com um focinho avantajado, 80 dentes afiados, que acumula histórias de luta, se entrega covardemente à voracidade de um felino, que tem um volume e um peso muito menor?

Essa narrativa parece fantástica, mas dezenas de estudiosos da Amazônia a confirmam, entre eles o cônego Bernardino de Souza, que testemunhou o fato pessoalmente e achou "incrível o jacaré deixar-se agarrar pela onça e morrer sem oferecer a menor resistência", conforme registrou em "Lembranças e Curiosidades do Vale do Amazonas" (1873).

Os cabocos sabem disso, mas não encontram explicação, da mesma forma que os naturalistas ingleses Henry Bates e Alfred Wallace, que viveram vários anos na Amazônia em meados do séc. XIX. Wallace, que discutiu com seu amigo Darwin a teoria da evolução das espécies, observou no rio Solimões "uma onça devorar, vivo ainda, um enorme jacaré do qual ia arrancando e comendo pedaços da cauda. Enquanto estava a devorá-lo, o jacaré permanecia perfeitamente imóvel" - escreve ele em "Viagens pelos rios Amazonas e Negro" (1853).

Parece uma metáfora do que está acontecendo no Brasil. O jacaré somos nós. A onça é o poder. São muitas onças rugindo de forma ameaçadora, alojadas nos quatro poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário e Mídia, onde são agora hegemônicas. Por que o jacaré não se defende, não luta? Essa é a pergunta que fazem alguns cientistas sociais intrigados com a inércia do movimento popular diante da corrupção do governo Temer e dos ataques para eliminar as conquistas sociais, tornando a vida dos brasileiros mais insegura e angustiada.

Carne de jacaré

A onça, predadora, cada vez mais ousada e confiante na impunidade, ataca agora com a reforma da Previdência para acabar, na prática, com vários direitos, entre eles o da aposentadoria. "Precisamos cortar na própria carne" - justifica o ministro da Fazenda Henrique Meirelles. A carne que ele quer cortar é a do jacaré para alimentar as onças vorazes, subservientes ao sistema financeiro.

A onça gasta a metade do orçamento do governo federal no pagamento de juros e refinanciamento da dívida pública, que já ultrapassa os 4 trilhões. É uma caixa preta que nunca foi auditada de forma séria e transparente. Os especialistas garantem que a revisão das normas de pagamento permitiria que o Estado brasileiro não sacrificasse a população, podendo investir em saúde, educação, segurança social. Mas a onça avança mesmo é sobre o rabo do jacaré que não diz nem "ui".  

Uma das onças, gorda e enxundiosa - o Poder Judiciário - vai receber em 2017, de acordo com a proposta orçamentária R$ 44,2 bilhões para despesas de pessoal, encargos sociais, benefícios e pensões de pessoal, construção e reformas de prédios. Créditos adicionais de R$ 1,1 bilhão foram aprovados pelo Conselho Nacional de Justiça para despesas não programadas ou insuficientemente dotadas do Poder Judiciário. Prevê ainda reserva de R$ 23,4 milhões para a criação de cargos e funções. Abocanha um naco do rabo do jacaré, que permanece calado, sequer esperneia.

A outra onça, a do Executivo, está quase toda na lista do procurador-geral Rodrigo Janot, que enviou ao Supremo Tribunal Federal o pedido de abertura de 83 inquéritos para investigar a corrupção praticada por políticos com foro privilegiado, entre eles vários ministros. Na lista estão também a onça do Legislativo, com inúmeros deputados e senadores. Foi encaminhado ainda para outras instâncias do Judiciário o pedido para investigar mais 211 pessoas sem foro privilegiado: vereadores, deputados estaduais, prefeitos e governadores.  É a prova de outro naco arrancado do rabo do jacaré, que nem sequer grita em protesto.

Onça voraz

O poder sempre foi compartilhado entre onças. Sempre. Mas durante algum tempo vigorou um pacto de não agressão ao jacaré. Foi aí que um grupo - digamos assim - de "apostadores", inconformado por haver perdido as eleições, tomou de assalto o poder, ao som das panelas, do grasnido estridente do pato da FIESP e de um esgoto verde enferrujado da TV Globo por onde escoava a grana da corrupção, que era exibido todas as noites, sempre, no Jornal Nacional. Bastava a compra de um simples pedalinho para o esgoto televisivo derramar rios de dinheiro com ruídos assustadores.

Depois de abocanhar o poder, o grupo rompeu o pacto de não agressão e a onça passou a devorar o jacaré pela cauda. O senador Jucá propôs estancar a sangria da Operação Lava-Jato. O jacaré ficou quieto. O ex-presidente do Senado e o atual figuram na lista dos propineiros, assim como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia e muitos parlamentares que vão votar a reforma da Previdência, todos eles com polpudos salários e aposentadoria garantida. O jacaré imóvel. O ministro do STF, Gilmar Mendes, garante que corruptos eram os adversários políticos que precisavam ser apeados do poder. Os cupinchas, que assaltaram a nação, são apenas "apostadores". O jacaré nem geme de dor.

A pergunta que não quer calar foi feita pelo cônego Bernardino: "Por que o jacaré, feroz e terrível para com o homem, é covarde e pusilânime em relação à onça?".

Que o pato da FIESP fique calado, é compreensível. Afinal, seu presidente, Paulo Skaf, onça pintada (PMDB vixe vixe), recebeu 6 milhões, segundo delações da Odebrecht. Ele não protestava contra a corrupção, apenas manobrava para afastar do poder quem havia sido eleita pelo voto popular. Mas cadê aqueles paneleiros, muitos deles sinceros, tão combativos e ferozes contra a corrupção, e agora enrabados, humilhados e acovardados  como o jacaré?

Cadê o esgoto verde enferrujado do Jornal Nacional que manifestava indignação, alimentando os ruídos das panelas? Mas, o que é mais grave, por que nós, que não batíamos panelas por perceber a manobra golpista, agora estamos calados diante de tantos desmandos? O que nos impede de bater panelas? O que nos paralisa? Por que deixamos, passíveis, que comam a nossa cauda? 

Alguns amigos paraenses, a terra dos jacarés, esboçaram uma reação promovendo o escracho contra a dilapidação do patrimônio público. Criaram no facebook um grupo chamado M.E.R.D.A. - Movimento de Erradicação da Roubalheiras das Autoridades. O mais importante é que em 125 cidades, incluindo 25 capitais, no dia 15 de março, o jacaré começou a arreganhar os dentes, o que foi relativizado pelos principais telejornais..

A passividade agora está com os dias contados? Até os índios Guarani-Kaiowá protestaram, fechando a rodovia estadual na altura da Aldeia de Amambai (MS), da mesma forma que os Kaingang da Terra Indígena Campo do Meio (RS). Embora o esgoto enferrujado tenha tentado minimizar manifestações de protestos contra a reforma da Previdência, elas uniram muitos ex-paneleiros, que estavam a favor do "impeachment" de Dilma e os anti-paneleiros que eram contra o "golpe". Sem o respeito mútuo entre os dois grupos, a onça vai jantar nosso rabo. O jacaré começa a reagir?

P.S. - Para três irmãs minhas que aniversariam esse mês: Ângela (8), Teca (15) e Preta (19), as três contra a reforma da Previdência e a favor da reforma da Presidência. Babá, o La Fontaine Baré, tem a quem puxar.

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30 Comentário(s)

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Valter Xeu (Patria Latina) comentou:
28/03/2017
Você ? Ola amigo! O texto passado (onça e jacare) só na pagina do face do Pátria, alcançou 9.823 visitas e diversos compartilhamentos. No google Analyctis deve ter tido um numero maior. Abraços
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Heliete Vaitsman (via FB) comentou:
21/03/2017
MUITO BOM! Tentei compartilhar, mas vem o seguinte aviso: O conteúdo que você está tentando compartilhar inclui um link que nossos sistemas de segurança detectaram como inseguro:
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20/03/2017
O mais triste é ver a imobilidade do jacaré nas pessoas que se dizem indignadas com a situação, com a reforma da previdência, os desmandos e corrupção, quando convocados para uma manifestação, uma mobilização. Precisamos pensar qual a forma de reagir a essa letargia. o que EU posso fazer? Parece que sempre ficamos esperando para ver se o OUTRO faz alguma coisa que resulte no melhor para nós. E EU?
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Graça Helena Souza (via FB) comentou:
19/03/2017
É mesmo intrigante Bessa,a aparente passividade do Jacaré...podemos ensaiar no entanto,algumas indagações,tipo: terá o rabo tomado tal distância da cabeça,que o bicho,não o toma mais,como parte visceral de si? Será que as artimanhas da dona onça inclui, fazê-lo tomar a servidão e a devora,como se liberdade fosse e assim \"passivamente\" entregar-se ao sacrifício? Será que o jacaré é tomado de um pavor,com base em um poder simbólico da dona onça,e este o paralisa? Será uma cruel deficiência de visão,que impede que o jaracé perceba aproximação tão ameaçadora,por tanto desejar viver idilicamente,uma harmonia sem antagonismos? Enfim,....são muitas as possíves perguntas,na busca por compreender tal relação....vixevixe,
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Flávio Pantoja comentou:
19/03/2017
Gostei muito da crônica, só um detalhe: Nenhum petista citado. És um convertido ou se faz de lesado ?
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Taquiprati comentou:
19/03/2017
Oi Flávio, obrigado por escrever. Deixo ao Jornal Nacional. ao GLOBO e à grande mídia essa tarefa, porque eles não fazem outra coisa,só vivem martelando isso, Cito aqueles que O Globo esconde. O Áecio, por exemplo, hoje a Folha de SP registra em suas páginas internas, sem qualquer destaque que. O ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht e outros executivos do grupo disseram em acordo de delação premiada que acertaram junto com a Andrade Gutierrez o repasse de R$ 50 milhões ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) após vencerem o leilão para a construção da hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia, em dezembro de 2007. http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/03/1867833-odebrecht-diz-ter-acertado-repasse-de-r-50-milhoes-a-aecio.shtml
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Elaíze Farias (via FB) comentou:
19/03/2017
Elaíze Farias José Bessa, como sempre, genial. Mas posso protestar? não gostei da associação dada à figura da onça, um dos animais vítimas da crueldade humana, em grave diminuição demográfica, é em alguns biomas extinto ou em extinção. Sem falar em sua beleza. A onça tbm é vítima do poder. Ela apenas luta pra sobreviver. nem que seja comendo jacaré.
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Celso Renato Maldos comentou:
19/03/2017
Que ótima metáfora! Seria a passividade do jacaré uma sensação de inferioridade, de derrota prévia que o imobiliza?
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João Bosco Seabra da Silva (via FB) comentou:
19/03/2017
O jaca pensa que vai ficar só na primeira MORDIDA! Quando vê já se foi a metade dele...
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Sebastião Botelho Neto (via FB) comentou:
19/03/2017
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Celso Renato Maldos comentou:
18/03/2017
Tbm me impressiono com a massa de gente nas ruas no carnaval, vivendo dias de hedonismo aparentemente infantil ou adolescente. Talvez simplesmente o jacaré tenha prazer em ser devorado. Nada explica tamanha paralisia!
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Marly Cuesta (via FB) comentou:
18/03/2017
Nossa, meu querido Prof.José Bessa, como sempre,brilhante! Ah,como seria bom se fosse só a onça traiçoeira a nos atacar!Opior é que caímos de pau em cima da onça,mas logo vem toda espécie de insetos peçonhentos de toda ordem nos atacar para defender essa onça maldita!Mas mesmo assim, eu também fico me perguntando, indignada, cadê esse povo todo que sai às ruas no carnaval e outras festanças,por quê não tem essa animação pra lutar contra essa onça e outros insetos peçonhentos e vermes mortais?
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Roberto Monteiro de Oliveira (via FB) comentou:
18/03/2017
Por falar em onça as zonas francas produziram na Ásia os Tigres Asiáticos, aqui em Manaus produziram apenas uma onça cansada cujo velório vai durar 50 (cinquenta anos).
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Cristóvam Luiz (via FB) comentou:
18/03/2017
Concordo, meu prezadíssimo José Bessa. O problema, entretanto, vai além da onça do executivo. A selva fétida de lamas do Legislativo está cheia de onças, cobras, traíras, piranhas e outros bichos vorazes, quase todos em conluios com os bichos que já foram enjaulados...
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Joao Pinduca Rodrigues (via FB) comentou:
18/03/2017
Nada que milhões de caçadores não possam dar um tiro na cabeça dessa onça...
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MARCO comentou:
18/03/2017
Grato pela fábula terrivelmente atual!
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Vinicius Alves (via FB) comentou:
18/03/2017
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João Batista Otas (via FB) comentou:
18/03/2017
Cresci ouvindo essa história. Tinha minhas dúvidas, mas vendo a imagem, me quietei. Essa metáfora resume muito bem mesmo o contexto histórico do país.
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Juliana Perez (via FB) comentou:
18/03/2017
Que metáfora terrível e verdadeira!!! A leitura vale a pena.
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Marcelo Abreu (via FB) comentou:
18/03/2017
Babá! Sempre certeiro! De Aparecida para o mundo! rs
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Ana Stanislaw comentou:
18/03/2017
Bravo!!! Tomara mesmo que o jacaré, ao contrário das narrativas, esteja esboçando uma reação. As onças perderam a vergonha na cara e atacam sem nenhum pudor. O judiciário, quem diria, é mais podre que o cano enferrujado da rede golpe e mais sujo que pau de galinheiro. Impressionante o silêncio de certos leitores favoráveis ao impeachment de uma governante eleita democraticamente. Cadê o panelaço? Não era contra a corrupção? Por certo, estão comemorando a derrocada do Brasil e muito felizes por terem compactuado com esse triste, vergonhoso golpe. Excelente Bessa!!!
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Luiz Rufino (via FB) comentou:
18/03/2017
Grande texto!!!!! Mais um que vem matando a pau
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Nuno A Pereira comentou:
18/03/2017
Bessa, excelente.. É a onça mídia , voraz consumidora das verbas publicas, que, em retribuição , desvia a atenção do cidadão com programas alienantes . Também a falta de organização popular explica o comportamento do povo jacaré. que, todavia, está profundamente descontente. Os sindicatos estão cooptados pelo sistema. E os banqueiros, credores da divida interna cuja dimensão nunca foi explicada, engordam e não enfartam! Mas, é possivel acender o pavio, mais tarde ou mais cedo. Nossos filhos e netos merecem um Brasil melhor, mais justo, mais educado, mais saudável, mais seguro. Parabéns pela oportuna matéria. Uma sugestão : criar o forum universitário do Brasil para debater esses temas. É possivel mobilizar as universidades. Abraços.
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Ivone Andrade (via FB) comentou:
18/03/2017
Muito bom gostei Lá Fontaine Baré.
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Abrahim Farhat (via FB) comentou:
18/03/2017
Cuidado bessa Não vá comprar PIRARUKU.......E LEVAR CARNE D JAKARE
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Barbara Arisi (via FB) comentou:
18/03/2017
Adorei, só discordo de que esses canalhas são a onça, um ser tão lindo e adorável. Acho que eles são apenas um monte de merda. Beijos, profe querido.
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Graciemiliadossantosbarbosa Barbosa (via FB) comentou:
18/03/2017
Meu amigo e meu sempre colega do IEA, que metáfora adequada ao momento brasileiro! Você sempre brilhante. Parabéns!
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Tarcisio Lage comentou:
18/03/2017
O jacaré é cascudo e acha que a onça está fazendo carinho no rabo. Igual a massa manobrada. Tem gente que quase tem orgasmo se receber a dentada de um político nas costas, quero dizer, tapinha. Aqui na Holanda a onça fez uma festança. Todo mundo como medo da extrema direita imbecil, comandada pelo Bolsonaro daqui, o Wilders, votou em massa nos partidos da direita bem comportada, fiel ao capital financeiro e liquidou os partidos de centro esquerda, entre eles o Partido Trabalhista. No momento estamos numa marcha a ré globalizada. É a História com seus avanços e recuos...
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José Marajó Varela (via FB) comentou:
18/03/2017
O povo brasileiro é maior que o abismo e não teme o predador, sabe por instinto que possui resiliência e resistência. Viva o Povo Brasileiro! Viva Darcy Ribeiro!
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Celia Luz (v ia FB) comentou:
18/03/2017
Lindo professor, muito esclarecedor, amei. Abraço
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