A aula que vive em mim: o motor na canoa (Crônicas)
O velhinho, já aposentado em duas universidades, não sabe mais viver sem o convívio com alunos, a quem busca quando pode. As doenças da velhice, porém, impõem limitações. Cresce a fila de remédios na mesa de cabeceira. Apesar disso, ele levanta, sacode a poeira do diplo...
“A oralidade é o barulho da vida que temos dentro do nosso corpo”. (Alcindo Moreira Wherá Tupã, 2015). Se o terceiro porquinho urbano construísse na cidade sua casa de tijolo e cimento, ela poderia ser derrubada pelo furacão e pelas chuvas como vimos nas recentes imag...
O adeus do pajé que falava com as árvores (Crônicas)
Meu querido amigo, o Xeramoi Alcindo Werá Tupã, morreu nesta madrugada do dia 14 de setembro de 2024, aos 114 anos de idades. “Ele foi um grande líder na defesa dos direitos indígenas” - diz a nota do CIMI SUL. Reproduzo aqui a crônica de 2011, quando ambos, com seu fil...
Márcio Souza: abrindo caminhos (Crônicas)
Yeba Buró celebra este filho da terra – senhor da palavra e da memória – que feito pássaro partiu para a terra sem males. (Tenório Telles. Réquiem para Márcio Souza). Márcio Souza, que faleceu em Manaus nesta segunda (12), abriu caminhos para a nossa geração. Ilustro a...
Maria Flor, vô Hideraldo e a História (Crônicas)
Maria Flor, vô Hideraldo e a História No hay nada más vivo que un recuerdo (García Lorca. 1898-1936) Niterói, 20 de julho de 2024 Querida Maria Flor, Teu avô nos disse adeus. Neste sábado (20), às 18h00, foi celebrada a missa de 7º dia na igreja Nossa Senhora de Lourd...
Simón Bolívar nos sendeiros da música andina (Crônicas)
Simón Bolivar o Libertador, venezuelano e líder da independência de vários países hispano-americanos, viajava em junho de 1824 no seu cavalo Palomo por um sendeiro andino do Departamento de Ancash, Peru. No meio do caminho, se deparou com uma festa local: casais de indí...
Os Awa: uma escola na língua da gente (Crônicas)
“Arixa ta pape japoha ripa, arixa ta awa ´ĩha” (Em língua awa. 2024). “Queremos escola, mas uma escola na língua da gente” (Tradução livre). César Vallejo, escritor peruano desterrado na França, comeu no exílio a mandioca que o capiroto ralou. Escreveu em Paris, onde ...
- Mal ou Bem? Esse dedo aqui é o “mal”, esse outro é o “bem”, escolhe se você vai “ficar de mal” comigo ou se vamos brincar juntos – dizia uma criança à outra, que fora magoada por ela em uma briguinha. - Vai comer pão duro atrás do muro – era a reposta, se o dedo toca...
O burburinho cessou. Fez-se um silêncio reverente quando Mãe Cici, vestida de branco, apoiada em uma bengala, mas caminhando com garbo, entrou pontualmente às 19h00 da quarta-feira (15/05) no auditório do Centro Cultural Vale do Maranhão (CCVM). Trazia seus 84 anos, sua...
Torero e as Bibliotecas Fantásticas (Crônicas)
O barco navega pelas águas barrentas do rio São Jorge, município de Chalán, em Sucre, Colômbia. Atraca em um barranco na aldeia Vereda los Comuneros. Lá, os moradores desembarcam a preciosa carga. Eram livros. São empilhados dentro de um andor no lugar do santo. Isso me...