CRÔNICAS

A prisão do Lupicínio

Em: 01 de Julho de 2012 Visualizações: 65558
A prisão do Lupicínio
A Comissão da Verdade não sabe, mas depois do golpe militar de 1964, o compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues (1914-1974) foi preso e permaneceu vários meses trancafiado, primeiro no Quartel da PE, no centro de Porto Alegre e, depois, no presídio da Ilha da Pintada, apesar de nunca ter tido qualquer atividade política. Lá, foi humilhado, espancado e torturado, teve a unha arrancada para não tocar mais violão e contraiu uma tuberculose agravada pelo vento frio do rio Jacuí.
Quem me confidenciou isso foi um dos filhos de Lupicínio, Lôndero Gustavo Dávila Rodrigues, também músico, 67 anos, que hoje trabalha como motorista na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). O fato é pouco conhecido, pois Lupicínio não gostava de tocar no assunto. Preferiu silenciá-lo. Morria de vergonha. "E a vergonha é a herança maior que meu pai me deixou", cantava ele em "Vingança", um grande sucesso dois anos antes de sua morte.
- Pra quem tem dinheiro ou diploma, a prisão política pode até ser uma medalha, tem algo de heroico. Mas para as pessoas humildes, como ele, que não se metia em política, a prisão é sempre uma humilhação, algo que deve ser escondido, esquecido - conta o filho de Lupicínio, a quem conheci recentemente, quando ele, dirigindo o carro da Universidade, veio me buscar para participar de uma banca de mestrado lá em Seropédica.
A viagem de ida-e-volta durou mais de cinco horas. Nos primeiros cinco minutos, eu já havia lhe contado que era amazonense, do bairro de Aparecida e, quando deu brecha, mostrei-lhe fotos da minha neta. Nos cinco minutos seguintes, ele já tinha me falado de Lupicínio, seu pai, de dona Emilia, sua mãe, de sua infância em Rio Pardo (RS) e de suas andanças como músico por 29 países. Quando nos despedimos, já éramos amigos de infância.
Nervos de aço
Lôndero tem memória extraordinária e admirável dom de narrar. Suas histórias, que jorraram aos borbotões, podem ocupar várias crônicas dominicais. Ele próprio é um personagem, suas andanças dariam um livro. Mas o que ele viveu com seu pai, boêmio e mulherengo, dá outro livro. Não sei nem por onde começar. Talvez por onde já comecei: a prisão do pai, que teria provocado uma reação até mesmo em "pessoas de nervos de aço, sem sangue nas veias e sem coração".
- Nós, da família, sofremos muito com a injustiça da prisão. Sabíamos que Lupicínio não se metia em política - contou seu filho, informando ainda que antes da prisão, o pai havia feito uma versão musical - quanta ironia! - para aquela letra da "oração do paraquedista" encontrada com um militar francês morto em 1943 no norte da África. Lôndero recita:
- Dai-me Senhor meu Deus o que vos resta /Aquilo que ninguém vos pede / Dai-me tudo o que os outros não querem / a luta e a tormenta / Dai-me, porém, a força, a coragem e a fé.
Lupicínio precisou mesmo de muita coragem e fé para amargar a prisão, onde em vez de tainha na taquara ou peixe assado no espeto de bambu, comeu foi o pão que o diabo amassou. Tudo isso por causa de uma ligação pessoal dele com Getúlio Vargas, relação que acabou sendo herdada, posteriormente, por Jango e Brizola.
Segundo Lôndero, Lupicínio, que já era um compositor consagrado em 1950, fez um jingle para a volta de Getúlio Vargas, com aquela marchinha de carnaval de Haroldo Lobo, que foi também gravada por Francisco Alves: "Bota o retrato do velho outra vez / Bota no mesmo lugar / o sorriso do velhinho / faz a gente trabalhar". 
Pede deferimento
Vargas já gostava das músicas de Lupicínio antes de ele ser sucesso nacional. Por isso, decidiu bancar a entrada do compositor na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Lupicínio, que havia cursado só até o 3º primário, foi nomeado bedel da Faculdade de Direito, onde trabalhou também como porteiro. 
Um belo dia - conta Lôndero - Lupicínio caiu na farra, virou a noite e saiu direto dos bares para a Universidade. O reitor deu um flagrante nele, quando o encontrou bêbado na portaria. Deu-lhe um esporro, publicamente, humilhando-o na frente de alunos, professores e colegas. No dia seguinte, Lupicínio entrou com um requerimento com letra de samba, que seu filho sabe de cor:
- Magnífico Reitor, que a tua sabedoria e soberba não venha a ser um motivo de humilhação para o teu próximo. Guarda domínio sobre ti e nunca te deixes cair em arrogância. Se preferires a paz definitivamente, sorri ao destino que te fere. Mas nunca firas ninguém. Nestes termos, pede deferimento. Assinado: Lupicínio Rodrigues, porteiro.
Não sabemos se o reitor deferiu o requerimento e a partir de então passou a sorrir ao destino sem ferir ninguém. O certo é que Lupicínio deixou o emprego na Universidade e foi cantar em outra freguesia, em bares, restaurantes e churrascarias, onde aliava trabalho com boemia.
Foi ele, Lupicínio, quem compôs o hino tricolor do Grêmio, do qual era um fanático torcedor, ganhando com isso um retrato no salão nobre do clube. Depois do suicídio de Vargas, em 1954, Lupicínio, já consagrado nacionalmente, continuou mantendo relações amistosas com Jango e Brizola, que também admiravam sua música. Por conta disso, foi preso e torturado, segundo seu filho.
Autor de grandes sucessos como "Felicidade foi se embora", "Vingança", "Esses moços", "Nervos de aço", "Caixa de Ódio", "Se acaso você chegasse", "Remorso" e dezenas de outros, Lupicínio compôs "Calúnia", cuja letra pode muito bem ter outra leitura, quando sabemos de sua prisão e a forma como foi feita:
- Você me acusa / Mas não prova o que diz / Você me acusa / De um mal que eu não fiz/ A calúnia é um crime / que Deus não perdoa / Você vai sofrer / aqui neste mundo.
A letra de "Calúnia", gravada por Linda Batista em 1958, termina com Lupicínio rogando: "Eu não quero vingança / A vingança é pecado / Só a Justiça Divina / Pode seu crime julgar". Mas se prevalecer a letra de "Vingança", cantada também por Linda Batista e depois por Jamelão, os torturadores da ditadura não terão paz e serão punidos pela Justiça: "Você há de rolar como as pedras que rolam na estrada, sem ter nunca um cantinho de seu pra poder descansar".
P.S. - Agradeço o carinho dos familiares e amigos que compareceram ao lançamento e noite de autógrafos do livro ESSA MANAUS QUE SE VAI, no Fran's Café, em Manaus.Foi um momento muito especial e aconchegante, que se tornou possivel graças ao empenho do editor Mauro Souza.
 É possivel adquirir o livro on line: acessando o site www.institutocensus.com.br/ed

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43 Comentário(s)

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Dionatan comentou:
26/05/2014
Para qual cadeia Lupicínio foi levado após sua saída da do Quartel? Para a Ilha do Presídio?
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Tatiana Learth comentou:
17/07/2012
Virei sua fã, caro cronista e professor! Não vou perder seus textos de vista! Parabéns!! Contato de Tatiana Learth
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Mauro Gomes comentou:
16/07/2012
Professor Bessa, onde possa encontrar essa manaus que se vai?
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Ivana (Blog Assaz Atroz) comentou:
08/07/2012
Artigos muito interessantes. A Prisão de Lupicínio, que para muitos de nós era um fato desconhecido, nos faz refletir sobre as atrocidades e injustiças de um período de trevas em que o poder estava nas mãos de alguns e que o Estado de Direito, do qual desfrutamos hoje (com muitas injustiças, ainda) e estava no imaginário e nas ações de muitos torturados da época, como por exemplo a atual Presidente. Pobre Lupicínio, nem se envolvia com a causa e foi punido só por ser amigo de Getúlio.
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Marlene Ribeiro comentou:
07/07/2012
Oi Ribamar, que nós chamávamos de Babá Sou a Marlene Pardo, que perdeu o Pardo e hoje é só Ribeiro; Escrevemos juntos um manifesto com as reivindicações para a greve dos professores do Amazonas e, se lembras, fui candidata ao Senado. Voltei devido a problemas de família, hoje sou casada e profª da UFRGS. Não tenho mais partido porque não negocio princípios.Ccoordeno o Grupo de Pesquisa Trabalho, Movimentos Sociais e Educação, militando junto com o Movimento Camponês, orientando dissertações e teses sobre Educação do Campo, principalmente de militantes, desenvolvo pesquisa com movimentos sociais do campo. Continuo na militância e gosto muito do que escreves, de modo que foi muito legal ter lido o que escreveste sobre o Lupicínio Rodrigues. Se vieres a Porto Alegre me avisa que gostaria que viesses aqui em casa para batermos um papo e conheceres meu esposo, também professor da UFRGS. Um forte abraço e podes te orgulhar se ser um homem inteligente e coerente. Marlene
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Marlene Ribeiro comentou:
07/07/2012
Oi, Babá! Que bom te encontrar. Uma vez eu era Marlene Pardo, mas me desencantei com o PT, não tenho mais partido... Sou Marlene Ribeiro, professora e pesquisadora da UFRGS, casada, feliz e coordeno o Grupo de Pesquisa Trabalho, Movimentos Sociais e Educação, militando junto com o Movimento Camponês, orientando dissertações e teses sobre Educação do Campo, principalmente de militantes. Se vieres a Porto Alegre, gostaria que viesses aqui em casa ou que almoçássemos juntos. Admiro muito teu trabalho e tua coerência, por isso tomei a liberdade de te escrever. Um abraço. Marlene
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Jorge Oliveira comentou:
06/07/2012
Só um pequeno reparo;a prisão não fica na Ilha da Pintada e sim junto ao canal das Pedras Brancas e se chama Ilha das Pedras Brancas. Talvez a confusão se deu devido a mesma ficar próxima à Ilha da Pintada, entre Porto Alegre e a cidade de Guaiba. Esta ilha prisão trancafiou muitos presos politicos gauchos ,entre eles o ex -marido de Dilma, Carlos Araujo. Pena eu não estar em Manaus para o lançamento de seu livro pois, maritimo que sou,me encontro no Equador. Quando retornar o lerei com certeza. Belo texto como sempre. Abraços,Jorge.
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Jandir Ipiranga Jr comentou:
06/07/2012
Professor, agora eu fiquei confuso ! Não sei ao certo se gostei mais da sua crônica ou da sua resposta a dois alienados truculentos. Tá bom, tá bom ... gostei dos dois textos: paidégua e paidégua plus !!! Uma coisa eu lhe garanto Professor: aprendi a ler e, consequentemente, aprenderei a escrever ! Lá estou eu garantindo duas coisas. Tá bom, tá bom ... garanto que aprendi a ler ! Sabe o prazo de cinco minutos que levamos para contar que somos amazonenses, especialmente a Motoristas de Taxi no Rio de Janeiro, está certinho ! E, se é um motorista com mais idade e ainda por cima Vascaíno, torna-se amigo de infância no ato. Lembro logo daquele gol do Fontana (golaço, de cabeça) contra o Botafogo na decisão da Taça Guanabara de 1967 (Vasco 3 x 2 Botafogo, de virada). Não há vascaíno da gema que não tenha ouvido falar de Fontana. Quanto a Academia Brasileira de Letras, conforme comentei anteriormente: não há retrocesso pois é pra lá que se encaminham aqueles que, de forma brilhante, dominam a arte da escrita. Nós, meros mortais, devemos primordialmente alcançar o, pelo visto nada simples, talento de saber ler !
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André Borges Lopes (copiado Blog Nassif) comentou:
05/07/2012
Uma curiosidade: o autor José Ribamar é professor da UERJ, no Maracanã. Deve morar no Rio, embora o blog tenha assinatura em Manaus. Levar "mais de 5 horas" no trajeto de carro na ida e volta a Seropédica (que fica a uns 80 km do Rio pela Via Dutra, no sopé da Serra das Araras) ou é muito azar com o trânsito ou esbarra no delírio. O José Ribamar talvez tenha algum problema com prazos. No seu currículo Lattes (http://www.taquiprati.com.br/curriculum.php_) consta um Doutorado em História "em andamento" na École Des Hautes Études en Sciences Sociales, EHESS, França desde 1980 (32 anos!). Tem muita ponta solta nessa história, a começar pela discutível paternidade desse "Lôndero Gustavo Dávila Rodrigues", indivíduo que – convenhamos – que tem um nome pouco comum. Se a gente pesquisa no Google, existe um tal "Lôndero Gustavo D'Ávila" – sem o Rodrigues – que surge em um processo de Agravo de Instrumento contra a Eletrobras (pela incorporação de verbas recisórias) em 1998, e também aparece como reintegrado por anistia aos quadros da Eletrobrás, no Diário Oficial da União de 31/12/10. Seria um homônimo? Fora isso, o nome só aparece em reproduções desse post estranho do José Ribamar sobre a prisão do Lupicinio. O tal Lôndero Gustavo, apesar das suas "andanças como músico por 29 países" não deixou traço na internet. Nassif, para que afinal de contas serve aquele aviso de "em observação" que você coloca em alguns posts reproduzidos aqui?
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José Ribamar Bessa comentou:
05/07/2012
Meus amigos gaúchos tem a cabeça aberta e a mente arejada. Mas os que compareceram ao Blog do Nassif parecem intransigentes e intolerantes, como podemos verificar nas 3 provas irrefutáveis descobertas por nosso diligente André: 1) por trabalhar na Uerj, devo morar no Rio e cinco horas para ir e voltar é muito tempo para percorrer os 160 kms., de ida-e-volta.(kkkkkk); 2) dos dois cursos de doutorado que tenho, um deles é inconcluso e inacabado; 3) Londero - convenhamos - é um nome pouco comum. Ai tem truta. São três provas de que Londero não pode ser filho do Lupiscinio (kkkkk). "Tem muita ponta solta nessa história". Como disse um leitor do Piauí - "há muito de bairrismo, ou antes, provincianismo, nas manifestações de hostilidade a você. Aquela história de "cada macaco no seu galho" "Lupicinio é nosso e ninguém tasca". Seja como for, não baixe a cabeça pois não há motivos para tanto. Na verdade acho que, seja como for, quem vai sair lucrando é a memória do compositor. E ele merece!"
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william porto (Blog Lima Coelho) comentou:
05/07/2012
Mestre Bessa, se eu já não gostava dos milicos com essa prisão de Lupicínio a coisa aumentou. Que vergonha! Você é um mestre da escrita.
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Ricardo L L Berbara (copiado Blog Nassif) comentou:
04/07/2012
Caros, Trabalho na UFRRJ e o filho de Lupicínio idem. É motorista da casa, serve à administração superior e não faltam histórias sobre o seu pai e sua própria vida. Meus alunos e eu é que aproveitamos com suas caronas, pq ele é uma pessoa muito cuidadosa e cioso de sua história.Quem tiver interesse em detalhes, clique aqui: A DITADURA DE SEGURANÇA NACIONAL NO RIO GRANDE DO SUL (1964-1985): HISTÓRIA E MEMÓRIA Repressão e Resistência nos "Anos de Chumbo" Volume 2 2ª ed. rev. e ampl Corag Porto Alegre2010
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Ana Silva comentou:
04/07/2012
Linda e muito emocionante essa história. Ah!! excelente resposta à dupla dinâmica. Vamos prestar mais atenção na leitura, meu povo!! Não dá para desconstruir um texto baseando-se em argumentos chulos. Qual é o problema de ter um filho com uma amante? O que será que o filho do Lupicínio acha dessa história? Bessa não liga para as críticas ácidas. Isso é porque o furo de reportagem não foi dado por eles!!! Parabéns e obrigada.
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Ana Silva comentou:
04/07/2012
Linda e muito emocionante essa história. Ah!! excelente resposta à dupla dinâmica. Vamos prestar mais atenção na leitura, meu povo!! Não dá para desconstruir um texto baseando-se em argumentos chulos. Qual é o problema de ter um filho com uma amante? O que será que o filho do Lupicínio acha dessa história? Bessa não liga para as críticas ácidas. Isso é porque o furo de reportagem não foi dado por eles!!! Parabéns e obrigada.
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Ana Silva comentou:
04/07/2012
O texto está lindo e essa história é sensacional!! Boa resposta à dupla dinâmica. Vamos prestar a atenção na leitura, meu povo!! Fica difícil desconstruir uma narrativa tão bela com argumentos chulos! Qual é o problema do Lupicínio ter um filho com uma amante? O filho dele o que dirá dessa história? Será que se importa? Obrigada Bessa!! Não liga para as críticas ácidas. Isso é porque o furo de reportagem não foi dado por eles!! rsrsrs
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Anarquista lúcida (Blog do Nassif) comentou:
03/07/2012
Curioso, uma vez andei num táxi, aqui no Rio, e cantarolei baixinho uma música de Lupicínio; e o motorista me disse que era filho dele, que era maestro nos EUA, mas tinha precisado de vir para o Brasil cuidar da saúde da mae, e nao tinha conseguido trabalhar como músico. Ao que parece o Ribamar nao está mentindo, e sim o pretenso filho do Lupicínio. Nao poderá ser um filho ilegítimo, nao conhecido dos biógrafos? (Mas isso nao resolve o resto das incongruências da história... deve ser mentira mesmo).
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André Ricardo Costa comentou:
03/07/2012
Lê-se por aí que outros filhos não confirmam a história e os amigos não deram falta do amigo, que batia ponto diariamente nos bares... Será que isso vai gerar outra mamata de verdade?
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Joca Oeiras comentou:
03/07/2012
Querido José Ribamar: A hipótese de o assumido filho do nosso herói ex-preso político ser um farsante, é evidente, não pode ser, simplesmente, descartada mas, mesmo que ela se confirme, em nada invalida a sua crônica. Mais que isso, ressalta a imaginação criadora do Lôndero Rodrigues seja ele, ou não, filho do grande compositor gaúcho. Quanto à dupla Marise & Mareu creio que sua resposta é bastante adequada e nada que venha a ocorrer, doravante, irá desmerecê-la. A propósito, nem me lembrava, eu já havia postado no Portal do Sertão um artigo seu intitulado "Furto, Furtei, Furtarei" por ocasião da campanha contra a divisão dos Estados do Pará (no seu caso) e do Piauí (luta na qual me engajei). Parabéns pelos dois artigos! beijos e abraços do Joca Oeiras, o anjo andarilho PS Obrigado pelas referências elogiosas ao Portal do Sertão. Contato de Joca Oeiras
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José Ribamar Bessa Freire comentou:
02/07/2012
Prezado Nassif Li os comentários postados aqui, com especial atenção e carinho os escritos por Marise e Mareu Soares, a quem agradeço por patrocinarem minha candidatura à Academia Brasileira de Letras (ABL), embora eu também compartilhe a visão crítica sobre aquela instituição. Eles ficaram indignados com a entrevista de um filho de Lupicínio, Lôndero Rodrigues, que consideram fantasiosa e me trataram de cúmplice de tal fantasia. Pode ser. De qualquer forma, isso merece uma reflexão em respeito aos leitores. Marise, gaúcha, afirma que acompanhou "durante muito tempo a vida do Lupi" ("Lupi" é para os íntimos). Ela jura que desconhecia a existência de Lôndero. Por isso, duvidou dele e decidiu consultar um renomado lupilólogo, Mareu Soares, que teria sido amigo de um parceiro de Lupicínio, o que lhe confere autoridade e infalibilidade, como a do papa, para dar a palavra final sobre essa questão. A dupla Marise-Marceu nega a existência de Lôndero Rodrigues, que eu entrevistei, nega a existência da mãe do Londero. Quais são as razões alegadas? Vejamos: 1. Mareu, fiscal das aventuras amorosas de Lupicínio, afirma contundentemente que Lupi só teve uma esposa, embora tivesse tido trocentas amantes, mas nunca uma com o nome de Emilia - diz ele com convicção. Quem sou eu, pobre vivente, para duvidar da capacidade de fiscalização do mui digno lupilólogo, que deve ter uma lista de todos os "casos" de Lupicínio! No entanto, Lôndero pode duvidar, pois mantém em seu poder troca de cartas entre sua mãe e seu pai. 2. Da mesma forma o lupilólogo concluiu que Lupicínio só teve um único filho. Sua afirmação é tão contundente, tão carregada de certeza, que não duvido que esteja apoiada em exame de DNA. Embora não conste que ele tenha submetido Lôndero a um exame de DNA, o fato de Mareu ser vizinho do cunhado do primo de um parceiro de Lupicínio lhe confere autoridade. 3. Mareu jura que Lupi nunca morou em Rio Pardo. E daí? Eu também não. O que é que o cós tem a ver com a calça? Trata-se de uma leitura apressadinha. Lôndero, o filho de Lupicínio, não me disse que seu pai morou em Rio Pardo, eu também não faço tal afirmação, basta reler o texto. O que se exige de alguém que critica um texto é, no mínimo, que faça uma leitura inteligente e objetiva para dele discordar. Isto não foi feito. Lupicínio não precisava morar em Rio Pardo para Lôndero ter passado sua infância lá. Aliás, ele nasceu cinco ou seis anos antes do casamento de Lupicínio com Cerenita Azevedo. 4. Mareu jura que Lupi nunca pediu demissão da UFRGS, que ele se aposentou direitinho. Outra vez uma leitura que não é muito atenciosa. No meu texto não falo que ele pediu demissão, não explicito a forma pela qual deixou a Universidade. E isso porque eu sei lá se ele se demitiu ou se aposentou! Não sou autoridade sobre Lupicínio, não pesquisei sua vida e não conferi a documentação da UFRGS! Nada disso me foi dito, nem foi isso que eu repassei ao leitor. 5. Mareu critica ainda o que ele chama de "falso" requerimento, por não ter rima. Quem disse que precisava rimar para ser verdadeiro? Não se trata de um poema, mas de uma requerimento. Mundo mundo vasto mundo, se eu me chamasse Mareu, seria tu, não seria eu. 6. O lupilólogo, indignado e superinformado, diz do alto da sua sabedoria que as letras das músicas citadas em meu texto foram escritas antes do golpe de 1964. É verdade, eu já sabia disso, porque havia consultado na internet, como qualquer pessoa pode fazê-lo. Mas, de novo, não foi feita uma leitura inteligente pela dupla Mareu-Marise. No meu texto não está dito, sequer sugerido, que a letra foi escrita ANTES do golpe, motivado pela prisão. Ao contrário, chamo a atenção do leitor quando digo que aquelas letras podem hoje "muito bem ter outra leitura quando sabemos de sua prisão". Somos nós que podemos fazer outra leitura, hoje, e a leitura é OUTRA justamente porque Lupicínio evidentemente estava falando de relação amorosa e não da prisão pela qual passou. 7– O lupilólogo acha que o pior porém é a citação de que Lupi teria escrito “Vingança” dois anos antes de morrer. Faz uma revelação bombástica e desnecessária: "A canção foi gravada em abril de 1951 pelo Trio de Ouro, e em maio pela Linda Batista. Lupicínio morreria só 23 anos depois, em 27 de agosto de 1974". Não diga! Só ele sabe disso, ele, a torcida do Grêmio e do Flamengo e qualquer um que consultar a internet. No entanto, tem uma coisa que não basta consultar a internet. É preciso saber ler. Mareu não sabe ler: no meu texto não está dito nem sugerido que a letra foi escrita dois anos antes de seu autor morrer, diz apenas que se tornou um grande sucesso dois anos antes de sua morte. 8. Por último, Mareu, o lupilólogo, jura que a música Retrato do Velho foi composta por Haroldo Lobo (o que já estava lá no meu texto), mas acrescenta, por sua conta e risco, que Haroldo Lobo é o pai do Edu. Coitado do Fernando Lobo! Se Mareu for tão bom lupilólogo como é lobólogo, estamos ferrados. Se a palavra final sobre questões de paternidade couber a Mareu, estamos fritos. Fernando Lobo, pai do Edu, poderia processá-lo por calúnia, se vivo fosse. O comentário de Mareu, numa clara ofensa, termina me chamando de "sarneyzinho". Calma, gente, não precisa ofender, nem ficar ofendido. Apenas reproduzi uma pequena parte de uma entrevista com alguém que me pareceu muito convincente e que se apresenta como filho do Lupicínio. Ele tem trabalho, residência fixa, carteira de identidade e Rodrigues no nome. Não posso meter minhas duas mãos no fogo pela veracidade de tudo aquilo que ele me afirmou, mas se publiquei é porque acreditei no que falou e continuo acreditando até que me convençam do contrário. Eu tinha e tenho perfeita consciência que suas afirmações se chocam com o que está oficialmente estabelecido. Por isso, se trata de uma notícia. Agora, se existem fatos que contradizem Lôndero, então que sejam apresentados. Diante deles e de argumentos sólidos, a gente muda, na hora, de opinião, sem problemas. Não é o caso, decididamente, dos comentários apresentados aqui pelo lupilólogo, que são pífios, não resistem a menor análise, vão todos na mesma direção. Penso que a dupla Marise-Mareu fez uma leitura apressada do texto que escrevi, não entendeu nada e ainda por cima reagiu passionalmente, com inexplicável agressividade. Se o que o entrevistado falou não é verdade, somente fatos e contra-argumentos sólidos podem desmenti-lo. Não há necessidade de partir para a ofensa pessoal. Chamar-me de "sarneyzinho", apenas porque me chamo Ribamar, é uma vez mais estabelecer paternidade equivocada e não lhes dá razão, nem faz com que a verdade fique do lado dos dois. Confesso que não consigo identificar o motivo de tanta agressividade. Sou jornalista desde 1967, quando no Rio de Janeiro fui contratado como repórter pela ASAPRESS, uma agencia de noticias que faliu. Depois trabalhei em O SOL, O PAIZ e no Jornal de Vanguarda da TV Continental: todos fecharam, mas eram experiências alternativas. Daí, fui trabalhar em um jornal sólido que tinha várias décadas de existência: o Correio da Manhã. Fechou. No exílio, fui correspondente em Paris do semanário Opinião. Fechou. Trabalhei em Manaus no Jornal do Norte. Fechou. Meus amigos me imploravam para que eu fosse trabalhar no GLOBO. Antes que os lupinólogos de turno tirem conclusões apressadinhas, há muitos anos mantenho uma coluna no Diário do Amazonas, de Manaus,que cresce sólido e forte. É isso aí. O resto é vaidade bobinha de quem pretende ser o dono da verdade. Um leitor de São Paulo, Gunter Zibell, autoritariamente propõe que "se não for verdade, seria bom haver um jeito de interromper isso, antes que vire lenda de internet". Nossa mãe! Quanto autoritarismo! Como se a verdade não fosse uma construção, o resultado de um embate. A verdade não é filha da simpatia, mas do confronto de ideias, de argumentos, de provas e contraprovas. Se Lôndero for mesmo filho de Lupicínio, como acredito, não adianta arrumar "um jeito de interromper" a publicação, o que configura censura. Ficamos, então combinados: Edu Lobo não é filho de Haroldo Lobo.
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Jr. comentou:
04/07/2012
As pessoas...tem o hábito de falar sem saber...e os comentários é que na minha opinião não tem fundamentos...será que as pessoas não sabem a diferença de Crônica e notícia??????Mareu e Marise é tudo a mesma m....Eu nem perderia tempo respondendo a estas 2 criaturas alienadas...
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Ana Paula Freire Artaxo comentou:
03/07/2012
Estive com o articulista, no Rio, dois dias após a viagem dele a Seropédica (aviso logo de que 'lugar' eu falo: sou sua sobrinha). na ocasião, ele me contou, entusiasmado, muitos detalhes da conversa com Lôndero. Portanto, ele acreditou na história. E jornalistas, mesmo os bons e experientes, podem, eventualmente, se equivocar ao confiar em certas fontes, e cometer imprecisões. Quando isso acontece, uma boa dose de humildade e desprendimento minimizam a "barriga", que foi alimentada pela boa-fé. Agora, quem vem mal-educado por atavismo, esse, coitado, não tem jeito. O especialista em Lupicínio perdeu uma grande oportunidade de oferecer aos leitores um debate interessante no campo das ideias, estimulando mais leitura(s) sobre aquilo que ele julga ser A verdade. Uma pena! Cordialidade, respeito e capacidade de interpretação são privilégios. A pretensão da verdade absoluta e inquestionável do furioso lupicinólogo me faz lembrar o Humpty Dumpty, de Lewis Carrol: "Quando 'eu' uso uma palavra", disse Humpty Dumpty, "ela significa exatamente aquilo que eu quero que ela signifique - nem mais nem menos". Se leu Carrol, o MAR-eu de arrogância desprezou a resposta de Alice: "A questão", disse Alice, "é se você 'pode' fazer as palavras significarem tantas coisas diferentes". É por aí...
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Socram PB comentou:
03/07/2012
Excelente resposta. Curioso é que o blog do Nassif cresceu sendo um espaço para discussão sadia de idéias onde o contraditório e a boa argumentação eram bem vindos em contraponto a uma imprensa viciada e arcaica. Porém até onde vi ele não publicou esta sua resposta em forma de post o que, para mim, significa que ele deu mais importância à voz dos seus seguidores do que à sua o autor de tão criticado texto. Espero que ele publique lá sua resposta. Eu também me espantei com a virulência das respostas. Até parece que houve alguma ofensa pessoal. Curioso que as mesmas pessoas que denunciam o "assassinato de reputação" por parte de alguns veículos de imprensa também o fazem quando lhes interessa. Ora, é mais fácil desclassificar uma pessoa do que construir argumentos embasados. Levei seu texto pra lá mas me espantei com a reação desproporcional. Ok, não brinco mais. Na próxima leio e fico quieto no meu canto. Abraço.
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Gunter Zibell - SP (copiado do blog do Nassif) comentou:
02/07/2012
Boa pergunta, mas a Marise obteve uma análise bem fundamentada. o curioso é que, se clicar no link do blogueiro, verá na caixa de comentários que o José Ribamar Bessa informa que só usou 10% do que ouviu e que fará nova crônica. Se não for verdade seria bom haver um jeito de interromper isso antes que vire lenda de internet. Já tem tantas circulando
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Mareu Soares (copiado do blog do Nassif) comentou:
02/07/2012
Esse José Ribamar é o Sarney?De qualquer forma merece entrar para a Academia Brasileira de Letras, onde estão os piores ficcionistas da praça. O cara que deu as informações, se é que existiu, ouviu alguma coisa do Lupi e saiu por aí a dar aula. Quase tudo errado. Vamos lá. 1 – Lupicicio só teve uma esposa, chamada Cerenita. Não existe Emília alguma na vida dele, nem amante (que as teve às dúzias). 2- Lupi só teve um filho – Lupicínio Jorge Quevedo Rodrigues, o “Lupinho, que é o proprietário do bar “Se acaso você chegasse”, na Av. Venâncio Aires (Bairro Santana), cuja temática é a vida e trajetória do Lupi. 3– Lupi nunca morou em Rio Pardo. 4 – Getúlio pouco conhecia o Lupi, até porque foi para o RJ em 1930, para assumir a Presidência, enquanto o Lupi só ficou famoso depois da gravação de “Nervos de Aço” pelo Francisco Alves, em 1947 (uma gravação meses antes, por Deo, não emplacou). 5 – Em 1939 Lupi passou algumas semanas no RJ, onde fez contato com Chico Alves, que gostou de várias músicas e passou a gravar alguns anos depois. Nessa ocasião Lupi estava de férias, pois já era funcionário da Universidade Federal(ganhava duzentos mil réis, e a passagem de navio foi cento e setenta mil réis). 6 – Lupi nunca pediu demissão, mas se aposentou direitinho pela UFRGS (aliás, o falso requerimento não tem rima nenhuma!). 7 -Esta tal de Oração dos Paraquedista parece que não tem música. O cara deve ter feito uma salada de frutas com a música do Vandré. 8 – A música “Calúnia”, de Lupi com o meu amigo Rubens Santos, é de 1955, sendo gravada em 1958. E o que pode ter com o golpe de 1964? Premonição? 9 – E a letra de “Vingança” tem menos ligação ainda com qualquer coisa ligada a problemas militares, já que foi feita depois que alguns amigos contaram a Lupi terem visto a prostituta Mercedes (a Carioca) chorando num bar depois que fora desprezada pelo compositor, razão da traição que lhe fizera justo com outro amigo. 10 – Pior porém é a citação de que ele teria escrito “Vingança” dois anos antes de morrer. Ora, A canção foi gravada em abril de 1951 pelo Trio de Ouro, e em maio pela Linda Batista. Lupicinio morreria só 23 anos depois, em 27 de agosto de 1974. 11 -A música “Retrato do Velho” não tem nada a ver com Lupi. Foi composta por Haroldo Lobo (o pai do Edu) e Marino Pinto. 12 – Para não ficar a vida toda desmentino o falso depoimento do tal Lôngaro e do “Sarneyzinho”, informo que na Ilha da Pintada não tem e nunca teve prisão. Mareu Soares
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Paulo Bezerra (2) comentou:
06/07/2012
Muito estranho é um artista como Lupicínio que viveu na boêmia entre os bambas do café Nice nunca ter aprendido a tocar nenhum instrumento. Será se a ditadura quando lhe arrancou a unha sabia que o Lupicínio não tocava violão ? Quantos foram torturados para "entregar" pessoas que sequer conheciam ? Quantos foram torturados para confessar atos que nunca cometeram ? Segundo seus biógrafos, Lupicínio que teve dúzias de amantes numa época em que não era costume usar preservativo ou anticoncepcional teve apenas dois filhos "reconhecidos": Tereza do primeiro casamento com Juraci e Lupicínio do segundo casamento com Cerenita? Mas tem a amante Mercedes (carioca) que teria tido um caso de 5 anos, cuja separação teria inspirado Lupicínio a compor "Vingança". Será que ela era estéril ou usava algum tipo de anticoncepcional naquela época ? E a "noiva" Inah, que conheceu Lupicínio por volta de 1935 em Santa Maria - RS e que conviveram em Porto Alegre de 1937 a 1939 ? Só beijinho, beijinho, pau, pau nada ?
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Paulo Bezerra comentou:
04/07/2012
Sr. Mareu se o Sr. afirma que o Lupicínio teve dúzias de amantes numa época em que não era costume usar preservativo ou anticoncepcional, o que leva o ilustre lupilólogo a concluir pela existência de um único herdeiro dos “Nervos de Aço” ? Como ter a certeza de que nenhuma delas tenha tido uma gravidez acidental ou mesmo indesejada e tenha tido um Lôndero? Para o Sr. ter tanta certeza de que nenhuma das amantes de Lupicínio se chamava Emília é preciso tê-las conhecido de perto e saber o nome de cada uma delas. No entanto, o Sr. não citou o nome de nenhuma em seu comentário. Limitou-se a dizer de forma depreciativa que “Não existe Emília alguma na vida dele, nem amante (que as teve às dúzias)”. Ao que parece, o Sr. era mais que um simples parceiro do Lupicínio. Talvez um grande amigo do tipo “companheiro-de-todas-as-horas”. Por outro lado, é do conhecimento nacional a “macheza” própria da maioria da gauchada. Daí concluir que o gaúcho Lupicínio jamais assumiria um filho bastardo tido fora do casamento, como também jamais assumiria ter sido torturado. Haja visto que o principal ingrediente da tortura é a sevicia ou o estupro e não apenas “arrancar uma unha” como disse Lôndero ter ouvido do seu pai. Também, sabe-se que a população carcerária é composta basicamente de preto e pobre tipo Lupicínio Rodrigues. E, que a cada minuto um homem é seviciado nas prisões brasileiras, com a conivência das autoridades judiciárias e da população. Ninguém desconhece o castigo aplicado aos inadimplentes de pensão alimentícia, por exemplo. Ao torturado, por sua vez, cabe esquecer esses fatos e não admite sequer tocar no assunto. Pode ser que o episódio da ”unha arrancada” tenha sido uma forma simbólica que Lupicínio encontrou para minimizar os efeitos da tortura sofrida e esconder a sua vergonha ao ter que admitir a existência de tais atos. ♫♪ E a vergonha é a herança maior que meu pai me deixou ♫♪ Portanto, é razoável imaginar que esses fatos narrados na crônica Taqui-pra-ti possam ser verídicos. Em caso de dúvida, pesquisadores, mãos–á-obra. PS. Não confunda o nosso Ribamar com o Ribamar do Maranhão. Senão, senão !!
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Marise (copiado do Blog do Nassif) comentou:
02/07/2012
Marise Nassif eu já tinha lido isso no Facebook e como sou gaucha e acompanhei durante muito tempo a vida do Lupi, fiquei em duvida sobre a veracidade de tal escrito. POis bem, mandei o -mail para um amigo que conheceu bem Lupicinio e é um grande amigo de Rubens Santos, que foi parceiro e conviveu com LUpicinio quando se mudou para Pôrto Alegre. Coloco aqui a resposta deste amigo que ficou indignado com o que leu:
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Néia Uzon comentou:
02/07/2012
Caríssimo, o falso filho do Lupcínio te enrolou pra presente e botou um laço de fita... Quase tudo na história é inverídico (exceção à composição do hino do Gremio que é mesmo do Lupi). Achei que se tratava de uma crônica/piada pra ver se os leitores estão atentos, mas pela tua resposta a outro comentarista, pensas mesmo que tudo se deu como o cidadão te contou. Não fecha nada! Dá uma espiada nas biografias do Lupi e tenta conversar com alguém que conheça Porto Alegre pra saber que nunca houve presídio na Ilha dos Marinheiros, o Lupi se aposentou da UFRGS por tempo de serviço público, nasceu em Porto Alegre e nunca morou em Rio Pardo. É barriga!
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Joca Oeiras comentou:
02/07/2012
http://www.fnt.org.br/ensaios.php?id=1002 veja lá! Contato de Joca Oeiras
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regina maria comentou:
02/07/2012
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Artur Francisco Pedreira comentou:
02/07/2012
Olá Ribamar, será que te enganaram? Veja aqui uma outra versão: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-prisao-do-compositor-lupicinio-rodrigues-na-ditadura (lembro que trabalhamos juntos no jornal O SOL)
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Joca Oeiras comentou:
02/07/2012
Querido José Ribamar Bessa Vou postar sua instigante crônica no Portal do Sertão (www.fnt.org.br), sítio virtual da Fundação Nogueira Tapety. sediada em Oeiras-Piauí . Depois mando notíciasdela por aqui mesmo.Parabéns, beijos e abraços do Joca Oeiras, o anjo andarilho Contato de Joca Oeiras
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Rogério Antunes comentou:
02/07/2012
Fiquei muito surpreso. Realmente nunca li nada a respeito. É a primeira vez. Essa Ditadura de 1964 foi uma serpente, das mais venenosas
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Ana Stanislaw comentou:
01/07/2012
Memorias, narrativas e histórias tecidas pela genialidade do autor. Lindo texto. Obrigada por compartilhar essas notas sombrias sobre a história de Lupicínio Rodrigues. Parabéns ao autor e ao cartunista. A charge também está digna de nota!
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Susana Grillo comentou:
01/07/2012
Bessa, que história !!! Uma simples e curta viagem e lá vem mais a história de mais um importante personagem atropelado cruelmente pelo arbítrio... só você com sua incansável atividade de indagação, pesquisa, para resgatar Lupiscinio ... a ilustração é belíssima... parabéns pela crônica... acabei de ler o livro de sua irmã sobre cranças indígenas em escolas de Manaus... gostei muito... um grande abraço Susana
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vera nilce comentou:
01/07/2012
adoro suas cronicas e quero saber se vai ter lançamento no RJ , se tiver ou onde eu posso encontrar o livro pra adquirir me conte . Obrigada.
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01/07/2012
estou abalado ,triste em saber de fato , quanta injustiça ,quanta maldade que esses covardes fizeram em cima de pessoas pobres,humildes , isso tem que chegar a COMISSÃO DA VERDADE ,essa covardia o brasil inteiro tem que saber!! Contato de JOSÉ ALBERTO CALAZANS LIMA
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RAFAEL comentou:
01/07/2012
Gostei de saber da notícia, é verdadeira ou inventada somente para a crônica? Contato de RAFAEL
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Ribamar Bessa comentou:
01/07/2012
Oi Rafael, em geral o autor dá pistas e o leitor percebe quando se trata de ficção.Não seria responsável da minha parte inventar um personagem para tema tão sério. O filho do Lupicio me deu uma longa entrevista, usei apenas 10% das informacoes, mas retomarei ainda o tema mais adiante.
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Erika Fátima Dantas comentou:
01/07/2012
Aqueles que tiveram alguma ligação com Getúlio Vargas, tiveram que "sumir do mapa" literalmente. Muitos por saber de mais, até fingiram ser outra pessoa, mudaram seus nomes, mudaram a profissão ou simplesmente se isolaram em casa para não terem problemas e suas famílias sofriam juntas nesta fase de tantas injustiças. Quando Getúlio morreu, deixou várias viúvas que choraram sua morte por toda vida. Minha mãe lembra muito bem do sofrimento do meu vô Bessa que chorou a morte do patrão e amigo de longa data e de como ele se fechou para todos e tudo dentro de casa. Anos mais tarde conversando comigo sobre a ditadura, pude sentir a dor do meu vô de ter mudado toda sua vida por pensar em sua família. Senti seu sofrimento de ter vivido esta fase histórica tão vergonhosa de nosso país. A grande verdade é que para os pobres e humildes houve uma ditadura diferente para os ricos e diplomados. A vergonha ficou entranhada na pele daqueles que mesmo por "engano" foram presos e torturados. Vergonha esta que passou por gerações e esta ai até hoje na vida de muitas famílias. Quanta dor, quanto sofrimento, quanta humilhação passamos nesta época! Ainda encontramos aqueles que defendem que foi uma época boa para que mnão era envolvido com política. Ai eu pergunto: E para aqueles que foram acusados por nada? Aqueles que nunca se envolveram com políticas mas que infelizmente possuiam algum desafeto que com raiva fazia dênuncias infames? Realmente a ditadura deve ter sido boa para os que se calaram e aceitaram viver esta vergonha sem oposição.
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Anna comentou:
01/07/2012
Ótima crônica, parabéns!
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Marcos Dias Coelho comentou:
01/07/2012
Acompanho suas crônicas a cada domingo e nunca me decepciono. Contudo, a de hoje foi emocionante. Adoro o Lupicínio, sou historiador e nunca tinha ouvido falar dessa história. Parabéns pelo belíssimo texto e principalmente por descobrir/revelar informações importantes sobre a nossa história.
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Giane comentou:
01/07/2012
Belas e comovedoras homenagem e memória.. e vc, Bessa, não perde a viagem né?!!
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