CRÔNICAS

Peret, amansando os brancos

Em: 20 de Março de 2011 Visualizações: 49875
Peret, amansando os brancos

 

A foto de aniversário, que me enviou por e-mail em janeiro de 2009, é típica de álbum de família. Ele e dona Marly, com quem se casou em 1958, estão sentados. No colo dela, a bisneta Izabelle, que completava um aninho. O cenário é decorado com balões coloridos e mesa com bolo e vela. Embora já ferido de morte pelo câncer, ali, naquela foto, está inteiro João Américo Peret, bisavô e amigo dos índios. Avô e amigo dos índios. Pai e amigo dos índios. Esposo e mais amigo dos índios. Amigo e amigo dos índios.
João Américo Peret foi isso desde que nasceu em 1926: amigo dos índios e amigo dos amigos dos índios, a quem sabia reconhecer. Perambulou por aldeias de todo o Brasil, viveu no Acre, no Amazonas, em Mato Grosso, varou rios e igarapés como sertanista do antigo Serviço de Proteção aos Índios (SPI) e da Funai, contraiu malária mais de trinta vezes. Conviveu com o marechal Rondon, Darcy Ribeiro, irmãos Villas Boas e outros indianistas. Deixou-se civilizar pelos índios Kisêdjê, do Xingu, que falam uma língua Jê e são também conhecidos como Suyá ou Beiço-de-Pau.
A denominação Beiço-de-Pau surgiu porque os Suyá usavam grandes discos labiais e auriculares que simbolizavam a importância do ato de cantar e de ouvir para todo o grupo. A relação deles com a sociedade nacional foi dolorosa, marcada historicamente pela violência e por sucessivos massacres. No final dos anos 1950, os irmãos Villas Boas organizaram um grupo, integrado por índios Juruna, para estabelecer relações pacíficas com os Suyá, que estavam, com toda a razão, muito desconfiados e temerosos com os “civilizados” que promoviam atos de barbárie, atacando-os.
Amansando brancos

“namoro” - era assim que se chamava o período de aproximação com índios arredios – durou um ano, até que se conseguiu criar as condições de um diálogo amistoso. Esse período ficou conhecido como “o tempo em que os brancos vieram nos procurar”. O próprio Peret descreve o processo de “pacificação”, no qual conseguiu conversar pela primeira vez com um deles, o mais aguerrido de todos.
- “O índio Suyá sentou ao meu lado, num tronco de árvore, colocou a mão no meu ombro e disse: eu achava que não ia conseguir amansar você! Mas consegui. Aí ele retirou o seu disco labial e me deu de presente como prova de amizade. Eu é que era considerado o “branco bravo”. Guardo até hoje o disco como lembrança desse momento emocionante”.
Talvez Peret tenha se dado bem com os índios porque, á semelhança deles, era um grande contador de histórias. Numa longa entrevista recente, ele diz o que aprendeu com as histórias dos índios.
-“Eles me domaram e me educaram com carinho e amor. Desenvolveram meu potencial ético. Aprendi a valorizar e a respeitar as pessoas, porque nas culturas indígenas se exercita a solidariedade. As regras básicas das sociedades indígenas são a tolerância, a lógica e a sabedoria de viver em harmonia com a natureza e em paz com seus semelhantes. Com eles ganhei razão de sobra para viver por uma causa justa”.
Essa aprendizagem continuou com os Karajá do vale do rio Araguaia, com quem conviveu. Peret conta que ficou intrigado porque os pássaros domesticados nas aldeias Karajá não eram aprisionados em gaiolas, circulavam livremente, voavam para longe, mas sempre voltavam à noitinha. - “Por que é que eles sempre voltam?” – perguntou a Didiué Karajá, que lhe respondeu:
 - “Porque eles são nossos parentes. Quando nascem, nós mastigamos os alimentos e passamos com a boca para o bico deles. Eles fazem parte da nossa família. São livres, não são propriedades nossas. Por isso, voltam e às vezes trazem seus novos amigos para nos visitar”.
Na entrevista concedida a Marília Bellizzi Jaccoud, em dezembro de 2005, Peret conta que voltando à aldeia muitos anos depois encontrou sua amiga Lauaxiro Karajá e ficou surpreso com a passagem do tempo, que deixara marcas visíveis no corpo dela: - “Minha amiga, você envelheceu muito rápido. O que houve?” – ele perguntou. “Ela me olhou calmamente e me disse: espera aí. Apanhou um espelho e disse: olhe a sua cara. Nós nos abraçamos e rimos às gargalhadas”.
Acervo de fotos
Parte da infância, João Américo passou no Acre, onde seu pai, o engenheiro agrônomo Achylles Peret, criou a Escola de Aprendizado Agrícola, em Rio Branco. A família que morava no local da própria Escola, cultivava horta e pomares. Nas férias, Peret ia para Manaus, onde depois viveu algum tempo, trabalhando nos jornais A Crítica e Jornal do Comércio, antes de estudar etnografia no Rio de Janeiro e de estagiar no Conselho Nacional de Proteção aos Índios.
Quando a expedição do padre Calleri, em 1968, desapareceu em território dos índios Waimiri-Atroari, acossados pelos brancos, quem conseguiu localizar os restos mortais de sete homens e duas mulheres foi uma equipe chefiada por Péret. “O padre, cuja incompetência era monumental, foi vítima de sua própria ignorância, por não saber lidar com os índios” – ele disse.
Peret escreveu vários livros, publicou séries de reportagens sobre os índios nos principais jornais e revistas do país, produziu relatórios, escreveu roteiros para filmes documentais no Xingu, organizou exposições de fotografias no Brasil e no exterior, com fotos de seu acervo – são milhares de fotos que documentam uma parte da história indígena.
Com ele, mantive correspondência regular nos últimos anos. Acompanhei virtualmente seu sofrimento, os exames que fazia, os remédios que tomava. Numa das mensagens, já no final, dizia ele: “Obrigado pelas energias boas. Estou assim: sinto um pouco de anemia. Estava inchado. Achei que estava “dengoso” querendo colo. Mas com a ajuda espiritual de muitos amigos, despertei e comecei a reagir e me disciplinar. Faço alongamento por 40 minutos todos os dias”
No final, estava perdendo a briga com a morte. Guardo no meu arquivo sua última mensagem enviada por e-mail: “Querido amigo e irmão José Bessa, venha me visitar, mas não se penalize da minha dor. Não melhoro. Minha vida está esvaindo-se sem cura... Nestes últimos dias cada centímetro do meu corpo é uma fonte de dores insuportáveis, causados pela metástase. Bjs. Peret”.
Uma viagem me impediu de atender ao chamado.  Agora, no dia 17 de março, sua filha Denise me envia email com a notícia da partida do sertanista João Américo Peret (1926-2011).  Um amigo comum, Marcos Terena, escreve:
- “Hoje, Américo Peret, indigenista e historiador, escritor e contador de histórias indígenas partiu para o campo eterno. Ele deixa um exemplo de abnegação e confiança na força dos Povos Indígenas, pois em tudo, sempre mostrava o valor da natureza, da cultura e da sabedoria. Solidariedade, respeito e silêncio”.
Ele se foi no mês de março – tubyraçó  no calendário karajá - o tempo em que começa a vazante. À família enlutada e aos índios, os nossos sentimentos.
P.S – Já havia preparado um texto sobre a chegada do presidente dos Estados Unidos Barack Obama ao Brasil, mas a morte de Peret me fez mudar o tema da coluna dominical.  

Publicado no Diario do Amazonas com o título PERET O CONTADOR DE HISTORIAS

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43 Comentário(s)

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Celeste Correa comentou:
03/03/2021
Linda, mano..."Eles me domaram e me educaram com carinho e amor. Desenvolveram meu potencial ético. Aprendi a valorizar e a respeitar as pessoas, porque nas culturas indígenas se exercita a solidariedade. Acho que o que atrapalha o nosso aprendizado é a arrogância de achar que somos melhores do que os nossos antepassados. "eu achava que não ia conseguir amansar você! Mas consegui.". É...precisamos muito ser amansados... Mano, obrigada por mais esse ensinamento. Vou ler esses pedacinhos da crônica para o Manu. As nossas escolas, no geral, estão muito descoladas da história real, né! Se isso não mudar a memória se esvai. Como defender o que não se conhece? Eu me sinto ignorante, olha...
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ubiratan comentou:
15/09/2011
Tive o prazer de conhecer o meu amigo Peret através de um ex colega de vôo, seu sobrinho Vitório Peret, pois na época eramos comissario da Cruzeiro do Sul.Muitas Saudades!!!
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Paulo Lucena comentou:
24/04/2011
Peret um autodidata indianista cosmopolitano e etnógrafo e historiógrafo natode grande envergadura e sapiência, meu fraternal amigo. Seu passamento entristece e abala a todos nós...
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ITASARA FARIAS comentou:
18/07/2012
Grande Paulo. favor entrar em contato comigo. Sevc for o esposo da Débora filha do Sr Chico Batista.
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Darlene Taukane comentou:
26/03/2011
Terei em minha memória, o carinho e o sentimento de amizade que ele tinha por mim. Conheci Peret em 97, contando suas aventuras no meio dos povos indigens. Valeu Peret ,que tuas estrelas brilhem por nós como brilhavam teus olhos.
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Daniel Munduruku comentou:
22/03/2011
Com tristeza. Peret foi, sem duvida, um grande companheiro.Que os espiritos ancestrais possam acolhê-lo.
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Severiá M.Idioriê Xavante comentou:
22/03/2011
Foi um prazer imenso conhecer Peret. Conheci mais um pouco sobre as historias de parte do povo brasileiro. Figura interessante e meiga.Lembro dele com alegria e sua memória fica comigo por meio da revista em quadrinho que ele me presenteou sobre os Tapirapé e a nota de R$10,00 com a pintura feita por ele de representante do povo Karajá. Foi um ser interessante neste mundo.Foi com Deus. Bom mesmo te-lo conhecido.
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Jandir Ipiranga Júnior comentou:
22/03/2011
Prof. Bessa, grande registro. Um homem do valor do Peret jamais morrerá. Encantou-se, isso sim. Assim como encantadas eram suas histórias sobre os Indios.
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Sérgio Souto (Blog da Amazônia) comentou:
22/03/2011
Amigo Babá, bom dia! Éramos amigos e por diversas vezes nos encontravamos nas festas da CASA DO ACRE. Só agora é que fiquei sabendo da sua travessia de rio.Que os deuses da floresta o guarde. Um abração
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Mario Santana comentou:
22/03/2011
Caro professor Bessa, é importante cultuarmos a memória de Peret. Mas, eu tenho absoluta certeza que ele iria ficar mais satisfeito se você iniciasse um movimento contra a reativação da BR-319 que irá atingir diretamente nãoseiquantas aldeias no Amazonas, a troco de nada importante, a não ser a caturrice tosca do Alfredo Nascimento. O que irá se perder em termos de cultura, etnia e biodiversidade no entorno da rodovia permite-me catalogar o episódio como um “crime contra a humanidade”. Se você p
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miguel pedro medina comentou:
22/03/2011
PREZADO BESSA, por essa sua cronica,tive noticias do Peret, amigo que foi, apresentado-me pelo outro amigo e irmao, ex-deputado Carlos Paiva. Em suas idas a Manaus,ja aposentado, embalava a mim e à Maribel, minha esposa, como tambem a meus filhos Gaby e Jr, com suas historias em andancas por nossas florestas,saborendo uma gostosa caldeirada de Tambaqui ou um Jaraqui frito . Estava programando,apresenta-lo a meus netos mineiros,quando de nossa proxima viagem ao Rio.Resta-me agora presentea-los co
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Paulo José Cunha comentou:
21/03/2011
Conheci o Peret em Parintins, ao lado de Andreas Valentin. Ouvi muitas histórias dele, principalmente lendas indígenas. Figura admirável, inesquecível. Parabéns, querido Bessa, por lembrá-lo aqui.
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Liliam Maria (1) comentou:
21/03/2011
Conheci Peret ano passado na Homenagem ao Índio Juruna na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Sua luta, suas conquistas e sua doçura estarão sempre em meu coração. Sou privilegiada em ter-lhe conhecido e ter participado um pouquinho de sua vida. Minha sincera homenagem a este homem simples e humilde que muito me encantou.
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Liliam Maria (2) comentou:
21/03/2011
Saudade amigo! PERET diz em seu livro Amazonas: História, Gente, Costumes: "Nós, pelo contrário, nunca tivemos pressa de nada na vida, vivemo-la simplesmente. Não queremos ser ricos para não perder o gosto e a paciência de parar nos beiradões, comer peixe frito com os caboclos e ouvir as suas estórias com sabor de lendas, mas repletas de veracidade, que encantam e gratificam o corpo e o espírito deste pesquisador.”
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Beatriz Furtado comentou:
21/03/2011
Agradeço a Deus a oportunidade de compartilhar tantas experiências profissionais ao lado do prof. Bessa, que me fez conhecer Peret em 2009.Seu texto demonstra a grandiosidade de tudo que vive e acredita.Quem sabe Peret regresse como pássaro e venha livre pelas manhãs alegrar com um canto todos que o amavam tal como alegrava com suas histórias.Pessoas grandiosas permanecem vivas em nós através das boas lembranças.Meus sinceros sentimentos.Agora, Peret desfruta a paz. Bela e emocionante homenagem.
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Beatriz Furtado comentou:
21/03/2011
Agradeço a Deus a oportunidade que tive, não de conviver com o Peret, pois este conheci apenas em 2009, mas de compartilhar tantas experiências profissionais ao lado do meu grande professor Bessa. Obrigada por ser assim, simplesmente você. Seu texto demonstra a grandiosidade de tudo que vive e acredita. Quem sabe Peret regresse como pássaro e venha livre pelas manhãs alegrar com um canto a todos que o amavam, tal como alegreva com suas histórias. Pessoas grandiosas permanecem vivas em nós atra
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Liliam Maria comentou:
21/03/2011
Conheci Peret ano passado na Moção do Índio Juruna na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Sua luta, suas conquistas e sua doçura estarão sempre em meu coração. Sou privilegiada em ter-lhe conhecido e ter participado um pouquinho de sua vida. Minha sincera homenagem a este homem simples e humilde que muito me encantou. Saudade amigo! PERET diz em seu livro Amazonas: História, Gente, Costumes: " Nós, pelo contrário, nunca tivemos pressa de nada na vida, vivemo-la simplesmente. Não qu
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Cris Amaral comentou:
20/03/2011
Querido Prof. Bessa, parabéns pela crônica e pela homenagem ao seu amigo Peret,. Como percebi nos comentários ele viveu como queria e por um ideal, um contador de histórias e causos. Só lamento não têlo conhecido, me deu água na boca... Que a estrela dele possa muito brilhar!!
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Miguel Maron comentou:
20/03/2011
Caramba !!!!!!!!!!!!!!!! morreu o Peret, ele era um grande contador de histórias . Eu o conheci há tempos e batia altos papos com ele antes de me embrenhar na aventura de ir morar como indigenista nos irantxe vizinhos dos beiço de pau .
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Mary Gaspari comentou:
20/03/2011
Morre Peret, indigenista, sertanista e uma figura muito simpática chamado carinhosamente nesta crônica de "amigo dos índios". Eu tive o prazer de conhecer brevemente o Peret, e me lembro de tê-lo visto pela última vez, se bem me lembro, no II Encontro de Escritores Indígenas na UERJ, que nós organizamos em 2009. Lamento sua morte.
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Lilian Nabuco (1) comentou:
20/03/2011
Por causa de pessoas como Bessa e de meu filho indigenista, aprendi a ser amiga dos índios. Mas só conheci Peret de verdade hoje, depois da crônica do Bessa e do comentário de vocês, quando ele já tinha virado uma estrela, entre as mais brilhantes, depois de recebido em festa pelo firmamento. A semente que ele plantou nas pessoas que cruzaram com ele foi vigorosa. Mais do que um profundo respeito pela sua sabedoria e pela dedicação e amor aos índios, os amigos demonstram por ele encantamento.
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Lilian Nabuco (2) comentou:
20/03/2011
São raras as pessoas que têm este poder de encantar e de nos envolver na sua paixão pela causa a que se entregaram tão completamente. Obrigado por mais essa Bessa! As estórias de Peret com os índios reproduzidas por você são ótimas. Você também um apaixonado, encantador e contador de estórias!
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Lilian Nabuco comentou:
20/03/2011
Por causa de pessoas como Bessa e de meu filho indigenista, aprendi a ser amiga dos índios. Mas só conheci Peret de verdade hoje, depois da crônica do Bessa e do comentário de vocês, quando ele já tinha virado uma estrela, entre as mais brilhantes, depois de recebido em festa pelo firmamento. A semente que ele plantou nas pessoas que cruzaram com ele foi vigorosa. Mais do que um profundo respeito pela sua sabedoria e pela dedicação e amor aos índios, os amigos demonstram por ele encantamento. S
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Andreas comentou:
20/03/2011
Conheci Peret quando morei em Manaus nos anos 80 e fui reencontrá-lo 20 anos depois trabalhando como editor da revista Parintins Cultura e Folclore, de Cristina Fritsch. Peret foi um grande companheiro e amigo. Que viva bem em Noçoken.
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Ana comentou:
20/03/2011
Linda homenagem!!! Peret se foi, mas sua história, suas ações ficaram para nos inspirarmos. Obrigada Peret e Bessa!!!
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VANIA TADROS comentou:
20/03/2011
PERET FEZ O QUE ACHOU IMPORTANTE E ESCOLHEU PARA DEDICAR SUA VIDA: UMA CONVIVÊNCIA HARMONIOSA COM OS ÍNDIOS CAPACITANDO-A PARA FALAR DELES AOS BRANCOS. FOI FELIZ. BESSA, ESSA HISTÓRIA É MIL VEZES MAIS IMPORTANTE QUE A CHEGADA DO OBAMA. PARABÉNS PELA ESCOLHA.
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Esteban Reyes Celedón comentou:
20/03/2011
Não conheci a Peret, mas conheço a Bessa: amigo de Peret, amigo dos Índios, amigo dos Amigos dos índios, Amigo dos amigos de Peret. Conheço a Bessa, contador de histórias. Por meio de suas histórias (e crônicas), aos poucos, vou conhecendo os Índios e suas histórias. As sementes tem esse dom divino: a da multiplicação. As sementes dão frutos, as boas sementes dão bons frutos. Espero ser um deles. Esteban.
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lilian comentou:
20/03/2011
É professor, Peret certamente subiu leve,sem mágoas,como sempre viveu por toda sua vida. Mas os que ficaram aqui não tem essa capacidade. Cansei de vê-lo te pedindo ajuda.Você como conselheiro fiscal do Museu do Índio e "assim com os homens do poder" podia ter ajudado a reduzir um pouco sua dor de ficar dias inteiros sentado num canto do Hospital da Lagoa para tomar uma transfusão de sangue.Da falta de condições que teve que passar. Vimos também o retorno que o sr dava:que pediria as suas irmãs
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Luciano Cardenes (1) comentou:
20/03/2011
Professor Bessa Freire. A sua crônica tece homenagens justas à figura de Peret. Na minha opinião, não se trata apenas de uma homenagem a pessoa, mas ao seu significado enquanto parte da história do indigenismo no Brasil. Certamente, se personagens como Peret forem incluídos no que chamamos tão orgulhosamente de epistemologia (e outros nomes garbosos) conseguiriamos avançar em nossas reflexões.
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Luciano Cardenes (2) comentou:
20/03/2011
O cronista honra a memória de seu amigo e aponta para o mesmo enquanto referência à construção de reflexões no campo do indigenismo. Acredito que a crônica também nos aponta a necessidade de darmos espaços a outros indigenistas que ainda estão nos quadros da Funai e que estão "quietinhos" em um processo de esquecimento! Um abraço.
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Luciano Cardenes comentou:
20/03/2011
Professor Bessa Freire. A sua crônica tece homenagens justas a figura de Peret. Na minha opinião, não se trata apenas de uma homenagem a pessoa, mas ao seu significado enquanto parte da história do indigenismo no Brasil. Certamente, se personagens como Peret forem incluídos no que chamamos tão orgulhosamente de epistemologia (e outros nomes gabosos) conseguiriamos avançar em nossas reflexões. O crônica honra a memória de seu amigo e aponta para o mesmo enquanto referência a construção de
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Stephen comentou:
19/03/2011
Conheci Peret nos anos 80 quando estava escrevendo minha tese sobre frente de atração. Um indigenista muito interessante e excepcional!
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Lincoln Mello Martins (1) comentou:
19/03/2011
Conheci Peret quando eu era editor da Revista Geográfica Universal, da Bloch.Ele chegou com aquele jeito dele, um envelope cheio de fotos em 35mm e uma porção de histórias pra contar.As histórias eram melhores que as fotos que eram tb muito boas.Com as imagens espalhadas sobre o tampo da mesa de luz, conversamos durante horas – Peret falando, eu ouvindo – e ali nasceu a grande admiração e respeito que passei a ter por ele.Peret publicou um sem-número de matérias na Geográfica e na Manchete.
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Haroldo Castro comentou:
06/12/2017
Lincoln Martins, gostaria de contatar vc.
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Lincoln Mello Martins (2) comentou:
19/03/2011
Contou mil histórias de índios e de coisas indígenas.Durante 25 anos da Revista, foi presença constante, agente provocador da participação de leitores que escreviam à Redação querendo saber mais sobre o tema que Peret conhecia como ninguém, pq.tinha vivido suas próprias lendas.Mais tarde, quando eu dava aula para jovens jornalistas e fotógrafos dos cursos que a Bloch organizava pra novos profissionais, convidava Peret pra minhas palestras sobre edição de fotos e textos.
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Lincoln Mello Martins (3) comentou:
19/03/2011
Eu projetava fotografias na parede – fotos sobre vários temas, sempre muito bonitas, caprichadas – e então mostrava as fotos do Peret, dizendo: "Isto também é arte fotográfica, mas é mais que arte. É documento, registro jornalístico”. E apresentava o Peret à turma. Ele roubava a cena, com suas histórias. Tenho a certeza de que a figura de Peret não saiu nem sairá jamais da memória das dezenas de jovens jornalistas...
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Lincoln Mello Martins (4) comentou:
19/03/2011
... jovens jornalistas que se encantaram com sua sabedoria e seu charme – carisma e saber que cativaram também seus incontáveis amigos. Estou tentando agora me lembrar, em vão, do nome com que os índios o chamavam – alguma palavra doce e cheia de amor. Se alguém desta lista de e-mails souber, por favor, informe. Certamente, será o apelido que melhor vai definir o nosso amigo.Xamã Peret, boa viagem.
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Marcus Maia (1) comentou:
19/03/2011
Conheci Peret, o Peretum dos Kayapó, lá se vão quase 30 anos, quando voltei de minha 1ª viagem de campo a uma aldeia Karajá, trabalhando a língua em um projeto de educação indígena. Foram os próprios Karajá que me falaram dele e me fizeram portador de presentes para seu velho aliado, seu biowa de longas datas e lutas. Peret esteve por lá muitos anos, no Araguaia, como chefe de posto, ainda nos tempos do SPI, sempre atuante na luta contra fazendeiros invasores, como ouvi dele mesmo tantas vezes.
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Marcus Maia (2) comentou:
19/03/2011
Minha esposa, a Chang, o conheceu ainda antes, quando menina, em outra frente de atuação do Peret, que volta e meia fazia palestras sobre os povos indígenas nas escolas públicas do Rio de Janeiro, uma dessas, em São Cristóvão, onde sua filha Denise foi colega de turma da Chang. Vamos sentir falta das suas histórias e causos, do seu jeito irreverente, da sua capacidade de nos encantar e nos transportar para o mundo indígena. Descanse em paz, meu velho amigo.
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BRita BRazil comentou:
19/03/2011
Na caminhada desde 1967 divulgando cultura indígena,esbarrei nos anos 80 com Peret que se tornou meu melhor amigo. Como não existe morte, ele está vivo aqui ao meu, ao nosso lado, sorrindo. De tanto subir e descer montanhas e o Peret sempre buscar conhecimento espiritual, foi fácil sua adaptação no Kosmos. A Lua cheia na noite de sua cremação, o calor de 35º agradabilíssimo como gosta, a paz no ar, confirma q nosso grande amigo foi bem recebido pelas estrelas. Nós o perdemos, mas o céu o ganhou.
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Giane Lessa comentou:
19/03/2011
Essa homengem não podia faltar. Conheci Peret aos 17 anos, em palestra, onde conheci Iña Son Wera - Gente de verdade. Foi com muita emoção que o revi no Encontro de Escritores Indígenas promovido pelo Pró Índio coordenado por Bessa, na UERJ. Foi com alegria que o recebi na UFRRJ para falar a nossos alunos, que se encantaram com Peret e conheceram um pouco nossos índios. Agora, ele deve ter se transformado em uma "tainani" - estrelinha e brilha, piscando para os índios do Brasil. Valeu, Bessa!
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Giane comentou:
19/03/2011
Essa homengem não podia faltar. Conheci Peret aos 17 anos, numa palestra, onde conhecemos "Iña Son Wera" - Gente de verdade. Foi com muita emoção que o reencontrei no Encontro de Escritores Indígenas, promovido pelo Pró Índio, sob sua coordenação, Bessa, na UERJ. Foi com imensa alegria que o recebi na UFRRJ, para falar aos nossos alunos, que se encantaram com Peret e conheceram um pouco sobre nossos índios. Agora, ele deve ter se transformado em uma "tainani" - estrelinha e brilha, piscando para
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BRita BRazil comentou:
19/03/2011
Na caminhada desde 1967 divulgando a cultura indígena, esbarrei no inicio dos anos 80 com Peret, que se tornou meu melhor amigo. Como não existe morte, ele está vivo aqui , ao meu, ao seu, ao nosso lado, sorrindo. De tanto subirmos e descermos montanhas, e o Peret sempre buscar conhecimento espiritual, foi fácil sua adaptação no Kosmos. A Lua cheia de ontem, na noite de sua cremação, o calor de 35 graus agradabilíssimo, como gosta, a paz no ar, confirma q nosso grande amigo foi muito bem recebid
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