CRÔNICAS

A Casa do Índio: uma história esquecida

Em: 31 de Julho de 2022 Visualizações: 7419
A Casa do Índio: uma história esquecida

Era uma casa mui desgraçada / Não tinha teto, não tinha nada /

Ninguém queria entrar nela não / lá dentro havia bicho-papão”.

(Paródia. Vinicius de Moraes. A Arca de Noé. 1980)

Durante mais de meio século, cerca de 30 mil indígenas foram albergados na Casa do Índio criada pela ditadura, em 1968, na Ilha do Governador, no Rio, no contexto da estrutura policialesca instalada no Brasil pelo AI-5, com três aparelhos repressivos centrados em Minas Gerais: a Guarda Rural Indígena (GRIN) que policiava as aldeias, o Reformatório Krenak, em Resplendor e a Fazenda Guarani, perto da Serra do Cipó, para onde índios com “conduta desviante” eram presos e conduzidos “dentro de uma vagão de carga que nem animais” e lá submetidos à tortura e a trabalhos forçados.

No caso da Casa do Índio, qual a sua finalidade? A presença daqueles internos com doença mental consta nos registros. Um relatório de 1980 informa que da média de 40 assistidos mensalmente, 14 deles se relacionavam a transtornos mentais, a tal ponto que a instituição ficou conhecida como um espaço para abrigar indígenas com deficiência mental ou como um manicômio indígena, demonstrando que esta face complementar marcou o seu funcionamento.

Se sua finalidade era, entre outras, acolher enfermos com algum tipo de transtorno mental, qual o tratamento dado a eles? Precursora de 40 outras casas, por que apenas a Casa do Rio permanece e abriga, ainda hoje, 11 indígenas? Qual o lugar da psicologia dentro dela e de que forma conta a trajetória dos saberes Psi no Brasil? Essas são algumas questões formuladas por André Sant´Anna na tese de doutorado defendida nesta quinta-feira (28) no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social da UERJ.

Fábrica de esquecimento

A busca de respostas levou o autor a visitar a Casa do Índio para entrevistar a sua fundadora Eunice Cariry que, apesar de exonerada em 2009, lá permanece numa espécie de limbo jurídico, sem nada mudar, enquanto as demais casas já foram convertidas em Casas de Apoio à Saúde Indígena (CASAIS). Para assegurar o controle dos registros dos que ali estiveram, Eunice, a guardiã dos documentos, vedou o acesso de André aos prontuários mantidos em arquivos de aço em cômodos com correntes nas portas. Meio século passou. Completará cem anos de sigilo? 

- O silêncio sobre a Casa do índio e o desconhecimento sobre ela são sintomas de um esquecimento programado, não se trata de uma falha de processos cognitivos ou arquivísticos, mas de uma política deliberada que visa apagar aquilo que a estrutura do poder não quer que seja lembrado. O esquecimento, nesse caso, é uma fabricação. Já o  resgate da memória é um ato de enfrentamento para que as narrativas não permaneçam tuteladas na sombra do autoritarismo – escreveu o doutorando.

Ele saiu para o embate, consciente de que o arquivo é um campo de batalha, onde o que está em disputa não é apenas a memória, mas também aquilo que se pretende ocultar. Driblou a proibição da Cariry e acessou os documentos por outra via. Com o apoio do Laboratório de História e Memória da Psicologia Clio-Psyché, procurou o Serviço de Gestão Documental (SEDOC) da FUNAI, em Brasília, e lá consultou cópias da documentação composta de 849 páginas enviada pela Casa do Índio para aquela Fundação, incluindo os relatórios anuais desde 1968. 

Outra fonte consultada foi Pharã Kaxtirore Darashé: pelos mutirões da vida, livro de difícil acesso escrito em coautoria com a jornalista Bia Porto, com relatos de Eunice, hoje com 87 anos, contando sua própria versão sobre a trajetória da Casa do Índio, assim como notícias na mídia e depoimentos de médicos, militares, professores, funcionários, mas não de índios. Foi possível acessar também o inquérito que corria em sigilo sobre a situação irregular de indígenas em situação de vulnerabilidade.

Meus doentes mentais

O que o doutorando encontrou na documentação por ele analisada com olhar crítico mostra que a Casa foi um espaço de controle psicossocial de indígenas, “onde esses eram marcados pelo poder de normalização, que definia não apenas quem era doente ou sadio, mas ainda apresentava a gradação entre o normal e o anormal”. Qual era a legitimidade que tinha para tal diagnóstico e em que se diferenciava do Reformatório Krenak onde índios envolvidos em conflitos de terra ficavam encarcerados por serem identificados com “comportamento desviante”?

Posto que o espaço da Casa, desde sua inauguração, se caracterizou como lugar destinado a receber indígenas portadores de patologias na área de saúde mental como distúrbios psicoafetivos e esquizofrenia, era necessário – diz o pesquisador – verificar a presença de médicos e psicólogos e o modo como foram administradas medicações psiquiátricas, assim como indagar sobre a formação e os conhecimentos de Eunice no campo da saúde mental, como ela acessou o conhecimento psicológico e como o utilizou para ordenar condutas individuais e coletivas.

Além de analisar os discursos de Eunice Cariry, nascida no subúrbio do Rio em 1935, filha e mulher de militar, a tese reconstituiu a sua formação para compreender suas práticas na Casa do Índio, procurando evitar as armadilhas comuns no uso de biografias como fonte. Eunice seguiu vários cursos na área da segurança: de Polícia Feminina Auxiliar; de Especialização em Problemática Carcerária e de Organização, Investigação e Prática Policial e até curso na Escola Superior de Guerra, chegando a atuar como professora no curso supletivo para internos da Penitenciária Milton Moreira.

Seu currículo foi mais detalhado, quando ela recebeu da Assembleia Legislativa o título de cidadã benemérita do Estado do Rio de Janeiro. Lá se observou que a dirigente da Casa seguiu um curso de férias de Introdução à Psicologia Junguiana, de 12 a 26 de julho de 2006, na Universidade Estácio de Sá e cursos de extensão na Universidade de Valença, onde figurava, entre outras, a disciplina de Psicologia. Isso foi tudo.

Eunice Alves Cariry Sorominé – esse é o seu nome completo – foi candidata a vereadora no Rio de Janeiro nas eleições de 2016 pelo PP (Partido Progressista), o partido de Jair Bolsonaro no qual ele permaneceu mais tempo (de 2005 a 2016). Ela obteve apenas 266 votos e não foi eleita.

Num dos relatórios citados na tese, Eunice demonstra sua visão sobre a questão ao usar imagem similar à de Bolsonaro sobre “meu exército”, quando se referiu aos “meus doentes mentais tão queridos que, apesar de suas ´imbecilidades´ e das asneiras que praticam a todo instante, me recompensam com gestos e olhares carinhosos”.

Casa de Horrores

A tese conclui que “A Casa do Índio foi um hospital, um manicômio, uma escola, um quartel, uma fábrica, dependendo do enquadramento com que for olhada. Espaço hibrido voltado para a saúde, mas também para a segurança, tentou fabricar índios dóceis ao longo de sua história”, à semelhança da colônia penal indígena do Reformatório Krenak, para onde eram conduzidos, para serem “reeducados”, índios presos pela GRIN porque na luta pela terra “criavam desordem e subversão” nas palavras do capitão Pinheiro, responsável por treinar a guarda rural indígena.

Segundo André, a Casa é também “um espaço importante para a história da psicologia, visto ser organizada como um recinto de controle de condutas indígenas que buscavam tratamento de saúde na cidade”, alguns deles monolíngues como José, um índio Pacaás Novos de Rondônia: “Ninguém entendia nada, não conheciam o idioma de sua tribo” – afirmou Eunice, o que nos leva a pensar sobre o tipo de tratamento por ele recebido.

- “A Psicologia Social tem uma contribuição fundamental para pensar sobre os modos como se exerceu um controle psicossocial dos índios no Brasil” – concluiu André, apoiado em duas publicações do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo: “Psicologia e Povos Indígenas” e a outra “A procura do bem viver”, com artigos de autores indígenas sobre os saberes tradicionais usados na busca por saúde mental. Recupera ainda artigos sobre o tema de Roquete Pinto (1917) e de Emilio Mira y Lopes em coautoria com Alice Galland de Mira (1949).

Talvez a definição mais apropriada da Casa do Índio tenha sido dada pelo antropólogo José Carlos Levinho, então diretor do Museu do Índio, entrevistado em 2015 pelo autor da tese:

- “É uma casa de horrores, um depósito de indesejados”.

Efetivamente, a instituição que teve seu auge nos tempos do DOI-CODI, “permanece hoje como um fóssil de outra época, que reflete como os indígenas foram tratados na história, mas também como seguem sendo vistos, ou seja, não vistos”.

P.S. André Luís de Oliveira de Sant’Anna: “Casa do Índio: uma narrativa sobre o controle psicossocial de indígenas na ditadura empresarial-militar” Tese de doutorado. Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPGPS/UERJ). 2022. Banca: Ana Jacó (orientadora), Alexandre Castro (CEFET), Joana D´Arc Ferraz (UFF), Pedro Gabriel Delgado (UFRJ) e José R. Bessa (Uerj-Unirio).

 

Comente esta crônica



Serviço integrado ao Gravatar.com para exibir sua foto (avatar).

26 Comentário(s)

Avatar
Soraya Rocha comentou:
21/11/2022
Prezado, Lamentável a sua percepção sobre a Casa do Indio RJ (OCA/RJ). Nota-se um claro viés vitimista e político em sua narrativa. Óbvio que a Sra. Cariri, que tive a honra de conhecer, reconhecida por vários títulos, medalhas e honras, não deixaria ver documentos algum, sob essa sua retórica. A casa do índio foi construída com auxílio da comunidade (amigos, moradores e índios saudáveis), pois Cariri inicialmente abrigava em sua própria casa os doentes que vinham para tratamento no Rio, devido aos escassos recursos em seus Estados de origem. Seu texto subestima o altruísmo de uma vida inteira, Parece-me que o Sr, não sabe absolutamente nada sobre a finalidade da Casa. Quantos índios lá permaneceram sob cuidados de enfermeiros e outros profissionais de saúde (muitos voluntários), equanto passavam por tratamentos de média e alta complexidade nos hospitais, nos quais se batalhava por atendimento, Alguns pacientes eram residentes sim, pois se voltassem para aldeia não teriam condição de sobrevivência, na maioria doentes mentais, que eram igualmente assistidos por fonoaudiólogos, professores, terapeutas e enfermeiros, alguns funcionários outros voluntários. É muito triste sim, ver pessoas que não saem do seu universo teórico acadêmico tentando contextualizar o que não viveram em teorias sociológicas. Os recursos da FUNAI e, posteriormente, do Ministério da Saúde não eram suficientes, ah sim, isso sempre foi verdade, ficavam meses sem receber recurso algum. Nessa hora eram os amigos, as associações, o Rotary, a OAB, órgãos religiosos, profissionais de várias áreas, que ajudavam até para comprar o gás de cozinha, isso era muito triste. Os índios doentes mentais nunca foram encarcerados, andavam soltos sim pela Casa, limpos e tratados respeitada a realidade de cada um. Os que podiam frequentavam a escola, ou tinham aulas na própria Casa, onde uma professora era funcionária e promovia atividades para os residentes. O albino, a que se referem, chegou com diagnóstico de autismo com sinais de intermação (por exposição excessiva ao sol), sem controle da motricidade oral, e seria roubado dos pais, como um bicho exótico, se não fosse a Cariri. O menino recebeu óculos e tratamento fonoaudiológico, desenvolveu a fala e a cognição ficando apto para frequentar a escola e permanecer com os pais sempre que desejava. Acompanhei muitos casos de câncer, tratados no Hospital do Fundão, casos incríveis de superação e recuperação. A sua crítica nada construtiva, a tristeza de seus amigos e os louros atribuídos ao seu escrito, me parece coisas de pessoas que se bastam heroicamente indignadas e nada fazem ou contribuem para mudar as duras realidades, nem de seus vizinhos, nem de empregados, de amigos, do morador de rua (no qual tropeça todos os dias), nem se quer do seu familiar mais desfavorecido. Julgar é fácil, fazer algo em prol de si mesmo também, por isso é tão difícil entender Eunice Cariri Soriminé, a Casa do Indio e as dificuldades reais dos povos indígenas.
Comentar em resposta a Soraya Rocha
Respostas:
Avatar
Taquiprati comentou:
22/11/2022
Prezada Soraya, publiquei teu comentário porque acho importante ouvir os dois lados, o contraditório. Vc apresenta outro lado da história. Recomendo ler o comentário abaixo da Susana Grillo, entre outros.
Comentar em resposta a Taquiprati
Avatar
Susana Grillo comentou:
09/08/2022
Bessa, demorei a ler esta crônica com medo do que ia saber. Conheci a Casa do Índio da Ilha do Governador, no Rio, em 1975, quando estava na expectativa de de ir para o Território Indígena do Xingu. Fiquei sabendo da existência de povos indí9enas no meu país durante minha graduação na Faculdade de Letras da UFRJ quando li Tristes Trópicos do Levi Strauss. Em 1975 surgiu a possiblidade de ir para o Alto Xingu e fui avisada pela FUNAI de SP da existência da Casa do Índio do RJ. Fiquei completamente traumatizada e confusa com o que vi. Indígenas andando pela casa como autômatos e a tristeza e apatia nos rostos foi o que mais impressionou. Cariri auto elogiando o trabalho que fazia de proteção e provimento de bem estar aos indígenas internos. Vi uma criança Guarani albina que lá estava e que ela afirmava que tinha "salvado" da rejeição que a comunidade lhe impôs. Enfatizava também casos de rejeição de crianças com alguma deficiência. Sua narrativa era clara em afirmar que a FUNAI tinha interferido nas comunidades e retirado essas crianças do convívio comunitário. Fiquei muito espantada e triste com o que vi e ouvi. Levinho fez um bom relato do que era a Casa do Índio do RJ. É espantoso como a FUNAI e o próprio Ministério da Saúde não deram um fim nesse horror com a criação dos DSEI-Distritos Sanitários Especiais Indígenas em 1999. Nos anos 1980 trabalhei em uma comunidade Kaingáng próxima a Ivaíporã no Paraná. Nesse território vivia também uma pequena comunidade Guarani. Na época tinha um jovem Guarani albino que fazia o ensino médio na cidade próxima e não vivia nenhuma situação de discriminação ou de rejeição. Não era o bem estar dos indígenas que interessava à Casa do Índio do RJ e sim o controle sobre suas vidas com a maior desumanidade possível. Cariri recebeu a medalha do mérito indigenista da FUNAI.
Comentar em resposta a Susana Grillo
Avatar
Flavio W. Lara comentou:
05/08/2022
Obrigado Bessa por compartilhar e denunciar esse fóssil do autoritarismo e truculência da ditadura ainda impune. Parabéns ao Dr André Sant Ana por esse trabalho tão necessário
Comentar em resposta a Flavio W. Lara
Avatar
Ana Maria Nogueira comentou:
05/08/2022
Triste… mas muito interessante, Bessa. Obrigada. Compartilhei nos meus grupos de Psi
Comentar em resposta a Ana Maria Nogueira
Avatar
Miguel (EGC) comentou:
05/08/2022
Um texto incisivo sobre uma história infelizmente esquecida... Mais uma entre tantas.
Comentar em resposta a Miguel (EGC)
Avatar
Bernardo Tomaz Uchoa comentou:
04/08/2022
· A nossa História é feita de terror e lágrimas.
Comentar em resposta a Bernardo Tomaz Uchoa
Avatar
Selma Kupski comentou:
02/08/2022
Nossa professor, que horror. O homem não é um ser bom, ele é horroroso. Como podem tratar as pessoas assim? Como podem não se colocar no lugar do outro? Os negros os índios até hoje sendo maltratados, ignorados, assassinados. Fico triste com todo esse passado e com o presente que somente mascara suas práticas.
Comentar em resposta a Selma Kupski
Avatar
Paula dos Santos comentou:
02/08/2022
Nossa Zé Bessa! Que panorama de branco pra saúde indigena! Nosso povo é muito doente mesmo! Aproveito para anunciar que está saindo do forno o livro VOZES INDÍGENAS NA SAÚDE: TRAJETÓRIAS, MEMÓRIAS E PROTAGONISMOS, lançado pela Editora Fiocruz e a plataforma editorial PISEAGRAMA e organizado por Ana Lúcia de Moura Pontes, Vanessa Hacon, Luiz Eloy Terena e Ricardo Ventura Santos, a coletânea compila relatos de 13 lideranças acerca de suas trajetórias de vida e de atuação no movimento indígena, com ênfase no campo da saúde.
Comentar em resposta a Paula dos Santos
Avatar
Vera Nilce Cordeiro Correa comentou:
02/08/2022
Que horror, José Bessa , como esta mulher, filha e mulher de militar , com este perfil continua "cuidando " desta casa? Este pessoal odeia indígenas, mataram e matam indígenas ate hoje. Algo tem que ser feito. Como e a quem denunciarmos isto? Imagina o que eles devem ter passado nesta casa. Triste!
Comentar em resposta a Vera Nilce Cordeiro Correa
Avatar
Adir Casaro Nascimento comentou:
01/08/2022
Sempre aprendendo com as crônicas do amigo Bessa.
Comentar em resposta a Adir Casaro Nascimento
Avatar
luiz pucú comentou:
01/08/2022
MESTRE BESSA, QUANDO PASSAR ESSE TEMPO DE AGONIA - COM AÇÃO DO POVO CONSCIENTE - VAMOS OCUPAR OS CASTELOS E FINCAR A BORDUNA NA HISTÓRIA!!!"
Comentar em resposta a luiz pucú
Avatar
Zelia Puri comentou:
31/07/2022
chocante mesmo! é realmente digno de um documentário ou de uma série em capítulos
Comentar em resposta a Zelia Puri
Avatar
Alba Pessoa comentou:
31/07/2022
Boa noite, professor. Por mais que seja do nosso conhecimento os horrores da ditadura militar no Brasil, a cada véu retirado o filme de horror se mostra mais tenebroso. Impressionante e de extrema importância a tese desse pesquisador. Vou procurar no banco de tese. Muito obrigada.
Comentar em resposta a Alba Pessoa
Avatar
Eliete Marcelino comentou:
31/07/2022
Nossa! Já tinha ouvido falar desta casa... Está é uma história que precisa ser revelada!
Comentar em resposta a Eliete Marcelino
Avatar
Joana D Arc Fernandes Ferraz comentou:
31/07/2022
Mais uma incrível crônica do amigo José Bessa. Refere-se à tese de André de Sant'Anna sobre a Casa do Índio, orientada por Ana Jacó. Para mim foi um momento único estar nessa banca, junto com Bessa (UERJ/ UNIRIO), Alexandre Castro (CEFET) e Pedro Gabriel Delgado (UFRJ). Recomendo fortemente a leitura da crônica e do comentário de José Carlos Levinho, um dos entrevistados na tese. Em breve teremos acesso à versão final da tese.
Comentar em resposta a Joana D Arc Fernandes Ferraz
Avatar
FELIPE JOSE LINDOSO comentou:
31/07/2022
Babá, muito obrigado pela crônica. Na verdade, não sabia absolutamente nem da existência dessa casa do índio do Rio. Existe ainda uma casa do índio em Brasília? Lembro que era vista tab como uma hospedaria onde chegavam indígenas que tinham algo a tratar como a FUNAI, inclusive suas reivindicações. Ainda existe?
Comentar em resposta a FELIPE JOSE LINDOSO
Avatar
rodrigo martins comentou:
31/07/2022
Parabéns ao aluno André Luís de Oliveira de Sant’Anna por seu importante trabalho, eu mesmo não tinha conhecimento a respeito da Casa do Índio, fiquei interessado em ler sua tese. Parabenizo também a banca Banca: Ana Jacó (orientadora), Alexandre Castro (CEFET), Joana D´Arc Ferraz (UFF), Pedro Gabriel Delgado (UFRJ) e José R. Bessa (Uerj-Unirio). Professor sua crônica de n.1498 está nota mil, Um abraço querido professor
Comentar em resposta a rodrigo martins
Avatar
Célia Maria comentou:
31/07/2022
Importante e impresionante artigo. Estou compartilhando
Comentar em resposta a Célia Maria
Avatar
Celeste Correa comentou:
31/07/2022
Mano, eu tenho uma certa dificuldade de ler sobre os horrores da ditadura. Mas a gente sabe o quanto é importante falar e escancarar as atrocidades de uma política que teima em tentar apagar da memória dos brasileiros esse período de horror, fazendo com quem muitos ainda façam apologia a esses tempos, como estamos assistindo agora. Por isso eu parabenizo o André Sant´Anna. por fazer esse trabalho de enfrentamento e de resgate da memória, desvendando as atrocidades feitas a indígenas que eram "considerados" com transtornos mentais. Esses aparelhos repressivos onde passaram e viveram mais de 30 mil indígenas não podem mais continuar silenciados e desconhecidos. Eu agradeço também ao Taquiprati, por sintetizar para nós, seus leitores, principalmente pra mim, que conheço pouco sobre esse tema, o que eram e como "funcionavam" essas casas de horrores.. Eu penso que seria muito importante e interessante que a tese do André virasse documentário, a exemplo do livro- reportagem " Holocausto Brasileiro" , da jornalista Juizforana Daniela Arbex." que denuncia a morte de 60 mil internos, as barbaridades e o sofrimento dos sobreviventes daquele que foi o maior hospício do Brasil, em Barbacena-MG.. O livro dela virou documentário, ganhou adaptação para a TV com a série "Colônia", da Globoplay. e agora, em 2022, chega às telas do cinema. Estou muito esperançosa de que a partir de outubro a cultura possa respirar outros ares e pesquisas sérias como a do André possam virar documentários que nos permitam conhecer melhor "como os indígenas foram tratados na história, mas também como seguem sendo vistos, ou seja, não vistos".
Comentar em resposta a Celeste Correa
Avatar
D24 AM - Diário do Amazonas comentou:
31/07/2022
Versão impressa publicada em - https://d24am.com/colunas/taquiprati/a-casa-do-indio-uma-historia-esquecida/
Comentar em resposta a D24 AM - Diário do Amazonas
Avatar
Tania Pacheco comentou:
31/07/2022
PUBLICADO EM COMBATE - RACISMO AMBIENTAL https://racismoambiental.net.br/2022/07/31/a-casa-do-indio-uma-historia-esquecida-por-jose-ribamar-bessa-freire/
Comentar em resposta a Tania Pacheco
Avatar
Valter Xeu comentou:
31/07/2022
PUBLICADO EM PATRIA LATINA - https://patrialatina.com.br/a-casa-do-indio-uma-historia-esquecida/
Comentar em resposta a Valter Xeu
Avatar
José Carlos Levinho comentou:
31/07/2022
Muito bom que essa tese tenha sido feita com tanto cuidado. Demorei para lembrar dessa entrevista de 2015 com o pesquisador. O motivo é óbvio, faço questão de tentar esquecer tudo relacionada à Casa do Índio da Ilha do Governador. É impressionante como essa instituição persiste em torno da figura que a dirige. Recebia forte apoio das unidades militares da Ilha do Governador, de funcionários da FUNAI, da maçonaria, do Rotary Club e da TV Globo, que sempre lhe concedia grandes espaços, quando ela era criticada. Já sofreu várias investigações feitas por diferentes instituições, inclusive do Ministério Público Federal, e nada acontece. Então, questões como o uso de sossega-leão, abusos sexuais e outras ficaram onde estavam, com quem supostamente sofreu essas violências. Até hoje, pelo visto, existem pessoas lá internadas. Recebi, durante o longo tempo que permaneci na direção do Museu do Índio, 6 funcionários daquela Casa. Todos relataram uma rotina bem conhecida similar às instituições denominadas de prisões, manicômios e hospícios. Merece destaque o caso de um deles – funcionário público - mantido analfabeto, com atribuição de acordar às 4 horas da manhã para lavar roupa, fazer comida e limpar a casa de sua protetora para, em seguida, realizar essas mesmas atividades na instituição para qual fora contratada – a FUNAI. O detalhe aqui é que por ser analfabeta não tinha a menor ideia do que significava uma conta bancária, muito menos administrá-la. Sempre defendi que esse lugar deveria ser fechado. Hoje penso diferente, deve ser preservado, como um exemplo material do tratamento dispensado aos indígenas no Brasil.
Comentar em resposta a José Carlos Levinho
Respostas:
Avatar
Tania Pacheco comentou:
31/07/2022
Importantíssimo resgate.. Não tinha conhecimento desse absurdo. E o comentário de José Carlos Levinho ainda complementa as denúncias da tese e da crônica. Isso tem que ter seguimento e solução. Parabéns André Luís de Oliveira de Sant’Anna pela tese. Parabéns Bessa por socializar a questão conosco..
Comentar em resposta a Tania Pacheco
Avatar
Ana Chrystina Mignot comentou:
31/07/2022
José Bessa , seu texto é lindo. Imagino o quanto o doutorando ficou feliz com sua intervenção sobre um tema tão importante!
Comentar em resposta a Ana Chrystina Mignot