CRÔNICAS

As duas mortes de Paulinho Payakã

Em: 21 de Junho de 2020 Visualizações: 19525
As duas mortes de Paulinho Payakã

“As pessoas pensam que um fato aconteceu só porque está impresso em grandes

letras negras, confundem a verdade com a fonte 12.  (Jorge Luís Borges, 1952)

Nesta quarta-feira (17), Paulinho Payakã morreu uma segunda vez, aos 68 anos, vítima da Covid-19 - a “gripezinha” que já contaminou mais de um milhão de brasileiros, matou 50.000 e dizimou o já precário sistema de saúde do país. A primeira vez foi em 1992 durante a Conferência Rio-92, quando ele foi fuzilado pela revista VEJA e jornais de circulação nacional, sem direito à defesa. A execução sumária de Bep-kororoti – esse era seu nome indígena – está descrita e analisada em “A construção de um réu – Payakã e os índios na imprensa brasileira”, livro de Maria José Alfaro Freire que acaba de ser publicado pela Editora da Universidade  do Rio Grande do Norte (Edufrn 2019) e que ganha uma dramática atualidade. 

Foi assim. Três dias após o início da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, no Rio, chega às bancas de todo o país a revista Veja, que traz na capa a foto de Paulinho Payakã com o título O Selvagem”  e ocupa seis páginas internasA revista jura que ele, ícone das lutas ambientais, teria torturado e estuprado “uma estudante branca”. A reportagem noticia o “crime hediondo com tentativa de assassinato” de Sílvia Letícia, 18 anos, moradora na cidade de Redenção, sul do Pará. Uma clara estratégia de ataque àquele que a própria revista reconhece como “o cacique símbolo da pureza ecológica”, respeitado internacionalmente.

Os jornais passam a disparar “notícias” diariamente em suas primeiras páginas até 22 de junho e depois, ao longo do ano, de forma intermitente. Constroem assim uma narrativa uniforme que martela a mesma versão – como se fosse press release - e se torna hegemônica. Maria José, hoje doutora pelo Museu Nacional (UFRJ) com pós-doutorado na Universidade de Nanterre, na França, decidiu checar as informações. Reuniu  217 matérias sobre a acusação a Payakã, incluindo reportagens, artigos, editoriais, entrevistas, cartas, charges e notas publicados pelos jornais O Globo (OG), Jornal do Brasil (JB), Folha de SP (FSP), O Estado de São Paulo (OESP) e pelas revistas Veja Istoé, no período de junho a dezembro de 1992, escolhidos por serem os veículos de maior circulação nacional e fonte para as emissoras de rádio e televisão. 

O "estrangeiro"

O que a mídia omitia era a luta do líder indígena que nos anos 1980 expulsou 5.000 garimpeiros do seu território, lutou contra a construção de usinas hidrelétricas no rio Xingu poluidoras dos rios e destruidoras da flora e da fauna e percorreu o mundo para denunciar mineradoras e madeireiras que devastavam a floresta, sendo recebido em Washington, em 1988, pelo Banco Mundial, o Congresso e a Casa Branca. Era a luta de David contra Golias – lembra a antropóloga Janet Chernela que convidara Payakã para o Simpósio sobre Floresta Tropical na Universidade de Flórida.

Fluente em várias línguas, bem articulado, orador eloquente, raciocínio rápido e convincente, no seu retorno ao Brasil Payakã foi detido e interrogado pela Polícia Federal junto com o antropólogo Darrell Posey. Com base no Estatuto do Estrangeiro criado pela ditadura militar, foram indiciados no governo Sarney por “causar danos à imagem do Brasil no exterior”.  Forasteiro em sua própria terra, Payakã foi absolvido depois pelo STF. Às vésperas da Rio-92, em 1991, liderados por Raoni e Payakã, os Kayapó, conquistaram a homologação das Terras Indígenas Kayapó e Baú onde hoje vivem mais de 12 mil pessoas. Para o agronegócio, isso era e continua sendo imperdoável. 

A mídia não informava que o líder indígena acusado de “estupro” havia liderado, em 1985, a expulsão de mais de 5.000 garimpeiros invasores de seu território, que lutou contra a construção de usinas hidrelétricas no rio Xingu poluidoras dos rios e destruidoras da flora e da fauna. Nem que na Inglaterra, a Universidade de Oxford legitimou os conhecimentos tradicionais dos Kayapó na área de etnobiologia e seus métodos de viver. Muito menos que Payakã havia percorrido o mundo para denunciar as mineradoras e madeireiras que devastavam a floresta, sendo recebido em Washington, em 1988, pelo Banco Mundial, o Congresso e a Casa Branca.

O currículo de Payakã registra também a forma como foi recebido na Inglaterra pelos sábios da Universidade de Oxford. Tais  fatos, no entanto, não eximem a condenação do “estupro”, se efetivamente tivesse ocorrido. Mas longe de um jornalismo investigativo – escreve Maria José – a cobertura transformou o julgamento de Payakã num ataque às populações indígenas e a seus direitos constitucionais. As manchetes berravam:

“Ricos, caiapós possuem carros e até aviões” (OG-8/06); “Ouro transforma índios em Marajá” (OG-10/06); “Índio não quer apito, prefere caminhonete” (OG- 14/06); “Índios se associam a empresa inglesa” (OG-17/06); “Os marajás da madeira” (Veja-17/06), “Ingleses continuam negócios” (OESP-24/06); “Floresta gera milhões de dólares aos índios” (OESP-14/06); “Nus mas com dinheiro no bolso” (OESP-10/06). No domingo (14/06) a mídia insistia: “Venda de mogno rendeu aos índios US 4 milhões em 91” (OG), “A verdadeira face do capitalismo selvagem” (OG), “Índios caiapós dominam a cidade de Redenção” (OESP), “Caiapós ricos atraem moças de Redenção” (JB).

O Globo continuou insistindo muito depois, em 2002, afirmando que os índios Cinta-Larga, de Rondônia, teriam mais de US$ 2 bilhões de dólares, sem indicar fontes ou apresentar provas e sem se preocupar em perder a credibilidade com a divulgação de algo tão estapafúrdio. Os dois bilhões de dólares são tão verdadeiros quanto o estupro. As havaianas do cacique João Bravo, que com elas aparece na foto, deviam ser certamente de ouro. No caso de Payakã, as reportagens também não traziam informações novas, mas especulavam sobre o ‘poder’ econômico e prestígio dos Kayapó. Esse tópico também é tematizado na reportagem da IstoÉ (1/07) “Índio gente fina - Os caciques brasileiros que enriqueceram explorando como bons capitalistas, as riquezas de suas reservas”.

Os desmentidos

A estratégia consistiu em elaborar uma narrativa ‘noir’, que das páginas policiais se deslocou às páginas editoriais, onde as discussões geram questionamentos sobre a legitimidade e a legalidade de privilégios que reconhecem a posse de territórios pelos povos originários. A mídia não ouviu os implicados, o “outro lado”, alimentando os preconceitos que circulam sobre as populações indígenas. Nunca foi tão oportuna a proposta de Bertrand Russell para que as escolas ensinem a arte de ler os jornais com desconfiança, hoje extensiva às redes sociais.

- O tratamento que os veículos mencionados dispensaram à acusação - guardadas suas heterogeneidades - pode ser caracterizado como sensacionalista, ao lançar mão de elementos sórdidos, além de parcial e tendencioso - já que uma das partes do conflito, apresentada como a vítima, tem lugar privilegiado na construção da versão dominante. É ainda preconceituoso, na medida em que aciona representações do índio, ancoradas nas qualificações, de um lado, de violência, canibalismo, primitivismo, e de outro, de riqueza e poder, enquanto privilégios ilegítimos – conclui a autora. 

Ao mesmo tempo em que essas linhas consensuais se cristalizam, é possível observar no mesmo material ‘dados’ dispersos, minimizados, que não ganharam espaço nem força na constituição da notícia. Dados, por exemplo, sobre a agressão de Irekrã, mulher de Payakã, qualificada pelos jornais como canibalismo, assim como sobre a tentativa de homicídio foram desmentidos, mas sempre nesses espaços marginais. Nesse sentido, um único box do JB traz “Legistas desmentem atrocidades” (14/06), assinalando detalhes inverossímeis da versão dominante. Os desmentidos eram dados em notas pequenas.

Num outro plano, os jornais oferecem ‘dados’, também de forma marginal, sobre a complexa rede de interesses locais em jogo, que poderiam dar indícios da forma pela qual a acusação foi apropriada por uma luta política local de Redenção. A esses dados marginalizados não lhes foi atribuído nenhum peso na coerência das narrativas e, no entanto, poderiam apresentar elementos para estabelecer relações de causalidade e dar inteligibilidade aos ‘fatos’.

Nunca houve provas do estupro anunciado na capa da Veja. Payaká foi declarado inocente em primeira instância, em 1994, inclusive da acusação de lesão corporal. Depois, o Tribunal de Justiça do Pará - aquele mesmo que inocentou os assassinos do massacre de Eldorado dos Carajás - acatou a acusação apenas de lesão corporal. O objetivo claro era desqualificar Payakã e mobilizar opiniões contra os direitos indígenas apresentados sempre como se fossem privilégios, que seriam prejudiciais aos direitos dos "brasileiros de bem". 

Acusação política

A fundamentação teórica da pesquisa se apoia no trabalho de Van Dijk sobre o tratamento que a imprensa europeia dispensa às minorias étnicas. Ele questiona o princípio da neutralidade e da objetividade dos meios de comunicação e propõe que a mídia seja estudada como uma instituição social submetida a um conjunto de demandas políticas, sociais, econômicas e técnicas. Dessa forma, ela não é um lugar neutro de observação, mas uma voz ativa, um agente produtor de imagens e representações.

- Eu entendi que não era acusação de estupro, e sim uma acusação política de um crime que eu realmente não cometi. Com o tempo, comecei a entender direitinho como o homem branco monta o esquema para prejudicar os outros” - disse Payakán, citado pelo jornalista Felipe Milanez, que foi editor da revista Brasil Indígena, da Funai. A primeira morte de Payakã fez sofrer sua esposa Irekran e suas filhas Tânia, Oé e Maial, tanto quanto a sua segunda morte.  As “verdades” fabricadas sobre o “estupro” consumaram o fuzilamento. Mil anos se passarão e a Veja jamais será perdoada por seu crime – esse sim hediondo – similar aos massacres cometidos pelos bandeirantes dos tempos coloniais. 

Em seu artigo, Milanez lembra que na mitologia, os Kayapó vieram do Céu, de um outro planeta, para habitar a Terra, depois que um caçador encontrou um buraco de tatu e desceu por ele, sendo seguido pelos demais. Agora, Paulinho Payakã faz o caminho de volta. Por isso, é oportuna a edição do livro sobre a construção do réu, como forma de ler a história, ressuscitar Payakã de sua primeira morte e preservar sua honra e a memória de suas lutas.     

Referências: 1) Maria José Alfaro Freire: A construção de um réu – Payakã e os índios na imprensa brasileira”. Natal. Edufrn/CAPES. 2019. (Dissertação de mestrado defendida no Programa de Pós-graduação em Antropologia Social do Museu Nacional/UFRJ sob orientação de João Pacheco de Oliveira.  https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/27962.

2) Janet Chernela.  Remembering Paulinho Bepkororoti Paiakan. 19/06/20. https://www.salsa-tipiti.org/covid-19/remembering-paulinho-bepkororoti-paiakan-6-19-20/

3)  Felipe Milanez. Viva Paulinho Paiakan! Viva Bepkororoti!  18/06/2020. https://www.cartacapital.com.br/artigo/viva-paulinho-paiakan-viva-bepkororoti/

4) Márcio Santillo. Paiakan, tradutor de mundos. Instituto Socioambiental. 18/06/2020 - https://www.socioambiental.org/pt-br/blog/blog-do-xingu-blog-do-ppds/paiakan-tradutor-de-mundos?utm_source=isa&utm_medium=&utm_campaign=

P.S.1 - Defesa de tese Ana de Melo: O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) na trajetória dos Movimentos Indígenas no Brasil (1972-1988). - Doutorado em História Política. UERJ, em 18/06/2020 Banca: Edgard Ferreira Leite (orientador), José R.Bessa Freire (Uerj), João Pacheco de Oliveira (UFRJ), Antônio Rito (Uerj), Cláudia Barbosa (FSB). A tese discute a relação da mídia com o movimento indígena e usa como fonte crítica o jornal O PORANTIM.  

P.S. 2 – Líder e educador Tuyuka, o sábio Higino Tenório morreu nesta sexta (19) vítima do coronavirus, deixando todo o Rio Negro de luto. Sua vida será tema da próxima coluna do Diário do Amazonas.

 

Las dos muertes de Paulinho Payakã

“Bertrand Russell propone que las escuelas primarias enseñen el arte de leer con incredulidad los periódicos. […] las personas se dejan embaucar por artificios tipográficos o sintácticos; piensan que un hecho ha acontecido porque está impreso en grandes letras negras; confunden la verdad con el cuerpo doce”.  (J.L.Borges, 1952)                                                              

Este miércoles (17), Paulinho Payakã murió una segunda vez, a los 68 años, víctima de Covid-19 - la “gripecita” que ya contaminó más de un millón de brasileños, mató 50.000 y diezmó el precario sistema de salud del país. La primera vez fue en 1992 durante la Conferencia Rio-92, cuando fue fusilado por la prensa: la revista VEJA y periódicos de gran circulación nacional, sin derecho a defensa. La ejecución sumaria de Bep-kororoti – ese era su nombre indígena –la describe y analiza el libro “La construcción de un reo – Payakã y los indios en la prensa brasileña”, de María José Alfaro Freire que acaba de ser publicado y que presenta una dramática actualidad. 

Fue así. Pasados tres días desde el inicio de la Conferencia de las Naciones Unidas sobre Medio Ambiente en Rio de Janeiro, llega a los quioscos de todo Brasil la revista Veja, exhibiendo la foto de Paulinho Payakã en portada, con el título El Salvaje”. La revista afirma que él, ícono de las luchas ambientales, habría torturado y violentado “una estudiante blanca”. El reportaje de seis páginas relata el “crimen grave con tentativa de asesinato” contra Sílvia Letícia, 18 años, residente en la ciudad de Redenção, sur de Pará. Una clara estrategia de ataque a aquél que la propia revista reconoce como “el cacique símbolo de la pureza ecológica”.

Los periódicos pasan a disparar “noticias” diariamente en sus primeras páginas hasta el 22 de junio y después, a lo largo del año, de forma intermitente como si fuese press release. Construyen así una narrativa uniforme que repite insistentemente la misma versión – hasta volverse hegemónica.

El corpus del trabajo reúne 217 materias sobre Payakã, incluyendo reportajes, artículos, editoriales, entrevistas, cartas, caricaturas y notas publicados por los periódicos O Globo (OG), Jornal do Brasil (JB), Folha de SP (FSP), O Estado de São Paulo (OESP) y por las revistas Veja Istoé, durante el período de junio a diciembre de 1992, escogidos por ser los vehículos de mayor circulación nacional y fuente para las emisoras de radio y televisión. 

Lo que la prensa omitía era la lucha del líder indígena que en los años 80 expulsó 5.000 buscadores de oro de su territorio, combatió la construcción de usinas hidroeléctricas en el río Xingú contaminadoras de ríos y destructoras de flora y fauna y recorrió el mundo para denunciar mineras y madereras que devastaban la floresta. En 1988, el Banco Mundial, el Congreso y la Casa Blanca lo recibieron en Washington. Era la lucha de David contra Goliat – recuerda la antropóloga Janet Chernela que invitó Payakã al Simposio sobre Floresta Tropical en la Universidad de Flórida.

El “extranjero”

Fluente en varias lenguas, orador elocuente y hábil, raciocinio rápido y convincente, a su regreso al Brasil Payakã fue detenido e interrogado por la Policía Federal junto con el antropólogo Darrell Posey. En base al Estatuto del Extranjero creado por la dictadura militar, fueron indiciados en el gobierno Sarney por “causar daños a la imagen de Brasil en el exterior”.  Forastero en su propia tierra, Payakã fue absuelto después por el STF. Vísperas de la Rio-92, en 1991, liderados por Raoni y Payakã, los Kayapó, conquistaron la homologación de las Tierras Indígenas Kayapó y Baú donde hoy viven más de 12 mil personas. Para el agronegocio, eso era y continúa siendo imperdonable. 

El currículo de Payakã registra también la forma como los sabios de la Universidad de Oxford lo recibieron en Inglaterra, legitimando los conocimientos tradicionales de los Kayapó en el área de etno-biología. Sin embargo, este hecho, no lo exime de la condenación de “violación”, si efectivamente hubiera ocurrido. Pero lejos de un periodismo investigativo – escribe María José – la cobertura transformó el juicio de Payakã en un ataque a las populaciones indígenas y sus derechos constitucionales. Los titulares anunciaban:

“Ricos, caiapós poseen carros y aviones” (OG-8/06); “Oro transforma indios en Marajá” (OG-10/06); Indio no quiere cuentas ni abalorios, prefiere camionetas; (OG- 14/06); “Indios se asocian a empresa inglesa” (OG-17/06); “Los marajás de la madera” (Veja-17/06), “Ingleses continúan negocios” (OESP-24/06); “Floresta rinde millones de dólares a los índios” (OESP-14/06); “Desnudos pero con dinero en el bolsillo” (OESP-10/06). Un domingo (14/06) la prensa insistía: “Venta de mogno rindió a los indios US 4 millones en 91” (OG), “La verdadera faz del capitalismo salvaje” (OG), “Indios caiapós dominan la ciudad de Redenção” (OESP), “Caiapós ricos atraen mozas de Redenção” (JB).

O Globo continuó insistiendo mucho después, en 2002, afirmando que los indios Cinta-Larga, de Rondonia, tendrían más de US$ 2 billones de dólares, sin indicar fuentes o presentar pruebas y sin preocuparse en perder credibilidad con la divulgación de algo tan absurdo. Los dos billones de dólares son tan verdaderos como la violación. En el caso de Payakã, los reportajes también no presentaban informaciones nuevas, sino que especulaban sobre el ‘poder’ económico y prestigio de los Kayapó. Ese tópico también é es tema del reportaje de IstoÉ (1/07) “Indio gente fina - Los caciques brasileros que enriquecieron explorando como buenos capitalistas, las riquezas de sus reservas”.

Los desmentidos

La estrategia consistió en elaborar una narrativa ‘noir’, que de las páginas policiales se dislocó a las páginas editoriales, donde las discusiones provocan cuestionamientos sobre la legitimidad y la legalidad de privilegios que reconocen la pose de territorios por los pueblos originarios. La prensa no escuchó a todos los implicados, el “otro lado”, alimentando los prejuicios que circulan sobre las poblaciones indígenas. Nunca fue tan oportuna la propuesta de Bertrand Russell para que las escuelas enseñen el arte de leer los diarios con desconfianza, hoy extensiva a las redes sociales.

- El tratamiento que los vehículos mencionados dispensaron a la acusación - guardadas sus heterogeneidades - puede ser caracterizado como sensacionalista, al echar mano de elementos sórdidos, además de ser parcial y tendencioso - ya que una de las partes del conflicto, presentada como víctima, ocupa un lugar privilegiado – único - en la construcción de la versión dominante. Además es prejuicioso, en la medida en que acciona representaciones del indio, arraigadas en las calificaciones del sentido común, por un lado, de violencia, canibalismo, primitivismo, por otro, introduciendo riqueza poder, como privilegios ilegítimos – concluye la autora. 

Mientras esas líneas consensuales se cristalizan, se puede observar en el mismo material ‘datos’ dispersos, minimizados, que no ganaron espacio ni fuerza en la constitución de la noticia. Por ejemplo, sobre la agresión de Irekrã, mujer de Payakã, calificada por los periódicos como canibalismo, así como sobre la tentativa de homicidio, los datos fueron desmentidos, pero siempre en esos espacios marginales.

En ese sentido, un único box del JB escribe “Legistas desmienten atrocidades” (14/06), apuntando detalles inverosímiles de la versión dominante. Los desmentidos se presentaban en notas pequeñas.

En un otro plano, los diarios ofrecen ‘datos’, también de forma marginal, sobre la compleja red de intereses locales en juego, que podrían dar indicios de la forma por la cual una disputa política local de Redenção se apropió de la acusación. A esos datos marginalizados no se le atribuyó ningún peso en la coherencia de las narrativas y sin embargo, podrían presentar elementos para establecer relaciones de causalidad y dar inteligibilidad a los ‘hechos’.

Nunca hubo pruebas de la violación anunciada en la capa de Veja. Payaká fue declarado inocente en primera instancia, en 1994, inclusive de la acusación de lesión corporal. Después, el Tribunal de Justicia de Pará - el mismo que declaró inocentes a los asesinos de la masacre de Eldorado dos Carajás - acató la acusación solamente de lesión corporal. El objetivo claro era deslegitimar a Payakã y movilizar opiniones contra los derechos indígenas presentados siempre como privilegios en detrimento de los derechos de los ciudadanos brasileños.

Acusación política

La fundamentación teórica de esa investigación se apoya en el trabajo de Van Dijk sobre el tratamiento que la prensa europea dispensa a las minorías étnicas. El autor discute el principio de neutralidad y objetividad de los medios de comunicación y propone que se estudien esos medios como una institución social sometida a un conjunto de demandas políticas, sociales, económicas y técnicas. De esa forma no se trata de un lugar neutro de observación sino de una voz activa, un agente productor de imágenes y representaciones.

Entendí que no se trataba de una acusación de violación si no de una acusación política de un crimen que yo realmente no cometí. Con el tiempo, comencé a entender mejor como el hombre blanco monta el esquema para perjudicar a los otros” - dice Payakán, citado por el periodista Felipe Milanez, que fue editor de la revista Brasil Indígena, de la Funai. La primera muerte de Payakã hizo sufrir a su esposa Irekran y a sus hijas Tânia, Oé y Maial, tanto como su segunda muerte.  Las “verdades” fabricadas sobre la “violación” consumaron el fusilamiento. Mil años pasarán y Veja jamás se redimirá de su crimen – ese si grave – similar a las masacres cometidas por los bandeirantes de los tiempos coloniales. 

En su artículo, Milanez recuerda que en la mitología, los Kayapó vinieron del Cielo, de un otro planeta para habitar la Tierra cuando un cazador encontró un hueco de armadillo y descendió por él, los demás lo siguieron. Ahora, Paulinho Payakã recorre el camino de regreso. Por eso, es oportuna la edición del libro sobre la construcción de un reo, como forma de leer la historia, resucitar Payakã de su primera muerte, preservando su honra y la memoria de sus luchas.     

Referencias: 1) Maria José Alfaro Freire: A construção de um réu – Payakã e os índios na imprensa brasileira”. Natal. Edufrn/CAPES. 2019. (Dissertação de mestrado defendida no Programa de Pós-graduação em Antropologia Social do Museu Nacional/UFRJ sob orientação de João Pacheco de Oliveira.  https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/27962.

2) Janet Chernela.  Remembering Paulinho Bepkororoti Paiakan. 19/06/20. https://www.salsa-tipiti.org/covid-19/remembering-paulinho-bepkororoti-paiakan-6-19-20/

3)  Felipe Milanez. Viva Paulinho Paiakan! Viva Bepkororoti!  18/06/2020. https://www.cartacapital.com.br/artigo/viva-paulinho-paiakan-viva-bepkororoti/

4) Márcio Santillo. Paiakan, tradutor de mundos. Instituto Socioambiental. 18/06/2020 https://www.socioambiental.org/pt-br/blog/blog-do-xingu-blog-do-ppds/paiakan-tradutor-de-mundos?utm_source=isa&utm_medium=&utm_campaign=

5) Juliana Arini. Liderança indígena histórica, Paulinho Paiakan morre vítima de Covid-19. 18/06/2020  https://amazoniareal.com.br/lideranca-indigena-historica-paulinho-paiakan-morre-vitima-de-covid-19/

 

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30 Comentário(s)

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Sinval Rodrigues comentou:
25/06/2020
Professores de diferentes universidades brasileiras assinaram manifesto denunciando a discriminação racial, a calúnia e a difamação presente no noticiário sobre a morte de Payakán de um jornal de Marabá. A matéria jornalistica se atém ao processo que tramitou no Tribunal de Justiça do Pará, no ano de 1992, ou seja, há praticamente três décadas, em que Bep’kororoti figurava como réu, todavia foi absolvido de tal acusação em primeira instância pelo juiz de Redenção por faltas de provas da acusação de Lesão Corporal e sua esposa, Irekran, também acusada, foi considerada inimputável. Posteriormente, com o recurso, ele foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Pará, em um processo complexo, no qual entre a investigação de um caso e os direitos coletivos, foi produzido um massivo ataque contra o povo Kayapó. A reportagem foi estruturada de forma apagar a atuação política de uma importante figura indígena na defesa dos direitos dos povos indígenas, diminuindo sua importância histórica.A nota assinada pelos professores repudia igualmente duas matérias publicadas pela Folha de S. Paulo, pelo mesmo tom sensacionalista e discriminatório contra o líder indígena, e reproduzidas, através da agência folhapress, para diversos veículos de comunicação; a primeira assinada por Fabiano Maisonave, e a segunda pelo diretor de redação da Folha de S. Paulo, Sérgio Dávila, com o título: “Há 25 anos, Folha conversava com Paulinho Paiakan após absolvição em caso de estupro; relembre”, ambas de 17 de junho. O reforço no estereótipo discriminatório da Folha é contestado na própria entrevista, que foi requentada em um momento de muita dor para a família e todo o movimento indígena. Diante disso formalizamos esta denúncia solicitando que seja apurado se os jornais incorreram na prática de crimes de calúnia, difamação, discriminação racial e racismo; que sejam tomadas medidas cabíveis por parte deste órgão no sentido de que os jornais se retratem ante a família de Bep’kororoti, do povo Kayapó e de todos os povos indígenas. Diante disso, manifestamos nosso repúdio à aludida reportagem. Repudiamos igualmente duas matérias publicadas pela Folha de S. Paulo, pelo mesmo tom sensacionalista e discriminatório contra o líder indígena, e reproduzidas, através da agência folhapress, para diversos veículos de comunicação; o obituário afirma que o “Indígena ajudou a demarcar terras de seu povo, liderou ato contra garimpeiros, mas teve seu nome envolvido em estupro”. E a matéria assinada pelo diretor de redação da Folha de S. Paulo, Sérgio Dávila, com o título: “Há 25 anos, Folha conversava com Paulinho Paiakan após absolvição em caso de estupro; relembre”, ambas de 17 de junho, na qual em tom jocoso, a cobertura da Folha de S. Paulo destoa de toda a imprensa nacional e indica uma perseguição difamatória ao líder indígena, inclusive com uma acusação leviana de que teria “império de ouro e mogno”. O reforço no estereótipo discriminatório da Folha é contestado na própria entrevista, que foi requentada em um momento de muita dor para a família e todo o movimento indígena.
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Vagner Rezende comentou:
25/06/2020
O jornal Correio de Carajás de Marabá (PA) no dia 17 de junho de 2020, reduziu toda a trajetória de Bep’kororoti que o tornou referência para a história dos povos indígenas do Brasil à suposta acusação por ele sofrida em 1992. A manchete “Imprensa Internacional repercute morte de cacique condenado por estupro em Redenção” e o subtítulo “caiu no esquecimento” demonstram que o líder Kayapó-Mebengokré, mesmo depois de morto, continua caluniado. Além do texto, a parte gráfica também promove a discriminação racial contra os povos indígenas. Das quatro imagens de Bep’kororoti utilizadas na reportagem, três mostram-no diante de policiais, sendo duas delas fazendo referência ao processo da acusação por ele sofrida. As imagens, não bastassem para reforçar a imagem de criminoso construída pela reportagem, não têm o menor escrúpulo em expor mulher e filhas. O primeiro parágrafo da reportagem, em vez de noticiar e informar os leitores sobre o falecimento e circunstâncias da morte de Bep’kororoti, vítima de Covid-19 e internado por 10 dias no hospital Regional de Redenção, trata de forma sensacionalista a acusação por ele sofrida, e diminui sua relevância para a história dos povos indígena do Brasil, destacando que “marchou ao desprezo após se envolver em um rumoroso caso de estupro” — o que jamais ocorreu. https://secure.avaaz.org/community_petitions/po/ministerio_publico_federal_funai_imprensa__justica_para_bepkororoti_paulinho_payakan_difamacao_e_morte/?rc=fb
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Eliane Potiguara comentou:
25/06/2020
Parabéns Prof. Bessa pelo excelente texto. Um abraco na irmandade.
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Fabiano Maisonnave comentou:
24/06/2020
Paulinho Paiakan e a militância que tutela “Sim, foi crime o que fiz, foi violência contra a mulher. Me arrependo muito. Foi um grande erro tudo aquilo, mas eu paguei anos com isso. E agora eu tenho direito de falar sobre o que eu acredito. O branco pode ficar me apontando, mas eu vou falar sobre o meu direito como indígena.” A declaração é de Bep’kororoti, mais conhecido como Paulinho Paiakan, ao ser questionado sobre o caso envolvendo a estudante Silvia Ferreira, à época com 18 anos, em 1992. Foi dito em janeiro à repórter Juliana Arini durante o Encontro dos Povos Mebengokrê, na Terra Indígena Capoto Jarina, e consta em texto publicado pela agência Amazônia Real, na semana passada, por conta de seu falecimento. Com serenidade, o líder Kayapó admite o erro, mas o separa do tratamento racista e difamatório que sofreu, desatado pela revista Veja. Na capa que entrou para a história como exemplo de mau jornalismo, a publicação estampou a foto de Paiakan em trajes tradicionais com o título “O Selvagem: o cacique-símbolo da pureza ecológica tortura e estupra uma estudante branca e foge em seguida para a sua tribo”. A matéria, publicada na época da ECO-92, no Rio, abalou o movimento indígena, que vinha de conquistas importantes durante o processo constituinte. Depois do pesadelo da ditadura militar, as demarcações avançavam, e as lideranças lutavam por autodeterminação e para defender seus territórios de garimpeiros, madeireiros e grileiros. Essa época voltou à tona com a morte de Paiakan, vítima da Covid-19, doença que tem tirado a vida de tantas lideranças indígenas. Como correspondente da Folha de S.Paulo na Amazônia, coube a mim escrever o seu obituário. O texto não se centrou no crime. Dos 18 parágrafos, 15 são dedicados à sua trajetória histórica em favor dos direitos indígenas. Cito o seu período de formação, a épica expulsão de 5.000 garimpeiros, a luta contra as hidrelétricas e o indiciamento absurdo como estrangeiro que agia contra os interesses nacionais, durante o governo José Sarney. Os outros três parágrafos resumem o processo criminal, que resultou em uma condenação por estupro e provocou o afastamento de Paiakan da linha de frente do movimento indígena. Menciono a capa desprezível da Veja, publicada durante ECO-92, e a sentença de seis anos. O caso Paiakan gera debates até hoje no mundo jurídico e no campo acadêmico pelo tratamento preconceituoso que sofreu e da Justiça e da imprensa, do qual a Folha de S.Paulo e outros grandes meios não estão isentos. No caso da Folha, tenho certeza de que avançou muito desde então. A minha opção, ao escrever o texto logo após a notícia da morte, foi relembrar sua importância histórica como líder indígena, contextualizando-a com a acusação e a condenação de estupro. Os fatos biográficos mencionados vieram de fontes respeitadas e não diferem, em essência, de outros obituários. Com variações, revelam que 1992 foi um triste divisor de águas na sua trajetória como líder Kayapó. Por isso, me recuso a aceitar a forma vil, difamatória e sem espaço para o debate pela qual o professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Felipe Milanez se referiu ao meu texto, acusando-o de propagar “mentira racista” e de ser “racista contra povos indígenas”, em postagens no Twitter. Igualmente inadmissível, ele afirmou, em sua coluna na revista CartaCapital, que o obituário assinado por mim “acusou" Paiakan de ter caído no ostracismo após 1992 e que reproduzo "histórias fantasiosas”, sem dizer quais seriam. É também inaceitável colocar o meu texto e o jornal onde trabalho na vala comum com a vergonhosa capa da Veja. Milanez escreve como se o grande líder Kayapó estivesse sob a sua tutela. Ao contrário do que se espera de um acadêmico, reconstruiu o episódio envolvendo a estudante cometendo erros factuais. O resultado foi um mundo paralelo, onde inexiste a condenação e Paiakan não reconhece que errou. Nessa tentativa de mistificação, Milanez faltou com a verdade e ignorou os fatos ao dizer que ele "nunca foi acusado formalmente de estupro, que "nunca houve uma condenação por estupro” e que a pena de reclusão foi por lesão corporal. Aparentemente, sua fonte sobre o processo foi o obituário da Amazônia Real. Na terça-feira (23/6), a agência publicou uma retificação na qual explica a condenação por estupro (artigo 213), citando o Tribunal de Justiça do Pará, o STJ e o STF. Via e-mail, procurei a CartaCapital demonstrando o erro. A revista, de forma correta, transparente e rápida, reparou a informação, e o texto foi atualizado nesta quarta-feira (24/6). Mas este não é o único problema do texto. O professor da UFBA menciona uma entrevista publicada pela revista da Funai em 2006, na qual Paiakan nega ter cometido o crime. Ele, no entanto, ignora a declaração mais recente, a que abre este texto. E não foi porque não leu, pois está no mesmo texto da Amazônia Real citado na primeira versão da sua coluna. Pergunto ao leitor: se você muda de avaliação sobre o fato mais traumático de sua vida, gostaria de ser citado pela declaração mais recente ou pelo que disse 14 anos antes? Pergunto a Milanez: que critério você usou para não citar o que Paiakan disse em janeiro, publicado pela Amazônia Real, a agência que melhor cobre a questão indígena no país? Ao descrever fatos inexistentes, corrigidos após intervenção da CartaCapital, e ao distorcer o que Paiakan fala sobre o seu passado, Milanez assume o deplorável papel de tutor, que tanto dano causou e causa aos povos indígenas no Brasil. Termino este texto extenuado e triste. Este deveria ser o momento para lembrar os feitos históricos de Paiakan, cruciais para o avanço dos direitos indígenas. Peço desculpas à família por ter de repassar este momento doloroso. Fabiano Maisonnave é correspondente em Manaus da Folha de S.Paulo. Este texto foi escrito em caráter pessoal e não reflete, necessariamente, a opinião do jornal.
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HANS ALFRED TREIN comentou:
23/06/2020
Caro Bessa, mais uma crônica certeira. Muito grato por sua inspiração e por seu trabalho. Impactante para mim é a verdade: "Van Dijk ... propõe que a mídia seja estudada como uma instituição social submetida a um conjunto de demandas políticas, sociais, econômicas e técnicas. Dessa forma, ela não é um lugar neutro de observação, mas uma voz ativa, um agente produtor de imagens e representações". Já faz tempo que tenho essa intuição, e por isso, é uma carência de democracia que a grande mídia esteja na mão de 5 famílias no Brasil que com muito poder de influência defendem seus interesses tanto econômicos como ideológicos. As plataformas alternativas na internet, exceto aquelas espalhando falsidades, vieram para implodir essa hegemonia. Me lembrei de outro episódio amplamente noticiado que só fez confirmar a pré-disposição de considerar os indígenas selvagens: o PL sobre o "infanticídio". A nossa sociedade que mata crianças nas ruas querendo criar leis a partir de um preconceito sobre culturas que não conhecem e nem querem conhecer e, por isso, nada entendem! Só espero que as organizações indígenas consigam resistir aos ataques e achaques inconstitucionais - um crime de responsabilidade em cima do outro! - desse desgoverno. Abraço, Hans
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Marly Cuesta comentou:
21/06/2020
Com certeza, texto ousado e inovador! Vendas na própria editora,né? Gratidão por nos trazer mais essa riqueza,
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Rosane Pavam comentou:
21/06/2020
Sensacional este texto sobre um livro que me parece obrigatório ser lido. Ele comprova o que sempre sinto quando se fala em fake news. A difusão de notícias falsas foi praticada à exaustão por nossas empresas de comunicação. Não somente as grandes, liberais; as de viés à esquerda também. Eis por que a população aceita, engole, reverbera fake news. É um grande costume.
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Maria Nazaré Cavalcanti comentou:
21/06/2020
Chamava -se "imprensa marron". Hoje é "fake-news".
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Tania Elias Magno da Silva comentou:
21/06/2020
É preciso conhecer a nossa verdadeira historia e saber como funciona a manipulação midiática..lamento a morte de Paulinho Paiakan
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Diego Godinho comentou:
21/06/2020
Paulinho Payakã incomodou grandemente a elite branca que governa este país. O cacique da etnia guerreira como os Kayapó sempre foi um ícone da luta ambiental junto com Raoni Kaypó...os nossos povos desde sempre é o que sofrem com a dissimulada midia a serviço de uma política suja e do capital..
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Tarcisio Lage comentou:
21/06/2020
Revoltante, mas esperado. Nós, jornalistas, que trabalhamos no ninho das serpentes, sabemos o que elas são capazes de fazer. Os editores da época, mortos ou em quarentena, devem estar dando de ombros: "Ora, águas passadas".
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Loretta Emiri (via FB) comentou:
21/06/2020
· O desgostoso papel da mídia nos ataques aos indígenas e seus direitos.
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Luiz Gonzaga Falcão comentou:
21/06/2020
Verdades sobre a vida e a morte. Nossa reverência ao grande e digno mestre Paulinho Paiakã.
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Dora Alicia Gama Seymour comentou:
21/06/2020
Me lembro dessa reportagem. Horrível. Graças a Deus sua imagem hoje, espero que toda a sua história seja passada a limpo.
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André Antunes comentou:
21/06/2020
Fake news histórica! Impressionante como essa mídia brasileira é nojenta, e não é de hoje.
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?José Marajó Varel comentou:
21/06/2020
José Bessa indica o livro "A Construção de Um Réu", de Maria José Alfaro Freire, sobre o ódio da elite do atraso em relação às nações indígenas do Brasil.
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Olivio Jekupe comentou:
21/06/2020
Triste mesmo, foi horroroso o crime que prepararam contra Paiakan pra ele não poder participar da eco 92. Destruíram a vida de um grande líder e que nós indígenas temos que mostrar aos outros o que fizeram com ele
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Raphael Alberti comentou:
21/06/2020
Concordo com tudo que abordou no artigo, só senti falta de uma coisa. Talvez tenha no livro que citou: o depoimento da mulher que acusa o indígena de estupro. Eu não conheço a história , é a primeira vez que leio sobre isso, e não estou o acusando de nada, porém acho importante trazer essa questão como forma de valorizar a fala de uma mulher que acusa um homem de estupro. Isso explica tudo? Não. Mas creio ser relevante para a análise da situação, visto que em uma sociedade patriarcal e machista como a nossa a fala de uma mulher é sistematicamente diminuída. Obrigado por compartilhar o artigo! Abraços
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Coluna Taquiprati comentou:
21/06/2020
Raphael, excelente observação,. Vc está carregado de razão. Confesso que minha tendência é sempre acreditar nas acusações da mulher que afirma ter sido violentada. Só para trazer mais um elemento ao debate, informo que a midia também não ouviu a Leticia, quase sempre no lugar dela quem falava era um advogado, homem e machão, vinculado ao poder econômico e politico local, que não queria defendê-la, mas usá-la para desqualificar os que lutavam pela demarcação das terras indígenas, contra a destruição da floresta. Nem mesmo o Poder Judiciario conseguiu o estupro numa relação que nos autos aparece como consensual.
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Marianna Kutassy comentou:
21/06/2020
A cada manhã, a cada triste noticia que leio, querido José Bessa, penso o quão essas tristezas infindas estão afetando você, de vocês! Muita força, saúde, saúde, saúde!
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Janet M. Chernela comentou:
21/06/2020
Estou de luto pelas duas mortes de Payaka, agora que li a brilhante peça de Jose Ribamar Bessa, e pensando nas muitas vidas que ele poderia ter tido se os militares e a mídia o permitissem.
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Felipe Milanez comentou:
20/06/2020
(O jornalista Felipe Milanez recebeu em resposta ao artigo dele uma mensagem, que vale a pena registrar aqui) "Agradecemos do apoio, carinho e ajuda. Meu nome é Irekran Kaiapó, estava casada com Paiakan há mais de 40 anos e eu perdi meu companheiro, amigo, confidente e meu povo perdeu um líder que fez história não só para meu povo, mas para a nação indígena. Meu marido se foi, mas deixou seu legado semeado em nossas filhas e sobrinhos, sua memória permanecerá viva através deles. E como mebengokre que somos, seguimos nossas tradições e, ele foi velado e sepultado em nossa Terra Indígena Kaiapó, pela qual ele lutou bravamente. Ele recebeu todas as homenagens e honrarias de um Benhadjyry Mebengokre e como tradição e cultura tudo que pertencia ele foi sepultado com ele e todos os pertences de nossa casa foram doados, esse é um ato cultural uma forma de libertar o espirito (deste plano), para seguir a diante. Ele nos deixou recordações de luta e seu imenso amor e dedicação a nossa família e nosso Krenhiyedjá (Rio Vermelho) que preservaremos enquanto vida tivermos, Krenhiyedjá fica localizado no centro território Kaiapó. É la que vamos reconstruir e lutar pela defesa do meio ambiente e pelos direitos indígenas. Não vamos desistir de lutar. Vamos lutar e honrar o nome dele."
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Neide Martins Siqueira comentou:
20/06/2020
Esse texto honra a memória de Paulinho paiakan. Ele morreu mesmo duas vezes. Foi caluniado, injustiçado e ainda assim, morreu defendendo a vida. Valeu professor José Bessa!
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Rosane A. Costa comentou:
20/06/2020
Que matéria! Sábias palavras de Jorge Luís Borges
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Margarete Taqueti comentou:
20/06/2020
Não via a hora desse delito ser passado a limpo! Demorou!
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Kércia Priscilla comentou:
20/06/2020
texto bom e necessário, tal como o livro. Horrenda a imprensa. Triste perda.
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Sirlene Bendazzoli comentou:
20/06/2020
José Bessa querido, saudades de vc! Agradeço por todas suas matérias sempre excelentes divulgando a vida, e atualmente a morte, de tantos indígenas que todo Brasil deveria reverenciar. Mas está é especial, recomendarei a cada um a quem enviar que guarde para esfregar na cara daqueles que ainda repetem essas agressões de que Paulinho foi vítima contra os povos indígenas, sem conhecer nada de suas história e vida. Obrigada
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Mário Camargo Pego comentou:
20/06/2020
Quando a imprensa comete um crime.
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Maria Jose Silveira comentou:
20/06/2020
Lembro muito bem desse escândalo que a imprensa exibiu fartamente. Você tem razão em afirmar que foi a primeira morte do Paulinho Payakã. Vou procurar o livro da minha xará. Beijos.
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Andrea Bastos comentou:
20/06/2020
Eu lembro dessa "matéria" horrorosa dessa revista,eu era nova mas mesmo assim percebi a verdadeira intensão da revista!! Anos depois tive a honra de conhecer Paulinho Payaka no encontro de escritores no Rio de Janeiro,foi emocionante conversae com ele!! Que ele nos guie e nos proteja nessa guerra insana!!
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