CRÔNICAS

Uma ponte dos Andes à Amazônia: Taylor e Gasché (versão em espanhol)

Em: 12 de Abril de 2020 Visualizações: 15430
Uma ponte dos Andes à Amazônia: Taylor e Gasché (versão em espanhol)

Nesses tempos de Coronavirus - uma “gripezinha” segundo um “especialista” insano - dois pesquisadores que estudaram as línguas da Amazônia se despediram da vida: no 1º de abril, o australiano Gerald Taylor (1933-2020), que residia na França e, no dia 9, o suíço Jorge Gasché (1940-2020), que se nacionalizou peruano. Não se trata da “morte natural” de dois “velhinhos”, mas do sepultamento de dois arquivos vivos, cujo conteúdo vale a pena abrir.

O homem que sabia javanês

Gerald Taylor, que falava 17 idiomas – um deles era o javanês -  se dedicou ao estudo das línguas com a mesma paixão devotada à culinária. Eu o conheci no dia em que preparou no seu cafofo da rua Mouffetard, em Paris, um prato que aprendeu na Indonésia: frutos do mar e arroz com cravo-da-índia, noz-moscada, gengibre, coentro, acompanhado do sambal – molho apimentado de pasta de camarão e limão. Convidou um amigo comum, o linguista Alfredo Torero, que me levou a tiracolo. Foi o suficiente para iniciarmos uma amizade duradoura e para que eu conhecesse sua trajetória. 

Com pouco mais de 20 anos, Gerald saltitou pela ilha de Java, Itália e França, de onde embarcou em navio cargueiro para o México. Andarilho, desceu pela Venezuela, Colômbia e Equador e, em Otavalos, ouviu pela primeira vez a língua quéchua, diferente das variedades que escutou em seguida no Peru e na Bolívia. Saboreou, também pela primeira vez, a culinária andina: cazuela de llama, cuy pururucado, rocoto relleno, locro com milho tenro, quinoa e trezentos tipos de batata.

Apaixonou-se pelas receitas registradas em quéchua. Entrou fundo no estudo da língua. Traduziu ao francês e ao castelhano o Manuscrito Quechua de Huarochiri, obra clássica sobre mitologia andina e “monumento da literatura mundial”. Uma farta produção de livros e artigos o tornaram o maior especialista da França nesse campo. Por isso, o mundo andino, que muito deve a ele, pranteou sua partida.

Patê no tucupi

Nós, do mundo amazônico, devemos também reverenciá-lo. Embora vinculado ao Instituto Francês de Estudos Andinos, suas pesquisas desceram dos Andes à floresta, ainda em Paris. Convidei-o a almoçar. Minha mãe, de passagem pela França, inventou uma entrada:  o paté de foie gras ensopado no tucupi trazido por ela de Manaus. Taylor se deliciou com esse “patê no tucupi” – uma heresia para os franceses. Na ocasião, comentei com ele e com sua colega Consuelo Alfaro sobre documentação que estava encontrando em arquivos europeus relativa à língua geral da Amazônia. Inebriado pelo tucupi, Taylor me sugeriu escrever artigo para a revista Ameríndia da Universidade Paris VIII, de cujo comitê editorial ele fazia parte.

O artigo Da “Fala Boa” ao português na Amazônia Brasileira, publicado em 1983, com chancela da Universidade de Paris-Sorbonne e do CNRS – Centro Nacional de Pesquisa Científica, aguçou o interesse dele pelas línguas amazônicas.  Não sei o que pesou mais: se o Nheengatu ou o tucupi, o certo é que Taylor, guiado pelo antropólogo Renato Athias, realizou três ou quatro viagens ao Rio Negro nos anos 1980. Numa delas, como não havia o controle rígido de hoje, levou um vidro de tucupi com pimenta murupi no voo da Air France para Paris. A rolha explodiu com ruído de bomba, parecia champagne, e espalhou o líquido amarelo, aromatizando o compartimento da bagagem de mão. Ele se fez de leso. 

Se o tucupi se perdeu, a língua não. Taylor levava para Paris documentos, gravações, textos transcritos, léxicos, dados sintáticos, recolhidos em sua primeira viagem ao campo de apenas três semanas, quando registrou relatos narrados em Baniwa e em Nheengatu pelos indígenas Domingo de Souza Paiva, Viriato Plácido, Humbelino Plácido e Gersem Laureano. Voltou um ano depois, convidado pelo padre salesiano Afonso Casanovas. Em uma terceira viagem ao rio Negro recolheu versão em tukano das mesmas histórias, contadas por Agostino Freitas da missão salesiana de Yauareté e se deliciou com a quinhapira, o beiju, o tucupi e a farina do Uarini.

Koronavirus iodza

Erudito, ele construiu uma ponte entre narrativas andinas e amazônicas. Identificou ainda em alguns mitos que circulam em línguas indígenas, elementos dos contos de Perrault, Andersen, Grimm. As histórias de João e Maria, de Aladim, do Pequeno Polegar e tantas outras ganham cor e personagens locais: Curupira, Matintaperera, Mãe-d’água, Cobra Grande. Os indígenas fizeram também, na literatura, o seu “patê no tucupi”:

- “Esse aspecto híbrido dos contos populares que dialogam com narrativas tradicionais não devem nos surpreender. Foram levados ao Rio Negro por missionários italianos e alemães, por militares e por nordestinos seringueiros” – escreve Taylor depois de passar um pente fino nos textos, entre outros, de Couto de Magalhães, Barboza Rodrigues, Silvio Romero, Câmara Cascudo.

O estudo linguístico das narrativas lhe permitiu concluir que “o baniwa do Içana (arawak) e o Nheengatu (tupi), apesar de pertencerem a duas famílias diferentes, possuem várias estruturas sintáticas em comum”. 

Esse Taylor era mesmo danado! Apoiado no seu trabalho de campo, escreveu “Introdução à Língua Baniwa do Içana” (Unicamp, Campinas, 1991), no qual propõe um alfabeto para transcrever a língua, baseado na análise fonológica. Elaborou o “Breve Léxico da língua Baniwa do Içana” (Uneb, Salvador, 1999) e transcreveu contos em várias línguas do Rio Negro publicados no blog, inconcluso, que Renato Athias organizou com ele.

(https://baniwa.blogspot.com/)

Talvez suas pesquisas tenham contribuído de alguma forma para a elaboração, agora em março de 2020, do Informativo Idaanataakawa Koronavirus iodza hia komonidadinai organizado por Juliana Radler do Instituto Sociambiental e a autoria de vários indígenas da FOIRN para orientar na prevenção e no enfrentamento ao Covid-19. Se for assim, valeu a vida de Gerald Taylor, que dessa forma retribuiu a quinhapira e a farinha que degustou no Rio Negro.

Retorno à maloca

O espaço desta coluna no Diário do Amazonas se transforma em obituário. Já havia enviado o comentário sobre Gerald Taylor, quando chegou a notícia da morte de Jürg Ulrich Gasche, o Jorge, que na década de 70 se embrenhou na floresta peruana e de lá nunca mais saiu, pesquisando línguas e culturas amazônicas. Formado em antropologia e linguística pela Sorbonne e pela Universidade de Basilea, falava alemão, francês, espanhol, polonês e russo e se especializou nas línguas huitoto, secoya, bora e ocaina, nas quais era fluente. No dia em que recebeu seu título de nacionalidade peruana, escreveu num mural, em língua huitoto: “Amo a terra peruana e o seu povo”.  

O “seu povo” era formado fundamentalmente pelos grupos nativos. Jorge viveu mais de 40 anos em Iquitos e lá dirigiu o Instituto de Investigaciones de la Amazonia Peruana (IIAP), onde coordenou o projeto “Biosociedade”. Fundou a Associação de Apoio às Comunidades Nativas da Amazônia (ANACONDA). Assessorou o movimento indígena, pesquisou sobre a “História do movimento organizativo do povo Ashaninca” e “História das organizações shipibo-conibo”. No LXI Congresso da SBPC em Tabatinga apresentou o trabalho “Porque fracassam os projetos de desenvolvimento da Amazônia”, quando propôs a aplicação dos princípios da pedagogia intercultural aos projetos de desenvolvimento.

Teve papel importante na formação de professores bilíngues e com eles discutiu a “História, função e conduta dos intelectuais indígenas no entroncamento de duas sociedades: os povos indígenas e a sociedade envolvente na Amazônia peruana”, tema de sua comunicação em congresso internacional na Suíça, em 2001. Organizou simpósio com o título sugestivo “O intelectual orgânico nas relações interculturais. Voltar a ler Gramsci?”. Outro título provocativo foi o de sua conferência, em 2010, na Universidade Nacional da Colômbia: “A ignorância reina, a estupidez domina e os caras-de-pau se aproveitam. A engorda neoliberal e a dieta da floresta”.

Autor de livros, entre os quais “Sociedad Bosquesina”, definida por ele como “a sociedade amazônica rural que abarca tanto os povos indígenas como as comunidades mestiças, ribeirinhas, caboclas”. Lá desenvolve sua teoria social sobre “o retorno à maloca”. Criticou o ex-presidente Alan Garcia, que propôs a mineração em território indígena. Publicou artigos em revistas especializadas da Europa e Estados Unidos. No Brasil, a Editora da Universidade Federal de Roraima publicou artigo em que é coautor sobre “Questão ambiental, desenvolvimento sustentável, desigualdades sociais e proteção social na Pan-Amazônia”.

No trabalho de campo para sua tese sobre ritual e política entre os Uitoto-muri, o antropólogo Edmundo Pereira, guarda lembranças da generosidade de Gasché que abriu sua biblioteca em Iquitos e com ele trocou figurinhas. Tornaram-se amigos. Lembra algumas histórias. No último encontro que tiveram, no Museu Nacional, no Rio, Jorge chegou com sua inseparável valise de couro, que guardava uma lata de nescau cheia de mambe conhecido no Rio Negro como ipadu. Mambeador contumaz, ofereceu-lhe mapacho – o cigarrão de tabaco amazônico. Curioso, Edmundo indagou como ele conseguia passar na alfândega com aquela erva:

- Eu digo que é um fitoterápico, bom para artrite de velho como eu.

Só nos restar evocar aqui as palavras de Edmundo ao se inteirar da morte de Jorge:

- Que Buinaima - o Criador dos Uitoto – o guarde!

Ver blog - http://jgasche.weebly.com/

 

 

Un puente de los Andes a la Amazonía:

Gerald Taylor y  Jorge Gasché

José R. Bessa Freire - Diário do Amazonas - Coluna Takiprati

Foto da pagina do FB de Johanna Gasché

En estos tiempos de Coronavirus - una “gripecita” según un “especialista” insano - dos investigadores que estudiaron las lenguas de la Amazonía se despidieron de la vida: el 1º de abril, el australiano Gerald Taylor (1933-2020), que residía en Francia y, el día 9, el suizo Jorge Gasché (1940-2020), nacionalizado peruano. No se trata de una simple “muerte natural” de dos “viejitos”, sino de la sepultura de dos archivos vivos, cuyo contenido vale la pena abrir.

El hombre que sabía javanés

Gerald Taylor, que hablaba 17 idiomas – uno de los cuales era javanés - se dedicó al estudio de las lenguas con la misma pasión devotada a la culinaria. Lo conocí el día que preparó en su “choza” de la calle Mouffetard, en París, un plato que aprendió en Indonesia: mariscos y arroz con clavo de olor, nuez-moscada, jengibre, culantro, acompañado de sambal – salsa con pimienta de pasta de camarón y limón. El ágape era para un amigo en común, el lingüista Alfredo Torero, que me llevó sin ser convidado. Fue suficiente para iniciar una amistad duradera y para conocer su trayectoria. 

Con poco más de 20 años, Gerald recorrió la isla de Java, Italia y Francia, de donde embarcó en un navío carguero hacia México. Andarillo, descendió por Venezuela, Colombia, Ecuador y en Otavalos, escuchó por primera vez la lengua quechua, diferente de las variedades que escucharía enseguida en Perú y Bolivia. Saboreó, también por primera vez, la culinaria andina: cazuela de llama, cuy pururucado, rocoto relleno, locro con maíz tierno, quinua y trecientos tipos de papa.

Se encantó con las recetas registradas en quechua. Entró a fondo en el estudio de la lengua. Tradujo al francés y al castellano el Manuscrito Quechua de Huarochiri, obra clásica sobre mitología andina y “monumento de la literatura mundial”. Una abundante producción de libros y artículos lo tornaron en el mayor especialista de Francia en ese campo. Por eso, el mundo andino, que mucho le debe, lloró su partida.

Paté con tucupi

En el mundo amazónico, también debemos reverenciarlo. Aunque estuviera vinculado al Instituto Francés de Estudios Andinos, sus investigaciones bajaron de los Andes a la floresta. En Paris, lo invité a almorzar cuando mi madre, entonces en Francia, inventó una entrada: el paté de foie gras ensopado en tucupí – el sumo fermentado de la raíz de yuca -   que ella trajera de Manaus. Taylor saboreó con deleite ese “paté al tucupi” – una herejía para los franceses. En aquella ocasión, comenté con él y con su colega Consuelo Alfaro que estaba encontrando en archivos europeos documentación relativa a la lengua general de la Amazonía. Embriagado por el tucupí, Taylor me sugirió escribir un artículo para la revista Amerindia de la Universidad Paris VIII, de cuyo comité editorial hacía parte.

El artículo Da “Fala Boa” ao português na Amazônia Brasileira, publicado en 1983, con el sello de la Universidad de Paris-Sorbonne e do CNRS – Centro Nacional de Pesquisa Científica, agudizó su interés por las lenguas amazónicas.  No sé lo que pesó más: si el Nheengatu o el tucupí, lo cierto es que Taylor, guiado por el antropólogo Renato Athias, realizó tres o cuatro viajes al Río Negro en los años 1980. En uno de ellos, como no había el control rígido de hoy, llevó un frasco de tucupí con pimienta murupí en un vuelo de Air France a París. El tampón explotó con ruído de bomba, parecía champagne, y derramó el líquido amarillo, aromatizando el compartimiento de bagaje de mano. Se hizo el desentendido. 

Si el tucupí se perdió, la lengua no. Taylor llevaba a Paris documentos, grabaciones, textos transcritos, léxicos, datos sintácticos, recogidos en su primer viaje a campo de apenas tres semanas, cuando registró relatos narrados en Baniwa y en Nheengatu por los indígenas Domingo de Souza Paiva, Viriato Plácido, Humbelino Plácido y Gersem Laureano. Voltvió un año después, convidado por el padre salesiano Afonso Casanovas. En un tercer viaje al Río Negro recogió una versión en tukano de las mismas historias, contadas por Agostino Freitas de la misión salesiana de Yauareté donde saboreó a quinhapira, el beijú, el tucupí y la farina do Uarini.

Koronavirus iodza

Erudito, construyó un puente entre narrativas andinas y amazónicas. Identificó además elementos de los cuentos de Perrault, Andersen, Grimm en algunos mitos que circulan en lenguas indígenas. Las historias de Juan y María, de Aladin, de Pulgarcito y tantas otras presentan color y personajes locales: Curupira, Matintaperera, Mãe-d’água, Cobra Grande. Los indígenas hicieron también, en la literatura, su “paté con tucupí”:

- “Ese aspecto híbrido de los cuentos populares que dialogan con narrativas tradicionales no deben sorprendernos. Fueron llevados al Rio Negro por misioneros italianos y alemanes, por militares y por nordestinos caucheros” – escribe Taylor después de un análisis minucioso de diversos textos, entre los cuales, los de Couto de Magalhães, Barboza Rodrigues, Silvio Romero, Câmara Cascudo.

El análisis lingüístico de las narrativas le permite concluir que “el baniwa de Içana (arawak) y el Nheengatu (tupi), a pesar de pertenecer a dos familias diferentes, poseen varias estructuras sintácticas en común”. 

Ese Taylor era admirable! Apoyado en su trabajo de campo, escribió “Introdução à Língua Baniwa do Içana” (Unicamp, Campinas, 1991), en el que propone un alfabeto para transcribir la lengua, en base al análisis fonológico. Elaboró el “Breve Léxico da língua Baniwa do Içana” (Uneb, Salvador, 1999) y transcribió cuentos en varias lenguas del Río Negro publicados en el blog, inconcluso, que Renato Athias organizó con él. (https://baniwa.blogspot.com/)

Tal vez sus trabajos hayan contribuido de alguna forma en la elaboración del Informativo Idaanataakawa Koronavirus iodza hia komonidadinai organizado por Juliana Radler del Instituto Socioambiental y la autoría de varios indígenas de la FOIRN para orientar en la prevención y en el enfrentamiento al Covid-19, ahora en marzo de 2020. De ser así, valió la vida de Gerald Taylor, que de esa forma retribuyó la quinhapira y la farinha de yuca que degustó en el Rio Negro.

Retorno a la maloca

El espacio de esta columna del Diário do Amazonas se transforma en obituario. Ya había enviado el comentario sobre Gerald Taylorcuando llegó la noticia de la muerte de Jürg Ulrich Gasche, Jorge, que en la década de 70 penetró en la floresta peruana y nunca más salió de allí, investigando lenguas y culturas amazónicas. Formado en antropología y lingüística por la Sorbonne y por la Universidad de Basilea, hablaba alemán, francés, español, polaco y ruso, se especializó en la lengua huitoto, secoya, bora y ocaina, en las que era fluente. El día en que recibió su título de nacionalidad peruana, escribió en un mural, en lengua huitoto: “Quiero a la tierra peruana y a su gente”.

“Su gente” era formada fundamentalmente por los grupos nativos. Jorge vivió más de 40 años en Iquitos y allí dirigió el Instituto de Investigaciones de la Amazonia Peruana (IIAP), donde coordinó el proyecto “Biosociedade”. Fundó la Asociación de Apoyo a las Comunidades Nativas de la Amazonía (ANACONDA). Asesoró el movimiento indígena, investigó la “Historia del movimiento organizativo del pueblo Ashaninca” e “Historia de las organizaciones shipibo-conibo”. En el LXI Congreso de la SBPC en Tabatinga presentó el trabajo “Porque fracasan los proyectos de desarrollo de Amazonía”, cuando propuso la aplicación de los principios de la pedagogía intercultural a los proyectos de desarrollo.

Tuvo un papel importante en la formación de profesores bilingües y con ellos discutió la “Historia, función y conducta de los intelectuales indígenas en el entroncamiento de dos sociedades: los pueblos indígenas y la sociedad envolvente en la Amazonía peruana”, tema de su comunicación en el congreso internacional en Suiza, en 2001. Organizó un simposio con el título sugestivo “El intelectual orgánico en las relaciones interculturales. ¿Volver a leer Gramsci?”. Otro título provocativo fue el de su conferencia, en 2010, en la Universidad Nacional de Colombia: “La ignorancia reina, la estupidez domina y la conchudez aprovecha”. Autor de libros, entre los cuales “Sociedad Bosquesina”, definida por él como “la sociedad amazónica ruralque abarca tanto los pueblos indígenas como las comunidades  mestizas, ribeirinhas, caboclas”.

Allí desarrolla su teoría social sobre “el retorno a la maloca”, a la aldea.  Criticó el ex-presidente Alan García, que propuso la minería en territorio indígena. Publicó artículos en revistas especializadas de Europa y Estados Unidos. En Brasil, la Editora de la Universidad Federal de Roraima publicó un artículo en coautoría sobre “Questão ambiental, desenvolvimento sustentável, desigualdades sociais e proteção social na Pan-Amazônia”.

En el trabajo de campo para su tesis sobre ritual y política entre los Uitoto-muri, el antropólogo Edmundo Pereira, recuerda la generosidad de Gasché que abrió su biblioteca en Iquitos e intercambió informaciones. A partir de ese momento, se tornaron amigos. En el último encuentro que tuvieron, en el Museo Nacional en Rio, Jorge llegó con su inseparable valija de cuero en que guardaba una lata de Nescau llena de mambe conocido en el Río Negro como ipadu. Mambeador contumaz, le ofreció mapacho – el cigarro de tabaco amazónico. Curioso, Edmundo indagó como conseguía pasar en la aduana con aquella hierba:

- Digo que es un fitoterapéutico, muy bueno para artritis de viejo como yo.

Solamente nos resta evocar aquí las palabras de Edmundo al enterarse de la muerte de Jorge:

- Que Buinaima - el Creador de los Uitoto – lo guarde!

(blog - http://jgasche.weebly.com/)

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19 Comentário(s)

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Taquiprati comentou:
17/04/2020
Recebi da linguista Cândida Barros mensagem que lhe foi enviada por Cesar Itier referente a artigo de sua coautoria em homenagem a Gerald Taylor. Aqui vai o link para os interessados: Chers amis, Je partage avec vous un texte d'hommage à Gerald, que Juan Carlos et moi avons écrit et que vient de publier l'IFEA dans sa newsletter: https://ifea.hypotheses.org/4042?fbclid=IwAR3fyCf_-Xb2WhJwZB8FWdb8mNRFyQgQ6gzIieEmjpmsB6B8sxtHINoLvGQ Je l'ai également accrochéé sur ma page Facebook César
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Lucia Hussak comentou:
15/04/2020
Acabei de ler o ultimo Takiprati ! Gostei imenso do texto sobre o Gerald, pessoa que conheci bem, na Amazônia e na França. Não é nenhum feito, todos o conheciam bem, pois era uma pessoa adorável! Agradeço-lhe por esse presente. Um grande abraço, Lucia
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Curuinsi Associatión - Indígena (via FB) comentou:
14/04/2020
Ore izo, kai komek+ eo sunaite oo fiodailla ie jirari Has dejado tu legado con nosotros tus sobrinos, lo que mas anhelabas, después de realizar un amplio estudio de investigación a nuestro idioma Murui. En la maloca preparamos a mas de 20 jóvenes que venían del putumayo y ampiyacu, para formarse como futuros maestros bilingües. Nuestros pueblos en Perú y Colombia estaremos eternamente agradecido por tu trabajo a favor de los pueblos bosquesinos y por tu inmenso compromiso con la amazonia. Estoy seguro que nos seguirás acompañando, en nuestras tertulias interminables allí en el mambiadero de la maloca, en nuestro afán de seguir construyendo el camino hacia una amazonia sostenible, con el aporte de los conocimientos tradicionales. Gracias eternas por tu tiempo y tu enseñanza ore izo. Se espera darle continuidad a tus trabajos de investigacion sobre los relatos e historias del pueblo Murui, Bora y Ocaina. Como dijo el ama Jorge Perez Rubio "Ayudanos a pensar que hacer con tu biblioteca, pensamos que debería estar al servicio de los interesados" Nos encontraremos cada noche en los mambeaderos de las malocas. Nosotros: -- Ore izo, oona jibie kue dutata! Jorge Gasche: --See dee! Manaide Buinaima, marena oo jaai ore izo.
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Gustavo Uriartt comentou:
14/04/2020
Seus legados permanecem nas Pessoas que eles de certa maneira influenciaram.
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Fred Spinoza (via Facebook) comentou:
14/04/2020
No dia 20 de fevereiro, no Facebook, apareceu uma mensagem desgarradora de meu professor Jorge Gasché. Nesta mensagem, ele pedia uma cadeira de rodas por não poder caminhar, já que o câncer havia avançado pelos seus ossos e suas articulações. Esta triste situação foi muito diferente de quando o conheci em 2007, em Letícia. O professor Gaschê havia causado um alvoroço nos alunos de pós graduação da Unal Sede Amazônia com sua teoria de Sociedade Bosquesina. Ele fez um trabalho de pesquisa de 30 anos pela Tríplice Fronteira, na qual expôs a unicidade dos ribeirinhos, quilombolas e indígenas na política, economia, educação, saúde, segurança e bem-estar. Todos eles reconhecem que é a sua maior riqueza e, identidade, totalmente oposta aos conceitos e pensamentos de nossa sociedade cristã ocidental. Por exemplo, se algum pescador do rio, caçador do bosque ou agricultor da floresta tiver na sua labuta muita fartura, não é para poupar nem vender senão para compartilhar com sua comunidade. Uma vez, uma aluna do Atalaia do Norte me contou que um pescador havia tido muita sorte, que havia arpão(neado) mais de uma vintena de pirarucu, que ele tratou todos eles, e pôs as pesadas mantas dos grandes peixes a salgar. Fretou um bote grande para levar ao mercado de Benjamim Constant, enquanto navegava pelo tortuoso rio Javari uma, dizem, grande sucuri emergiu das águas e virou a embarcação. Ela diz que foi a mãe da água que castigou o pescador pela sua ambição e pelo egoísmo de não ter compartilhado com a comunidade. O professor Gasché publicou sua pesquisa em 2014, trata-se de dois volumes, mais de 800 páginas, está editada em espanhol e em inglês. Mas, ele nos pediu para traduzi-la ao português, sendo que já faz seis anos. Todavia, até agora não foi possível publicá-lo no Brasil, praticamente, desde 2015 o país ficou estagnado e até os projetos de edição ficaram parados. Além disso, nós também ficamos adormecidos diante destes tempos difíceis. Rogo a todos meus amigos para fazer uma força a favor de nosso amigo professor para que tenha a sorte de ver sua obra, antes de partir, traduzida na língua portuguesa. Tabatinga, 21 de fevereiro de 2020.
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Marcelo Chalreo comentou:
13/04/2020
Cuy pururucado é uma delicia.
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Florencio Almeida Vaz Filho comentou:
12/04/2020
Todas as crônicas do amigo José Bessa Freire são muito agradáveis de ler, e sempre trazem informações novas e interessantes, principalmente para nós que vivemos, pesquisamos e militamos na Amazônia. Recomendo este texto da semana, chamando a atenção para estudiosos estrangeiros e brancos falecidos recentemente, e que dedicaram grande parte do seu talento e da sua vida aos povos indígenas na Amazônia. Este foi o caso do suiço Jorge Gasché, que vivia em Iquito no Peru e era muito próximo dos indígenas naquela região. Valeu pela aula, José Bessa.
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Sylvia Porto Alegre comentou:
12/04/2020
obrigada pelo resgate dessas histórias, tao belas quanto importantes para o patrimonio do nosso continente. Feliz Pascoa!
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Renato Amram Athias comentou:
12/04/2020
José Bessa muito legal lembrar essas duas pessoas queridas com aquele jeito que só mesmo você sabe escrever. Eles merecem....
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Maria Conceição Silva comentou:
12/04/2020
Estamos perdendo arquivos... Como profissional da informação e reconhecedora da importância daqueles que reconhecem a importância dos povos tradicionais e os tratam com o respeito acadêmico que lhes cabe lamento essas perdas... "NÃO ME PERGUNTE POR QUEM OS SINOS DOBRAM... Eles dobram por nós"
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Moniyango Kuiru comentou:
12/04/2020
Ó meu povo querido, eu vou conseguir fazê-lo. Suas sobrinhas estamos muito triste com o seu regresso à origem. Eñaizaiño (sobrinha), é como nos dizia o professor Jorge Gasche. Viveu vários anos na maloca do meu avô Moinuigu+do em plena floresta amazônica, meus pais, ti@s nessa altura eram apenas uns jovens. Ele se tornou parte da nossa família, ami pai dizia-lhe ama (irmão). Graças ao seu trabalho pudemos ouvir pela primeira vez a voz dos nossos avós, os seus cantos e o quotidiano do dia-A-dia da minha família algum deles que não estão mais neste plano físico. Bom regresso à origem izo (cara) Jorge Gasche Jorge Gasche. Até sempre e boa viagem desejamos-lhe os indígenas bosquesinos, é como nos chamava. Descanse em paz
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aurelio michiles comentou:
12/04/2020
Muito recentemente tive uma demostração da generosidade do Jorge, ele cedeu graciosamente uso das musicas gravadas por ele no final anos 60 dos índios Uitotos, Boras e Muinanes na trilha do meu filme (inédito) "Segredos do Putumayo". Descanse em paz, amigo.
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Eunice Paula comentou:
12/04/2020
Grandes figuras humanas! Aliaram a pesquisa científica com a defesa dos povos indígenas! Com certeza, eles estarão para sempre na memória, nos mitos e nas narrativas dos povos com os quais conviveram!
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Eliane Lopes comentou:
12/04/2020
Há mulheres e homens que nos fazem despedir de um conhecimento e uma experiência só deles!!
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Marilza De Melo Foucher comentou:
12/04/2020
Jose José Bessa o Taylor veio algumas vezes em nossa casa e adorava os peixes que eu fazia. Depois eu perdi minha agenda, mudamos de telefone e nos perdemos de vista. Triste noticia! Vou avisar o Dominique . Uma vez eu convidei ele junto com o Jacques Meunier que foi do Le Monde que também ja morreu...
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FELIPE JOSE LINDOSO comentou:
11/04/2020
Pessoas como esses (mais o Nunes Pereira, Cut Nimuedaju e outros, por exemplo) foi que me fizeram um dia querer ser antropólogo. Fiquei no caminho. Ainda bem que eles prosseguiram
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Isabela Thiago de Mello comentou:
11/04/2020
Taylor e Gasché estão na Luz de Tupã...encantaram! Como sempre emocionante!
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Ana Silva comentou:
11/04/2020
Taquiprati, um espaço dedicado ás lindas homenagens, ao conhecimento e uma boa prosa, mas do que obituário. rsrs
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Iris Kantor comentou:
11/04/2020
operários do patrimônio linguístico ameríndio amazônico e andino
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