CRÔNICAS

Universidade, ditadura e crimes contra os índios

Em: 30 de Agosto de 2015 Visualizações: 68679
Universidade, ditadura e crimes contra os índios

 

"Nesta hora que estamos conversando aqui alguém deve estar matando um índio, só que nós só vamos saber muito mais tarde, quando o índio já está morto. É a cobiça da terra, a cobiça do subsolo e a cobiça das riquezas naturais" (Noel Nutels, CPI do Índio, 20/11/1968).
 
A universidade começa a pesquisar o Relatório Figueiredo, um conjunto documental de 30 volumes com mais de 7 mil páginas que ficou esquecido durante quarenta e cinco anos e que trata dos crimes cometidos contra os índios. Na quinta-feira (27), uma dissertação de mestrado foi defendida na Pós-Graduação em Memória Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) por Elena Guimarães. Antes, na terça (25), foi o exame de qualificação de André Luís Sant'Anna no Mestrado em Relações Étnicorraciais do Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET-RJ).
As duas pesquisas centram o foco no Relatório produzido entre novembro de 1967 e março de 1968 pela Comissão de Investigação do Ministério do Interior presidida por Jader de Figueiredo Correia, mas com perspectivas diferentes. O trabalho ainda em andamento do André, na área de psicologia social, busca identificar as práticas disciplinares que atingem o corpo do índio para subjugá-lo. Enquanto o de Elena, que trabalha no arquivo do Museu do Índio, trata o documento como lugar de memória e reconstitui sua trajetória, como foi produzido, silenciado e recuperado.  
P de Perseguição
O ponto de partida do Relatório Figueiredo foram os crimes do Serviço de Proteção aos Índios (SPI) registrados em 1963 pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), com ampla repercussão fora do Brasil, incluindo o assassinato, em 1960, de 3.500 índios Cinta Larga, envenenados com arsênico.A pressão internacional levou a Casa Civil a solicitar providências ao ministro do Interior, Gen. Albuquerque Lima, que criou, em julho de 1967, a Comissão de Investigação (CI), presidida por Jáder de Figueiredo, Procurador do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS).
Depois de percorrer diferentes regiões do país e de ouvir centenas de funcionários e índios, a Comissão registrou fatos estarrecedores: crimes sistemáticos contra a pessoa e o patrimônio indígena, massacres e extermínios, esbulho e venda ilegal das terras indígenas, desvios de verbas, fraudes, roubos, suborno, falsificação de documentos. O próprio chefe do SPI, o major da Aeronáutica, Luiz Vinhas Neves, responsável pela chacina dos Cinta-Larga, foi acusado de ter faturado quantia exorbitante na época de mais de 1 bilhão de cruzeiros velhos.
O SPI, no lugar de Proteção, passou a ser Serviço de Perseguição aos Índios. Castigos físicos, torturas no "tronco" que provocaram aleijamento, mutilações e mortes, cárcere privado, prisões independente da idade ou do sexo, maus tratos, chicotadas, trabalho escravo, espancamento, assassinatos com requintes de perversidade, viraram rotina, assim como índios pendurados pelos polegares, outros mantidos em cisternas com excrementos humanos, estupros de índias usadas em serviços domésticos.
Trecho do documento selecionado por Elena Guimarães sobre o Massacre do Paralelo 11 traz o depoimento do motorista do SPI, Ramis Bucair, que entregou à Comissão fita magnética na qual estava gravada a confissão na presença de várias testemunhas feita por um dos assassinos, Ataíde Pereira dos Santos: 
"...Que um bando de celerados, chefiados por Chico Luís, a soldo da firma de seringalista Arruda Junqueira & Cia. metralhou um grupo de índios Cinta Larga; que após a matança encontraram uma índia remanescente conduzindo seu filhinho de 6 anos, que mataram a criancinha com um tiro na cabeça e penduraram a índia pelos pés, com as pernas abertas e partiram-na a golpes de facão, abrindo-a a partir do púbis em direção à cabeça,(...) que o crime continua impune e os assassinos passeiam livremente pelas ruas de Cuiabá".
O escândalo do século
Dezenas de depoimentos como esse foram registrados, incluindo o envio de parturientes para a roça um dia após o parto, proibidas de levarem consigo o recém-nascido, "tratamento muito mais brutal que o dispensado aos animais, cujas fêmeas sempre conduzem as crias nos primeiros tempos", escreveu o procurador Jáder Figueiredo, um pacato e honrado burocrata que não conseguiu conter sua indignação:
"O índio, razão de ser do SPI, tornou-se vítima de verdadeiros celerados que lhe impuseram um regime de escravidão e lhe negaram um mínimo de condições de vida compatível com a dignidade da pessoa humana. É espantoso que exista na estrutura administrativa do País repartição que haja descido a tão baixos padrões de decência. E que haja funcionários públicos, cuja bestialidade tenha atingido tais requintes de perversidade".
A bestialidade alcançou Jader, que sofreu ameaças de morte, foi transferido de Brasília para o Ceará e morreu aos 53 anos num acidente de ônibus nunca investigado. Ele documentou o que foi considerado "o escândalo do século". Mas o noticiário nacional e internacional se concentrou nos aspectos sensacionalistas, como se fosse uma aberração, quando na realidade os criminosos, identificados pelos respectivos nomes, não eram marginais ou psicopatas, mas "gente normal", que constituiu família e frequentava a igreja, com filhos na escola e conta no banco, gente que rezava, comia, brincava, ria e chorava.
Os mandantes eram grileiros, latifundiários, seringalistas, comerciantes em conluio com poderes locais, juízes, governadores, desembargadores, políticos, deputados, prefeitos, delegado de polícia, vereadores e até ministros, quase todos aparecem no relatório com nome e sobrenome, numa rede destinada a expulsar os índios de suas terras. Enfim, a nata da sociedade brasileira.
A recuperação das terras
Depois do Ato Institucional nº 5, em dezembro de 1968, com o recrudescimento da repressão e da censura, o Relatório permaneceu "esquecido" e foi dado como "perdido". Transferido da FUNAI para o Museu do Índio em 2008 com outra notação, junto com outros papéis, ali estava arquivado com a identificação técnica Processo 4.483/68, já que Relatório Figueiredo era a denominação dada pela mídia. Assim, em 2013, Marcelo Zelic da Comissão Justiça e Paz da Arquidiciose de São Paulo e do Grupo Tortura Nunca Mais conseguiu encontrá-lo rapidamente, encaminhando-o à Comissão Nacional da Verdade. Esse foi um dos achados mais importantes incorporado pela CNV, segundo a BBC.  Mas o termo "descoberta" usado pelos jornais é questionado na dissertação, que reconstitui os caminhos do documento, ponderando que não
estivesse organizado no arquivo, dificilmente seria encontrado:
"Este é um evento em que um documento é não mais um papel, um registro documental, mas um local de memórias em disputa, onde este se consolida como monumento, como documento-monumento".
A dissertação discute a concepção de documento-monumento, chamando a atenção para o perigo de desviar o historiador do seu dever principal: a crítica ao documento qualquer que seja ele, considerando que se trata de um produto da sociedade que o fabricou no contexto das relações de forças que detinham o poder.    
O Fundo SPI, ao qual pertence o Relatório Figueiredo, inserido no projeto de digitalização, foi escolhido para integrar o Programa Memória do Mundo da UNESCO. Agora, ele está integralmente digitalizado em alta resolução e pode ser acessado facilmente no site do Museu do Índio. Segundo o líder Kadiweu, Francisco Mantchua, citado na dissertação, "o Relatório Figueiredo pode ser um trunfo usado como prova de que 140 mil hectares de nossas terras foram invadidos por fazendeiros. Com certeza, esses documentos vão nos ajudar".
A Comissão Nacional da Verdade, de posse do Relatório Figueiredo, reconheceu a responsabilidade do Estado brasileiro na ocupação ilegal das terras indígenas e na violação dos direitos humanos e recomendou: um pedido público de desculpas do Estado brasileiro aos povos indígenas, a reparação aos mais de 8.000 índios atingidos por atos de exceção, a instalação de uma Comissão Nacional Indígena da Verdade, a promoção de campanhas de informação à população, a reunião e sistematização no Arquivo Nacional da documentação pertinente, a regularização e desintrusão das terras indígenas.
Agora, além da possibilidade de usá-lo para reparar injustiça histórica, seu estudo pela universidade nos ajuda a compreender melhor o Brasil, já que as sociedades indígenas constituem sempre um indicador extremamente sensível da natureza da sociedade que com elas interage. O Brasil mostra sua cara, ou pelo menos revela uma de suas faces, nas formas de relacionamento com os povos indígenas.
 
P.S. Elena Guimarães. O Relatório Figueiredo no contexto da Política Indigenista no Brasil: entre tempos, memórias e narrativas. Dissertação de Mestrado no Programa de Pós-Graduação em Memória Social da UNIRIO. Banca: José R. Bessa Freire (orientador), João Paulo M. Castro (Unirio) e Joana D´Arc F. Ferraz (UFF).
André Luís de Sant´Anna. Práticas disciplinares implicadas no Relatório Figueiredo: Perspectivas psicológicas no controle étnico-social de índios durante a ditadura militar no Brasil. Texto de qualificação. Banca: Alexandre de Carvalho Castro (orientador), Álvaro de Oliveira Senra(Cefet-RJ) e José R.B.Freire (Unirio).
Imagens do Estado de Minas Gerais de Felipe Canêdo.

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40 Comentário(s)

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Anne-Marie comentou:
04/09/2015
Índia partida a facão, um menino sírio morto numa praia turca, uma mãe deitada com seu bebê nos trilhos na Hungria para não ir ao campo de concentração . Desespero por esta humanidade-bestialidade. Estou sem palavras.
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Nadir Paulino comentou:
03/09/2015
Eu não consigo digerir os absurdos cometidos contra os índios no passado,e pasmem com os horrores que acontece atualmente-até quando meu Deus? até quando.
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Claudinei Alves comentou:
03/09/2015
É aí contra fatos não há argumento. Não defendo só a causa indígenas por ser guarani,há tantos outros grupo minoritários que estão sendo prejudicados pela elite inescrupulosa do governo.Mas na questão que me toca extermínio de etnias já ocorre há séculos,ouvi muitas história de meus avós sobre morte de índios. E foi sempre pra beneficiar grileiros de terra.Falsificação de documentos é que não faltou pra ter essas terras né. Afro descendentes são outras pessoas que não tem valor nenhum para o Brasil.Se temos um país estruturado devemos a eles que a custa de chibatadas,fome e frio ajudaram essa nossa terra a se desenvolver.E eles não tem valor algum pra pessoas sem cérebros! É a história que "certos tentaram esconder.
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João Crispim Victorio comentou:
02/09/2015
Esse nosso país, muitos erros e também acertos... Muitas histórias escondidas, algumas narradas sob o ponto de vista dos opressores e muitas outras transmitidas na oralidade, foram esquecidas. Parabéns professor pela divulgação do importante trabalho.
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Paulo Afonso Rabelo comentou:
01/09/2015
Esplêndido, Elena. Temos a esperança de que o trabalho de vocês - em todos que o lerem - despertará o amor e a compreensão pelos nossos semelhantes da mata.
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Ana comentou:
01/09/2015
"Povo que não respeita seu passado, não terá futuro." Frase que li em um museu no Chile. "Ao matar Deus, o homem morreu junto." Nietzche, falou bem. Pois o mundo está morto, e o mostra nestes fatos.
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Romulo Pintoandrade comentou:
31/08/2015
Por questões tão sofridas e difíceis de se encarar, tanta barbárie a sociedade brasileira se esconde atrás de uma máscara civilizada, sempre foge quando o assunto é assumir ou considerar nossa complexa ancestralidade, se olhar no "espelho índio."
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Eduardo Gomes comentou:
31/08/2015
Tive acesso ao relatório e o utilizei parcialmente na dissertação acerca do genocídio waimiri-atroari...
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Marcelo Abreu comentou:
31/08/2015
Bem bacana! Já dei uma olhada! Bessa, conhece os trabalhos recentes da Heloisa Starling (UFMG) sobre a repressão dirigida aos índios?
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Claudinei Alves comentou:
31/08/2015
É aí contra fatos não há argumento. Não defendo só a causa indígenas por ser guarani,há tantos outros grupo minoritários que estão sendo prejudicados pela elite inescrupulosa do governo.Mas na questão que me toca extermínio de etnias já ocorre há séculos,ouvi muitas história de meus avós sobre morte de índios. E foi sempre pra beneficiar grileiros de terra.Falsificação de documentos é que não faltou pra ter essas terras né. Afro descendentes são outras pessoas que não tem valor nenhum para o Brasil.Se temos um país estruturado devemos a eles que a custa de chibatadas,fome e frio ajudaram essa nossa terra a se desenvolver.E eles não tem valor algum pra pessoas sem cérebros! É a história que "certos tentaram esconder.
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Marcelo Zellic (via FB) comentou:
30/08/2015
voces podem acessar o relatório indexado no Centro de referencia virtual Indígena que estamos disponibilizando no Armazém Memória http://armazemmemoria.com.br/centros-indigena/
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Joana D Arc Fernandes Ferraz comentou:
31/08/2015
Obrigada, Marcelo Zelic. Vou procurar. Participei da Banca da Elena e gostaria de ver o relatório na íntegra. Um abraço, Joana
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Pádua Fernandes (via FB) comentou:
30/08/2015
De fato, é importante que a Universidade também pesquise o Relatório Figueiredo. Lembro que seu achado não foi fruto da pesquisa acadêmica, e sim dos esforços militantes de memória e verdade que se intensificaram no Brasil após o surgimento da Comissão Nacional da Verdade. Marcelo Zelic, do Tortura Nunca Mais, o encontrou, pesquisando em apoio à CNV. Outras Comissões da Verdade já usaram esse documento em seus relatórios, como a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo "Rubens Paiva". Penso agora em duas coisas: a) A postura inercial de alguns pesquisadores (principalmente os historiadores) de que as Comissões não trouxeram novidade alguma deve ser superada, e as pesquisas que elas fizeram deve servir de base para novos trabalhos sobre a história recente, que poderão ter reflexos em vários campos, inclusive na esfera judicial; b) No campo das graves violações de direitos humanos contra os povos indígenas, não se pode parar a pesquisa no Relatório Figueiredo: o período imediatamente posterior, com os projetos de integração e colonização, teria sido ainda pior em termos de massacres e remoções forçadas, pela documentação já conhecida, embora muito parcial.
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Elena Guimarães comentou:
02/09/2015
Caro Pádua e demais, certamente é digno de nota o esforço e dedicação de militantes, como Marcelo Zelic, do Tortura Nunca Mais/SP. Mais ainda de lançar luz sobre este período da história. Como funcionária do arquivo e pesquisadora no campo da memória, tive o privilégio de testemunhar o momento em que Zelic percebeu que entre os documentos que chegaram ao Museu em 2008, estava o conjunto classificado como volumes do processo da Comissão de Inquérito, que foi denominado Relatório Figueiredo. O que mais nos choca é constatar, mais uma vez, que as violações e violência contra os povos indígenas não estão circunscritas a uma só passagem da história - ainda que tenham adquirido contornos específicos no período da ditatura, como bem pode ser constatado a partir do massacre dos Waimiri-Atroari, devidamente publicado pelo Comitê Estadual da Verdade do Amazonas - mas persiste ainda hoje. Estamos neste exato momento com o terrível conflito no Mato Grosso do Sul, com assassinatos covardes...tudo na trilha das investidas do Congresso e do Legislativo, e da Agenda Brasil de Calheiros. Nesta hora, todos, sociedade Civil e Universidade, deveriam estar levantando sua voz e indignação contra tantos atentados aos direitos à Vida. Saudações..
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Idelber Avellar comentou:
30/08/2015
Com efeito, Pádua, tenho visto vários pesquisadores de História com o que você bem chama de postura inercial, como se as limitações das Comissões da Verdade significassem que nada novo tenha aparecido com elas. O Relatório Figueiredo já está disponível há algum tempo e não tenho visto grande discussão sobre ele. Ao já conhecido descaso de nossa sociedade com os indígenas, soma-se, acredito eu, esse fato que você aponta.
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Veronica Aldé (via FB) comentou:
30/08/2015
Duro de ler o artigo do Prof.José Bessa...e pior ainda é saber que o Estado brasileiro ainda é o principal responsável pela violação e mortes dos povos indígenas em plena atualidade.
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Ana Silva comentou:
30/08/2015
Bessa, maravilhosa crônica!! Parabéns Elena pela importante dissertação que denuncia mais um vergonhoso episódio de muitas violências, descasos e destruição dos povos indígenas neste país. Séculos se passaram e ainda hoje os povos indígenas têm os seus territórios invadidos, usurpados. Sob novas roupagens, com discursos atuais e outros já bastante antigos e sem fundamento, os povos indígenas são constantemente privados de viverem suas vidas de acordo com seus jeitos de ser e estar no mundo. As ações dos militares são parte de uma história triste, de um passado-presente que persiste até os dias atuais. Felizmente, lideranças, representantes indígenas criaram e criam diferentes estratégias para reivindicar seus direitos, principalmente suas terras, denunciar violências, abusos. Pesquisas como a da Elena e do Luís são importantes para escrevermos uma história do Brasil outra. E os militares que mataram, humilharam, bateram nesses indígenas será que um dia pagarão por seus crimes?
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isanelson comentou:
30/08/2015
Kiica xa thakwa ahce kacho hara kwe on wara kiratkene
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Florêncio Almeida Vaz Filho comentou:
30/08/2015
A análise do relatório Figueiredo mostra que no final da década de 1960 o Brasil continuava tratando os indígenas com selvageria, como em 1500, 1600, 1700... E ao ler as notícias de que ontem mais um líder indígena foi assassinado por fazendeiros acobertados pela conivência/estímulo das autoridades e instituições do Estado, vemos que o padrão de crueldade e violência continua em 2015.
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Felipe Lindoso (via FB) comentou:
30/08/2015
Ótima crônica do José Bessa. Só diria que ele errou no título. A universidade está trazendo à luz, mais uma vez, crimes cometidos por fazendeiros, grileiros e latifundiários em geral, com o apoio, conivência e prática de quem deveria proteger as populações indígenas.
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30/08/2015
Quanta barbárie cometida contra as populações nativas do Brasil. Isso só confirma que a sociedade brasileira, desde os primeiros contatos foi treinada para apagar os índios da história do país; mas eles estão vivos e aprenderam desde cedo a lutar pela sua sobrevivência física e cultural, não obstante os crimes, massacres e extermínios. E assim será até que tenha um último índios vivo na face da terra. Grande texto prof. Bessa. Valeu! Contato de Zineide Sarmento Pereira
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Graciela Chamorro comentou:
30/08/2015
Bessa, acordei cedo para ler seu Taqui Prati, sempre muito produtivo e sensibilizador. Obrigada pelo seu trabalho, obrigada também a Elena Guimarães e André Luís de Sant'Anna, pela coragem pessoal, pois certamente suportaram muitas angústias durante a leitura. Precisamos ler esses trabalhos na íntegra, logo! É urgente publicá-los. Aqui em Mato Grosso do Sul estamos mais uma vez de luto. Ontem, 29 de agosto, morreu pelo menos um indígena na comunidade de Nhanderu Marangatu, município de Antonio João, em conflito com o fazendeiro http://www.midiamax.com.br/cotidiano/marcal-simon-cinco-indios-ja-morreram-antonio-joao-durante-conflito-terras-272134. Agora, enquanto escrevo este comentário, o fazendeiro vizinho, "bom cristão", está "preparando" a terra para o plantio com agrotóxico que deixa nos obrigada a ficar de portas fechadas num domingo ensolarado como hoje. Mas a luta continua.
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Ricardo B. Freire comentou:
29/08/2015
Parabéns pela crônica e parabéns aos pesquisadores que colocam a Universidade no seu verdadeiro papel. É preciso também denunciar os crimes cometidos contra os atroari e os yanomami. O professor Paulo Monte da UFAM tem farta documentação sobre esses acontecimentos e se dispõe a torna-los públicos. Chegaram a bombardear de aviões várias aldeias indígenas. Um dos maiores genocídios do Brasil. Parte deste massacre já foi contado por Shelton Davies, em As vítimas do milagre. Merece uma crônica.
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Ricardo B. Freire comentou:
29/08/2015
Parabéns pela crônica e parabéns aos pesquisadores que colocam a Universidade no seu verdadeiro papel. É preciso também denunciar os crimes cometidos contra os atroari e os yanomami. O professor Paulo Monte da UFAM tem farta documentação sobre esses acontecimentos e se dispõe a torna-los públicos. Chegaram a bombardear de aviões várias aldeias indígenas. Um dos maiores genocídios do Brasil. Parte deste massacre já foi contado por Shelton Davies, em As vítimas do milagre. Merece uma crônica.
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Ira Maciel comentou:
29/08/2015
Que boa notícia saber que a Universidade registra, discute e analisa os crimes contra os índios. Impressionante como a cobiça permanece destruindo.
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Édina Agliardi comentou:
29/08/2015
Uma história, infelizmente, pouco conhecida deste período obscuro!
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Adria Duarte de Souza comentou:
29/08/2015
Me senti com as tripas reviradas ao ler.
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Adria Duarte de Souza comentou:
30/08/2015
Os documentos provam que a história foi e continua cruel com os povos indígenas. Ao participar de um evento em Brasília percebi diante da fala de um dos palestrantes que "não tinha idéia do quão distante a realidade da escolarização dos povos indígenas estão afastadas dos marcos legais". Eu sabia que estava ruim, mas ao olhar os dados do INEP percebi que estava pior do que eu pensava! Por isso a crônica me afetou tanto...
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Adriana Athayde comentou:
29/08/2015
Uma das 'nódoas' da História do Brasil...
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Sirlene Bendazzoli (via FB) comentou:
29/08/2015
Parabéns ao querido mestre e aos pesquisadores - seria o mínimo de justiça o Estado devolver toda a terra tomada aos índios.
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José Lorenzo comentou:
29/08/2015
como fomos capazes de chegar a esse ponto de barbárie? que Brasil é esse, meu Deus.
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graça grauna comentou:
29/08/2015
tanta crueldade deixa a gente em estado de choque.
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Stephen comentou:
29/08/2015
Parabéns, Bessa, pela importante divulgação!
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Josemar Maciel comentou:
29/08/2015
Parabéns pelos trabalhos e melhores votos! Começa um capítulo importante Deus sabe do que, para o Brasil. E é mais que tudo, verdadeiro!
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Levindo Pereira (via FB) comentou:
29/08/2015
Sempre achei um tanto exótico certo desconhecimento e desinteresse de acadêmicos não antropólogos (ou ainda, não etnólogos) sobre a situação dos indígenas situados no Brasil ('em situação-de-Brasil'?) — até mesmo em comparação a outros grupos ou movimentos minoritários (Não que esteja sugerindo a desimportância destes, bem entendido) Por que seria? Se tivesse que adivinhar, talvez dissesse que uma resposta possível passaria entre algo como "'o pouco número' dos índios" e o receio da "contaminação pelo relativismo antropológico". (Ideias, de resto, mais ou menos comuns em círculos simpáticos a certo modelo contábil e desespiritualizado de democracia) Parece um pouco incrível, mas os humanos brancos-de-classe-média parecemos nos afligir com o destino que nossos antepassados deram (e que, boas intenções à parte, continuamos a dar) aos negros, mulheres, gays, camponeses — mas não tanto com o dos indígenas Um dos resultados desta pouca atenção, compartilhada aliás com a grande maioria dos concidadãos, além daqueles registrados pelo Relatório Figueiredo — é Belo Monte, maravilha do progresso esquerdo-nacional irradiado desde Barretos e circunvizinhanças Talvez ninguém da TL vá ler, mas ainda assim deixo o link do texto sempre certeiro do prof. José Bessa
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Paulo Maya (via FB) comentou:
29/08/2015
Que legal José Bessa, vamos fazer aqui no FIEI-FaE, na UFMG, entre os dias 21 e 24 de setembro, um seminário sobre a Comissão Nacional da Verdade e a violação de direitos indígenas. Como sempre, você é nosso convidado nesse começo!
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30/08/2015
Paulo. Fiquei sabendo agora pelo teu comentário da crônica - "A Universidade e os crimes contra os índios" que vai acontecer o Seminário sobre a Comissão Nacional da Verdade. Gostaria de receber + informações, pois se der eu gostaria de participar. Estou com minha pesquisa de doutorado ( UFRJ) no forno, sobre a problemática das terras em Roraima; mas precisamente sobre a Raposa Serra do Sol. Me mande + informações: inscrições, local do evento. Sou de Roraima, do extremo norte do país e ficarei muito feliz se puder participar. Abs! Contato de Zineide Sarmento Pereira
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Renata comentou:
29/08/2015
Parabéns Elena, parabéns André! Parabéns Bessa pela crônica, banca e orientação e por todo o seu trabalho! Com o relatório Figueiredo aguardamos que o Estado reconheça integralmente sua culpa e responsabilidade na invasão das terras indígenas, afinal, ainda em 2015 a frase vale "enqt estamos conversando aqui alguém deve estar matando um ínio", o reconhecimento da culpa legitima as retomadas das terras indígenas tornando possível a preservação das vidas dessas pessoas, pois se não há terra, onde se pode pisar o passo marcado do toré? a terra traz a ancestralidade, a identidade e é a relação com ela que possibilita a renovação e preservação desses modos de vida tão importantes e que tem muito a nos ensinar!
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Alê Marques (via FB) comentou:
29/08/2015
Bessa, esses trabalhos mereciam publicação em livro. Fiquei curiosa.
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