O eterno autocandidato a ministro da Saúde, Euler Ribeiro, relator da Reforma da Previdência, acabou mesmo mantendo em seu novo relatório a existência do Instituto de Previdência dos Congressistas (IPC), cuja extinção é reclamada pela Central Única de Trabalhadores (CUT), pela Força Sindical e por todas as forças vivas da nação em nome da decência.
O presidente da CUT, Vicentinho, defendeu com unhas e dentes o fim da aposentadoria privilegiada dos parlamentares, argumentando que no momento em que se exige maiores sacrifícios a milhões de trabalhadores anônimos, é imoral permitir que com apenas oito anos de mandato um parlamentar possa obter uma aposentadoria nababesca. O presidente da Força Sindica, Luiz Antônio de Medeiros, amazonense de nascimento, pediu a Euler:
- Faço um apelo de caboco para caboco. Vamos extinguir o Instituto agora. Já.
Tudo em vão. Obnubilado pelo pequeno poder transitório que dispõe como relator, Euler não escutou os argumentos de Vicentinho, nem ouviu o apelo emocional de Medeiros e muito menos os apelos das ruas. Preferiu as “razões” apresentadas por seus colegas Agnaldo Timóteo e Nilson Gibson, cujas qualidades intelectuais e morais são bem conhecidas de todo o país. Para Agnaldo, “é frescura da imprensa achar que o IPC é um privilégio. Afinal, nós pagamos uma contribuição descontada dos nossos salários.
Atualmente, qualquer parlamentar com oito anos de mandato e 50 anos de idade tem direito à aposentadoria especial. No entanto, a maior parte da receita do IPC não sai dos bolsos dos deputados e senadores, mas do Tesouro Nacional, ou seja, do nosso bolso. Segundo informações do próprio presidente do Instituto, deputado Heráclio Fortes, enquanto as contribuições dos parlamentares alcançam R$ 685.000,00 por mês, o Governo entra mensalmente com a soma de R$ 1,300.000,00. Portanto, é ao contribuinte depauperado, a quem se exige sacrifício, que caberá manter a ociosidade remunerada dos parlamentares.
O relatório de Euler desmoraliza o Congresso Nacional e cria obstáculos para a reforma da Previdência. O Jornal do Brasil de ontem, em seu editorial “Matriz de Privilégios, pergunta com muita propriedade:
- “Como será possível esperar que o legislador demonstre espírito equilibrado de equidade, abolindo privilégios plantados por interesse político, se estabeleceu vantagens para ele próprio?”
O deputado Euler Ribeiro parece mesmo preocupado exclusivamente com a sua própria sorte. Segundo denúncia já publicada nos jornais de Manaus, ele tem “uma polpuda aposentadoria com tempo de serviço fraudulento – contado na cidade de Parintins (AM), quando residia em Belém (PA) – e sem interstício no cargo, pois passou menos de um ano, quando o mínimo é de cinco anos.
Depois de garantir uma aposentadoria pelo Tribunal de Contas por métodos nada ortodoxos, Euler, o previdente, candidata-se a outra aposentadoria paga pelo contribuinte através do Instituto de Previdência dos Congressistas, fazendo-nos crer que está legislando mesmo em causa própria e de sua corriola. Enquanto o eleitor não aprender a votar, os eleitos estarão, como Euler, defendo privilégios e vantagens pessoais.