CRÔNICAS

Quem bancou a juíza Mirandinha e a Justiceira?

Em: 22 de Abril de 1997 Visualizações: 8350
Quem bancou a juíza Mirandinha e a Justiceira?
Na realidade, este título aí em cima reflete apenas uma parte dos fatos. A juíza Mirandinha (Betty Faria), da novela “A Indomada”, esteve efetivamente em Manaus, viajando com recursos próprios. O  colunista Júlio Ventilari, uma das poucas pessoas de nossa cidade que fala, escreve e understende o inglês de Greenville, vestiu sua fantasia emplumada de Carlos V e ofereceu-se como intérprete. A juíza, ófe córse, não aceitou.
- Desconfio do caráter servil de quem apoia descaradamente a agressão física contra jornalistas” -  ela disse.
No entanto, quem chegou antes da juíza, foi Diana, a Malu Mader, conforme você poderá ver amanhã, quarta-feira, às 20h40, na TV Globo, que exibe o terceiro episódio da série “A Justiceira”. Não vamos, pois, fazer confusão. São dois métodos diferentes de ação. A “Justiceira” mata, atropelando os códigos. Mirandinha investiga e condena, aplicando - com voz rouca - os rigores da lei.
O negócio é o seguinte: uma quadrilha, comandada pelo bandidão Juninho do Gás (Murilo Benício)  trafica mulheres para fora do país. Um dia, os bandidos sequestram Rosário (Mylla Christie), a filha do senador Varela, vivido por Paulo José. Onde é que se passa a história? Para parecer verossímil, não podia ser em outro lugar: Manaus, à margem esquerda do rio Negro.
Juninho do Gás está careca de traficar caboquinhas, com a cumplicidade da própria polícia e da “Firma”. Ninguém se importa com o desaparecimento das meninas da Compensa. No entanto, quando o bandidão sequestra a filha sardentinha (e gostosinha) de um senador do PFL, aí então a “Justiceira” resolve entrar em ação. Viaja imediatamente a Manaus, para combater a gangue de traficantes.
(Me pergunta, leitor (a), me pergunta: - Quem pagou as passagens da Malu “Justiceira” Mader?)
- Quem pagou as passagens da “Justiceira”, indaga o leitor, com curiosidade.
Juro que não pretendia tocar neste assunto tão delicado. Mas já que me perguntaram, respondo: as passagens dela, assim como as diárias no Hotel Tropical, foram pagas por mim e por ti leitor(a), através da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE), o que - convenhamos - é justo.
É justo sim. Olha só. Quem vale mais: a filha de um senador ou a genitora de um deputado? O Boletim Informativo da Diretoria Administrativa da ALE informa que o deputado Belarmino Lins viajou a São Paulo, acompanhando sua mãe doente, com tudo pago por nós, porque era de “interesse da Casa”. Ora, se isso é correto, então nada mais justo do que pagar as passagens da “Justiceira” que vem investigar o sequestro da filha de um senador.  
Em cinco meses, de outubro de 1996 a fevereiro de 1997, incluindo o período de recesso, a ALE gastou com passagens aéreas e diárias cerca de 250 mil reais. Financiou a passagem do Belão para São Paulo, fretou aviões para o interior, bancou viagens de funcionários para Porto Alegre e outras capitais do país, inclusive em final de semana, diz-que por se tratar de “interesse da Casa”.
Malu “Justiceira” Mader entrou numa boca dessas,  Já chegou no aeroporto Eduardo Gomes dando tiros. Invadiu o cabaré da Lili Machuda em São Jorge, com uma metralhadora, disparando para todos os lados.
- Ali, ali! Os bandidos estão ali, gritava histérico Nonato “Sem Fundos” Oliveira, apontando na mesa de um bar, próximo ao Big-BEA, um fotógrafo, um taxista, um professor, um pipoqueiro e um vendedor de dindim, acusados de receberem irregularmente 30 reais por mês do tal do Programa “Direito à Vida” da Secretaria de Ação Social (SEAS).
Com uma “coragem” realmente extraordinária, Nonato “Sem Fundos” denunciou que das 90 mil pessoas com cartões magnéticos do tal Programa, 18 mil não são carentes e de baixa renda. No dia do pagamento, saem do banco, enchem o carro de gasolina ou os cornos de cerveja. Nonato não deu, porém, o nome de ninguém. Não disse se na lista dos 18 mil estava algum tribulins ou algum Tiradentes, acostumados a mamar nos cofres públicos.
Ao contrário da “Justiceira”, a juíza Mirandinha, antes de condenar, investiga. Com sua voz rouca, exclamou:
- Não pense o senhor Nonato “Sem Fundos” Oliveira que basta denunciar uns pobres coitados para se transformar num cidadão honrado.
Para a juíza Miradinha, os criminosos não são os 18 mil denunciados, mas os próprios responsáveis pelo tal Programa Direito à Vida, concebido com fins puramente eleitoreiros. Ela desconfia - segundo me confidenciou - que o recadastramento vai substituir as  18 mil pessoas, por gente  do  curral eleitoral do próprio Nonato.
Mirandinha está, além disso, examinando a representação contra Amazonino Mendes e Eduardo Braga, feita por Lélio Antônio dos Santos Corrêa, filiado ao PT-Am e já acolhida pela promotora de Justiça Karla Fregapani Leite. Amazonino e Braga estão sendo acusados de usar verbas públicas para propaganda eleitoral. Voltaremos ao assunto, quando a juíza examinar os códigos que o Egídio foi buscar em Serro Azul.

P.S. - Na quarta-feira passada, foi lançado na Biblioteca Pública o livro do médico Júlio Torres: “A (in) crível aventura de viver a dois”. Uma reflexão sobre a vida conjugal, com um enfoque cristão, moderno e aberto. .

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