CRÔNICAS

Dona Elisa e o diálogo de surdos na Ucrânia

Em: 27 de Fevereiro de 2022 Visualizações: 4669
Dona Elisa e o diálogo de surdos na Ucrânia

“O diálogo é a invenção humana mais admirável de toda

 a história da humanidade (Jorge Luís Borges, 1981)

O bombardeio promovido por Vladimir Putin deixou ilhados na Ucrânia alguns turistas brasileiros e cerca de 500 residentes, entre eles vários jogadores de futebol. Se o ataque russo acontecesse em julho de 1981, quem estaria em perigo? Quem? Quem? - Raimundinho Nonato - eu ia responder, mas a tragédia não se presta a brincadeiras. Uma das vítimas seria dona Elisa, turista amazonense, moradora do bairro de Aparecida, que em companhia deste seu filho, da nora e da neta saíram de Paris em excursão turística por cidades da Rússia, Ucrânia e Polônia, com um grupo de 30 franceses.

O grupo viveu em Kiev experiência memorável. Lá, um milagre contribuiu para resolver problemas de comunicação dos turistas, conforme registrado oralmente por ela e datilografado em 95 páginas por esse escriba, no “Diário de viagens da Lizoca” ilustrado com fotos tiradas com antiga Polaroid. Quem pode se interessar na romaria de uma dona de casa de Manaus por igrejas ortodoxas, museus e hotéis? Só mesmo as nove filhas da autora, a quem o texto é direcionado. Por isso, o subtítulo “Meninas, eu vi”, consultado agora para abordar o tema.  

Foi assim. O voo noturno de Leningrado que nos levaria a Kiev atrasou. Quando o avião da Aeroflot pousou no aeroporto internacional de Borispol, já era mais de meia-noite, fora do horário de trabalho da intérprete de francês que devia receber o grupo. Havia apenas o motorista de ônibus, monolíngue, que nos esperava com uma placa em alfabeto latino – ufa! – e não em cirílico. Ele nos conduziu ao hotel Dnieper, um edifício novo no centro da cidade, cujo recepcionista só falava ucraniano e arranhava o russo mal e porcamente.

Diálogo milagroso

Acontece que ninguém do grupo entendia essas duas línguas eslavas. Tentamos inutilmente nos comunicar em francês, inglês, alemão, espanhol e português. Necas de pitibiribas. Nem a gesticulação, que a gente pensa ser universal, dava conta. E agora, José, sem intérpretes, como organizar na madrugada a distribuição dos quartos e especialmente o jantar? A Aeroflot não serviu sequer um lanchinho, estávamos mortos de fome.  

Eis que de repente fomos salvos por um casal simpático de surdos-mudos, participantes da excursão, que se comunicava entre si através da Língua Francesa de Sinais (LFS) desconhecida por todos nós. Seus nomes não estão registrados no Diário. Do marido não lembro o nome, mas o dela era Amélie ou Aurélie, algo assim.  Contadores de piadas, ambos tinham conseguido se comunicar nos passeios pelas cidades russas até com a dona Elisa. Agora, na recepção do hotel em Kiev, assumiram a liderança, mediante desenhos e gesticulação adequada, auxiliados por uma linguista do grupo. Fizeram um mapa que serviu para a distribuição dos quartos.

E a janta? Aurélie ou Amélie foi até a cozinha, abriu panelas, geladeira, freezer e voltou de lá com sopa de beterraba e folhas de repolho, uma bomba geradora de flatulências, mas deu pro gasto. De sobremesa, um bolo de mel com chocolate.

Parece que o funcionário da recepção transitava pela Língua de Sinais Ucraniana (USL), que pertence à mesma família da LFS, mas perdeu muitos usuários nos anos 1940-1950, quando durante a ocupação russa Stalin a baniu do sistema educativo, por ser “não uma linguagem, mas um substituto”. Em seu artigo Sobre o Marxismo na Linguística, Stalin tratou os surdos como “seres humanos anômalos”. Matou o marxismo e a linguística, sem saber onde enfiar a língua: na infraestrutura econômica ou na superestrutura jurídica e ideológica.  

O “anômalo” casal de franceses, que sofreu ao longo da vida e enfrentou graves dificuldades de relacionamento, agora era o mais capacitado para resolver um problema coletivo de comunicação básica, servindo de intérprete com o uso de formas de categorizar o mundo tão diferentes das nossas. Nós, os demais turistas, estávamos condicionados e presos a convenções, o que nos “emudeceu”.

- Foi um milagre igual ao de Jesus quando fez ouvir os surdos e falar os mudos, exclamando Éfata.– disse dona Elisa - citando de memória o Evangelho de São Marcos, enquanto me olhava tomando a sopa que ela rejeitou.

O criminoso: tá russo

Milagre ou não, dona Elisa aproveitou o dia seguinte para rezar na Catedral de Santa Sofia na ida do grupo de turistas ao Museu de História e Arquitetura no centro de Kiev. Nas catacumbas do Monastério de Petcherskaia, percorremos quase meio quilômetro de labirintos a 15 metros debaixo da terra. Caixões, múmias, caveiras e ossos de monges se espalhavam por pequenos corredores. O marido de Amélie ou Aurélie nos divertiu, rindo para uma caveira risonha, mas pegou o maior esporro da guia.  

A excursão visitou ainda a cidade Tcherkassy às margens do rio Dnieper, com direito à visita a um kolkoze – uma cooperativa de camponeses, que nos receberam com farta mesa de frutas: maçã, pera, chocolates, além de vinhos e cigarro. A neta da dona Elisa se divertiu na roda gigante do parque infantil do kolkoze.

Parte desse patrimônio começou a ser destruído por bombas e pela invasão de mais de 100 mil soldados russos enviados pelo miliciano internacional Vladmir Putin, veterano espião da KGB – uma espécie de DOI-CODI russo. Dessa forma, a Rússia viola o território de uma nação soberana como já havia feito na Hungria (1956), Tchecoslováquia (1968), Afeganistão (1979-89), duas vezes na Tchetchênia (1994-1999), na Geórgia (2008) e na Síria (2015). Lenin deve estar se mexendo no seu túmulo.

Em seu artigo “Podres Poderes” (FSP - 26/02), Txai Surui, que já havia falado por nós na ONU, condenou a carnificina, os tanques e as bombas que atingiram hospitais, fábricas, pontes, edifícios residenciais e estão matando civis, “destruindo vidas e sonhos de mulheres, homens, jovens e crianças”. É um retrocesso na liberdade e soberania de um país. “O mundo presencia a perda da humanidade” – escreveu Txai.

O triste é que os EUA não têm moral para condenar violação de território. O mundo presenciou nos últimos cem anos dezenas de invasões do imperialismo americano: Panamá, “Guerra das Bananas” com Honduras, Nicarágua, Haiti e tantos outros só na primeira metade do séc. XX. Na segunda metade, Irã, Guatemala, Laos, Líbano, Iraque, Indonésia, Coreia, Vietnã, Afeganistão, a malograda invasão de Cuba (1961), golpes de Estados patrocinados pela CIA no Brasil (1964), Bolívia (1971) e a vergonhosa invasão à República Dominicana com ajuda de tropas do Exército brasileiro comandadas pelo general Meira Matos (1965).  

Parábola dos surdos-mudos

Da mesma forma que as gigantescas manifestações do povo americano derrotaram os EUA na guerra do Vietnã, a esperança agora, na guerra contra a Ucrânia, reside no povo russo, que começa a acertar as contas com Putin. Um manifesto on line com 500 mil assinaturas chama a guerra de “insanidade”. A diretora do Teatro de Moscou, Elena Kovalskaia pediu demissão: “É impossível trabalhar para um assassino” - disse. Protestos foram registrados em mais de 40 cidades, 1.800 manifestantes foram presos, segundo a ONG OVD, que monitora a violência policial.Não existe NENHUM ARGUMENTO que justifique crime tão hediondo.

O gado bolsominion não vê contradição entre a aliança de um “comunista” com um notório anticomunista, porque sabe que Putin é tão comunista quanto seu aliado Bolsonaro é democrata. Por isso eles se dão tão bem. Ambos são mentirosos contumazes e tratam os opositores como inimigos que devem ser calados ou exterminados.

A defesa incondicional da paz exige o diálogo que, para Borges, é uma invenção humana mais admirável do que a bomba atômica. A capacidade de negociar, uma arte difícil de exercitar, é o caminho contra a intolerância e pode resolver problemas desde que haja boa vontade. A história vivida pelo casal de surdos-mudos, que sabe muito bem disso, serve de parábola.

Da viagem à Kiev sobraram algumas fotos de péssima qualidade e uma pessanka – aquele ovo colorido manualmente, portador - dizem - de paz, alegria e saúde. Então, pessankas coloridas para todos nós! Pessankas para o planeta!

P.S. Ver tb DONA ELISA CONTA MOSCOU - http://www.taquiprati.com.br/cronica/555-dona-elisa-conta-moscou

 

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23 Comentário(s)

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Eva Seiberlich comentou:
01/03/2022
Fantástica crônica, Professor. Várias reflexões a serem feitas. Uma escrita leve, levando em consideração o tamanho do problema.
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rodrigo martins comentou:
01/03/2022
Muito legal ver o senhor com a Dona Elisa nas fotos, ficaram ótimas. E com relação a esse Putin o senhor definiu muito bem, ele é sem dúvida um miliciano internacional. Na torcida para que essa guerra insana termine o mais rápido possível, que tristeza tudo isso. Pessankas para todos nós. Um abraço querido professor.
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Ivan Bulhões comentou:
01/03/2022
Ivan Bulhões 'Máscaras da Revolução' - Documentário francês (legendado em português) que desmascara o nazifascismo do regime ucraniano. https://www.youtube.com/watch?v=XAWedhn1kBk
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Ivan Bulhões comentou:
01/03/2022
‘Ucrânia em chamas’ (Ukraine On Fire), documentário de 2016, dirigido por Oliver Stone, que também documenta o caráter nazifascista do atual regime ucraniano, suportado pelos EUA e seus lacaios, o qual os russos estão combatendo. https://www.youtube.com/watch?v=D4a4ULXed_0
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Isabela Frade comentou:
28/02/2022
A d o r e i essa viagem ! Que bom ver narrativas humanizantes nesse globo tão
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d24am comentou:
28/02/2022
Versão impressa publicada em D24AM - https://d24am.com/politica/dona-elisa-e-o-dialogo-de-surdos-na-ucrania/
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Tânia Pacheco comentou:
28/02/2022
PUBLICADO EM COMBATE - RACISMO AMBIENTAL https://racismoambiental.net.br/2022/02/27/dona-elisa-e-o-dialogo-de-surdos-na-ucrania-por-jose-ribamar-bessa-freire/
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Renzo Bernacchi comentou:
27/02/2022
Jose Alberto Mujica ( ex presidente do Uruguai) “ Será possível que a humanidade do futuro não possa abandonar os orçamentos militares, a loucura da guerra? Seguiremos na Pré-história com a única diferença que a barbarie dos homens primitivos parece brincadeira comparada com a barbarie dos homens modernos.
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Sônia Maria Vanalli Marques comentou:
27/02/2022
Hoje a barbárie conta com a tecnologia!!! Crueldade automática!!!
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Delayne comentou:
27/02/2022
Excelente conteúdo para reflexão com uma forma leve e bem humorada, caro professor @Jose Bessa. Talvez precisemos ouvir e contar histórias assim, e como se estivéssemos em roda, para reencantar o mundo. Grata por aquecer um pouco meu coração e me fazer sentir-pensar.
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Leopoldo comentou:
27/02/2022
Olá Bessa, tudo bem? Li seu artigo sobre a viagem que fez na Ucrânia. Respeito muito sua opinião. Mas está difícil de me orientar nessa ocasião de tanta propaganda de guerra e desinformação. Você é um cara que tem muito mais experiência de vida e conhecimento, vivencia de luta e etc. Justamente por isso estou te escrevendo. Gostaria de trocar uma ideia com você e caso eu esteja errado, me corrija por favor. É claro que não sou favorável à guerra e muito menos acho que Putin seja democrata, muito menos comunista. Mas dentro da situação apresentada pela mídia, me parece muito simplista que Putin seja a encarnação do mal e o único culpado dessa situação. Me parece que longe de ser o motor dessa engrenagem, ele é apenas a engrenagem desse motor. E talvez ele esteja fazendo exatamente o que o motor projetou. As coisas são muito nebulosas. A grande maioria das pessoas, inclusive artistas e militantes de esquerda enxergam a Rússia como vilã. Eu li apenas um artigo de um jornalista espanhol que esteve em Donbass de 2013 a 2017, que diz o contrário. Tb notas do partido comunista português tentam explicar a guerra e contextualiza-la para além da explicação simples de que o Putin é o mal. Aqui na França, o que percebo é um discurso único e simplista, eurocêntrico e russófobo. Eu conheço apenas um europeu com pensamento distinto a esse. Meu amigo viu sua cidade Natal, Belgrado, ser bombardeada pela OTAN, ignorando o direito internacional. Para ele o Putin não teve escolha. Por fim, vamos continuar o debate e tentar entender a situação e torcer para que essa guerra dure o mínimo possível e que a matança não continue. Mas as pessoas precisam entender como as guerras começam, para não ficarem na mão de dirigentes estúpidos e perversos. Grande abraço
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Manuel Arribas comentou:
27/02/2022
Los medios de comunicación capitalistas comparan a la Rusia de Vladimir Putin con la Alemania nazi, Es repugnante como tergiversan la verdad. La TV es basura fascista y Pedro Sánchez es el limpia botas de los EEUU como el resto de presidentes de la UE.
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Mari Carmen López Perez comentou:
27/02/2022
Que prentendes dar a entender, que en Ucrania no está pasando nada?
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Não se identificou comentou:
27/02/2022
Prezado Bessa, compartilho inteiramente sua opinição sobre esta guerra. Uma observação: voc~e escreve muitíssimo bem! Bravo!
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Ana Chrystina Mignot comentou:
27/02/2022
Como você, José Bessa , deposito minha esperança no povo russo.
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Cesar Baía comentou:
27/02/2022
Salve, salve José Bessa! Belo texto, como sempre!
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Valdemiro comentou:
27/02/2022
"Não existe caminho para a paz. A Paz é o caminho". Gandhi
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Ana Paula Silva comentou:
26/02/2022
Muito lindinha a dona Elisa. Essa guerra é uma loucura! A quem ela interessa? Muitas armas e sofrimento do povo.
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Luiza Ugarte comentou:
26/02/2022
Que maravilha de texto, Bessa! Bem oportuno também!!
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Isabel Missagia comentou:
26/02/2022
Memórias preciosas! Pelo menos isso não podem nos tirar!
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Valter Xéu comentou:
26/02/2022
Publicado no Blog Patria Latina - http://patrialatina.com.br/dona-elisa-e-o-dialogo-de-surdos-na-ucrania/
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Cláudio comentou:
26/02/2022
Excelente texto Babá. Gostei muito. Os americanos não são santos, mas não condenar a atitude de Putin é um absurdo. A entrada da Ucrânia na OTAN é a desculpa. Era. Até ele dizer, sem nenhum pudor, que a Ucrânia como nação nunca existiu. Ela pertence a Rússia. Os países bálticos fazem fronteira com a Rússia e entraram na OTAN em 2004.
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Astrid Lima (via FB) comentou:
26/02/2022
Onde você não viveu Ribamar? Quantos mundos e quantas vidas para contar. Enquanto leio o teu taquiprati acompanho as notícias de que a população de Kiev está nos refúgios, nos subterrâneos da cidade porque foram anunciados bombardeamentos da Rússia na capital da Ucrânia. Enquanto a UE anuncia novas sanções que, sabemos, não têm o poder de interromper essa invasão imperialista. Porque de invasão sobre um país soberano se trata. Leio os companheiros defendendo a Rússia "porque a OTAN...". Sim, a OTAN deveria ter cessado de existir ha décadas, os EUA são imperdoáveis pelos horrores que cometeu. E todavia defender o oligarca autoritário Putin ou o imperialismo Chinês porque antagonistas dos EUA cria um problema ético monstruoso: rende cúmplices dos autoritarismos e, paradoxalmente, justifica os EUA. Leio sobre os "44 milhões de nazistas" da Ucrânia como se 212 milhões de brasileiros fossem genocidas e fascistas pelo presidente que tem. Bom, é o caso de relembrar que Zelensky é judeu e sua família viveu o horror do nazismo, portanto o termo com o qual defini-lo deveria ser outro. Leio das razões históricas russas para reinvidicar a supremacia sobre a Ucrânia, e esse discurso cria outro paradoxo: invalida todas as lutas anti-coloniais do mundo! Tento permanecer cautelosa mas não posso negar que temo uma escalada de tensão que possa desencadear uma guerra, como um vírus que contamina Europa e o mundo inteiro. Porque não é a primeira vez né Babá? A gente espera que os milagres aconteçam, que esses Senhores da Guerra reconheçam a língua dos surdos.
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