CRÔNICAS

Carta a Aldevan Baniwa: o brilho da floresta

Em: 26 de Abril de 2020 Visualizações: 22627
Carta a Aldevan Baniwa: o brilho da floresta

“Acalme seu coração... o rio corre...os pássaros voam... os peixes se alegram

e fazem o dabucuri... Que nossos Avós te recebam no Dabucuri do infinito”.

Rosi Waikhon, escritora indígena (19/04/2020)

Querido Aldevan, escrevo-te uma carta que você não lerá.

Assim mesmo te conto que vivo em frente a um parque arborizado, com três lagos, que permanece fechado há mais de um mês. Lá, crianças, entre elas minhas netas, alimentavam gansos, patos e pombos até antes da quarentena.   Na madrugada de domingo (19), os bichinhos uivavam. Não grasnavam, nem arrulhavam: uivavam, bem dentro do meu quarto, dos meus ouvidos, como lobos famintos. A fome deles e a tua partida não me deixaram dormir. Insone, comecei a pensar: como seria teu sepultamento no Cemitério do Tarumã, em Manaus? Numa vala comum aberta por uma retroescavadeira? Ou numa cova individual? Sozinho, longe dos familiares como exige o protocolo de segurança?

A insônia me levou a viajar no espaço e no tempo: Belém, ano passado, um evento acadêmico. Na ocasião, no ônibus, sentei ao lado da minha amiga Ana Carla, mãe das tuas filhas Kaina, 19 e Wina, 17 anos, estudantes uma de Design, a outra de Educação Física. Ela me falou de você com carinho imensurável: que se conheceram na área Waimiri-Atroari, que viveram uma bela história de amor, que foram juntos para o doutorado dela em Linguística, em Tucson, no Arizona, terra dos parentes Navajo e Hopi, autores de obras de arte expostas no museu etnográfico localizado no campus da Universidade. Lá, vocês residiram quase cinco anos. Lá nasceram as meninas, fruto da relação amorosa.

Combate às endemias

Nascido na ilha Oscarina, Tapuruquara, no Rio Negro (AM), de pai Baniwa e mãe Tukano, familiarizado com várias línguas, incluindo o nheengatu e o português, você arrasou: “Chegou sem falar “good morning” e em pouco tempo dominava a língua melhor do que eu” – me disse Ana Carla. Novos amigos gringos te levavam a um lugar para pescar trutas e se elas não prestam para fazer quinhapira, pelo menos matavam as saudades do jaraqui e da farinha. Quando retornaram ao Brasil, com as duas meninas, depois de um tempo desempregados, a Ana foi trabalhar no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e na Universidade Federal do Amazonas (UFAM). E você? 

Dentro do ônibus, continuei ouvindo o relato da tua trajetória, o curso feito na Universidade Paulista (UNIP), a contratação como agente de combate às endemias pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM). Teu destino começou a ser traçado ali, como guerreiro na luta contra a malária, a leishmaniose e outras doenças endêmicas em comunidades rurais, cuidando da saúde dos moradores ao longo da BR-174. Há quatro anos, você foi morar com uma irmã: “separados, mas com projetos de vida em comum para nossas filhas e contatos quase diários. A cada conquista delas, ele vibrava” – contou Ana Carla.  

Foi aí que ela, ainda no ônibus, me deu um exemplar do livro “Brilhos na Floresta” escrito em quatro línguas por Noêmia Kazue, Takehide Ikeda, a própria Ana Carla e você, com ilustrações de Hadna Abreu. Entrei em transe. Trata-se de livro encantador, que relata a entrada noturna na floresta em busca de fungos bioluminescentes. Minutos após apagarem as lanternas, um espetáculo deslumbrante: as árvores brilhavam. Por que será que nunca vi isso antes? – perguntou o biólogo Ikeda. Tua resposta foi uma lição magistral: - Porque você nunca apagou a lanterna. Os cientistas deviam saber que nem tudo que a gente procura, pode ser encontrado iluminando. Às vezes, para ver, é preciso desiluminar.

Desta forma, você se tornou escritor e participou com os demais autores do lançamento do livro em São Gabriel e em Manaus, distribuindo autógrafos. Escrevi resenha sobre o livro e nos tornamos – você lembra? – amigos no facebook. Foi nesse espaço que tomei conhecimento do teu calvário e de tua morte pelo coronavirus.

Morte anunciada

Houve troca de mensagens com teus amigos desde a quinta-feira, 9 de abril. Transcrevo aqui algumas postagens.

Aldevan -  A histeria, o vírus merda, a gripezinha tá só aumentando em nosso estado, todo cuidado é pouco, previnam-se. Sigam a orientação do SUS e esqueçam o Bozo. Tou na linha de frente, quarentena a todos, esquerda ou direita, honro meu juramento. Já perdemos colega pra COVID-19, mas a luta continua.

Carlos Castro – Brother, tem receio de estar na linha de frente não? Perigoso isso.

Aldevan – Brother, confesso que não, minha preocupação são com meus velhinhos (...)

Carlos Batista – Tu vai morrer...

Aldevan (com ironia) Carlos Batista, “no meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar”. Ai dentro no Bozo e bolsominios. Vai que é tua, Carlos, faz arminha ai.  

Você tentou várias vezes fazer o teste para o Corona, sem sucesso. Na quarta (15) relata que, com febre, saiu em busca de atendimento e receitaram dipirona. Na quinta (16), uma piora: “Tou bem não, tou muito cansado e a febre continua. Quando faço algum esforço vem aquela ânsia de desmaio”. Na sexta (17), o quadro se agravou exigindo internação no Hospital João Lúcio, com remoção no dia seguinte para a UTI do Hospital Tropical. Entre idas e vindas, uma postagem revela que os testes rápidos enviados pelo Ministério da Saúde estão sendo usados para atender “favores políticos”:

- “Um colega de plantão em uma unidade de saúde materno-infantil presenciou uma família inteira chegar para ser testada, de não profissionais, somente por serem amigos VIP (...) os profissionais, que estão na linha de frente, não têm direito a atestados ou afastamento (...) Proteger esses profissionais e seus pacientes, não gera lucro POLÍTICO! Atender aos conhecidos que financiarão campanhas eleitorais gera benefícios”.  

Os espíritos da floresta

Domingo, 19 de abril, a FVS-AM informa que o caixão de Aldevan Brazão Elias, de 46 anos, desceu na cova do cemitério Parque Tarumã, em Manaus, às 18h22. Com ele, foi sepultado outro agente de saúde Clauber da Silva Cavalcante. “Já morreram quatro agentes de endemias em Manaus” – informou ao Instituto Sociambiental (ISA) o teu irmão mais velho, André Brazão, ele também agente de saúde, chamando atenção para o simbolismo da data:  

- “Hoje é um dia marcado pra eternidade pra minha família (...) justamente seu enterro é no dia do índio, talvez seja uma grande homenagem dos espíritos da floresta”.

- “Nosso amigo pagou com a vida pela incompetência e maldade de pessoas que estão no lugar errado” - escreveu Benjamin Baniwa.

- “Muito triste isso! Fico imaginando que não gripezinho como desgoverno tenha defendido” – registrou Artur Waliperi Baniwa no seu delicioso português.

- “Aldevan, para mim e para meu povo Baniwa, será lembrado assim, como defensor da vida de muitas pessoas atacadas pelo covid-19” – declarou André Fernando.

- “Meu amigo Aldevan Baniwa, sentirei saudades. Lutou contra o genocídio e morreu vítima dele” – comentou a jornalista Verenilde Pereira.

Ah, é importante te lembrar: a Rosi Waikhon guardou sementes de baraturi, fruta regional que você pediu para plantar no teu quintal. Ela avalia que o teu encontro com a Noêmia consolidou o diálogo entre saberes vitais para a Amazônia: o da academia e o dos indígenas.

- “O que fazer quando a gente perde ao Covid-19 o amigo que te guia no escuro da floresta? O que fazer neste luto escuro sem você, amigo Aldevan? Nem velório, nem uma flor, nem uma vela a gente pode acender hoje – lamentou Noêmia, na hora do enterro.

Bem, meu amigo, os recados aqui estão dados. Preferi usar o espaço com essa carta do que ocupá-lo com o tema do dia: a luta pela carniça do poder de dois cadáveres políticos, num espetáculo deprimente em que o presidente da República fala quase uma hora sobre ele, ele, ele, sem mencionar uma só vez a calamidade em que está mergulhado o país, tendo ao seu redor outros urubus, entre os quais o palerma do ministro da saúde. É preciso desiluminar o Brasil para que o gado deixe de ser tangido ao abismo por pastores inescrupulosos.  

Um sinal de esperança: no dia seguinte ao teu sepultamento, o Israel Dutra Tuyuka, o Põrõ – lembra dele? - colava grau como médico na Universidade do Estado do Amazonas e às 19 horas já estava dando seu primeiro plantão na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no mesmo bairro Tarumã, onde você foi sepultado. Olha que coincidência: ele tem 46 anos, a tua idade. A luta continua.

P.S. – Brother, se por acaso na festa do dubucuri do infinito você ler essa carta – sei lá, a gente nunca sabe! - avisa aos teus três amores Ana, Kaina e Wina que eu e outros leitores enviamos beijos afetuosos para elas, privilegiadas pela convivência com alguém como você. Ah, para tua informação: diante das reclamações, a administração do Parque deu comida aos patos e gansos, cessou o uivo desesperador.

Fotos do arquivo particular de Noemia Kazue, do Instituto Sociambiental (ISA) e da Agência Amazônia Real. Ilustração de Hadna Abreu

Ver tb, http://www.taquiprati.com.br/cronica/1498-brilhos-na-floresta-apaga-a-luz-para-ver

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47 Comentário(s)

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Marly Cuesta (via FB) comentou:
09/05/2020
Oh, que tristeza, meu nobre Professor José Bessa, nosso grande parente guerreiro Aldevan Baniwa ser tombado pelo novo coronavírus! Ainda há uns poucos dias, ele lutando, denunciando o descaso à fragilidade da saúde indígena! Eu fiquei muito dolorida! Gratidão pelo balsamo na sua homenagem a ele, cuj legado será nossa bússola em prol de nossos povos,
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rodrigo martins comentou:
02/05/2020
Olá, professor Bessa, tudo bem ? Belíssima homenagem professor, eu me recordo do senhor comentar do livro “brilhos na floresta” dos fungos bioluminescentes nas aulas da UERJ e da UNIRIO. Linda história e lição que o Aldevan nos ensinou que as vezes é preciso desiluminar para ver aquilo que procuramos. Meus sinceros pêsames ao familiares e amigos do Aldevan, penso que a vida não desligou a lanterna da alma dele, acho que deveríamos olhar para o céu a noite (assim como no livro brilhos na floresta) e observarmos que agora as estrelas possam também estar brilhando com mais intensidade. PS: E falando sobre estrelas, tivemos essa semana a confirmação do pentágono sobre o avistamento de óvnis, uma notícia vindo de um órgão oficial é um grande avanço e aos poucos nós iremos olhar para os céus com mais curiosidade. Stephen Hawking dizia que existia duas teorias, ou existem vidas em diversos planetas ou estamos sozinhos em um universo infinito, as duas possibilidades são assustadoras. Links da noticia: https://istoe.com.br/pentagono-divulga-videos-de-ovnis-filmados-por-pilotos-da-marinha-dos-eua/ https://twitter.com/Khaleesi_Spring/status/1254986794850017282 Um abraço querido professor!
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Danielle comentou:
30/04/2020
Muito lindo professor Bessa. Ele cumpriu a missão.
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HANS ALFRED TREIN comentou:
28/04/2020
Caro Bessa, Aldevan representa milhares de agentes de saúde que nessa época de pandemia são autoridades no sentido original, para envergonhar os cadáveres do planalto. Além da ameaça do vírus tem ainda a ameaça de vermes de Brasília pesando contra os povos indígenas. Que os anjos de Deus os protejam! Abraço, Hans
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Kenarik Boujikian comentou:
28/04/2020
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Nívea Sasse comentou:
28/04/2020
Que texto lindo professor,linda homenagem ao seu amigo.Meus sentimentos.
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Rosa Acevedo Marin comentou:
27/04/2020
Nesse domingo li emocionada tua carta para o Aldevan Baniwa. Faz algum tempo nos encontramos com Ana Carla na UFAM e PNCSA. Escrevemos um obituário para o novacartografiasocial.com. André Brazão reescreveu a frase : Nhaã apyga puranga sicussá panhé myra tay run - em português significa - “aquele homem era bom com todas as pessoas”. O que perdemos dos nossos. Esse tempo de luto precisa nos encorajar a resistir. Grande abraço
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Ana Carla Bruno comentou:
27/04/2020
Querido José Bessa muito,muito, muito obrigada pela linda carta. O Aldevan iria gostar das notícias de Brasília!!
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Márcia Elisa Rendeiro comentou:
27/04/2020
Que linda carta. Uma homenagem que transcende à despedida. O amigo ouve. Tenho certeza.
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Selma Gillet comentou:
27/04/2020
Que pena, que triste... Tenho o livro tão lindo Brilhos na Floresta, sobre os fungos e cogumelos luminosos, dei alguns de presente a amigos, esperando agora que cada leitura seja uma luz de amor acesa no caminho de Aldevan Baniwa. Que pena tudo isso. Um solidário abraço, professor Bessa.
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Susana Grillo comentou:
27/04/2020
Bessa, que sua carta conforte a família e amigos do Aldevan. A celebração do seu compromisso, dedicação, esforço pelas coisas bem feitas, solidariedade mostram que ele era uma pessoa de luz, E muito injusto isso tudo. E muito triste. Obrigada por nao deixar essa luz se apagar sem conhecermos a energia humana que a alimentava.
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Peter Gillespie comentou:
27/04/2020
Que linda carta de condolências! um verdadeiro choro em prosa. Sinto muito pelo desaparecimento do seu amigo
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Iñaki Gómez Corte comentou:
27/04/2020
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Serafim Correa comentou:
27/04/2020
Publicado no Blog do Sarafa https://www.blogdosarafa.com.br/carta-a-aldevan-baniwa-o-brilho-da-floresta/
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Valter Xeu comentou:
27/04/2020
Publicado no Blog Patria Latina http://www.patrialatina.com.br/carta-a-aldevan-baniwa-o-brilho-da-floresta/
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Maria Cristina Leandro Ferreira comentou:
27/04/2020
Quanta tristeza, quanta dor e quanta beleza nesse relato! Meus sentimentos sinceros.
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Racismo Ambiental comentou:
26/04/2020
Publicado no Blog Combate - Racismo Ambiental - https://racismoambiental.net.br/2020/04/26/carta-a-aldevan-baniwa-o-brilho-da-floresta-por-jose-ribamar-bessa-freire/
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Eliane Camargo comentou:
26/04/2020
Que bagunça emocional tudo isso. Que condição de fim de vida... é de uma tristeza de rachar o corpo. Obrigada pelo link.
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Markim Garcia comentou:
26/04/2020
Prezado mestre, grato pela belíssima carta de despedida. Me tocou muito também o falecimento do Aldevan. Inclusive, não sei se chegastes a ver no perfil dele no facebook um texto e um vídeo que ele publicou denunciando o descaso e a tragédia iminente. Foi publicada um ou dois dias antes de sua passagem. Me tocou - e chocou - bastante.
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Vilacy Galucio comentou:
26/04/2020
Muito obrigada por essa carta. É tudo muito triste e revoltante.
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Rodrigo Wallace comentou:
26/04/2020
angustiante e emocionante carta, professor! e também uma bonita homenagem!
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Silvana Camargo comentou:
26/04/2020
José Bessa. Bom ler suas palavras e sua homenagem a mais um sábio indígena que se foi tão cedo ...! Com certeza ...o mundo fica menor e a floresta mais escura
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Roberta Enir Faria Neves de Lima comentou:
26/04/2020
Sem palavras.. a escuridão que paira sobre o Brasil é tão densa que a sensação que tenho é que dá pra cortar com uma faca. Sinto estar em um episódio de Além da Imaginação... a cabeça roda a cada notícia de morte... nos perfis de amigos inúmeros "luto...luto...luto". Até quando? Eu me pergunto... até quando vamos aguentar?
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Inaya Capella comentou:
26/04/2020
Emocionante esta crônica! Que realidade dura!! Triste constatar que nossos dirigentes, aqueles q têm o poder da caneta, não brilham no escuro! Dependem da luz dos holofotes. Não têm luz própria!
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Marilza Foucher comentou:
26/04/2020
Babá tua carta é comovente. Nas minhas andanças pelo rio negro e afluentes, as vezes viajando ja na boca da noite eu ja não via nada e pedia para parar, mas os baniwas diziam que ali eles não tinham parentes...E seguiam a viagem. Eu morria de medo, pois havia muitas pedras e correnteza. Eles riam e eu colocava a lanterna. Para eles minha lanterna atrapalhava. Eles diziam que enxergavam como passarinhos e davam gargalhadas de meu medo. Quando paramos em um porto seguimos um caminho na floresta havia na escuridão muitos vagalumes e outros insetos, passaros, sapos que iluminavam os caminhos. Momentos mágicos sem a lanterna, mas o medo de pisar em cobras era grande..
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Genaro Camboim comentou:
26/04/2020
Chorei o início ao fim. Ainda não consegui dominar as emoções
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Nilda Alves comentou:
26/04/2020
Querido Bessa, como sempre uma linda crônica. Li-a com lágrimas. Que triste a situação deste país. Meu grande abraço
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Rita Olivieri-Godet (via FB) comentou:
26/04/2020
Sua carta é um belo testemunho de amizade, comovente!
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Dora Santa Cruz comentou:
26/04/2020
Meus sentimentos e parabéns pelo belíssimo texto. A dor só é suportada se sobre ela pudermos contar uma história
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Loretta Emiri (via FB) comentou:
26/04/2020
Vida e morte de Aldevan Baniwa nas líricas palavras do professor José Bessa.
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Bruno Miranda Neves comentou:
26/04/2020
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Neide Martins Siqueira comentou:
26/04/2020
Como não chorar, por uma morte tão estúpida e solitária? Que desperdício de vida ! Sua carta certamente é um consolo para a família. Gratidão
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Alfredo Morel comentou:
26/04/2020
Obrigado.pelo relato caro Bessa, a cada história de morte dessa uma pontada forte no peito, mas nesses exemplos vamos nos fortalecendo pra tentar iluminar de outra forma esse nosso mundão. Salve Aldevan Baniwa
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FELIPE JOSE LINDOSO comentou:
25/04/2020
Babá, fiquei muito triste com essa morte, que se soma às já milhares de vítimas dessa praga. Nós compramos exemplares do livro (foi difícil...) para dar às netas no fim do ano. Espero que aprendam as lições.
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Dodora Bessa Farias comentou:
25/04/2020
Babá, tua narrativa exposta, em forma de carta, foi tão real que me senti presente na tua insônia (até ouvi o clamor das aves famintas em quarentena no parque). Aquele episódio do ônibus com Ana Carla foi tão rico de emoções que me fez sentir saudade dessa pessoa que não conheci, mas fiquei admirando, quase amando, pós-vida. Confesso que me bateu uma inexplicável tristeza, diante de sua imensa grandeza de espirito, o que reforça a minha convicção de que, a vida não termina por aqui...
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Celeste Correa comentou:
25/04/2020
Nesse momento delicado tem sido muito doloroso sabermos  a todo instante  notícias de perdas de inúmeras pessoas. E o Aldevan foi  mais uma vítima desse covid-19  e do descaso do desgoverno Bolsonaro. através do Taquiprati tu conseguiste  extravasar    o teu choro  e a tua tristeza  contando um pouco da sua história.   Belíssima homenagem! É lamentável mesmo ver a morte prematura de um amigo. Mas  quando dizes na crônica,  "o que fazer quando a gente perde ao Covid-19 o amigo que te guia no escuro da floresta", eu te respondo com um poema de Guimarães Rosa : Deus nos dá pessoas e coisas, para aprendermos a alegria... Depois, retoma coisas e pessoas para ver se já somos capazes da alegria sozinhos... Essa... a alegria que ele quer.
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Adriana Vida comentou:
25/04/2020
Que forte.: Me emocionou muitíssimo. Bela homenagem
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Ana Caldeira comentou:
25/04/2020
Gente da Amazônia obrigatório ler sobre a morte do Aldevan Baniwa pela covid 19. Os indigenS não podem encarar esta doença sem EPI completo e com pouca exposição
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Mike Brazão comentou:
25/04/2020
Seu conhecimento e o som que vai ecoar eternamente !!
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Benjamin Baniwa comentou:
25/04/2020
Parabéns pela justa homenagem ao parente Baniwa. Não sei se o Parente Cabeludo aprovaria o que eu fiz. Diante da nota da FVS, em sua página, eu comentei: " "Metam essa nota de pesar no santo fiofó de vocês". E é o que eu faria, se a FVS fosse uma pessoa física e eu a encontrasse.
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Irineu Baniwa comentou:
26/04/2020
Benjamin Baniwa Verdade parente! A dor é muito grande da perda desse parente!
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Rosi Waikhon comentou:
25/04/2020
Gratidão Mestre José Bessa pela belissima carta ao nosso amigo , parente Aldevan Baniwa. .Nossos corações aos poucos se alcama. Numa conversa prolongada com nossa amiga Noemia Kazue Ishikawa, lembravamos de alguns dos trajetos e momentos em que nossos Avôs e Avós nos colocaram numa teia e em seguida dentro da Casa dos Saberes ( Maloca da Foirn) . Um dos locais mais simbolicos de nossa ancestralidade indigena rio Negrinos . Que danados nossos Avós ancestrais. Eles estavam lá invisíveis nos olhando e ouvindo. Nós estávamos lá compartilhando conhecimentos! Ambas ficamos emocionadas e aos poucos compreendemos que o ciclo de nosso amigo nesse olhar físico/material finalizou ,mas a teia no qual nós formamos continuará.
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Noemia Kazue Ishikawa comentou:
25/04/2020
Ficou lindo, lindo... Tenho certeza que ele recebeu sua carta com alegria. Um único ponto que fiquei em dúvida, é que acho que ele ainda foi enterrado em cova individual. Acho que a vala comum começou no dia seguinte.
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Ana Silva comentou:
25/04/2020
Que brilho lindo é teu texto nas florestas das letras, Bessa. Apagar as luzes, sim, para enxergarmos um futuro de luz! Que Aldevan siga na canoa das almas em paz.
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Arlete Bernardino de Andrade comentou:
25/04/2020
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Babí S. Lima comentou:
25/04/2020
Que lindo! Que Nhanderu o tenha!
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Ademario Ribeiro comentou:
25/04/2020
Oh, Grande Espírito, como precisei de força e fôlego para chegar ao fim dessa crônica - que na verdade - estará sempre me ladeando a alma!!! Ah, professor Bessa, amigo estimado, preciso sair e respirar um pouco - quem sabe encontre uns gansos, patos, passarinhos e, com certeza, encontrarei o "Brilho Baniwa de nosso Aldevan". Já vislumbro um dabacuri repleto de um tudo servido para ele!!!
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