CRÔNICAS

Desfotografando índios: a inversão do rastro (esp)

Em: 04 de Outubro de 2015 Visualizações: 44200
Desfotografando índios: a inversão do rastro (esp)
O fotógrafo equatoriano José Domingo Laso (1870-1927) retratou em imagens, no início do século XX, a cidade de Quito onde nasceu. Acontece que lá moravam muitos índios que apareciam sempre nas fotos. Decidiu que deviam ser eliminados nos cartões postais que produziu. Riscou as placas de vidro - os negativos da época - e cobriu os borrões com vestidos, chapéu de aba larga e outras roupas de gente da alta sociedade. Pronto. Quito transfigurada passou a ser, nas fotos distribuídas no mundo todo, uma "cidade sem índios, moderna, limpa e civilizada".

Quem revelou o uso do artifício enganador para apagar os índios, precursor do photoshop, foi o próprio bisneto de José Domingo, François Laso, que organizou a exposição "La Huella Invertida" (em português: A inversão do rastro) inaugurada agora em setembro no Museu da Cidade de Quito onde fica até 15 de novembro. Ele selecionou cerca de 200 fotografias do seu bisavô, originais e réplicas. Seu objetivo é fazer uma leitura crítica da fotografia como elemento de construção da memória social.
Photoshop da alma
A arte da fotografia e da tipografia o bisavô estudou com os salesianos na velha Escola de Artes e Ofícios criada pelo franciscano Jodoco Rique (1498-1575), que aprendeu quechua para poder ensinar catecismo aos índios que batizava. Desta forma ensinou também a desfotografar almas, pois a conversão à religião católica fazia com que os andinos deixassem de ser índios. Mais de três séculos depois, o fotógrafo faria com a foto aquilo que os missionários fizeram com a catequese: apagar imagens. Foi assim que varreram para debaixo do tapete da história os índios e suas religiões.
O apagamento não se limitou às fotos, nem às religiões consideradas superstições, mas se estendeu às narrativas míticas e aos saberes tradicionais. Não hesitaram em atribuir escandalosamente a Junípero Serra, canonizado há duas semanas pelo papa, o papel de herói civilizador, alegando que ele ensinou os índios a plantar, fiar e tecer. Também Jodoco Rique "enseñó a varios índios a cultivar hortalizas". Ou seja, eles inverteram os rastros, "ensinando" aquilo que os índios, que domesticaram centenas de espécies de plantas, já sabiam há mais de 5 mil anos.  
As fotos adulteradas constituem expressiva metáfora de todo o processo de manipulação da memória social. O talento do fotógrafo José Domingo foi reconhecido pelo seu bisneto que, no entanto, não renunciou ao espírito crítico. Quando soube dos riscos nas placas de vidro descobertos pela socióloga e fotógrafa Lucia Chiriboga, diretora do Instituto Nacional do Patrimônio Cultural do Equador e autora de "Retrato de la Amazonía", François Laso decidiu pesquisar mais, organizando a exposição da qual é o curador. Descobriu os riscos na alma e na identidade:
- Hoje em dia os índios são excluídos dos bairros, são relegados às periferias ou se escondem ao deixar de se vestir como indígenas - declarou a El País. Ele acha que “o racismo mordaz existente no Equador foi modelado pela fotografia” e que essa matriz racista prevalece até hoje. Explica que os índios eram considerados estorvo para a imagem que seu bisavô, proprietário de uma oficina de fototipia, litografia e fotogravura, queria mostrar de Quito tendo como modelo Nova York ou Paris.
Imagens do Rio

Essa é uma aspiração também de cidades como o Rio, que comemora seus 450 anos, conforme foi lembrado em dois eventos realizados nesta semana: as Jornadas Histórias Concisas do Rio de Janeiro no Memorial Getúlio Vargas, na Glória, e o III Seminário Internacional América Indígena: Processos de Mediação e Mestiçagens realizado em Seropédica (RJ), no Campus da Universidade Federal Rural.
As Jornadas, organizadas pela Secretaria Municipal de Educação para professores da rede, duraram três dias e contaram com várias mesas. Compartilhei uma delas com os historiadores Ilmar Rohloff, Paulo Knauss e Maria Fernanda Bicalho, quando citei a exposição de fotos em Quito para lembrar a situação dos índios na cidade do Rio, cuja presença foi também apagada, tanto dos catálogos dos arquivos como da narrativa histórica.
A documentação mostra, por exemplo, que nos séculos XVII e XVIII, os Arcos da Lapa foram construídos com o trabalho dos índios, "que são os trabalhadores que naquellas partes costumão trabalhar", como indica uma carta de André Soares, responsável pela construção do Aqueduto, guardada no Arquivo Nacional. Em outro documento, o jesuíta Plácido Nunes confirma que "em nossos tempos todas as Fortalezas, que se acham no Rio de Janeiro  foram feitas pelos Índios (...). Mas tal informação foi eliminada como os índios nas fotos de Quito.
Já no século XIX, sem domicílio certo, os índios vagavam pelas tabernas da Candelária, Santa Rita e São José, entrando em  conflito permanente com a Polícia. A própria Câmara Municipal do Rio requisitava das prisões os índios para obras públicas, como foi o caso da reforma do Passeio Público, em 1831, toda feita com trabalho indígena. Esses dados, que estão no arquivo da Polícia da Corte, foram suprimidos da história do Rio.
Vários estrangeiros que visitaram a cidade no séc. XIX deixaram relatos, além de rica documentação iconográfica como as de Debret (1768-1848) e Rugendas (1802-1858). Índias lavadeiras, à beira do rio, no Catete, onde lavavam roupa, foram documentadas por Debret que escreveu: "Seus filhos tornam-se, com 12 ou 14 anos, excelentes criados”. Retrata índios de diferentes etnias alojados na ilha das Cobras, num barracão da Marinha.
Os processos de outros países do continente foram abordados no III Seminário Internacional América Indígena organizado por dois programas de pós-graduação da Universidade Rural (UFRRJ): Ciências Sociais e História. O historiador estadounidense Hal Langfur da Universidade de New York (Buffalo) abriu com conferência sobre os Estudos Indígenas e os Brasilianistas - e a antropóloga mexicana da Universidade Autônoma Metropolitana, Danna Levin Rojo, encerrou discutindo o papel dos indígenas aliados dos espanhóis na transição do Império para a Nação.
O Seminário da Universidade Rural caminhou no sentido contrário ao do fotógrafo de Quito, buscando localizar os rastros indígenas. A primeira mesa Mestiçagens e Fronteiras contou com a participação de Melvina Araújo (UNIFESP), Vânia Moreira e Izabel Missagia, ambas da UFRRJ. Da segunda mesa - Conhecimentos Tradicionais e Reapropriações - participaram Regina Celestino (UFF), Juciene Ricarte (UFCG) e José R, Bessa (UERJ-UNIRIO).
Da mesma forma que muitas cidades da América, o Rio sempre foi e nunca deixou de ser índio. No séc. XX, os índios continuam a transitar pela capital da República, para onde migravam por diversos motivos. No entanto, a historiografia fez com ele o que o fotógrafo José Domingo Lazo fez com os índios de Quito. Felizmente, agora, surgem historiadores que como o bisneto de Laso identificam e tentam corrigir a inversão dos rastros.
P.S. - Agradeço ao meu amigo André Lázaro (UERJ), ex-secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC, a sugestão e o envio da matéria "Como se apagavam indígenas das fotos antes da era do Photoshop", de Soraya Constante, publicada em El País (28/09/2015).  
 

DESFOTOGRAFIANDO INDIOS:

LA HUELLA INVERTIDA

El Orejiverde, diario de los pueblos indígenas Edición digital nº +170 - 29 Dic 2015 - 9:33 - See more at: http://www.elorejiverde.com/index.php/el-don-de-la-palabra/403-desfotografiando-indios-la-huella-invertida#sthash.SBZAhsGb.dpuf

 

José Ribamar Bessa Freire

A principios del siglo XX, el fotógrafo ecuatoriano José Domingo Laso (1870-1927) retrató en imágenes la ciudad de Quito, donde nació. Acontece que allí vivían muchos indios que aparecían siempre en las fotos. Decidió que debían ser eliminados de las tarjetas postales que produjo. Los borró de las placas de vidrio - los negativos de la época - y cubrió los arañones con vestidos, sombreros de ala grande y otras ropas de gente de la alta sociedad. Listo. Quito transfigurada pasó a ser, en las fotos distribuidas por el mundo todo, una "ciudad sin indios, moderna, limpia y civilizada".

Quien reveló el uso de este artificio engañador para borrar los indios, precursor del photoshop, fue el propio bisnieto de José Domingo, François Laso, que organizó la exposición "La Huella Invertida" inaugurada en setiembre último en el Museo de la Ciudad de Quito donde está hasta el 15 de noviembre. Seleccionó cerca de 200 fotografías de su bisabuelo, originales y réplicas. Su objetivo es hacer una lectura crítica de la fotografía como elemento de construcción de la memoria social.

Photoshop del alma

El arte de la fotografía y de la tipografía la estudió el bisabuelo con los salesianos en la antigua Escuela de Artes y Oficios creada por el franciscano Jodoco Rique (1498-1575), que aprendió quechua para poder enseñar catecismo a los indios que bautizaba. De esta forma enseñó también a desfotografiar almas, pues la conversión a la religión católica implicaba que los andinos dejasen de ser indios. Más de tres siglos después, el fotógrafo haría con la foto aquello que los misioneros hicieron con la catequesis: borrar imágenes. Fue así que escondieron debajo del tapete de la historia los indios y sus religiones.

La persecución no se limitó a las fotos, ni a las religiones consideradas supersticiones, sino que se extendió a las narrativas míticas y a los saberes tradicionales. No titubearon en atribuir escandalosamente a Junípero Serra, canonizado hace dos semanas por el papa, el papel de héroe civilizador, alegando que enseñó a los indios a plantar, hilar y tejer. Jodoco Rique también "les enseñó a varios indios a cultivar hortalizas". Es decir,  invirtieran los rastros, "enseñando" aquello que los indios, que domesticaron centenas de especies de plantas, ya sabían hace más de 5 mil años.  

Las fotos adulteradas constituyen una expresiva metáfora de todo el proceso de manipulación de la memoria social. El talento del fotógrafo José Domingo fue reconocido por su bisnieto que a pesar de eso, no renunció al espíritu crítico. Cuando supo que las placas de vidrio descubiertas por la socióloga y fotógrafa Lucia Chiriboga, directora del Instituto Nacional del Patrimonio Cultural del Ecuador y autora de "Retrato de la Amazonía", corrían serios riesgos, François Laso decidió investigar más, organizando la exposición de la cual es el curador. Descubrió los riesgos en el alma y en la identidad:

- Hoy en día los indios son excluidos de los barrios, son relegados  a las periferias o se esconden al dejar de vestirse como indígenas - declaró a El País. Piensa que “el racismo mordaz existente en Ecuador fue modelado por la fotografía” y que esa matriz racista prevalece hasta hoy. Explica que los indios eran considerados un estorbo para la imagen que su bisabuelo, propietario de un taller de fototipia, litografía y fotograbado, quería mostrar de Quito teniendo como modelo Nova York o Paris.

Imágenes de Rio

Esa es una aspiración también de ciudades como Rio de Janeiro que conmemora sus 450 años, conforme  lo rememoran dos eventos realizados esta semana: las Jornadas Histórias Concisas do Rio de Janeiro en el Memorial Getulio Vargas, en el barrio de Gloria y el III Seminario Internacional América Indígena: Procesos de Mediación y Mestizajes, realizado en Seropédica (RJ), en el Campus de la Universidad Federal Rural.

Las Jornadas, organizadas por la Secretaría Municipal de Educación para profesores de la red, duraron tres días y contaron con varias mesas. Compartí una de ellas con los historiadores Ilmar Rohloff, Paulo Knauss y Maria Fernanda Bicalho. En esa ocasión cité la exposición de fotos en Quito para recordar la situación de los indios en la ciudad de Rio, cuya presencia también está tachada, tanto en los catálogos de los archivos como en la narrativa histórica.

La documentación muestra por ejemplo, que en los siglos XVII y XVIII, los Arcos da Lapa fueron construidos con el trabajo de los indios, "que son los trabajadores que en aquellas partes suelen trabajar", como indica una carta de André Soares, responsable por la construcción del Acueducto, conservada en el Archivo Nacional. En otro documento, el jesuita Plácido Nunes confirma que "en nuestros tiempos todas las Fortalezas, que se encuentran en Rio de Janeiro  fueron construidas por los Indios (...). Sin embargo, esa información fue eliminada así como los indios en las fotos de Quito.

En el siglo XIX, sin domicilio fijo, los indios vagaban por las tabernas de la Candelaria, Santa Rita y São José, calles del centro de Rio,  entrando en  conflicto permanente con la Policía. La propia Cámara Municipal de Rio solicitaba la prisión de los indios para que trabajaran en las obras públicas, como en el caso de la reforma del Paseo Público en 1831, obra hecha con trabajo indígena. Esos datos que están en el archivo de la Policía de la Corte, fueron suprimidos de la historia de Rio.

Varios extranjeros que visitaron la ciudad en el siglo XIX dejaron relatos, además de una rica documentación iconográfica como las de Debret (1768-1848) y Rugendas (1802-1858). Indias lavanderas, a la vera del río, en Catete, donde lavaban ropa, fueron documentadas por Debret que escribió: "Sus hijos se tornan, con 12 o 14 años, excelentes criados”. Retrata indios de diferentes etnias alojados en la isla de las Cobras, en una choza de la Marina.

Los procesos en otros países del continente fueron abordados en el III Seminario Internacional América Indígena, organizado por dos programas de post grado de la Universidad Rural (UFRRJ): Ciencias Sociales e Historia. El historiador estadounidense Hal Langfur de la Universidad de New York (Buffalo) abrió el evento con una conferencia sobre los Estudios Indígenas y los Brasilianistas - y la antropóloga mejicana de la Universidad Autónoma Metropolitana, Danna Levin Rojo, terminó discutiendo el papel de los indígenas aliados de los españoles en la transición del Imperio a la Nación.

El Seminario de la Universidad Rural se desarrolló en la contramano del fotógrafo de Quito, buscando localizar los rastros indígenas. La primera mesa, Mestizajes y Fronteras, contó con la participación de Melvina Araújo (UNIFESP), Vania Moreira e Izabel Missagia, ambas de la UFRRJ. De la segunda mesa - Conocimientos Tradicionales y Reapropiaciones - participaron Regina Celestino (UFF), Juciene Ricarte (UFCG) y José R, Bessa (UERJ-UNIRIO).

Al igual que muchas ciudades de América, Rio siempre fue y nunca dejó de ser indio. En el siglo XX, los indios continúan transitando por la capital de la República, adonde migraban por diversos motivos. Sin embargo, la historiografía hizo con ellos lo que el fotógrafo José Domingo Lazo hizo con los indios de Quito. Felizmente, ahora, surgen historiadores que como el bisnieto de Laso, identifican e intentan corregir la inversión de los rastros.

P.S. - Publicada en Diário do Amazonas (04/10/2014), Manaus, y en Orejiverde (9/10/2015), Buenos Aires.

http://www.elorejiverde.com/index.php/el-don-de-la-palabra/403-desfotografiando-indios-la-huella-invertida

Agradezco a mi amigo André Lázaro (UERJ), ex-secretario de Educación Continuada, Alfabetización y Diversidad del MEC, la sugestión y el envío de la materia "Como se apagavam indígenas das fotos antes da era do Photoshop", de Soraya Constante, publicada en El País (28/09/2015). 

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Museu americano convida visitantes a repensar cena estereotipada de índios

Diorama no Museu Americano de História Natural, em Nova York, era historicamente incorreto

Ana Fota - Folha de São Paulo, 25/03/2019

 

NOVA YORK

No Museu Americano de História Natural, em Nova York, um diorama mostra um encontro imaginado no século 17 entre colonos holandeses e membros da comunidade indígena lenape, em Nova Amsterdã, a atual cidade de Nova York.

O diorama pretendia mostrar uma negociação diplomática entre os dois grupos, mas as imagens contam uma história diferente.

Na cena, os indígenas usam tapa-sexo e suas cabeças são enfeitadas com penas. No segundo plano veem-se mulheres lenape, nuas da cintura para cima e usando saias compridas. Elas andam de cabeça baixa, com ar submisso. 

Diante de um moinho de vento estão dois holandeses totalmente vestidos. Um deles, Peter Stuyvesant, é o governador colonial dos Novos Países Baixos (colônia holandesa na costa leste dos EUA). Ele estende a mão em um gesto cordial para receber oferendas trazidas pelos lenape.

Críticos dizem que o diorama mostra uma hierarquia cultural, não uma troca. Diretores do museu sabiam dessas implicações há algum tempo, e agora as estão corrigindo.

Criada em 1939, a cena é cheia de imprecisões históricas e clichês de indígenas, disse Bradley Pecore, historiador visual de origem indígena menominee e stockbridge-munsee. “Os estereótipos são problemáticos e poderosos. Eles moldam a compreensão que se tem dos indígenas.”

Há um ano, o museu pediu a ajuda de Pecore para resolver o problema. O diorama deveria ser removido? O vidro de proteção poderia ser retirado temporariamente para permitir alterações ao material?

“Poderíamos simplesmente ter coberto o diorama”, disse Lauri Halderman, vice-presidente de mostras do museu. “O mais interessante não seria eliminar os erros, mas reconhecer que eram problemáticos.”

A solução está escrita no vidro. É uma lição sobre a natureza da própria história, que está sempre em transformação.

A cena permanece intacta, mas agora com dez rótulos sobre o vidro explicando seus problemas. Eles foram redigidos após um processo de pesquisa que levou quase todo o ano de 2018. O maior enunciado convida visitantes a reconsiderar a cena inteira.

Os textos dizem que se a cena fosse historicamente correta, os lenape estariam vestidos com roupas de pele e usando enfeites que assinalavam cargos de liderança. Canoas teriam sido vistas na água ao lado dos navios europeus.

As mulheres não usariam saias pouco práticas que arrastavam no chão. E algumas provavelmente teriam participado das negociações, já que as mulheres lenape geralmente exercem papéis de liderança. Enquanto o diorama original identificava apenas Stuyvesant pelo nome, os novos textos referem-se também a Oratamin, um líder indígena.

“Um fio condutor do trabalho é tentar entender quem narra a história em museus”, afirmou Halderman.

O custo do projeto foi estimado por um representante do museu em dezenas de milhares de dólares.

Foi importante para Pecore que a exposição indicasse os efeitos contínuos da colonização, além de corrigir as representações estereotipadas. “Sempre que vemos indígenas em museus, eles estão em um canto brincando com pedras. Nunca chegamos a ser vistos como humanos modernos.”

As mudanças ocorrem após três anos de protestos do movimento Decolonize This Place (descolonizem este lugar), que exorta instituições a reconhecer lutas de povos indígenas, além de outros grupos que pediram ao museu que modificasse exposições que reduzem a importância de certos setores da população. 

Tradução de Clara Allain

 

 

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27 Comentário(s)

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Renato Dias comentou:
15/10/2015
Ótimo! um abraço e parabéns pelo seu dia professor Bessa!
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Camilla Oliveira comentou:
14/10/2015
É algo doloroso saber que existem pessoas tão ignorantes e ladras, posto que toda a domesticação das plantas já existia... Pelo menos o bisneto teve humanidade suficiente para resgatar e mostrar tudo o que o judas mercenário quis esconder durante tanto tempo. Apesar de que, isto não será o suficiente para a remissão dos verdadeiros pecados cometidos contra os índios. Existe lugar para todos, basta o respeito. Mas a ganância extrema além de prejudicar a muitos, pois além de índios, os próprios padres que lhes ajudaram também sofreram consequências, conseguiram destruir boa parte de um território altamente biológico e, de uma extrema riqueza natural no que tange à fauna e flora. Se a convivência se desse de forma respeitosa, sem invasão de espaço por força bruta e, imposição de uma cultura sobre a outra, acredito que teríamos uma sociedade mais justa e menos violenta. Além de mais enriquecida no sentido artístico. E, com certeza, menos mentalmente doente. Que as forças do bem nos guie para que sejamos uma boa mudança para nós, nosso espaço e, no resgate e ajuda daqueles que foram prejudicados um dia.
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Daniel Canosa comentou:
09/10/2015
Jose Es realmente un gusto enorme trabajar contigo, el texto es revelador, deja al desnudo los mecanismos para invisibilizar a los pueblos indígenas, verdadera manipulación de la memoria social que en este caso pudo ser restaurada, es un placer leerte. Un abrazo Daniel Contato de Daniel Canosa
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Ulisses Nogueira comentou:
06/10/2015
Me disseram tantas vezes que não posso comer macarrão com farinha que até acreditava. A crendice que nossa parte índia parte índio deve ser apagada.
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Fernanda Garcia Camargo comentou:
06/10/2015
Que delícia Bessa, participar do tempo do reverso, quando o bisneto Laso faz ver essa população que existia. Existe nas lentes do André da Silva Caetano, o Kwaray Mibi, fotógrafo Guarani, na aldeia dele e por onde passa. Seus amigos, irmãos e familiares vem sendo bastante fotografados, para nossa alegria e memória. Grande abraço..
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Isabela Torres de Castro Innocencio comentou:
06/10/2015
Muitas histórias apagadas... Adorei saber mais dos índios para trabalhar em minhas aulas. Abraço.
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Sara Machado comentou:
05/10/2015
Texto muito interessante, Bessa! A cultura indígena sendo insistidamente apagada há décadas. Não sabia do Seminário na Rural, gostaria de ter ido.
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Ana comentou:
05/10/2015
Na Escola Municipal onde trabalho, houve um concurso de desenhos sobre a Paz. A vitoriosa que cursa o nono ano na escola, que ganhou com o melhor desenho foi a Nahyra, filha do Thini-á. O que vou observar é se ao homenageá-la, vão falar algo sobre sua origem Fulni-ô. Tem tudo a ver com o teu texto, quantos vencedores devem ter suas origens ocultadas dentro de nossas sociedades?????
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Lucia Helena Rangel comentou:
05/10/2015
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Susana Grillo comentou:
04/10/2015
Bessa, apesar das intenções de se forjar memórias, uma nova geração como a do bisneto do "desfotografador" surge criticando e desvendando esse processo cruel de apagar pessoas e nações indígenas... Grata por compartilhar, abraços
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Leyla Leong comentou:
04/10/2015
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Ana Maria Barros comentou:
04/10/2015
Muito obrigada Bessa, por mais esta informação. Estou mandando para os meus alunos e colegas militantes da causa indígena. Um Abração.
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Verenilde Pereira (via FB) comentou:
04/10/2015
Oi Bessa, mais do que uma crônica seu texto é a comprovação que ninguém vence as almas indígenas, elas voltam e se impõem de qualquer maneira. Por isso continuam ... ninguém apaga vestígios assim. Grande bjo, grata pela grandeza que compartilha!
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Elisa Amorim comentou:
04/10/2015
Excelente artigo sobre o fotógrafo José Domingo Laso! O trabalho de François Laso é realmente muito instigante. Possivelmente o tipo de apagamento praticado por Laso, o bisavô, deve ter sido mais frequente do que imaginamos na América Latina do final do século XIX e início do XX.
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Jim Tak comentou:
04/10/2015
Eu achava que indios tinham medo de tirar fotografia. Nesta era de selfies não acho mais, muuuuito pelo contrario.
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Vânia Moreira comentou:
04/10/2015
De fato, Bessa, as fotos adulteradas, a insistência de certos historiadores em não considerarem os índios que "pulam" das fontes e arquivos e outras formas de "esquecimentos", constituem, como você mesmo escreveu, "expressiva metáfora de todo o processo de manipulação da memória social." Agradeço muitíssimo sua participação, sempre generosa e inteligente, no simpósio que realizamos na UFRRj.
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Evaristo de Almeida comentou:
04/10/2015
Para mim que não havia refletido sobre essas questões, fica claro o papel que as escolas do ensino básico exercem para desfigurar a imagem do índio e sua cultura no processo de formação do povo brasileiro. O que é dito e o que não é dito nos livros didáticos camuflam, intencionalmente, a verdadeira contribuição cultural dos povos indígenas para o país. Ainda hoje, a selva de pedra, tenta retratar as nações indígenas como pertencendo exclusivamente ás florestas, poucas que ainda nos restam. Imagens e memórias devem ser resgatados pela instituição chamada escola. Valeu professor!
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Lucia Sa comentou:
04/10/2015
Ótimo artigo, Bessa. Obrigada!
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Eloina Santos comentou:
03/10/2015
sensacional esta descoberta, vou ler mais sobre isso.
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ZILA BERND comentou:
03/10/2015
Magnífica matéria.Parabéns!! Vou divulgá-la em meu facebook...
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Veronica Aldé (via FB) comentou:
03/10/2015
Veronica Aldé Excelente José Bessa Como diria Sr.Getúlio Krahô..e inda até hoje o povo tenta apagar os nossos rastros...qual é o respeito?
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Ayalla Oliveira comentou:
03/10/2015
Ayalla Oliveira Obrigada pelo presente, professor Bessa! Brilhante e lindo texto, cuja reflexão prestigia o interessante trabalho sobre as fotografias de Domingo Laso e os debates gestados em nosso "III Seminário Internacional América Indígena". Aproveito, para dizer que foi muito bom tê-lo por aqui. Foram dias de muita aprendizagem!
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Maria Cristina Leandro Ferreira comentou:
03/10/2015
Excelente matéria! Vou passar ao meu grupo de estudos do discurso como material de análise da imagem e do processo de memória/esquecimento do sujeito.
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aurelio michiles comentou:
03/10/2015
O fotografo Jose Domingos Laso, realizou o "sonho de consumo" dos "civilizados", extingui-los...ao menos nas suas fotos. "Mais de três séculos depois, o fotógrafo faria com a foto aquilo que os missionários fizeram com a catequese: apagar imagens. Foi assim que varreram para debaixo do tapete da história os índios e suas religiões."
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aurelio michiles comentou:
03/10/2015
O fotografo Jose Domingos Laso, realizou o "sonho de consumo" dos "civilizados", extingui-los...ao menos nas suas fotos. "Mais de três séculos depois, o fotógrafo faria com a foto aquilo que os missionários fizeram com a catequese: apagar imagens. Foi assim que varreram para debaixo do tapete da história os índios e suas religiões."
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Gabriela Be comentou:
03/10/2015
Gracias querido José, justamente he mandado a todxs mis estudiantes a la exposición, y este semestre lo estamos trabajando sobre la base de la representación del mundo indígena (a ver si vuelven a ser borrados...), pero en el período de la Revolución Ciudadana... a ver qué nos resulta... Un abrazo siempre grande!!
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Ana Stanislaw comentou:
03/10/2015
Muito bom, Bessa!! Você, como sempre, brilhante, informativo e com a pena afiada. Espero que os indígenas nas cidades, em seus territórios, no Brasil, estejam cada vez mais visíveis, principalmente para as autoridades governamentais. O que José Domingo Laso fez no passado, fazendeiros, pistoleiros, o agrobanditismo estão fazendo hoje. Com a diferença, é claro, de que não se apagam somente os índios das fotografias, mas apagam as suas vidas!
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