CRÔNICAS

Tia Suzana, meu amor

Em: 22 de Abril de 2012 Visualizações: 41967
Tia Suzana, meu amor

"Aquilo que vivemos não está no mundo, está na maneira como olhamos para ele". É o que nos diz o romancista português Antônio Alçada Baptista (1927-2008), autor de uma vasta obra. Tudo depende, então, dos significados que cada um atribui àquilo que viveu. Quem concorda com essa definição é Gabriel Garcia Márquez, que acrescenta, no entanto, mais duas dimensões, além do olhar: a memória e a capacidade de narrar.

- A vida não é aquela que uma pessoa viveu, mas a que ela recorda e como recorda para contá-la - escreveu o escritor colombiano.

Pensando bem, parece que os dois têm razão. Nossa vida acaba sendo isso mesmo: o que olhamos, o que lembramos e o que narramos. No frigir dos ovos, é a isso que a vida se reduz. Se não lembramos, se não narramos, não existiu. Se lembramos e narramos de uma determinada forma, é essa forma que prevalece. "The rest is silence", nas últimas palavras de Hamlet, antes de morrer. Ou "o resto é farofa de abobrinha", na tradução do meu sobrinho Pão Molhado, que gosta de filosofar.

Lembrei do Antonio Alçada agora, nesta semana em que celebramos a presença dos índios no Brasil, por causa de uma história que ele me contou, em 1982, a mim e ao escritor amazonense Márcio Souza, quando juntos o visitamos, em Lisboa, no Instituto Português do Livro do qual ele era, então, presidente.

Alçada, falecido há três anos, era um grande contador de história, divertido e sedutor. Escrevia, ainda, crônicas saborosas no jornal O Dia, do qual foi redator-chefe. O fato que nos contou ocorreu em uma viagem de turismo de barco que ele fez pelo sul do Mar Egeu com um grupo de amigos portugueses.

Numa das ilhas gregas, acho que era Creta, mas não tenho certeza, ele estava de pé, diante das ruínas de um palácio, conversando sobre o passado glorioso da Grécia com seus amigos. Foi aí que passaram vários turistas japoneses, disciplinados e em fila, ostentando suas filmadoras e máquinas fotográficas. Um deles parou, ficou escutando, olhava com insistência, fixamente, não desgrudava os olhos de Alçada. Os olhares dos dois se cruzaram. O japonesinho se aproximou e, demonstrando que havia entendido a língua que falavam, perguntou:

- Desculpa. Vocês são portugueses?

Diante da resposta afirmativa, o japonesinho colocou o polegar e o indicador na boca, emitindo um longo e estridente assobio para seus amigos que haviam se distanciado. Quando todo mundo virou a cabeça, ele gritou em português, com um sotaque do interior de São Paulo:

- Ei, pessoal! Voltem aqui! Encontrei um grupo dos nossos antepassados. 

O escritor contou que os portugueses explodiram em uma gargalhada generalizada, só em imaginar que eram avós daqueles "japoneses", de olhos puxados e pálpebras lisas. Logo depois, porém, os dois grupos se confraternizaram e a ficha caiu. Os "japoneses" eram todos brasileiros.

A ascendência reivindicada ali não se devia às características fenotípicas ou genéticas, mas à cultura, à língua. Aqueles filhos de imigrantes nipônicos que nasceram no Brasil acabaram assumindo plenamente a história do país, um passado que, embora não sendo deles, individualmente, nem de suas famílias, é da nação a qual eles pertencem.

Assumiram plenamente? Será? O que sobrou dessa história foi a pergunta: E se os brasileiros de origem japonesa tivessem encontrado um grupo guarani falando português, será que reivindicariam, igualmente, a descendência histórica? Provavelmente não, porque embora índios e africanos façam parte das matrizes formadoras da nacionalidade brasileira, nós fomos treinados, adestrados, amestrados, para nos identificarmos exclusivamente com a matriz europeia.

A exclusão da herança indígena na formação da brasilidade é um equívoco comumente reforçado pela escola, pelo livro didático e pela própria mídia. Não se reconhece que cada cultura tem uma lógica própria, como nos lembrava Antônio Alçada, que depois de nos contar a tentativa frustrada de transformar um pescador nativo de uma ilha do Pacífico em empresário de barco de pesca, citou o diálogo de Jean de Léry com um velho tupinambá do Rio de Janeiro, que não entendia porque franceses e portugueses vinham de tão longe buscar tanto pau-brasil.

- "Precisais de muito"? - perguntou o velho.

- "Sim, pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias que podeis imaginar" - respondi.

- "Mas esse homem tão rico de que me falas não morre" - continuou o velho.

- "Sim" - disse eu.

- "E quando morrer para quem fica o que acumularam?" - insistiu.

- "Para seus filhos" - retruquei. O velho concluiu:

- "Agora vejo que vós outros sois grandes loucos, pois trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos, Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também? Estamos certos de que depois de nossa morte, a terra que nos nutriu também nutrirá os filhos que amamos, por isso descansamos sem maiores cuidados". 

A incapacidade de compreender a alteridade reafirmou a visão eurocêntrica e preconceituosa em vários momentos significativos de nossa história, como nas comemorações do Quarto Centenário do Descobrimento do Brasil, em 1900, quando no discurso de abertura, Paulo de Frontin disse com todas as letras que o Brasil nada tinha a ver com os índios.

- Os selvícolas não são nem podem ser considerados parte integrante da nossa nacionalidade; a esta cabe assimilá-los e, não o conseguindo, eliminá-los.

Depois disso, se reforçou ainda mais esse obscurantismo intelectual, que elimina o índio na representação que o Brasil faz de si mesmo. Esta imagem está baseada em outros preconceitos, como aquele que considera as culturas indígenas como atrasadas e primitivas, desconhecendo que os índios produziram e continuam produzindo saberes, ciências, arte refinada, literatura, poesia, música, religião.

Os colonizadores acreditaram nessa falácia, ignorando completamente a complexidade das culturas indígenas, o que foi internalizado pelos brasileiros que continuam se pautando em estereótipos e no senso-comum, sem levar em conta a contribuição dada no campo da antropologia.

Quando se aceita que os índios fazem parte de nossa história, se cultiva outro equívoco, achando que eles pertencem exclusivamente ao passado. É o índio de papel, dos arquivos e não o índio de carne e osso. Ora, os dados do Censo de 2010, divulgados no dia 19 de abril - dia do índio - pelo IBGE, mostram que em relação aos dois censos anteriores, a população indígena cresceu extraordinariamente, totalizando 817.630 indivíduos, que vivem em 4.480 municípios dos 5.565 existentes no Brasil.

Sobre esses equívocos é que estarei falando na próxima quinta-feira, na Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio, no Seminário Brasil, brasis, coordenado por Domício Proença Filho, numa mesa redonda intitulada "O índio no Brasil contemporâneo", com a doutora Graça Graúna, professora da Universidade de Pernambuco. Trata-se de uma programação da ABL, iniciada em 2006, com encontros mensais que discutem os mais variados  temas. Desta vez, são os índios.

E o que tudo isso tem a ver com a Tia Suzana, Meu Amor? Ah, esse é o título de um romance do Antônio Alçada sobre o qual queria comentar, mas me dispersei em divagações e o espaço se esgotou. Ele fala de Deus, da morte, do suicídio, do corpo, da mulher, do provincianismo, dos preconceitos de uma sociedade conservadora. Mas fica para outra vez. Prometo.

 

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37 Comentário(s)

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Judite Rodrigues Pucu comentou:
21/05/2012
Mandou bem mestre. Exelente contribuição ao desvendar a contingência da presença de índios/ municípios. Minha memória foi longe no tempo e no espaço Lembrei do rio Negro, dos motores superlotados, das excursões que fazíamos para Janauraí e Janauacá, onde havia uma pucuzada de primos. Atualmente nem sei.... Obsservei que frigir dos ovos tem sido alvo de curiosidade nas ferranentas de busca, com relação ao seu seu significado. Me incluo nessa.
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Socorro Pereira comentou:
05/05/2012
Querido Bessa, tuas cronicas me alimentam. Informação com muito humor, ah, eu adoro. Já que não o temos para as aulas do velho ICHL em 1977, pelo menos nos conforta poder acessar tuas cronicas e sorver teus conhecimentos.
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ERIVONALDO NUNES DE OLIVEIRA comentou:
28/04/2012
Que maravilha! A cada semana o professor José Ribamar Bessa Freire nos ensina um pouco da História do Brasil! Outro dia falei para os meus alunos do ensino médio acerca do "Ta qui prá ti" e eles riram muito do título. Passado alguns dias depois, o "Ta qui prá ti" passou a ser objeto de seus comentários! Professor: a meninada, eu e os colegas da Escola Estadual Senador Petrônio Portella (Manaus), estamos lhe aguardando para continuarmos a aprender mais um pouco acerca da História da nossa região!
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NoXfOXZlLeJjP comentou:
21/10/2012
A la izquierda del Director esta Henry Samanez (Sub Director de Conservacif3n de bieens muebles), a su costado la Sra. Na Galvez (Directora de Museos y Conservacion de bieens muebles) a la izquierda del direc Juan Julio estan Juan Cabrera, Nicanor cotrina, Cesar Paredes, Vidal Chaif1a y otros (todos ellos trabajadores de la sub direccif3n de conservacion de bieens muebles, y todavia pagados con fondos de Servicios por tereceros, cuando estan coobrando normal su sueldo mensual, y dichos trabajos lo hicieron en pleno horario de trabajo, el cheque lo hacen giran a normbre de alguna de las esposas que interviene algun trabajo por terceros. Contato de NoXfOXZlLeJjP
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Paulo Bezerra (2) comentou:
25/04/2012
Na legislatura de 90/94 a Bancada do AM no Congresso Nacional tinha 4 índios (netos) “inrustidos”, mas não se assumiam, isto é, não “saíram da oca”, se-é-que-você-me-entende. Era o Ézio Ferreira, o José Dutra, o Ricardo Moraes e o Euler Ribeiro (?). O Senador Wellington Dias, que já governou o seu Estado, “saiu da oca” e se assumiu: “sou índio e minha mãe mora na tribo e não tem jeito de trazer ela para vir morar comigo”. Senador, Parabéns mais deixa tua mãe viver em paz !.
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Paulo Bezerra (1) comentou:
25/04/2012
Em seu discurso no dia do Índio o Senador Wellington Dias do PT-Piauí reivindicou a presidência da FUNAI p/um índio, in verbis: “Hoje temos mais de três mil índios graduados; temos cerca de 800 índios com pós-graduação. Por que até hoje a FUNAI que já teve 32 presidentes da FUNAI nunca teve um índio em seu comando ?” Por que ? Por que ? Por que?
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Lenice Pimentel comentou:
25/04/2012
Como podemos dizer que nada temos haver com os nossos antepassados. Basta olhar nossas caras de índio. Onde mora a nossa fragilidade ante a visão histórica?R: na educação. Enquanto lermos a vida através dos livros programáticos do governo continuaremos sendo européus e não saterés.
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Alcimar Nascimento da Silva comentou:
25/04/2012
Crônica saborosa e reflexiva. Cada vez mais aprendo sobre história do Brasil neste espaço. História essa que inclui todos nossos Brasis!. Bravo!, Bessa.
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Roque S. de Souza comentou:
24/04/2012
É o olhar, é o escutar, é o falar, é o cheirar, é o saborear e é o sentir que possibilita a identificação entre os iguais e os indiferentes. Assim caminha a humanidade pelas Ilhas da Grécia e pelos becos, ruas e avenidas, dos brasis, do Brasil.
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Monica Torres comentou:
24/04/2012
Querido Bessa! Que texto ótimo...e os comentários tb são cheios de riqueza!
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Raffaele Novellino (2) comentou:
24/04/2012
Os jovens conversavam normalmente, sem vergonha de ser índio. Espero que, sem demora, essas línguas desçam as correntezas do Rio Negro para desaguar no mar.
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Raffaele Novellino (1) comentou:
24/04/2012
Eu me envergonho de sequer balbuciar o Nheengatu (pelo menos) ou mesmo o Tupi-Guarani. Não tive suficiente sensibilidade - ou mesmo um José Parel - para perceber a importância dessa necessidade. Para amenizar essa minha dolorosa ignorância, durante o mês de novembro do ano passado tive a oportunidade de ver vários grupos de jovens índios (rapazes e moças) de várias etnias, conversando em suas próprias línguas nas ruas de São Gabriel da Cachoeira.
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Raffaele Novellino comentou:
24/04/2012
Eu me envergonho de sequer balbuciar o Nheengatu (pelo menos) ou mesmo o Tupi-Guarani. Não tive suficiente sensibilidade - ou mesmo um José Parel - para perceber a importância dessa necessidade. Para amenizar essa minha dolorosa ignorância, durante o mês de novembro do ano passado tive a oportunidade de ver vários grupos de jovens índios (rapazes e moças) de várias etnias, conversando em suas próprias línguas nas ruas de São Gabriel da Cachoeira. E conversavam normalmente, sem vergonha de ser í
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Graça Bessa comentou:
24/04/2012
Vivendo, lendo, e aprendendo, com tua maneira divertida de abordar com riqueza, a nossa descendência. Meu brinde Babá.
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Francilene Bessa comentou:
23/04/2012
Adoro conhecer pessoas mais velhas do que eu... apesar de já ter 33 anos, rs.. Faz pouco tempo conheci, a partir de hoje, um grande amigo de 50 e poucos aninhos. Ele começou a falar sobre o Ta aqui pra ti... fui ler e não consigo mais trabalhar sem antes ler estas crônicas, novas e antigas.... Obrigada, amigo!!
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Jotapeve comentou:
23/04/2012
Minha filha de sete anosde idade me perguntou o que era o dia do índio. Aí eu cantei um pedacinho da musica da eterna Rita Lee: " Todo dia era dia de índio, mas hoje ele só tem o dia 19 de abril". As escolas do Brasil tem um grande débito com a história indígena, tomara que isto mude algum dia.
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Maria Heloisa comentou:
23/04/2012
Adorei o texto. Acredito que você professor Bessa está fazendo brilhantemente a sua parte explicando a todos nós o que é ser índio e o quanto devemos nos orgulhar por ter descendência de um povo com tamanha riqueza cultural. Parabéns!
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Alexandre Gomes comentou:
23/04/2012
bessa, essa caiu como uma luva pra minha aula de hoje..grande abraço e mande notícias sobre o seminário sobre museus e questões indígenas que ocorrerá logo mais!
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Raimundo Sérvulo comentou:
23/04/2012
Os brasileiros no geral e os amazonenses em especial, precisam conhecer mais sobre a cultura indígena, com o objetivo não de se envergonharem, mas ao contrário, de sentirem orgulho, orgulho por tudo que os índios já fizeram a nosso favor e continuam fazendo.
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Celso Magalhães Coronel comentou:
22/04/2012
Que belo texto!... Uma excelente abordagem, sobre o assunto "Índios" ... Parabéns!
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Raimunda Bezerra (Blog do Lima Coelho) comentou:
22/04/2012
caro Bessa, o que você escreveu é a mais pura realidade
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UMwDamLn comentou:
08/06/2012
Eu Pensava que je1 tinha lido sobre todos os assuntos de Como conaetmr em blog ou sites, obrigado por suas dicas que foram muito valiosas para mim afim de corrigir alguns detalhes e dar maior visibilidade naquilo que irei comentando dentro de um crite9rio claro, preciso e conciso Contato de UMwDamLn
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Eleuza Xavier (Blog do Lima Coelho) comentou:
22/04/2012
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william porto (Blog do Lima Coelho) comentou:
22/04/2012
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Janaína Amorim (Blog do Lima Coelho) comentou:
22/04/2012
Um primor de crônica e com mãos cheias de reflexões da maior importância
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Charles Lamounier (Blog do Lima Coelho) comentou:
22/04/2012
O professor Bessa Freire nos dá aulas semanais com suas crônicas
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Jandir Ipiranga Júnior comentou:
22/04/2012
Adentrando na Academia Brasileira de Letras. É um caminho sem volta, Professor Bessa. Ainda mais para debater um tema de diferencial vigor cultural e distinta brasilidade.
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Maria Helena Mira Mateus 2 (de Lisboa) comentou:
22/04/2012
Portugal, apesar de pequeno, também possui duas línguas - uma a que partilhamos com o Brasil, outra, o mirandês, aprendido no colo das mães pelos habitantes da região de Miranda. Se as línguas ajudam a identificar culturas, como não considerar que no Brasil as línguas autóctones foram motor dos rasgos culturais que mostram que a brasilidade se distingue das culturas europeias? É bom ler as tuas crónicas, Zé.
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Maria Helena Mira Mateus 1 (de Lisboa) comentou:
22/04/2012
Uma crónica com o título do livro do meu amado António (Alçada) tinha que ser um pedacinho da vida vivida com amor por todos os homens (e mulheres, claro). Uma linda crónica que me trouxe à memória uma poesia que o Bessa conhece bem: "Vivi muitos anos com a língua entortada / porque fui obrigado a falar palavras / estranhas de uma outra língua. / Por isso durante muito tempo fiquei emudecido".
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Maria Helena Mira Mateus comentou:
22/04/2012
Uma crónica com o título do livro do meu amado António (Alçada) tinha que ser um pedacinho da vida vivida com amor por todos os homens (e mulheres, claro). Uma linda crónica que me trouxe à memória uma poesia que o Bessa conhece bem: "Vivi muitos anos com a língua entortada / porque fui obrigado a falar palavras / estranhas de uma outra língua. / Por isso durante muito tempo fiquei emudecido." Portugal, apesar de pequeno, também possui duas línguas - uma a que partilhamos com o Brasil, outra, o
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Carmel Farias comentou:
21/04/2012
Que bela reflexão! estou lendo essas palavras e estou pensando na minha vida...
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Clélia comentou:
21/04/2012
A crônica está maravilhosa, escrita por um especialista em memória, índio, história e amizade, essa última me acompanha desde sempre. O autor é também um amazonense muito crítico.
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Maria Camargo comentou:
21/04/2012
Gostei mesmo. Milton, meu amado Hatoum, sempre diz que memória e invenção é tudo a mesma coisa - e acho que é mesmo
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Lulu Telles comentou:
21/04/2012
Muio bom. Vi um curta outro dia sobre memória muito simples e muito bem pensado sobre memória. Lindo mesmo.
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Aurelio Michiles comentou:
21/04/2012
Leitor assiduo das crônicas do Babá, ele coloca os causos manauaras na geografia do mundo.
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Leticia Bittencourt comentou:
21/04/2012
muito bem não há como discordar, de certa forma lembra Maurice Halbwachs quando ele coloca que a memória e sua narrativa é sustentada pelo coletivo.
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Ana Stanislaw comentou:
21/04/2012
Haverá um tempo no qual um grupo de nipônicos reconhecerão nos Guarani, Kamaiurá, Bororo, Kuikuro,Tupinambá... sua descendência histórica. Tuas crônicas, palestras, livros, artigos contribuem e contribuirão para isso! Obrigada, mais uma vez, por esse jeito divertido de nos sensibilizar.
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