COLUNA ORA, PILÚLAS!
Clientes inadimplentes espalhados por todo o país deram um cano bilionário no Banco do Brasil no valor de R$ 16 bilhões, de acordo com informações publicadas pela grande imprensa.
O correspondente desta coluna em Brasília, o doutor Ross, garante que pelo menos uma parte dessa dívida, cerca de R$ 15 milhões, foi um tremendo checho dado por políticos amazonenses. Através de algumas empresas, eles conseguiram empréstimos para financiar suas campanhas eleitorais em 1994, prometendo pagá-los com sobras de campanha e com os ganhos a serem obtidos com os cargos que ocupariam depois de eleitos.
- Quero que Santa Luzia me cegue se eu não pagar – jurou um deles, que havia obtido, no nome de uma empresa, empréstimo do BB no valor de R$ 150 mil em 14 de outubro de 1994. Perdeu a eleição. A promissória vencem em 19 de fevereiro de 1995. O Banco apertou a empresa, que procurou o político. Enceguecido, ele fez novos juramento naquela ocasião:
- Recebi convite para ser o novo superintendente da SUFRAMA. Logo que assumir, eu pago. Quero ver minha mãe mortinha no inferno se estou mentindo.
Desta forma, conseguiu “enrolar” a dívida como diria a Magda do “Sai de Baixo”. Não sabemos o que aconteceu com sua santa genitor. Sabemos que ele não foi escolhido para o cargo e até hoje não quitou a dívida. Sabemos o nome dele, cujo CPF começa com 000.676.... (pode jogar no bicho ou na loteria que o número é quente). Não fui autorizado a revelar agora, porque não seria justo apresentar somente único nome de um único grupo político, quando foram vários os aplicadores do checho. Quando o dr. Ross me encaminhar cópia de documento com os demais nomes, aí sim, todos serão publicados.
Degola na agência
Por causa do checho, nove gerentes da agência central do BB na rua Guuilherme Moreira, com mais de 15 anos de atividade, foram degolados. A diretoria geral do BB em Brasília realizou uma auditoria e avaliou que o empréstimo foi uma operação malfeita e que novos prazos não poderiam ser dados aos devedores. Então, demitiu um gerente e reduziu em 50% o salário de outros oito gerentes, que perderam suas comissões. Surpreendentemente, no entanto, acabou fazendo um arranjo interno.
Uma nota do jornal “Unidade” do Sindicato dos Bancários do Amazonas, de 19 de junho, intitulada “BB descomissiona administradores”, informa que “de acordo com denúncias recebidas pelo Sindicato, vários administradores do BB de Manaus-Centro foram descomissionados de seus postos efetivos e o mais impressionante é que após a medida, o Banco lhes ofereceu os cargos como substitutos.
O BB fechou o ano de 1995 com um prejuízo acumulado de mais de R$ 4 bilhões, porque suas operações não foram feitas obedecendo a critérios técnicos. Pelo menos esta é uma das conclusões do pesquisador Carlos Augusto Vidotto, que defendeu dissertação de mestrado na UNICAM intitulada “Banco do Brasil, crise de uma empresa estatal do setor financeiro (1964-1992)”, na qual sinaliza “a trajetória de deterioração patrimonial e de fragilização econômico-financeira” do Banco do Brasil, “seja por não ter acompanhado a evolução técnica das empresas líderes do oligopólio financeiro, seja por serem menos flexíveis devido a fatores extra-econômicos”.
O trambique dado no BB serve também para refletir sobre o financiamento feito por empresas a políticos em campanhas eleitorais em troca de favores e vantagens com o dinheiro público.
Pauderney mandado
O nosso correspondente em Brasília – o doutor Ross – ouviu o anúncio do MEC veiculado no programa de rádio A VOZ DO BRASIL, alertando políticos e agências a não aceitarem propostas de escritórios de intermediação de verbas para obter recursos. Aí, motivado pelo tema, Ross nos enviou documentos comprometendo a Prefeitura Municipal de Anamã e um político amazonense.
O político é o Pauderney Avelino. O nome dele no relatório do TCU para a Comissão Parlamentar de Inquérito do Orçamento – Subcomissão de Subvenções sociais. Depois da auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União e pela Secretaria da Receita Federal, o relatório concluiu que houve “licitação fraudulenta” e que “a empresa vencedora da “concorrência” é de propriedade do sr. Pauderley Tomaz Avelino, irmão gêmeo do senhor deputado federal Pauderney Tomaz Avelino”.
Faz ainda as seguintes observações dois pontos e aspas:
“Prefeitura Municipal de Anamã/Am. Responsável João Pinheiro Costa. CPF 007.381.902-68 – Utilização de notas fiscais que foram extraviadas, segundo informação das firmas emitentes; inexistência de controle dos cheques pagos; inexistência de prestação de contas ; objetos de convênios não totalmente cumpridos; documentos de prestação de contas subtraído da empresa que forneceria o material; pagamento a empresa por obras de pavimentação em concreto, apenas 6 (seis) dias após a assinatura do contrato, observando-se que apenas 63% das obras foram concluídas; saque de valores dos convênios, em espécie, sem contudo haver naquela Prefeitura qualquer documento que comprove sua utilização em benefício da subvenção”. Aqui fecha aspas. Parece ser corrupção da grossa.
PILULINHAS
Tota-Tola é isso aí! – A Coca Cola financiou a viagem de um grupo de deputados e senadores para as Olimpíadas em Atlanta. Viajarão de classe executiva, hospedagem em hotel de cinco estrelas, enfim mordomias mil. Um escândalo! Os parlamentares, quase todos do Rio de Janeiro, justificaram que ia defender o Rio como sede das Olimpíadas de 2004. O que fazia, porém, no meio deles o Pauderney Avelino? “É uma prova viva de que a luta pelo Rio não tem fronteiras”- ironizou o Jornal do Brasil em editorial. Ou será que o Pauderney ia defender Anamã como sede das Olimpíadas?
Hemorróidas – Se fosse um problema cardíaco, vá lá. O coração não é tolo. Mas a “safena” do vice-presidente Marco Maciel foi mais embaixo. Operado de hemorroidas, o primeiro telegrama que ele recebeu foi do presidente da Caixa Econômica, Sérgio Cutolo.
Dez pro Negão – O presidente do ICOTUR, Roberto Amazonas, é uma figura hoje indispensável ao governo terceiro-ciclista. Nem tanto pelo que ele faz no ICOTI, aonde pouco aparece. Mas porque ninguém anima uma partida de dominó melhor do que ele. Peru calado vale um cruzado. Não é o seu caso. Ele dá dicas ao Amazonino sobre as pedras do parceiro e dos adversários. E quando Amazonino faz ponto e grita: “Dez pro Negão”, Bebeto aplaude e elogia: “genial jogada de mestre”.
Puxa-Saco – Flamenguista. O Alferes Tiradentes, aquele que nunca puxou carroça – nem sequer carroça de sena no dominó – era flamenguista. Doente. Bastou o Amazonino se declarar botafoguense para que o Alferes passasse a torcer pelo Botafogo desde criancinha. Agora, com Robério Braga, ex-vascaíno, ele disputa para ver quem é mais botafoguense.
E o Janjão, hein! – Quem diria! Quando criança, ele era apenas o João Mendes Fonseca, perna fina e bunda seca. Descobriram que ele conseguiu financiamento da Caixa Econômica para 12 apartamentos. Aí, virou “celebridade” nacional. Como os candidatos a prefeito de Manaus se declararam sem-teto, Janjão pode ceder um apartamento para cada um deles, que ainda lhe sobram quatro.
Vila da Barra – Pois é, né. A Vila de São José da Barra do Rio Negro virou Vila da Barra Pesada. Manaus é, atualmente, a cidade com mais casos de violência policial em todo o Brasil, cometida contra a população pobre e desarmada, segundo denúncias do deputado Hélio Bicudo. Cerca de 50 pessoas o procuraram com queixas das arbitrariedades policiais. A insegurança em Manaus foi comparada por Bicudo com o clima vivido na década de 70, em São Paulo, com a atuação do Esquadrão da Morte atingindo os lares até da classe média.
Dando cabo – O professor Ernani Simões sumiu há mais de um ano. O fiscal da Fazenda Luís Paulino desapareceu há três meses. O promotor Francisco Jorge Noronha foi assassinado. Diariamente desovam cadáveres em varadouros. A polícia diz que não sabe de nada. E o secretário Klinger Costa continua com suas fanfarronadas. Pago para cuidar da segurança, mostra uma incompetência absoluta. Com um abo eleitoral da estatura de um Klinger, o Cabo Pereira não vai muito longe.
Ai mamãezinha! – Que meda! Depois de toda as atrocidades da polícia do Amazonas denunciadas por Hélio Bicudo, vem o delegado-geral Petrônio Carvalho e anuncia no Centro Comunitário São José: - “Fiquem tranquilos. A Polícia Civil estará mais próxima de vocês”. Éguate! Cruz Credo! Vade retro Satanás.
Máquina do tempo – Os jornais de Manaus dessa semanalevaram o leitor a se perguntar: em que ano estamos? Que horas são? Olhem só: uma notícia anunciava que o Coral João Gomes Jr. presidido pela divina Cleomar Feitosa havia se apresentado no Teatro Amazonas. A outra informava que Waldick Soriano fez um show em Manaus. Uma terceira, que Gilberto Mestrinho está em campanha eleitoral. Para estarmos todos mergulhados nos anos 1950, só faltou falar na “Maloca dos Barés”, no assassinato do Delmo, nas reuniões do Clube da Madrugada e no Centro de Lazer Lá Hoje.