P.S. - Hoje é o dia do professor, que quer salários dignos e condições decentes de trabalho. Distribuição de bombom e chocolate em sala de aula é demagogia, que ofende nossa inteligência..
Ele, o Boto e as lágrimas do Dudu
O choro e o sorriso. Diante dos resultados da eleição para prefeito de Manaus, duas fotos, publicadas na semana passada pela imprensa local, refletem reações contrastantes de tristeza e de júbilo.
Na primeira, o atual prefeito Eduardo Braga aparece chorando, fazendo biquinho de bebé-chorão, com o beicinho virado prá baixo. Quando nasceu e era caboco como todos nós, Eduardinho chorava assim: - buà! buá! Depois das constantes idas para Miami, virou “mauricinho” e seu pranto ficou americanizado. Agora, ele chora assim: - sniff! sniff!
A segunda foto mostra o ex-governador Gilberto Mestrinho, com um sorriso de vencedor, feliz da vida, abraçado carinhosamente por Serafim. Intrigado, te pergunto, leitor (a): afinal, quem ganhou e quem perdeu a eleição?
Política é mesmo um negócio complicado. Não entendi o choro do prefeito. Como é que alguém, cujo candidato é o mais votado no primeiro turno, derrama mais lágrimas do que viúva em velório do marido? A expressão do Amazonino, na TV, era também a de um derrotado. Parecia até que o candidato deles dois era o coronel Danízio, o Cabo Pereira não passava de um “laranja”. Ou será que as lágrimas do Eduardinho eram falsas?
“Chorou por que? Por que chorou”. A coluna “Taqui Pra Ti” decidiu contratar uma equipe médica do Hospital Tropical, para analisar a água vertida pelas glândulas lacrimais de Eduardo Braga. Por precaução, enviamos também amostras para o famoso LDL - Laboratoire Des Larmes de Strasbourg, na França e para o Hospital da Universidade Americana de Beirute. Este último é o mesmo centro que examinou as lágrimas daquela menina libanesa, de 12 anos, Hasná Meselmani, mostrada pelo “Fantástico”, botando cristais pelo olho. Pelo olho da cara.
Os exames laboratoriais, finalizados ontem, apresentam resultados diferentes e contraditórios.
1. Os pesquisadores libaneses, para quem a menina que chora cristal sofre de doença mental, concluíram que as lágrimas do Eduardinho são incompletas, e precisam ser ainda muito lapidadas, para que no futuro, possam servir de matéria prima usada pela Drohauser e por todo o “polo cristaleiro” da Zona Franca de Manaus. Eles acham que os cristais da menina libanesa são mais autênticos.
2. A laboratorista francesa Letícia Rebollau, do LDL, encontrou nas amostras de lágrimas de Eduardo Braga vestígios de uma substância orgânica conhecida como “cebolina”, um alcalóide líquido que está para a cebola como a nicotina está para o tabaco. Os técnicos franceses concluíram que o choro de Braga, classificado cientificamente como “pleur induit”, não foi natural e espontâneo, mas induzido por cebola provavelmente cortada por Omar Aziz, na hora em que preparava os quibes da derrota.
3. Finalmente, o laboratório do Hospital Tropical, em Manaus, chegou a uma conclusão um pouco diferente. Para os pesquisadores amazonenses, as lágrimas de Eduardo Braga, apesar de tudo, são autênticas. Podem até ter sido estimuladas, num primeiro momento, pela “cebolina”, com o objetivo de atrair a peninha do eleitor. Mas sua causa verdadeira foi uma substância denominada de “medina”, vulgarmente conhecida como “cagarina de medo”, produzida pela foto do Mestrinho ao lado do Serafim. Aí, Braga sentiu aquilo que Amazonino já sabia deste o início: o Cabo Pereira já era.
Eis aonde eu queria chegar, leitor (a): o Boto. Ele é o responsável pelo choro do Eduardo Braga e pelo ar derrotado do Amazonino. O apoio do Mestrinho a Serafim liquidou a fatura. Pode espernear quem quiser. Mestrinho, como Brizola, transfere os seus votos, porque seu eleitor vota emocionalmente. O eleitor do Boto, gostemos ou não, ama o Boto e se acabou.
Durante quase vinte anos, através de coluna nos jornais, me dediquei a criticar Gilberto Mestrinho, justamente porque ele foi três vezes governador. Uma das funções do jornalismo não é descer a ripa em quem está no poder? É sim. Procurei fazer o melhor que pude desde “A Batalha do Igarapé de Manaus”.
Um dos grandes pecados do Boto foi haver inventado o Amazonino Mendes. O Amazonino não existia. Era um micro-pseudo-empresário falido. Com a anistia e a volta dos cassados, começou a puxar o saco do Boto e do Thomezinho, numa subserviência que eu e tu, leitor (a), acompanhamos. Era uma dívida que o Boto tinha com a população do Amazonas: desinventar o Amazonino. Agora, ele teve a fineza de começar a desinventar.
A foto do Serafim abraçando o Boto me permite entender as minhas irmãs. Elas são tantas que posso considerá-las como representativas de diversos setores da população. No primeiro turno, seus votos se dividiram entre Serafim, Boto e até mesmo Irinéia. Todas elas, no entanto, ficaram emocionadas com a atitude de Mestrinho.
Tá lá, na foto, o Boto, sorrindo, o Braga chorando, e o Amazonino reclamando. Minhas irmãs têm razão. O Boto é, realmente, neste momento, a grande figura política do Amazonas, tão hábil que é capaz de transformar uma derrota numa vitória. O Boto perdeu individualmente a batalha no dia 3 de outubro, e um mês e meio depois, a 15 de novembro, com o seu peso político, provavelmente elegerá o prefeito de Manaus, transformando a derrota em vitória.
Quem fez o Eduardo Braga fazer beicinho e chorar foi ele, o Boto, com seu apoio declarado a Serafim. Por isso, Amazonino - o “ingrato” - começa a atacar Mestrinho, dizendo que ele é “um político em final de carreira”. Já quisera Amazonino ter um final de carreira assim, amado por seus correligionários e amigos, respeitado por seus adversários e ainda capaz de emocionar até mesmo os jovens.
O sentimento de um jornalista que faz oposição é semelhante ao do cangaceiro de Glauber Rocha. Depois de muitas lutas no sertão, ele deplora sua situação, afirmando: “O cangaceiro cansou. Cansou talvez porque não pode respeitar seu inimigo. E é terrível gastar tanta energia com o que não evolui, nem engrandece”.
Amazonino, como adversário, é mesquinho, porque só possui um projeto de alpinismo pessoal. Por isso foge ao debate e teme a inteligência. O que ele chama de sua “organização” ou “grupo político”, com honrosas exceções, reúne a fina flor da mediocridade e do oportunismo, dos quais Omar Aziz e o Cabo Pereira são legítimos representantes. A continuidade que ele propõe - e que o povo rejeitou - é essa.
O Boto, ao contrário, tem um projeto para o Amazonas, com o qual você e eu podemos não concordar. Criticá-lo, ajuda a melhorar nossa terra. Com o Boto, vale a pena brigar. Aí reside a grande diferença entre os dois.
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