CRÔNICAS

Genocídio: existem mesmo esses Yanomami?

Em: 29 de Janeiro de 2023 Visualizações: 6901
Genocídio: existem mesmo esses Yanomami?

“Sabemos que os mortos vão se juntar aos espíritos de nossos antepassados

lá do outro lado do céu, onde a caça é abundante e as festas não acabam”.

(Davi Kopenawa. A Queda do Céu. 2010).

- Os Yanomami não existem, nunca existiram – afirmou o militar aposentado na fila de um banco, em Niterói, nessa sexta (27), enquanto o aparelho de TV da agência exibia cenas de horror protagonizadas por quem sonhava com festas e caça abundante do outro lado do céu. O milico queria convencer os demais clientes de que aquelas imagens hediondas eram falsas. “As provas do engano estão lá” – disse e citou Menna Barreto, autor de “A Farsa Ianomâmi”, editado com verbas públicas pela Biblioteca do Exército.

As “provas” fuleiras são as andanças do coronel Menna Barreto pela Amazônia. Comandante da Fronteira (1969-1971) e Secretário da Segurança (1985-1988) de Roraima, na sua estadia, não viu um só Yanomami, apenas indivíduos de “tribos de línguas diferentes”. Não foi só ele que “não viu”. Relatos de viajantes que por lá passaram desde o séc. XVIII não mencionam o etnônimo Yanomami. Tá vendo? Bem que ele disse! E de onde surgiram, então esses fantasmas chamados de Yanomami?

O fakebook

Quando o coronel Menna retornou à região, em 1985, aquelas “tribos de línguas diferentes” já eram identificadas com “a nova denominação inventada por ONGs interessadas em entregar a Amazônia a governos estrangeiros, portanto, não deveria existir demarcação de um território Ianomâmi” – concluiu, revelando que essa argumentação simplória escondia o projeto de negar terras garantidas pela Constituição aos seus milenares ocupantes.

Com um raciocínio digno de quem crê que a terra é plana e que a vacina causa AIDS, o coronel Menna Barreto, genocida de papel, matou 30.400 habitantes, que hoje vivem no Brasil em 386 comunidades dentro do território demarcado em 1992. Ele assegura no seu fake book que são povos diferentes, porque não falam a mesma língua.

Oxente! Téleso, é guri? Efetivamente, os Yanomami são falantes de seis línguas, mas que pertencem à mesma família linguística. Um indígena que usasse argumento tão primário, diante das inúmeras variedades dialetais do português faladas do Oiapoque ao Chuí, concluiria que não existe “brasileiro”, uma “invenção” que põe no mesmo saco gente de fala tão dessemelhante. Minha neta nascida em Natal (RN), achou estranho que no Rio se falasse “Eschtá ótchimo Fátichma”, para ela era “Tá ótmo Fátma”.  

O livro contém argumentos falaciosos.  O autor ignora conceitos básicos das ciências sociais. Destila preconceitos por todas as páginas. Parte do princípio que considera os indígenas como “seres apáticos, subnutridos, preguiçosos e comedores de cadáveres”. Trata Margaret Mead como “charlatã, autora de uma antropologia maluca intoxicada do relativismo cultural” e o bispo conservador Aldo Mongiano como “famigerado comunista”. A revisão do texto parece feita por Sérgio Moro, o que fica visível  na emissão do cheque sem fundo de quem não sabe jogar xadrez:

- Muito além de uma questão indigenista, a criação das reservas em zona de fronteira coloca em cheque (sic) a questão da soberania brasileira na região.

O genocídio

O autor agride a nossa inteligência. Apresenta os codinomes de “vários padres russos ortodoxos que se infiltraram no Conselho Mundial das Igrejas (CMI)” e cita um pretenso documento da KGB de 1989 que anunciava: “Agora a agenda do CMI é também a nossa agenda”. Muitos fantasmas juntos.

O prefácio elogioso é do general Meira Mattos, comandante das tropas que a serviços dos EUA invadiram a República Dominicana, em 1965, contra o presidente eleito Juan Bosch. O “propósito velado da demarcação do território Yanomami é a internacionalização da Amazônia” diz o general, ele sim que, efetivamente, viveu "no mais baixo estágio de ignorância e primitivismo" .

Os Yanomami de carne e osso deformados no fake book do coronel ficaram conhecidos no mundo inteiro através de estudos antropológicos e linguísticos. Como teimam em existir, os negacionistas decidiram matá-los fisicamente com ajuda do garimpo invasor do território indígena. É aqui que entram o Brochável e seus seguidores.  

Circulou nas redes sociais o texto “Como Bolsonaro planejou extinguir a reserva Yanomami” do jornalista Lira Neto, com o histórico da trajetória genocida. O coronel Menna deixou, ele sim, de existir em 1995, mas legou de herança seu livro funerário, que alimentou os projetos de extermínio do Brochável.

Enquanto o coronel Menna escrevia seu livro, seu amigo, o ex-capitão eleito deputado federal pelo partido do ilibado Maluf (PPR vixe vixe) apresentava projeto anulando o recém criado território Yanomami. Era tão sem sentido que foi arquivado. O Brochável insistiu e conseguiu desarquivá-lo cinco vezes, ao longo de várias legislaturas, em 1993, 1995, 1998, 2003 e 2007, quando foi engavetado definitivamente pela Câmara dos Deputados.

Pátria lesa

Mas o Coiso Brochável não desistiu. Eleito presidente, propôs em 2020 o Projeto de Lei do Genocídio como foi batizado pela oposição. Assinado por Sérgio Moro, seu ministro de estimação, autorizava o garimpo e o agronegócio em áreas indígenas. “Se a mineração nas nossas terras for legalizada, só assim iremos acabar” – disse Davi Kopenawa.

O projeto genocida era tão escandaloso que nem o Centrão o abraçou plenamente. Foi arquivado. O Governo Brochável, porém, ignorou ofícios com inúmeros pedidos de socorro dos Yanomami e desmontou os órgãos de fiscalização. Era o genocídio em marcha.

- Foi ele (Bolsonaro) que matou – denunciou Davi Kopenawa, para quem “os buracos abertos pelo garimpo são como feridas na terra, porque eles cortam a floresta e, ao cortar as árvores, essas feridas aparecem [...] Essa terra que os brancos estragam, não pense que é terra vermelha como se fosse urucum. Não se engane! É seu sangue! É o sangue da terra escorrendo”.

O termo genocida às vezes não é usado com propriedade, mas como um palavrão para ofender alguém. Na realidade, genocídio é uma categoria que se refere a um crime contra a humanidade, cometido de forma sistemática e coordenada, para aniquilar seres humanos em conflitos étnicos, religiosos ou raciais. Foi o que ocorreu, segundo o professor de Direito Constitucional da Universidade Federal Fluminense (UFF), Gustavo Sampaio.

As imagens, que não temos estômago para reproduzir aqui, falam por si só: corpos esquálidos e cadavéricos de crianças, jovens, idosos. Elas percorreram o Brasil e o mundo, documentando mortes, miséria, fome, subnutrição, que nos envergonham como nação civilizada e nos fazem esquecer a Biafra dos anos 1970.

A Biblioteca do Exército, com o livro “A Farsa Ianomami”, encheu a cabeça da milicada de porcaria. Foi por isso que as portas dos quarteis, e não das universidades ou das igrejas, abrigaram os golpistas.

O Exército republicano é aquele que, mobilizado pelo atual governo, instalou hospitais de campanha e distribuiu alimentos, acolhendo integrantes da nação Yanomami. A Operação Lesa Pátria da Polícia Federal deve substituir a Operação Pátria Lesa do governo genocida do Brochável.

Referências: Recomenda-se as inúmeras matérias publicadas sobre o tema em: Instituto Socioambiental (ISA), agência de jornalismo Amazônia Real, plataforma Sumaúma, Canal Causas da Vida, Revista Xapuri, Combate-Racismo Ambiental, Pátria Latina, Saúde Indígena ICICT – Fio cruz, entre outras.  Além de:

  1. 1. Carlos Alberto Lima Menna Barreto: A Farsa Ianomâmi. Rio. Biblioteca do Exército. 1995.
  2. 2. Lira Neto: Como Bolsonaro planejou extinguir a reserva Yanomami. Diário do Nordeste. Fortaleza, 24 de janeiro de 2023. https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/opiniao/colunistas/lira-neto
  3.  Davi Kopenawa Yanomami: Bolsonaro despejou os garimpeiros em nossa terra. Sumaúma. 13 setembro 2022. https://sumauma.com/quando-nos-yanomami-acabarmos-a-terra-ira-se-vingar/
  4. Felipe Medeiros. “Foi ele (Bolsonaro) que matou”, denuncia Davi Kopenawa. Amazônia Real. 24/01/2023. https://amazoniareal.com.br/tragedia-humanitaria/
  5. Taquiprati / Diário do Amazonas / José R. Bessa:
  1. Crianças Yanomami detrás do céu: “Genocíndio”? (24/10/2021) https://www.taquiprati.com.br/cronica/1610-criancas-yanomami-detras-do-ceu-%E2%80%9Cgenocindio%E2%80%9D
  2. A Escola Yanomami: leva e traz histórias (12/11/2017) https://www.taquiprati.com.br/cronica/1369-a-escola-yanomami-leva-e-traz-historias?reply=28012
  3. Davi Kopenawa: a árvore que não envelhece. (05/05/2019) https://www.taquiprati.com.br/cronica/1454-davi-kopenawa-a-arvore-que-nao-envelhece

 

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25 Comentário(s)

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José Juvenal Gomes comentou:
06/02/2023
Excelente texto do professor José Bessa . Explica a ideologia militarista que promove o genocídio.
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Gerrie Schrik comentou:
05/02/2023
as faces da política de extermínio...
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rodrigo comentou:
04/02/2023
Excelente crônica para mostrar a realidade dos fatos. O que não existe ou nunca existiu foi massa encefálica na cabeça desse milico aposentado. Como pode falar algo tão sem sentindo? Basta observar o gráfico para percebermos que COINCIDENTEMENTE de 2018 à 2021 (período triste de nossa historia política recente) os números de mineração ilegal em território Yanomami são assustadoramente elevados. As imagens dos Yanomami com fome e com os corpos em estado de fragilidade (subnutrição), é de partir o coração. Uma covardia sem limites, Destaco a bonita iniciativa do atual governo: que instalou hospitais de campanha e distribuiu alimentação, e esta dando todo suporte possível para os nossos irmãos Yanomami. Isso é um alento perto dos últimos 4 anos, que foi um verdadeiro pesadelo para todos nós. O bem sempre vence o mal Um abraço querido professor
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Ana Helena Tavares comentou:
01/02/2023
Bessa, a entrevista que voce deu sobre o genocidio Yanomami ao Canal CAUSAS DA VIDA,HOJE (01/02;2023) fica gravada, então se você quiser pode compartilhar com amigos por esse link: https://www.youtube.com/live/x4I9vIqzuho?feature=share
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Lourenço Jardim comentou:
31/01/2023
Veja um trecho do artigo do Cesar Benjamin: "Toda atenção é pouca para o que se passou nos últimos anos nas terras dos ianomâmis. Não só pela tragédia humanitária em curso, que precisa ser controlada no menor tempo possível. Refiro-me a outro aspecto da questão. Esse território é riquíssimo em ouro, diamantes e outros minérios preciosos. Instalou-se ali uma megacentral criminosa que reúne a nata do bolsonarismo: militares corruptos nomeados para a Funai, pastores pentecostais, facções criminosas, como o PCC, contrabandistas de todos os tipos, conexões internacionais, tudo junto e misturado no comando de 20 mil garimpeiros ilegais, uma verdadeira infantaria de selva. O GSI, comandado por Augusto Heleno, sempre esteve presente. É o único caso que conheço em que um general de Exército compartilha o mesmo projeto com o crime organizado. Já saiu a notícia de que o governo Bolsonaro repassou cerca de R$ 900 milhões para uma ONG pentecostal que fretava aviões para levar garimpeiros para lá. Eles assumiram o controle de todos os aeroportos da região. O então presidente esteve lá, pessoalmente. Tudo financiado com ouro extraído ilegalmente do território brasileiro. Muito ouro, cujos destino se desconhece. O extermínio do povo ianomâmi, em curso, era condição para o pleno controle dessa área por um estado paralelo..."
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Istério Magon comentou:
31/01/2023
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Miguel (EGC) comentou:
31/01/2023
Uma aula importantíssima para entendermos a dimensão dessa tragédia.
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Roberto E. Zwetsch comentou:
31/01/2023
Bessa, meu caro mestre e amigo, grato por colar aí meu poema de 1992! A tragédia hoje se repete, mas com requintes de crueldade e perversidade capitaneada pelo Inominável. Ele e seus generais serão processados por crime contra a humanidade,. ah, serão. Quero ve como irão se defender . Nós seguiremos na luta pela Vida desse belo povo, que mesmo à beira da morte, RESISTE. GRATO PELO ARTIGO BEM DOCUMENTADO DE SEMPRE. RZ
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Ana Silva comentou:
31/01/2023
Direto, combativo e informativo! Genocídio, essa palavra define bem o desgoverno do brochavel.
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Leonardo Pereira de Castro comentou:
30/01/2023
Militar é a GUARDA PRETORIANA do GRANDE CAPITAL PREDADOR!
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Sandra Rami comentou:
30/01/2023
Temos pessoas que não tem um mínimo de respeito por nossa extensão territorial, diversidade linguística e de costumes, mas ele como militar não se enquadra nessa categoria, deveria ter conhecimento e proteger ao invés de tentar destruir.
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Antonio Castro comentou:
30/01/2023
José Bessa Texto muito bom, prova cabalmente que houve dolo do genocida, ele queria praticar os crimes contra aquele povo.
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Miguel Farah Neto comentou:
30/01/2023
Uma aula importantíssima para que entendamos essa tragédia.
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José Alcimar comentou:
29/01/2023
Segundo Immanuel Kant, "é um crime contra a natureza humana" impedir ou conjurar contra o acesso do povo ao conhecimento. Ribamar Bessa, com afinamento da inteligência, liberdade de espírito e leveza cáustica, esconjura a farsa e a infâmia montadas para destruir o povo indígena Yanomami. Contra a mentira e o ódio organizados como política, financiados com dinheiro público, vale o bom combate da verdade histórica travado a céu limpo pelo professor Ribamar Bessa em defesa da Amazônia que resiste em cada Yanomami. Mais do que um artigo, uma aula para incomodar "os deficientes cívicos", conforme acertado conceito de Milton Santos.
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Gustavo Soranz comentou:
29/01/2023
O genocídio resulta de um método. Mourão recebia responsável por invasões na TI Yanomami em seu gabinete. Veja DE OLHO NOS RURALISTAS Observatório do agronegócio no Brasil. https://deolhonosruralistas.com.br/2023/01/25/mourao-recebia-responsavel-por-invasoes-na-ti-yanomami-em-seu-gabinete/?
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Aldenor Ferreira, via Zapp comentou:
29/01/2023
Muito bom o texto do prof Bessa. Ele dá uma grande contribuição para a batalha de reestabelecimento da verdade nesse país. Não fiz ainda um estudo aprofundado sobre isso, mas partindo de pequenas constatações, me parece que Brasil ???????? e Estados Unidos ????????são, hoje, os campeões mundiais de Fake News. Poucos lugares do mundo se vive tão cotidianamente a era da pós verdade como nesses dois países. Vá de retro satanás!!!
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Tania Pacheco comentou:
29/01/2023
Publicado em COMBATE - RACISMO AMBIENTAL - https://racismoambiental.net.br/2023/01/29/genocidio-existem-mesmo-esses-yanomami-por-jose-ribamar-bessa-freire/
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Diário do Amazonas d24am. comentou:
29/01/2023
Versão impressa em https://d24am.com/colunas/taquiprati/genocidio-existem-mesmo-esses-yanomami/
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Edmundo comentou:
29/01/2023
super, muito boa hora pra desfazer esses fios de continuidade narrativa genocída
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Bruna Franchetto (via zapp) comentou:
29/01/2023
Família das línguas yanomamis tem distinções sutis. Idiomas da família yanomami compartilham com várias outras línguas indígenas sul-americanas as estruturas que definem a chamada evidencialidade. (Folha DE SP 28/01/2023). https://www1.folha.uol.com.br/colunas/reinaldojoselopes/2023/01/familia-das-linguas-yanomamis-tem-distincoes-sutis.shtml Aqui vão alguns trechos Coluna de Reinaldo José Lopes, texto baseado no capítulo "O valor da informação na língua sanöma", escrito por Joana Autuori e Helder Ferreira para o livro "Índio Não Fala Só Tupi", organizado por Bruna Franchetto e Kristina Balykova. Os yanomamis não falam uma língua única, mas uma família de seis idiomas aparentados entre si, que talvez tenham começado a divergir entre si há cerca de um milênio. Basta examinar alguns detalhes do funcionamento de uma dessas línguas para perceber que as coisas que consideramos completamente naturais no português ou em outros idiomas europeus podem ser apenas acidentes históricos. Nenhuma pessoa capaz de ler esse texto, por exemplo, precisa fazer um esforço consciente para montar frases seguindo a lógica SVO –sujeito + verbo + objeto, como em "O menino beijou a mãe". No entanto, em sanöma, língua yanomami com cerca de 5.000 falantes, o normal é dizer "Wanotönö öla asäpalöma", "O homem a onça matou". Sabemos que quem morreu foi o felino da história, e não o humano, porque estamos falando de uma língua do tipo SOV. Apesar de seu aparente isolamento, os idiomas da família yanomami compartilham com várias outras línguas indígenas sul-americanas as estruturas que definem a chamada evidencialidade. Ou seja, o que os falantes usam para explicitar de onde tiraram as evidências sobre aquilo de que estão falando. Se uma afirmação termina com "ki-pi", por exemplo, trata-se de uma indicação de que o falante presenciou aquele fato no passado distante. Se ele usa "tha-pi" na mesma posição, trata-se de um dado de que ele ouviu falar sobre esse passado, sem ter visto aquilo pessoalmente. Por fim, "noa" no final da frase corresponde a uma inferência lógica. "Wa sanömo noa" = "(Parece que) você tomou banho" (porque seus cabelos estão molhados, por exemplo).
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Valter Xeu comentou:
29/01/2023
Publicado em PATRIA LATINA - https://patrialatina.com.br/genocidio-existem-mesmo-esses-yanomami/
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Ione Couto comentou:
29/01/2023
Escutei até que não eram os Yanomemi do Brasil, e sim da Venezuela.. O negacionismo persiste.
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Loretta Emiri (via FB) comentou:
29/01/2023
No texto do professor José Bessa, tudo que precisamos saber sobre o genocídio yanomami, porque é genocídio sim.
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Manu Rebollo comentou:
29/01/2023
Maravilhoso texto, professor, muito obrigado. Ao mesmo tempo que é formador, é informativo. Eu ainda não sei como, mas pretendo começar a inserir alguns textos sistematicamente nas aulas da especialização em educação ambiental, aquela em que tu discursaste uma vez.
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Celeste Correa comentou:
28/01/2023
Mano, eu sempre tive uma certa dificuldade de compreender a opção pela candidatura do Brochável. Não conseguia analisar essa escolha como uma decisão somente ideológica, como apenas uma opção entre esquerda e direita. Eu penso que quem conhecia minimamente a postura do Coiso conseguia enxergar que votar contra essa candidatura era, principalmente, uma questão humanitária, era votar contra a tortura, contra a homofobia, e contra vários tipos de preconceitos causadores de tantas mortes na sociedade e defendidos por ele. E isso se confirmou depois do genocídio cometido pelo seu governo na pandemia, se repetindo agora contra os povos Ianomâmis . Uma crueldade sem igual. Eu confesso que tenho uma tremenda dificuldade de ver as imagens dos corpos esquálidos e cadavéricos de crianças, jovens, idosos mostrados na mídia, mas penso que elas precisam ser mostradas com riqueza de detalhes para que esse crime não fique impune e nem caia no esquecimento.
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