CRÔNICAS

A raça pura: que Brasil você quer para o passado?

Em: 23 de Setembro de 2018 Visualizações: 23270
A raça pura: que Brasil você quer para o passado?

Levanta a mão aí quem já ouviu falar da Revista do Brasil (RB)?  Ela era porta-voz da Liga Nacionalista de São Paulo e foi fundada em 1916 por Júlio de Mesquita, dono do Estadão. Estou dando uma de sabichão, mas confesso que ignorava sua existência até a semana passada, quando li o texto de Julieta Figueiredo, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Biociências da UNIRIO. Ela pesquisa o tratamento dado pela revista às políticas de eugenia e de saneamento, com foco na fase em que foi dirigida por Monteiro Lobato, então seu proprietário (1918 a 1925).

A RB se antecipou em cem anos ao Jornal Nacional da TV Globo, formulando de uma certa forma a pergunta: Que Brasil você quer para o futuro? Suas páginas abrigavam articulistas, muitos deles da Academia Nacional de Medicina, que em nome da ciência, davam repostas sobre o Brasil do futuro, ou seja, aquele em que agora vivemos. A “solução” para o país seria “melhorar a raça brasileira”, com políticas destinadas a selecionar os tipos eugênicos – os sadios bem nascidos - e separá-los dos degenerados e dos imigrantes africanos e asiáticos. A “nação do futuro” teria o predomínio da “raça branca”. 

Como conseguir isso? Em busca de respostas, o movimento desembocou no I Congresso Brasileiro de Eugenia, em 1929, do qual participaram bacteriologistas, microbiologistas, médicos, psiquiatras, antropólogos, engenheiros, agrônomos, jornalistas e professores. Mas a proposta de Azevedo Amaral de proibir a entrada de negros no país foi derrotada por três votos de diferença. O físico Oscar Fontenelle pediu recontagem de votos, defendendo o modelo norte-americano que “protegeu a sua raça de imigração japonesa e negra”.

Falsa ciência

De qualquer forma, cinco anos depois, a Constituição brasileira de 1934, que sofreu influência da política norte-americana do New Deal, em seu artigo 138, estabelecia que a União, os Estados e os Municípios deveriam “estimular a educação eugênica”.

A mulher, considerada incapaz física e organicamente, o negro e o índio foram alvo dos discursos eugênicos apresentados na RB. Os negros aparecem como dotados de “inteligência inferior, falsos, desconfiados, mentirosos e devassos”, os índios como “indolentes e selvagens primitivos”.  Os imigrantes não europeus eram “indesejáveis”, com cobrança de multas pesadas aos comandantes de navios que os transportassem. Lobato ampliou a rede de venda da revista em 300 livrarias espalhadas pelo país e quase 2 mil distribuidores em farmácias, padarias e lojas de varejo.

Para atingir um público, cuja população era formada por 75% de analfabetos, a RB usou e abusou de charges e caricaturas racistas ofensivas à inteligência e à espécie humana. Uma delas mostra uma mulher que, espancada pelo marido, se queixa à sua mãe, que lhe diz: “Queres que vingue a bofetada que teu marido te deu? Pois bem, dou-te outra. Porque se ele bateu em minha filha, eu bato também na mulher dele”. Esse era o Brasil que queriam para o futuro. Está aí o Bolsonaro que não me deixa mentir.

A eugenia no Brasil investiu pesado na identidade feminina, com claro viés racista: “Muito sultão tem trocado quatro esposas morenas por uma loira e não consta que tenham se arrependido” garante um articulista no número de 1921 da RB. Monteiro Lobato comentou: “Embora reconhecendo as queixas que a mulher tem do macho, sem o concurso dele nada valeríamos no mundo. Viva o macho forte que suplantou o macho fraco”.

Embora a Revista do Brasil não reservasse espaço para opiniões contrárias, havia, porém, quem discordasse dessas concepções de eugenia, confirmando o que afirma Foulcault: “Onde tem poder, tem resistência”. Um dos opositores foi o médico sergipano Manoel Bonfim, que chamou a eugenia de “falsa ciência”, desmascarando o racismo científico em seu livro “A América Latina: males de origem”. O outro foi o antropólogo Roquette-Pinto para quem “o mestiço tem plenas condições de povoar o país” e que nenhum dos tipos classificados por ele “apresentavam qualquer tipo de degeneração”.

Os degenerados

A doutoranda se apoiou em vários autores com estudos recentes sobre o assunto como Tânia R. de Luca, Maria Inês Campos, Pietra Diwan e outros. Um deles, Valdeir Del Cont (2013), cientista social da Unicamp, dá pistas sobre a fonte inspiradora dos artigos da RB, com uma citação assustadora, que ecoa ainda hoje nas vozes de candidatos a presidente e vice-presidente da República:

“Os ideais eugênicos encontraram nos Estados Unidos terreno fértil para sua proliferação, sob a tutela do geneticista Charles Benedict Davenport. Ele calculava que pelo menos 10% da população americana era formada por degenerados que, por isso, deveriam ser identificados e catalogados, com o objetivo de tomar as devidas precauções para interromper a cadeia reprodutiva, seja por segregação em campos ou fazendas ou por esterilização. Participavam dessa lista: criminosos, surdos, cegos, mudos, débeis mentais, epilépticos, tímidos, introvertidos, calados, gagos e os que falavam inglês de forma incorreta”.

Fiquei com meu “pescoço em francês” na mão, bem apertadinho, porque me enquadro em várias dessas categorias de degenerados, inclusive com meu inglês macarrônico. Mas o preconceito do “inglês incorreto” era direcionado ao “black english” falado pelos negros nos Estados Unidos, cuja legitimidade como uma das variantes do inglês americano marcado pelo contato com línguas africanas, foi reconhecida pelos estudos do sociolinguista William Labov, em 1969, que destacou seu papel na música e na literatura.

É phoda!

No Brasil – informa a doutoranda – o médico Renato Kehl, voltou da Alemanha com pensamentos eugênicos radicais, afirmando que o saneamento por si só não resolveria os problemas do nosso país, cujo povo em sua maioria “apresentava uma genética degenerada”. O saneamento, defendido por alguns intelectuais como Roquette Pinto, “não atingia a genética do ser humano” - contrapõe Kehl, que pregava a separação dos tipos eugênicos, o controle da imigração, a esterilização dos degenerados e o branqueamento da população a partir do “matrimônio correto”.

Em carta a Renato Kehl, que era o pai da eugenia no Brasil, Monteiro Lobato diz: “Precisamos lançar, vulgarizar estas ideias. A humanidade precisa de uma coisa só: poda. É como a vinha”. Quando deixou a direção da RB, em 1926, antes de viajar para os Estados Unidos, escreveu “O choque de raças ou o presidente negro”, romance no qual descreve o “conserto do mundo pela eugenia”, onde a “raça branca superior” extermina a “raça negra, inferior”, através da esterilização.

O escritor que alegrou a nossa infância com suas histórias, nos entristece com suas propostas racistas. É phoda mesmo! Cem anos depois da Revista do Brasil defender seu projeto de nação, ao ouvir o capitão Jair Bolsonaro e o general Mourão, podemos dizer que o futuro chegou? Qual o Brasil que você quer para o passado?

P.S.1 -  Julieta Brittes Figueiredo. Revista do Brasil: as representações eugênicas/higiênicas da saúde no período lobatiano (1918-1925). Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Biociências da UNIRIO. Banca de qualificação (17/09/2018): Wellington Amorim (orientador), Tânia Maria de Almeida Silva`, Lilian Fernandes Ayres, Fernando Porto e José R. Bessa.

P.S. 2 - Parte deste texto foi apresentado oralmente na sexta-feira (21) durante o Seminário Educação e Resistência comemorativo dos 40 anos da Escola Oga Mitá. Da mesa em homenagem a Marielle Franco, assassinada há 6 meses, sem que até hoje tenham sido identificados os autores do crime, participaram Mônica Sacramento, professora da UFF; Mônica Francisco, cientista social e candidata a deputada estadual (PSOL 50888); e este locutor que vos fala. A mediação foi feita pela escritora Ana Paula Lisboa. Éramos ali, com muita honra, quatro mulheres negras, além da presença de Marielle. 

 

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29 Comentário(s)

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Ligia Maria Motta Lima Leão de Aquino comentou:
26/01/2020
Só li esse texto agora. E infelizmente está cada vez mais atual.
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Vanderson Lourenço comentou:
28/09/2018
Será que encontro um exemplar dessas revistas nos sebos?
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Magela Ranciaro (via FB) comentou:
28/09/2018
O estudo dos antropologistas da época sobre a craniometria diz muito sobre essa história toda. Lucas da Feira que o diga!
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Herman Marinho comentou:
28/09/2018
É duro ter q enfrentar nesse presente, o futuro q o passado projetou. Esse, da eugenia, é o BRASIL q eu nunca quis, que não quero e nunca quererei. Triste tbm ver esse lado da personalidade de Monteiro Lobato.
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Susana Bernal (via FB) comentou:
26/09/2018
Professor, depois da defesa, por favor, dê notícias. Gostaria muito de ler a tese da colega, assim que ela finalizar.
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Rômulo Andrade (via FB) comentou:
26/09/2018
reflexão necessária a respeito da Eugenia - mentalidade e tentativa equivocada de branquear a população brasileira. Agora eu entendi porque os militantes do movimento negro detestam Monteiro Lobato a ponto de tentar banir e sabotar a sua obra. A meu ver apesar de partidário dessa ideologia, penso que o escritor tem o seu lugar na literatura infanto juvenil. Quando menino me diverti muito com o Sítio do Pica-pau amarelo. E viva tia Anastácia, dona Benta - o lindo e mestiço Povo Brasileiro ! Grato, professor José Bessa .
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Welton Oda comentou:
26/09/2018
Até hoje, quando falo que Monteiro Lobato era financiador da Ku-klux-klan muita gente se surpreende. Belo resgate histórico!
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Loretta Emiri (via FB) comentou:
26/09/2018
LE CONTUNDENTI E IRONICHE OSSERVAZIONI DEL PROFESSOR José Bessa.
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Selma Kupski (via FB) comentou:
25/09/2018
Ótimo, cada dia que conheço mais a história do nosso país é mais um de decepção.
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Lenise Ipiranga comentou:
24/09/2018
Segregação é um dos flagelos da humanidade ... o Brasil por mais fundamentalmente miscigenado que seja sempre teve esse viés da elite "rica" e "branca" ... e o que vemos hoje é apenas uma herança maldita velada das "pessoas de bem" ... a luta é contínua ... a resistência se faz premente !!!
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Herman Marinho comentou:
24/09/2018
É duro ter q enfrentar nesse presente, o futuro q o passado projetou. Esse, da eugenia, é o BRASIL q eu nunca quis, que não quero e nunca quererei. Triste tbm ver esse lado da personalidade de Monteiro Lobato.
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Lidia Angela Di Fabrizio - da Silva comentou:
24/09/2018
Estou o amei, muito decepcionada com monteiro Lobato. Muitos e muito anos amonfesso q gostsava e o reverenciava fazendo lindos trabalho de coreografia usando seu trabalho. Agora estou muito decepcionada e assinei a carta de divorcio com ele... Descobri q ele é um grande fdp e porco racista. Tomara q esteja queimando no fogo do inferno.... Mas é assim mesmo, sempre ouvi palavras racistas, me chamaram até de filha do estupro por ser uma mistura de pai sarará e mae mameluca na vedade nem sei o q ela é pq seu pai era um cearence (como se escreve "cearese?") e uma avo mameluca mas q nasceu como indígena e como tal foi criada.Minha mãe era de cor linda sempre bronseada e os cabelos eram lisos e ela fazeia permanente pra ficarem cacheados pq nao queria se parecer com o cacique Juruna. Certamente eu seria eliminada por Monteiro Lobato, fdf, fdp, fdp por ser uma degenerada, bastarda, filha do estupro.... O cara era muito burro na vdd pq só um idiota não sabe q a unica diferença biológica de um ser humano está na cor da pele, nos cabelos, nos olhos e no naris pra q se pudesse se adaptar ao novo habitat e assim preservar a raça humana.... Imagina a raiva desses eugenios se me conhecessem e vissem q sou capaz de discutir com eles e q não abaixaria nuncca a cabeça pra essa corja de primitivos. Os racistas são primitivos e estúpidos. Como já ouvi de muitas brancas q eu me devia por no meu lugar e me confortasse à minha situaçao de subraça ... O pior foi qdo tiveram q engolir q a neguinha sabia falar alemão, entendia de ópera e música classica e dançava balé classico e outras coisas q elas nem sabiam o q eram e q não conheciam o talher de peixe e nunca tinham comido caviar... Incr´vel como o ser humano é tão "inho" q ainda não entendeu q o cocô fede igua, q a morte vem pra todos e q qdo estaão morrendo em um hospital e precisam de transfusão de sangue o desespero é tanto q nem se preocupam em saber se o sangue q estaão reebendo é de preto ou de branco, mestiço ou não.... Em um século as coisas não mudaram e ainda estamos vendo as idéia desses escritores da RB bem vivos. Esquecerem q a origem da palavavra HUMANO é HUMUS, e umus serve pra q? ....
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Decio Adams comentou:
25/09/2018
Parabéns pelo seu comentário. Sou branco, descendo em linha direta de germânicos e austríacos. Por conta de minha origem e educação na infância, teria tudo para ser mais um racista, daqueles radicais. A vida no entanto me ensinou desde cedo a reconhecer que as diferenças não estão na cor da pele, no tipo de cabelo, se ele é louro, ruivo, castanho ou preto, mas sim no caráter. Tive colegas de escola, de serviço militar, vizinhos e mesmo prestadores de serviços que eram morenos e também negros retintos. Posso afirmar sem titubear que eram de longe os melhores que conheci. Também vim conhecer essa faceta de Monteiro Lobato nos dias atuais, por conta do artigo escrito por José Ribamar Bessa Freire. Tenho até um poema musicado, que fala na diversidade de cor, raça, religião, nível sociocultural, afirmando no refrão: "Somos todos irmãos, criados por Deus".
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Maria Da Gloria Abdo (via FB) comentou:
23/09/2018
Um período onde ainda não existia o politicamente correto nem leis que punia racismo e afirmações que a raça branca era a saudável limpa e que deveria ser preservada .Mas essas idéias ainda existe e está tomando forma de uma jeito perigoso.
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Jaqueline Rainova (via FB) comentou:
23/09/2018
O sonho da direita é voltar a esses tempos. O mais esdruxulo nisso são mulheres, negros e gays, apoiando algo que lhes prejudicará, também. Contudo, creio que estejam pensando que, se alguém se atrever a lhes tratar da mesma forma que tratarão aos outros negros, gays e mulheres, acho que pensam em responder na bala. Afinal, haveria o porte arma liberado. E será bom que lembrem: bala que mata Chico, mata Francisco.
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Luiz Fernando Souza Santos (via FB) comentou:
23/09/2018
Maravilhoso texto do José Bessa sobre o Bolsonaro e Mourão que habita a alma da elite brasileira desde os tempos de Júlio de Mesquita. Essa bagaça reacionarista vem de longe. Como aponta o autor: "é phoda mesmo".
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Devair Fiorotti (via FB) comentou:
23/09/2018
Belo texto José Bessa e necessário no sentido de olhar melhor nosso passado. Mas o Lobato era uma contradição só: ele, se não me falha a memória de quando estudava Lima Barreto, foi um dos poucos a incentivá-lo, dar atenção a ele e a seus textos. Forte abraço desde a Terra de Macunaima.
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Felipe Berocan Veiga comentou:
23/09/2018
Excelente, José Bessa!!! Triste constatar que a eugenia e o racialismo ainda permanecem no Brasil...
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Alberto Santoro comentou:
23/09/2018
Ao ler ser artigo de hoje, com surpresas sobre Monteiro Lobato me lembrei de chamar sua atenção para o musical “ELZA” sobre Elza Soares no Teatro Riachuelo no Passeio (centro Rio). É simplesmente fantástico e vale muito a pena ver. Se voce não viu vai logo porque esta é última semana. Tenho certeza que voce vai adorar. Grande abraço Santoro
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Mariana Estela Cristina Santoro comentou:
23/09/2018
Dentro deste panorama . "Estou ferrada. Estrangeira, meu Inglês (se pode ser chamado de língua) e muito bastardo. A este ponto vou preparar meu passaporte para não perder validade, se a ultima saída for um aeroporto.
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Rodrigo Martins Chagas comentou:
23/09/2018
Boa tarde professor Bessa! Parabenizo não só o senhor pela maravilhosa crônica (confesso que não conhecia nada a respeito da Revista do Brasil) mas também a doutoranda Julieta Figueiredo pela riqueza do material pesquisado. Essa política da eugenia eu classificaria como uma "criogenia intelectual" (um pensamento congelado, retrógrado e que merece a nossa repulsa sempre). Ao ler toda a crônica cheguei a uma conclusão: esse jovem e tímido pedagogo seria convocado para seleção dos degenerados. Um grande abraço professor! PS:Professor adorei a parte a do "pescoço em francês" na mão, genial, hahahahaah
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Silver Pinto (via FB) comentou:
22/09/2018
Acabei de ler.... Como de costume, o jornaleiro joga sempre por um buraco da porta, três Jornais , e entre eles o Diário do Amazonas. Li na íntegra o taquiprati. Fiquei horrorizado com os fatos históricos sobre essa RB ( Revista Brasil). Lendo o relato sobre a falsa ciência ( Eugenia) fiz uma comparação com um filme de Martin Scorsese; Novo Mundo, que conta a história de imigrantes pobres e analfabetos, que saíra das longínquas Montanhas da Sicília -Itália para uma longa viagem a um novo sonho de vida melhor. E qe nas políticas de Imigração já aplicavam leis eugenicas segregando analfabetos e o mudinho da Famiglia do Siciliano Mancuso .
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José Manais (via FB) comentou:
22/09/2018
NÃO TRANSFIRA SEU ERRO METODOLOGICO PARA MIM , QUERIDO MESTRE Prezado professor, eu não concluí que Monteiro Lobato é ou nâo racista pela defesa que faz da cultura dos afrodescendentes em sua ficção literária. O que eu disse é exatamente o contrário. Que a doutorando ou o senhor não podem concluir que ele é racista apenas pelo que escreveu na Revista Brasil, assim como eu não posso concluir o contrário pela defesa que ele faz dos afrodescendentes em sua obra de ficção. Ajuiazanentos apressados dogmatizam as ciências humanas ao priorizar a tese/hipótese ou o preconceito sem a correspondência dos dados.
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Taquiprati comentou:
22/09/2018
Prezado Manais, vamos combinar assim: o escritor Monteiro Lobato é admirado pela doutoranda, por mim, e por você por seu talento literário quando escreve suas histórias que encantaram nossa infância. Isso está dito no meu texto. O Monteiro Lobato na Revista Brasileira defende propostas eugênicas, claramente racistas. Erro metodológico meu? Pode ser. Pra te falar a verdade, eu nem sei direito o que é essa metodologia científica na qual voce se ampara. Caro Manais, gostaria muito de continuar nossa conversa depois que vc ler a Revista do Brasil. Você levantou a mão quando perguntei quem conhecia a RB? Talvez isso seja mais efetivo do que ficarmos pontificando sobre erros metdologicos. .
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Jose Manais (via FB) comentou:
22/09/2018
CONCLUSÃO APRESSADA E PERIGOSA Professor, com a dévida vênia, a conclusão da doutoranda é anticientífica porque é baseada em um fragmento e não no conjunto da obra.. Por este discurso de Pedrinho, neto de D. Benta, dona da fazenda , posso concluir o contrário , porque nele Monteiro Lobato enaltece a cultura dos afrodescendentes ao elogiar tia Anastácia.: " “As negras velhas são sempre muito sabidas. Tia Nastácia é o povo. Tudo o que o povo sabe e vai contando de um para outro, ela deve saber. Estou com o plano de espremer Tia Nastácia para tirar o leite de folclore que há nela” Lobato também utiliza características africanas na construção de outro de seus personagens negros, Tio Barbabé (que também é um sábio dos costumes populares e do folclore), e reconhece a importância desta influência africana na cultura brasileira. Além disso, o autor – no conto “Negrinha” – denuncia crueldades presentes no escravismo. A doutoranda precisa estudar mais epistemologia e mudar o modo de chegar as suas conclusões É da totalidade da obra e da vida que ela pode sugerir hipóteses. Há racistas que mudam de opinião e antiracistas que viram racista. O vida e o pensamennto são complexos. Com a devida vênia.
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taquiprati comentou:
22/09/2018
Prezado Manais, se erro há, não é da doutoranda, é meu. Ela não concluiu ainda sua pesquisa. Ela não está estudando a "totalidade da obra", mas apenas aquilo que Monteiro Lobato escreveu sobre eugenia na Revista do Brasil. Em nenhum momento nem ela, nem eu, dizemos que a totalidade da obra é racista, mas apenas que suas ideias expressas sobre eugenia são racistas. Também a conclusão não é sobre a obra de Monteiro Lobato, mas sobre suas ideias relativas à eugenia, que estão assinadas e datadas. Te aconselho a ler a Revista do Brasil no periodo de Monteiro Lobato. Me parece que vc está incorrendo no mesmo "erro" que vê naquilo que escrevi: ou seja, está tomando a literatura infantil como a totalidade da obra. Nós todos somos assim, Manais, não somos coerentes: você, eu, Monteiro Lobato, o mundo.. Também não sei como voce qualifica como anticientifica uma pesquisa que voce desconhece, baseado num artigo jornalístico. Também desconheço qual o conceito de ciencia com o qual voce opera.
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Ana María Gorosito Kramer comentou:
22/09/2018
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Ana Silva comentou:
22/09/2018
Bravo, excelente crônica. O Brasil do futuro é o país do Taquiprati - inteligente, reverente, resistente, indígena, negro, feminino, sensível e poético. Esse é o país que eu desejo para o futuro/hoje. Muito grata por esse belíssimo texto.
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