CRÔNICAS

Os anticristo de quem nem o diabo gosta

Em: 21 de Junho de 2015 Visualizações: 43512
Os anticristo de quem nem o diabo gosta
Dizem que domingo passado o Diabo saiu do inferno e foi dar uma voltinha na  Vila da Penha, no Rio. Escondeu o rabo (preso), vestindo o terno do deputado Eduardo Cunha (PMDB, vixe, vixe). Ocultou o chifre (queimado), botando a peruca do pastor Silas Malafaia. A cueca (usada) era do deputado Marco Feliciano (PSC, vixe, vixe), pastor da Catedral do Avivamento. Assim, disfarçado e endomingado como quem vai à missa, o Capiroto presenciou uma maldade que nem ele tem coragem de praticar: o apedrejamento de uma menina de 11 anos, que saía alegre da festa de candomblé vestida de branco com seu turbante - o ojá - enrolado na cabeça.

- "Macumbeira, vai queimar no inferno. Sai Satanás" - gritavam os marmanjos. Na mão esquerda traziam a Bíblia, na direita pedras que quebraram a cabeça de Kayllane Campos, uma criança. Saiu muito sangue, ela desmaiou, enquanto eles berravam: - "Aleluia! Jesus está voltando", mas quem voltou mesmo foi o "Coisa Ruim", por não acreditar naquilo que via: seres humanos que eram ainda mais escrotos do que ele. Horrorizado com tanta perversidade, o Capeta se pirulitou de regresso ao seu cafofo, onde está à espera dos apedrejadores, numa versão atualizada da narrativa de um personagem do filme Rashomon de Akira Kurosawa.
Este não foi um fato isolado. O país respira intolerância por todos os poros. O fanatismo, inclusive no campo político, atinge nível tão insuportável que nem o Diabo aguenta e até Deus duvida. Diariamente, em algum lugar do país, pitbulls engravatados agridem religiões afro-brasileiras e profanam a Bíblia que carregam como se fossem tijolo. O registro oficial, que deixa de fora muitas ocorrências não notificadas, apresenta dados alarmantes nos últimos quatro anos. Os crimes foram 15 (2011), 109 (2012), 231 (2013) e 249 (2014), com o Rio em primeiro lugar e o Amazonas em terceiro, numa curva sempre crescente.
Pacto com o Capeta
Nesta estatística não consta o que aconteceu outro dia em Cachambi, bairro do Rio. Uma corja de energúmenos explodiu um morteiro dentro de um templo umbandista, arrombou portas, quebrou imagens, destruiu a casa das almas e vandalizou a casa de Exu. Recentemente mães e filhos de santo foram expulsos dos morros do Rio por militantes pentecostais. Há duas semanas, morreu em Camaçari (BA), Mãe Dedé de Iansã, que não suportou os ataques de membros da igreja evangélica instalada em frente ao terreiro Oyá Denã.
Na última quinta-feira, foi a vez de um templo espírita na Rua Humaitá (RJ) ser apedrejado por três indivíduos com a Bíblia na mão. Quebraram estrela, imagens de Buda e de Nossa Senhora Aparecida. Nem os mortos escapam: no mesmo dia, lá em Uberaba (MG), danificaram o túmulo do médium Chico Xavier. Parece que o cordeiro de Deus não tirou os pecados do mundo, mas tirou a humanidade e a inteligência dos agressores.
Não temos notícias de punição para tais crimes hediondos, embora representantes da Umbanda e do Candomblé tenham pedido ao Ministério Público abertura de inquérito civil para investigar casos de intolerância religiosa, mencionando os "Gladiadores do Altar", grupo formado por jovens da Igreja Universal (Iurd), que uniformizados como militares, marcham e gritam palavras de ordem como um batalhão do exército.

Mesmo diante do fato de que os agressores são quase sempre pertencentes a igrejas de diferentes denominações evangélicas, o pastor Silas Malafaia, dirigente do Conselho de Ministros Evangélicos do Brasil (CIMEB), exime a instituição de qualquer responsabilidade: "Se um umbandista ataca uma igreja evangélica, não podemos culpar a Umbanda" - ele relativiza. É bebé? Só que não existe registro de um único caso de ataques a um templo evangélico por umbandistas. Não existe. Nem de discurso contra outras religiões. Os umbandistas, ecumênicos, não acham que a sua é a única fé verdadeira e que as demais são do Cramunhão.
Os donos de Cristo
Já o contrário aparece com frequência. A Igreja Universal postou no Youtube vídeos que debocham do Candomblé e da Umbanda. O Ministério Público Federal, invocando a liberdade de crença e de culto garantida pela Constituição de 1988, pediu no ano passado que fossem de lá retirados. No entanto, o juiz Eugênio Rosa de Araújo, da 17ª Vara Federal (RJ), indeferiu, afirmando que "manifestações religiosas afro-brasileiras não podem ser classificadas como religião", porque - segundo ele - "não possuem um livro sagrado como a Bíblia ou o Alcorão".
De um lado, o juiz grafocêntrico cartorializou a Bíblia, entendendo que religião é como jogo do bicho: só vale o que está escrito. Para ele, valores, rituais e saberes que circulam no mundo da oralidade não podem aspirar o status de religião oficial. De outro lado, o pastor Malafaia, que segundo a revista Forbes é o terceiro pastor mais rico do Brasil com um patrimônio de 150 milhões de dólares, não assume que as instituições religiosas têm um papel na gestão e no controle da ideologia do seu rebanho, influenciam o comportamento dos fiéis e fornecem, inclusive, as consignas que embora mencionem a Bíblia, usam a metodologia do Capiroto (PSDB, vixe, vixe).
Resta saber as razões de tanto ódio contra quem reza por outra cartilha. Uma pista foi dada por Contardo Calligaris em sua coluna na Folha de SP desta semana: "Em geral, os que transformam a fé em comércio preferem deter o monopólio de seu profeta, de seus dogmas, de suas cerimônias (...) querem ser os únicos donos do Cristo para vendê-lo melhor".

Talvez a intolerância possa mesmo ser explicada pela lógica do mercado. Certos comerciantes da fé e empresários espertalhões do faith-business buscam atrair adeptos, disputando entre si o dízimo e os recursos do estado com a isenção de impostos e dotações orçamentárias conquistadas pela bancada evangélica no Congresso Nacional. Embora não saiba, a menina apedrejada pagou pelo fato de o candomblé ter crescido 31.3% em dez anos, num período em que a população brasileira aumentou 15.7%. Daí o preconceito e a pedrada que horrorizou o próprio diabo.
O arroz e a flor
A antropóloga Renata Menezes, professora no Museu Nacional e pesquisadora do ISER, abre seu artigo Religiões e culturas: o desafio da diferença com o relato de um cara que colocava flores no túmulo da mãe, quando viu um chinês colocar um prato de arroz na lápide ao lado.
- Desculpa, mas o senhor acha mesmo que o seu defunto virá comer o arroz - o cara pergunta.
- Sim, ele costuma vir na hora em que a senhora sua mãe vem cheirar as flores - respondeu o chinês.

P.S. O relato da Renata menciona apenas um parente, mas não resisti e meti a mãe no meio. A autora discute a diversidade humana, a forma como os grupos sociais lidam com as diferenças religiosas e o choque cognitivo entre eles. O leitor interessado em aprofundar o debate sobre religião, cultura e sociedade no Brasil, assim como sobre as relações entre umbanda e pentecostalismo, encontra reflexões esclarecedoras nos artigos de Renata de Castro Menezes, entre os quais Aquela que nos junta, aquela que nos separa: reflexões sobre o campo religioso brasileiro atual a partir de Aparecida e no texto de Rubem César Fernandes "Aparecida: nossa rainha, senhora e mãe, saravá"

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25 Comentário(s)

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Humberto Rodrigues Neto (eisFluencias) comentou:
14/09/2015
Excepcional este número de eisFluências, o qual se torna ainda mais autêntico quando publica uma crônica de substancioso conteúdo, como sói acontecer em "Que Nem o Diabo Gosta", de autoria do prezado confrade José Ribamar Bessa Freire, em cujo texto reduz a um lixo humano essa chusma de imbecis que, em pleno século XXI, ainda se dispõe a agredir, irresponsavelmente, adeptos de crenças que não as suas. Oportuníssimos os seus comentários, sejam pelo tirocínio do que expõe, sejam pelo agudo senso de percepção dos absurdos que perpetram, sejam, até mesmo, pelos termos jocosos com que ridiculariza tais ocorrências, em nada inferiores à violência com que uma seita de islamitas fanáticos elimina, de modo sangrento, os prosélitos de outros credos que divirjam de suas maquiavélicas convicções! Meus efusivos parabéns ao José Ribamar por tão expressivo trabalho!
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Humberto Rodrigues Neto comentou:
14/09/2015
PARA SI: COMENTÁRIO NO LIVRO DE VISITAS DA REVISTA EISFLUÊNCIAS Carmo Vasconcelos 14:57 [Manter esta mensagem na parte superior de sua caixa de entrada] Para: Jose Ribamar Bessa Freire Cc: Humberto - Poeta () PREZADO JOSÉ BESSA: Veja no Livro: http://www.livrodevisitas.com.br/ler.cfm?id=135599&begin=1&count=10 ************* Excepcional este número de eisFluências, o qual se torna ainda mais autêntico quando publica uma crônica de substancioso conteúdo, como sói acontecer em "Que Nem o Diabo Gosta", de autoria do prezado confrade José Ribamar Bessa Freire, em cujo texto reduz a um lixo humano essa chusma de imbecis que, em pleno século XXI, ainda se dispõe a agredir, irresponsavelmente, adeptos de crenças que não as suas. Oportuníssimos os seus comentários, sejam pelo tirocínio do que expõe, sejam pelo agudo senso de percepção dos absurdos que perpetram, sejam, até mesmo, pelos termos jocosos com que ridiculariza tais ocorrências, em nada inferiores à violência com que uma seita de islamitas fanáticos elimina, de modo sangrento, os prosélitos de outros credos que divirjam de suas maquiavélicas convicções! Meus efusivos parabéns ao José Ribamar por tão expressivo trabalho!
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Hans Alfred Trein comentou:
24/06/2015
Excelente texto, caro Bessa. Apoio em gênero, número e grau. Entrementes, é importante distinguir entre as igrejas pentecostais históricas (Assembléia de Deus, Congregação Cristão do Brasil... e suas dissidências) e os grupos neopentecostais (IURD e outras) que fizeram da boa fé popular um negócio lucrativo. Sou evangélico de confissão luterana. O que as organizações neopentecostais estão fazendo é a reedição das indulgências medievais (compra e venda da salvação), um sistema bem integrado no capitalismo financeiro atual e tratando Deus como um reles comerciante. No fundo, essas igrejas utilizam métodos semelhantes àqueles que criticam e concorrem pelo mesmo público. O diálogo interreligioso passa a ser uma necessidade cada vez mais imperiosa em nosso país que nunca foi aquela democracia racial e gentileza que sempre se apregoa. Há uma pré-disposição à violência queimando por baixo da superfície social que agora crescentemente se manifesta também no plano religioso. É hora de igrejas e escolas tratarem do assunto. Muito obrigado, Bessa, por sua brilhante análise. Abraços, Hans
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22/06/2015
Tem uma aluna da graduação da Pedagogia que está escrevendo a monografia sobre a intolerância religiosa, devemos falar mais e escrever mais nos espaços educativos, acredito que seja uma questão social e antropológica , as escolas ainda não conseguem falar sobre este tema porque nossa sociedade também não consegue, é o mesmo que voltar ao tempo e se esconder, espero que o Sagrado nos auxilie. Contato de geGusa Pontes de Moura
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Erondina Arauji comentou:
22/06/2015
Professor Bessa, sempre recebo suas crônicas com grande alegria. Admiro sua sua escrita bem humorada e ao mesmo tempo crítica e séria. Sempre as repasso para amigos e professores e estes me respondem entusiasmados com os textos. Porém, a crônica mais recente (que nem o diabo gosta) foi de grande impacto. Seu texto resume o que muitos brasileiros sentem diante de tanta intolerância. Parabéns e obrigada. Repassei para todos os colegas e professores e todos apreciaram o material. Abraços,
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Maiká Schwade (via FB) comentou:
22/06/2015
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22/06/2015
Belo texto professor Bessa. Está mais do que na hora de analisarmos as práticas religiosas e suas espiritualidades. Será que por trás de Jesus Cristo e sua mãe ( Maria... nossa, sua senhora) não se ocultam sinais de insultação aos irmãos de outras crenças. E as práticas da pregação será que não precisam um "ajustizinho" humano. Afinal antes de sermos cristãos ortodoxos e outros adjetivos; somos humanos de carne e osso e dessa ninguém escapa. Contato de Zineide Sarmento Pereira
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Regina Jurkewicz comentou:
22/06/2015
Genial! Um texto escrito de forma tão criativa... amei, a linguagem e a liberdade das palavras. Sou católica e assino embaixo, me solidarizando com as religiões afro-brasileiras, que enxergam com muito mais clareza a pluralidade de nossas verdades religiosas. Todo o carinho para a menina que recebeu tanto ódio.... Contato de Regina Jurkewicz
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moema comentou:
22/06/2015
OBRIGADA BESSA PELA CRONICA , ESTOU REPASSANDO, ABRAÇOS, MOEMA
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Elza Neffa comentou:
21/06/2015
Em seu artigo Culturas Brasileiras (publicado no livro Filosofia da Educação Brasileira organizado por Durmeval Trigueiro Mendes), Alfredo Bosi chama atenção para 90% da população brasileira que é católica espírita. Isso no século passado. Na atualidade, a intolerancia religiosa marca o retrocesso da ampliação da conciencia crítica da população brasileira e a necessidade de maior socialização e debate das boas análises, como a sua, para tentarmos reverter essa preocupante situação, que beira a barbárie. Para tanto, precisamos assumir o princípio da livre expressão enunciado por Voltaire de que “suas idéias me são odiosas, mas morrerei pelo direito que você tem de expressá-las.”
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Ana Silva comentou:
21/06/2015
Adorei, Bessa!! Você, como sempre, é sensível às injustiças, descasos e opressoes. Obrigada por tuas linhas. Sou umbandista e agradeço por você, em teu site, abrir um espaço para tratar desse tema que nos é, ainda, muito caro. Infelizmente, essas agressões têm crescido a cada ano e os agressores continuam impunes. Também com "líderes " religiosos como esse Silas Malafaia entendemos o porquê de tanto ódio, preconceito . Isso vai acabar quando esses bandidos, agressores forem para a cadeia. Afinal, qual é a razão de tanto ódio? Por que agredir o próximo, se eu posso ama-lo? Devo mesmo insultar, apedrejar alguém por ter um credo diferente? Isso está escrito na Bíblia? Esses são ensinamentos de Deus?Obrigada, Bessa.
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Eneida comentou:
21/06/2015
É a intolerância que precisa se apedrejada e, melhor, banida do mundo. Paz!
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Ana comentou:
21/06/2015
Tenho uma opinião bem particular sobre esses temas. Em primeiro lugar, digo que a Terra é enorme e tem espaço para tudo e todos por mais opostos que sejam. Meu pensamento é o seguinte, respeito o pensar diferente do outro, mas em primeiro lugar respeito o meu. Numa aula de Filosofia, ouvi o professor dizer que o Ocidente tem a péssima mania de querer influenciar o mundo inteiro, e é fato. Eu respeito o heterossexual, o homossexual como o homofóbico. Cada um tem seu motivo próprio para ser o que é. Só não admito que um agrida o outro pela diferença. A agressão é totalmente dispensável, ao menos nos dias de hoje com tamanha liberdade. Quanto à diferença religiosa nada me assusta tanto como o fato de os próprios judeus terem matado a Jesus e a santa inquisição católica ter matado a tanta gente até mesmo a cristãos por não seguirem seus dogmas. De lá pra cá tudo isso que vejo é mingau em prato de mendigo. Vejo como brigas de ignorantes que não atingem a compreensão de nada, e, talvez para aparecerem em público, ou para alguns amigos, fazem algumas desordens incabíveis. Como diz Caio Fábio, o Amor está no Caminho do Bem e o Ódio no caminho do Mal. O que para mim, resume tudo. E como sei que exite o Bem e o Mal. Opto pelo Bem, mas que cada um opte pelo seu, há espaço para todos.Bjos
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Judite Rodrigues Pucu comentou:
21/06/2015
.Tudo que eu penso sobre a intolerância religiosa você detalhou nesta crônica. Faço minha as suas palavras.
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Lilian Nabuco comentou:
21/06/2015
Escrevi um meio longo e acho que inspirado comentário sobre esta sua última crônica, importante e lúcida como sempre. Só que apesar de ter conferido o código de segurança várias vezes e estar correto, o sistema deletou o meu texto mais uma vez. Tive pena de perdê-lo e parece que é irrecuperável, não? Esqueci-me que é necessário sempre fazer uma cópia antes de enviá-lo. Parece que o vírus da intolerância invadiu o sistema, e neste caso ele é evangélico!
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Lilian Nabuco comentou:
21/06/2015
Escrevi um meio longo e acho que inspirado comentário sobre esta sua última crônica, importante e lúcida como sempre. Só que apesar de ter conferido o código de segurança várias vezes e estar correto, o sistema deletou o meu texto mais uma vez. Tive pena de perdê-lo e parece que é irrecuperável, não? Esqueci-me que é necessário sempre fazer uma cópia antes de enviá-lo. Parece que o vírus da intolerância invadiu o sistema, e neste caso ele é evangélico!
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EDHUC- Enfermagem, Direitos Humanos e Cidadania comentou:
21/06/2015
Professor Bessa, só podemos lhe agradecer pela reflexão/denúncia sobre os últimos episódios de intolerância. Devemos todos e todas reforçar a luta pela defesa do Estado Laico, pelo respeito à diversidade étnicas, cultural e religiosa. Muchas Gracias! Janice e Antonio (Projetos EDHUC e Bem-te-vi)
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Robson Xavier comentou:
21/06/2015
Neste domingo, numa praça da Zona Norte perto da minha casa, está se realizando uma manifestação contra a intolerância religiosa, com a participação de muita gente das mais variadas igrejas e até ateus.Tem o lado do Brasil intolerante, mas felizmente tem também o Brasil contra a intolerância.
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Felipe Lindoso (Blog Zagaia) comentou:
21/06/2015
Como fiel devoto de “São” Luís Buñuel, há muitos anos sou ateu. Mas tive dois tios padres, e um deles, Moisés, além de meu padrinho, foi pessoa muito importante na minha vida. Trabalhava no Recife com D. Hélder e me hospedei várias vezes em sua casa quando ia até lá por conta de trabalho clandestino da organização a que pertencia, na época da ditadura. Quando morreu, o enterro do tio Moisés foi uma autêntica manifestação popular, com centenas de pessoas desfilando diante de seu caixão, na paróquia da Destilaria, na Zona da Mata de Pernambuco, para onde havia sido exilado pelo arcebispo reaça que sucedeu D. Hélder. E tenho uma irmã freira. Sobra dizer que a família – como a grande maioria das famílias brasileiras, ainda hoje – é de tradição católica. Desde jovem, entretanto, tive, e tenho amigos protestantes, de várias denominaçôes (felizmente, nenhum desses pentecostalistas), judeus (praticante ou não), budistas, espíritas e, ainda em Manaus, convivíamos com muçulmanos. Em conversas, e discussões, com esses amigos, no decorrer da vida, a religião que praticam – com maior ou menor fé ou rigor – é um componente das histórias de vida de cada um. Como as convicções políticas, as predileções literárias, musicais e, é claro, as sexuais, de cada um. Tenho até amigos corintianos e palmeirenses… Diferenças, portanto, que são tratadas como tais e, longe de impedir ou dificultar o diálogo, sempre o enriquecem. O que me irrita e me afasta de algumas pessoas – nenhum dos quais, felizmente, posso chamar de amigo – é precisamente a intolerância e a falta de respeito. E mais, piadas valem, ofensas é que não. Tudo isso a propósito do último TAQUIPRATI, do meu amigo José Bessa, que vai fundo nas manifestações do capiroto da intolerância que, infelizmente, temos visto prosperar por aqui. (Reproduzido no http://www.zagaia.blog.br/?p=423 )
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Hébel Costa comentou:
21/06/2015
Excelente crônica e, ad referendum, vou reproduzi-la no minha página do facebook. Parabéns professor! Contato de Hébel Costa
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Edgar Soares comentou:
20/06/2015
Enquanto o Estado laico é colocado em segundo plano essas barbaridades ganham a luz do dia.
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Gilbraz Bessa comentou:
20/06/2015
A cultura brasileira parece está perdendo aquela capacidade que tínhamos quando fomos criados de conviver naturalmente com os diferentes. Nunca vi uma atitude de intolerância na minha infância, exceto aquelas decorrentes de padrões morais que nos chocavam. Na minha rua na Cchoeirinha nunca se questionava as diferenças para conviver e se solidarizar. Católicos, protestantes, espíritas, opiniões políticas divergentes, raças diferentes... Que está havendo com o povo brasileiro? Estamos ficando preconceituosos, intolerantes ... Invertendo valores ...perdendo o afeto humano natural ...
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Fabio Almeida comentou:
20/06/2015
"José Ribamar, voce leu essa noticia aqui? Veja: O atrito entre os dois aumentou depois que Boechat, durante o programa da Band, rebateu os comentários do pastor no Twitter: "Malafaia, vai procurar uma rola. Não me enche o saco. Você é um idiota, um paspalhão,um pilantra, tomador de grana de fiel, explorador da fé alheia. E agora vai querer me processar pelo que eu falei, que é o que você faz." Boechar reafirmou que é no "ambiente de igrejas neopentecostais que estão acontecendo atos de intolerância, mais do que em outros ambientes. Em nenhum momento eu disse qualquer coisa que generalizasse esse comentário... Você é homofóbico, você é uma pessoa execrável, horrorosa. E que toma dinheiro das pessoas a partir da fé. Você é rico. Eu não sou rico porque tomei dinheiro das pessoas pregando a salvação depois da morte" . O jornalista elogiou o pastor João Melo, da Vila da Penha, que num gesto ecumênico de tolerancia, recebeu a menina apedrejada e com ela se solidarizou.
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Ed de Oxalá, Buda e Cristo comentou:
20/06/2015
Que fique claro, aos que pregam a violência à diferença, aos covardes que em grupo apedrejam, aos que não sabem amar e que cegos na ira perdem a possibilidade de crescer e transformar, que semeiam o mal com sangue e infâmia, que nós não desistiremos! Que a vida merece mais, que nas múltiplas formas em que ela se expressa, insiste, incansável, em nos dizer coisas essenciais: respeito, dignidade, esperança! Que fique claro que não desistiremos porque não é possível desistir diante da continuidade da barbárie que há séculos acomete essas terras, tolindo sonhos e as múltiplas formas de acreditar e trabalhar por dias melhores!
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Evelyn Orrico comentou:
20/06/2015
Bessa, você, como sempre, foi certeiro. A discussão sobre intolerância deve ser feita em todas as esferas e insistentemente. É inconcebível que cenas como as que você tão bem retomou continuem acontecendo. Forte abraço
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