.As investigações sobre todas as falcatruas e crimes cometidos no país estão suspensas por um mês, prazo dado pelo delegado Hélio Ernâni Moraes para prender quem matou Taís quinta-feira passada, no apartamento de Daniel Fábio Assunção da telenovela "Paraíso Tropical". Até lá, todos os agentes policiais do Brasil se concentrarão apenas na solução desse crime, que abalou a nação. Entre os suspeitos estão: um jornalista, um senador, um deputado federal do Amazonas, o dono de um Tribunal de Contas, um promotor de Justiça e um publicitário.
Muita gente tinha razões para assassinar Taís Grimaldi Negrini. Ela matou um ourives de quem roubou as jóias, tentou eliminar a própria irmã, enganou o avô, seqüestrou o irmão, extorquiu e chantageou empresários e políticos, fazendo com isso muitos inimigos. Queria grana para se candidatar a deputada pelo PTB (vixe, vixe!) nas próximas eleições e, dessa forma, adquirir im(p)unidade parlamentar. A polícia suspeita de diversas personalidades algumas de projeção nacional, outras conhecidas só no Amazonas. Vale a pena conferir.
Thales Schoeld, promotor de Justiça, é um dos suspeitos. Em 2004, ele matou com doze tiros o esportista Diego Mendes, que estava desarmado. Taís, que testemunhou o crime, exigiu um milhão de dólares para não entregá-lo à Polícia. O promotor pode tê-la matado, porque goza de im(p)unidade. No crime anterior, o Colégio de Procuradores do Ministério Público de São Paulo o manteve em liberdade, com salário de R$ 10,5 mil mensais e não deixou que fosse julgado por júri popular. Ele teria contado com a experiente ajuda de seu colega do Amazonas, Vicente Cruz-Credo, especialista do ramo.
Sabino Castelo Branco, ex-radialista, ex-investigador de Polícia, também goza de im(p)unidade parlamentar, como deputado federal pelo PTB (vixe, vixe!), partido do qual é presidente no Amazonas. Taís possui fotos de Sabino algemado, quando foi preso, em janeiro de 1990, num ônibus na fronteira com a Bolívia, acusado de carregar 10 quilos da pasta base e 60 gramas de pó de cocaína. Ela trocou o DEMS pelo PTB, e ameaçou publicar as fotos se não contasse nas próximas eleições com o apoio de Sabino, que jurou dar-lhe uma surra com mangueira-de-jardim. A promoter Marion Vera Holtz Novaes ouviu tudo e contou à Polícia para livrar a pele de seu filho Ivan.
Antônio Marcos Pimenta Neves, jornalista, 69 anos, ex-editor chefe do diário O Estado de São Paulo, também é um forte suspeito. Ele matou, por ciúmes, sua namorada Sandra Gomide, com dois tiros disparados à queima-roupa, em agosto de 2000, em Ibiúna (SP). A defesa entrou com agravo de instrumento, latinorum e oscamborum a quatrorum, conseguindo que o STJ suspendesse a ordem de prisão. Chantageado por Taís, amiga e confidente de Sandra Gomide, Pimenta Neves pode ter feito sua segunda vítima, já que matou uma vez e ficou tudo por isso mesmo. Rodrigo Carlos Casagrande e seu namorado Tiago Sérgio Abreu estavam no Hotel Duvivier, quando ouviram, horrorizados, Pimenta Neves dizer que acertaria o passo de Taís.
Renan Calheiros (PMDB, vixe, vixe!), presidente do Senado Federal, não é um nome descartado pelos investigadores de polícia. Numa festa no hotel Duvivier (porque todas as festas são no hotel Duvivier, parece que não existe outro hotel no Rio), Renan confidenciou ao casal de sorriso babaca, Lucas Rodrigo Veronese e Ana Luiza Renée de Vielmond que Taís estava grávida dele, e exigia a mesma pensão alimentícia paga a Mônica Veloso pelo lobista da empreiteira: R$12 mil mensais, além de um apartamento em Paris e as fazendas de gado. Renan pode ter dado a ordem para o cabeludão Wellington Salgado (PMDB-MG, vixe, vixe) abrir o gás.
Belarmino Lins (PMDB – vixe, vixe), o Belão - presidente da Assembléia Legislativa do Amazonas e dono do Tribunal de Contas do Estado - pode estar implicado no crime. Taís queria ser conselheira do Tribulins e, para isso, propôs comprar uma vaga, oferecendo dinheiro que lhe foi emprestado por Vidal Otávio Muller, o carente. Belão recusou, alegando que as vagas dos Lins são hereditárias e não se vendem. Então, para se vingar, Taís contratou Jader Chico Diaz e Cadelão Ed Oliveira para dar uma surra no Belão, que em legítima defesa teria acabado com a raça da Taís. Belão, porém, tem um álibi. Na hora do crime, ele estava “enviando um telegrama” no banheiro da Assembléia.
Marcos Valério, organizador do mensalão, foi visto próximo ao local do crime pela Otília Yaçanã Martins, a diarista e faxineira que tem a cara da minha irmã Dile e da Claudete da dona Nega. O careca é amigo íntimo de Olavo Wagner Moura Novaes e do sogro dele Lutero Botox Edwin Luisi, responsáveis pelo Caixa 2 do grupo Cavalcanti. Tinha motivos de sobra para assassinar Taís, uma vez que ela tinha um projeto de estabelecer o sistema de cotas no Supremo Tribunal Federal, abrindo mais vagas para negros. O careca Marcos Valério sabe que se o STF contar com cinco magistrados com a integridade do negão Joaquim Barbosa, ele está ferrado.
Qualquer que seja o criminoso, ele tem grandes chances de continuar impune, se tiver grana para dividir com escritórios de advocacia e para enrolar juízes e tribunais. Se o criminoso for um Jader ou um Cadelão, ele será fatalmente morto pela polícia. Mas se for um Antenor Cavalcanti, nada lhe acontecerá. Continuará solto.
Amazonino Mendes, ex-governador do Amazonas e candidato derrotado a prefeito de Manaus nas últimas eleições, deixou isso bem claro em entrevista à Rádio Nova Olinda, quando declarou com muita convicção: “Compra-se a consciência de políticos, compra-se juiz, desembargador. Compra-se tribunais de um modo geral: tribunal de contas, ministério público”. E nada aconteceu com ele por essas sérias e sábias palavras. E se ele, com essas palavras, cometeu crime de calúnia, ficou impune e continua até os dias de hoje.